(Fernando Cruz, Artur Jorge, Pauleta e Danilo Pereira são alguns dos portugueses que têm o seu nome gravado na história do PSG.)
Gonçalo Ramos protagonizou a mudança mais significativa de um atleta português neste mercado de verão, trocando o Benfica pelo Paris Saint-Germain num negócio avaliado em 80 milhões de euros (65 fixos mais 15 variáveis) “mascarado” de empréstimo. O avançado nascido em Olhão há 22 anos deixou assim o único clube que conhecera na carreira sénior, pelo qual se sagrou campeão nacional na última temporada e em cuja equipa principal jogou por 106 ocasiões e marcou 41 golos, para partir rumo à aventura num país diferente.
Em Paris, encontrará vários compatriotas: dos consagrados Danilo, Nuno Mendes e Vitinha à promessa Serif Nhaga, havendo ainda dúvidas em relação à permanência de Renato Sanches no plantel. Seja como for, é garantido que este será o maior contingente português de sempre num plantel do gigante da capital francesa, que já vai tendo uma ligação significativa a Portugal ao longo da sua História. Passemos então em revista todos os portugueses (jogadores e treinador) que representaram o PSG desde a sua fundação, em 1970.
Fernando Cruz – Um dos nomes míticos do Benfica bi-campeão entre 1960 e 1962. O lateral/médio/ala esquerdo lisboeta tinha 30 anos quando, depois de uma carreira inteira passada a representar as Águias, decidiu aceitar a proposta do conjunto recém-criado para competir na II Liga francesa na temporada 1970/71. Acabaria a época (e a carreira) a celebrar a conquista da prova e consequente promoção ao escalão principal.
(Gonçalo Ramos é o mais recente reforço dos parisienses e junta-se assim à “armada lusa” composta por Danilo, Nuno Mendes, Vitinha e Renato Sanches.)
Humberto Coelho – Com 25 anos, e após 7 temporadas como titular indiscutível e patrão da defesa do Benfica, o central natural de Cedofeita, Porto, rumou a Paris no verão de 1975, impondo-se de imediato… e casando-se com a que é ainda hoje a sua esposa. Na segunda época entrou em litígio com o novo treinador e, após breve incursão pelo futebol norte-americano, regressou à Luz, onde ficou até ao fim da carreira.
João Alves – O “Luvas Pretas” representou o PSG apenas durante uma temporada (1979/80), não conseguindo replicar a magnitude das exibições que havia feito antes por Boavista, Salamanca e Benfica – apenas 19 jogos. Aos 28 anos, o criativo nascido em Albergaria-a-Velha regressou aos Encarnados, voltando depois a jogar pelos do Bessa antes de penduras chuteiras com 33 anos, no fim da época 1984/85.
Manuel Abreu – Natural de Fafe, rumou ainda jovem com os pais para França e ali faria toda a carreira, com excepção de uma temporada: 1986/87, onde representou o Braga, 3 anos depois de jogar no PSG (13 jogos pelo emblema da capital francesa), com passagem pelo Nancy pelo meio. Após actuar nos Guerreiros do Minho, o central/médio-defensivo regressou a França para representar equipas de menor dimensão até encerrar a carreira com 37 anos no Stade de Reims.
Daniel Kenedy – Aos 22 anos, e depois de ter representado apenas o Benfica enquanto sénior, o lateral/médio-esquerdo nascido em Bissau mas internacional por Portugal nos escalões jovens rumou ao PSG e foi bastante utilizado: 39 aparições, terminando como vice-campeão de França. A ligação ao clube de Paris, todavia, acabaria por ser encurtada de forma algo surpreendente logo no início da temporada seguinte, 97/98, com o regresso a Portugal pela mão do FC Porto.
(Em 1996, Kenedy trocou o Benfica pelo PSG, mas a sua experiência na capital francesa durou apenas uma temporada.)
Hélder Baptista – O médio natural de Torres Vedras chegou a Paris em Janeiro de 1999, prestes a celebrar o 27º aniversário e com experiência de I Liga acumulada por Torreense, Farense, Braga e Boavista. Não vingou no PSG, porém (apenas 7 jogos), rumando logo no ano seguinte ao Rayo Vallecano, onde deixaria marca e se manteria até regressar, já veterano, ao clube da sua Torres Vedras natal.
Hugo Leal – Uma das maiores promessas do futebol português na década de 90, o médio nascido em Cascais estreou-se ainda com 16 anos na equipa principal do Benfica e com 18 na selecção A (essa seria, de resto, a sua única internacionalização nessa categoria). Depois de rumar ao Atlético de Madrid com 19 anos, chegaria ao PSG aos 21, em 2001/02, contratado por quase 9 milhões de euros. Após conquistar a Taça de França em 2003/04, saiu para o FC Porto.
Agostinho – Outra grande promessa, que se transferiu para o Real Madrid aos 20 anos, após 2 temporadas a jogar na equipa principal do Vitória SC e uma grande prestação no Mundial de sub-20 em 1995. Em Espanha só despontaria verdadeiramente no Málaga e foi assim que chegou, por empréstimo, ao PSG em 2001/02; após 10 jogos e 1 golo (na Taça), seria devolvido à procedência e regressaria a Portugal para jogar no Moreirense.
Filipe Teixeira – Nascido em França, veio com os pais para Portugal aos 10 anos e começou a dar nas vistas no Felgueiras ainda júnior. Regressou a França aos 21 anos para jogar no Istres e seria contratado pelo PSG no verão de 2002, somando 23 jogos e 1 golo até ao fim do contrato, em 2005 – pelo meio, representou a União de Leiria por empréstimo. Depois disso, o criativo viria a jogar na Premier League pelo WBA e passearia classe nos relvados romenos até aos 38 anos.
(Fiel à sua imagem de marca, João Alves cumpriu somente uma época no PSG.)
Pauleta – Indubitavelmente a grande referência para os futebolistas portugueses no PSG. Contratado no verão de 2003 ao Bordeaux, já com 30 anos, o avançado açoriano viria a tornar-se o melhor marcador da História do clube, com 109 golos em 211 jogos (marca só ultrapassada por Zlatan Ibrahimovic em 2015), despedindo-se dos relvados no fim de 2007/08 após conquistar a Taça da Liga com um golo seu na final – em 2003/04 já havia feito o golo que valera a conquista da Taça de França, troféu que venceu igualmente em 2005/06.
Hélder Cristóvão – Chegou a Paris já veterano, no verão de 2004 e após a segunda passagem pelo Benfica, cumprindo ali a penúltima temporada de uma carreira que prometeu muito mas que acabaria por ser afectada por graves problemas físicos. No PSG, o central nascido em Angola mas internacional A por Portugal em 35 ocasiões fez apenas 16 jogos (e 1 golo), rumando depois à Grécia, onde viria a pendurar as chuteiras com 35 anos após utilização residual no Larissa.
Gonçalo Guedes – Contratado ao Benfica em Janeiro de 2017, ainda com 20 anos, por 30 milhões de euros, o atacante natual de Benavente ficou muito longe de corresponder às expectativas dos parisienses. Após apenas 11 jogos na segunda metade de 2016/17 (conquistando a Taça) e 4 minutos em 2 partidas no início da época seguinte (que lhe valeram a medalha de vencedor da Ligue 1 e da Supertaça), seguiu para o Valencia por empréstimo e não mais voltaria a Paris.
(Hugo Leal foi colega de Ronaldinho em Paris, mas, ao contrário do brasileiro, acabou por não conseguir brilhar durante as 3 épocas que passou no Parc des Princes.)
Danilo – Chegou ao PSG no verão de 2020, cedido pelo FC Porto mas com cláusula de compra obrigatória no fim da época a troco de 20 milhões de euros. Primeiro como trinco e depois como central, o jogador nascido há quase 32 anos em Bissau mas internacional por Portugal em mais de 100 ocasiões (campeão europeu em 2016) foi-se impondo na equipa, a ponto de hoje ser um dos capitães, e soma já 5 troféus conquistados (entre os quais 2 campeonatos).
Nuno Mendes – Contratado em 2021/22 ao Sporting nos mesmos moldes de Danilo, o lateral-esquerdo natural de Sintra impôs-se de imediato como titular indiscutível, apesar da tenra idade (19 anos na altura). Ao todo, contabiliza já 69 jogos (e 32 golos) em 2 temporadas no PSG (com 2 campeonatos e uma Supertaça conquistados), mesmo tendo ficado arredado dos relvados nas últimas semanas da pretérita temporada devido a lesão.
Vitinha – O PSG pagou mais de 40 milhões de euros ao FC Porto para garantir os serviços do médio nascido há 23 anos em Faro há pouco mais de um ano. O criativo luso estreou-se logo como titular na goleada ao Nantes para a Supertaça (4-0) e não mais perderia esse estatuto, acabando a época de estreia em França com 48 jogos (e 2 golos) e festejando também a conquista do campeonato.
(Contratado no ano passado, Vitinha assumiu-se rapidamente como titular indiscutível no PSG sob o comando de Christophe Galtier.)
Renato Sanches – Aterrou em Paris também há pouco mais de um ano, já com a época em andamento e depois de 3 boas temporadas no Lille (onde se sagrou mesmo campeão). A espaços, o talento foi aparecendo, mas as lesões constantes não lhe permitiram ter a continuidade desejada. Após 27 jogos, dos quais só 8 a titular (e 2 golos), que ainda assim lhe permitiram festejar novo título de campeão, o médio lisboeta de 25 anos parece estar de saída.
Serif Nhaga – Um nome que surge aqui apesar de ainda não se ter estreado oficialmente pelo PSG. Contratado em Janeiro último para reforçar a equipa de juniores, depois de não ter renovado com o FC Porto, o lateral-esquerdo nascido em Bissau mas já convocado para as selecções jovens de Portugal depressa passou a treinar com a equipa principal e foi até convocado por Christophe Galtier em 6 ocasiões, não tendo saído do banco. Agora, prestes a celebrar o 18º aniversário, vai fazendo a pré-época com Luis Enrique e parece ter ganho lugar no plantel para a nova época.
Artur Jorge – Depois da glória europeia ao comando do Porto e de uma passagem menos bem sucedida pelo Matra Racing, o “Rei Artur” regressou a Paris em 1991 para treinar desta feita o maior clube da cidade. O primeiro troféu, a Taça, chegaria na segunda temporada; o maior, o campeonato, seria conquistado à terceira. Voltaria depois ao PSG em 1998, mas para um período de apenas 6 meses e sem sucesso.
*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.