João Nunes: a estreia europeia para a afirmação total

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O central João Nunes, que alinha nos húngaros do Puskás Akadémia, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A época 2020/21 marcou nova viragem na carreira de João Nunes. Depois de um ano de utilização escassa no Panathinaikos, com quem tinha assinado no verão de 2019 por três temporadas, o central nascido em Setúbal há 25 anos aceitou o convite para rumar à Hungria e juntar-se aos quadros do Puskás Akadémia, emblema criado há menos de duas décadas (2005) mas em clara ascensão no futebol magiar (tinha, por exemplo, sido terceiro classificado em 2019/20, no que fora apenas a sexta participação da sua História no principal escalão do futebol húngaro).

No emblema de Felcsút, a exemplo do que havia acontecido na Grécia, João Nunes não se afirmou de imediato. Chegou no fim de Setembro, já com a temporada a decorrer, foi suplente utilizado na estreia e titular na ronda seguinte, a sexta, onde até marcou na derrota em casa do poderoso Ferencváros (2-1); seguiu-se, depois, um período em que esteve afastado por problemas físicos, com o regresso à competição a dar-se timidamente na forma de três aparições como suplente utilizado em Dezembro. A partir de Janeiro, porém, tudo mudou: o defesa sadino surgiu como titular no primeiro jogo do ano (curiosamente frente ao mesmo Ferencváros onde se havia estreado no 11 inicial na Hungria) e não mais viria a perder esse estatuto até ao final da temporada, acabando a época com um total de 23 jogos realizados (20 como opção inicial), marcando ainda três golos e assistindo para outro e contribuindo para o que foi a melhor época de sempre do Puskás Akadémia: segundo classificado, com apuramento garantido para as pré-eliminatórias de acesso à Liga da Conferência, prova recém-criada pela UEFA que terá a sua primeira edição na temporada que se avizinha.

Este pode muito bem ter sido o primeiro passo de João Nunes no sentido de revitalizar uma carreira que prometeu muito mas que parecia estar a entrar num processo de estagnação após a época de pouquíssima utilização na Grécia. Estamos, na verdade, a falar de um atleta que realizou a sua formação praticamente de forma integral no Benfica, tendo inclusivamente sido capitão em praticamente todas as categorias jovens das Águias – por essa altura era apontado insistentemente como uma das grandes promessas do clube mas também de todo o futebol nacional, tendo por exemplo capitaneado a equipa que saiu derrotada na final da UEFA Youth League em 2013/14, diante do Barcelona (0-3), e sido eleito para a equipa ideal do Europeu de sub-19 em 2014 onde Portugal foi vice-campeão (perdeu 1-0 na final frente à Alemanha).

Ao chegar a sénior, porém, não conseguiu furar na equipa principal do Benfica e, depois de dois anos a jogar na II Liga pela equipa B, assinou no verão de 2016 por três temporadas com os polacos do Lechia Gdańsk. Ali foi paulatinamente conquistando o seu espaço, sendo já titular em grande parte da época 2017/18 (quer como central, quer ainda como médio defensivo ou lateral-direito) e conquistando mesmo a Taça da Polónia no ano seguinte, no qual foi opção sobretudo como lateral-direito. No fim de 2018/19 recebeu então o já citado convite do Panathinaikos e decidiu arriscar e aventurar-se no histórico emblema helénico, numa passagem que não correu como previsto e que precedeu então o regresso aos bons momentos na Hungria.

Já devidamente ambientado ao futebol húngaro e ao Puskás Akadémia, e beneficiando também do facto de se preparar para disputar as competições europeias pela primeira vez na carreira (enquanto sénior, claro está), pode dizer-se que 2021/22 será uma temporada crucial para João Nunes. Está agora nas mãos do defesa sadino afirmar-se em definitivo no contexto europeu para conseguir, quiçá, regressar ao radar de emblemas de contextos competitivos superiores ao campeonato da Hungria, de modo a poder confirmar em definitivo os predicados que demonstrou na formação e a tornar-se também um nome capaz de surgir no lote de potenciais convocados para a selecção nacional, ele que soma 53 internacionalizações entre todos os escalões jovens dos sub-16 aos sub-20, com participação no já referido Europeu de sub-19 em 2014 e também no Mundial de sub-20 no ano seguinte.