João Carlos Teixeira: o enviado especial ao Qatar

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João Carlos Teixeira, médio ofensivo que representa os qataris do Umm-Salal, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A esmagadora maioria dos campeonatos pelo mundo futebolístico fora foram interrompidos neste mês de Novembro para a realização do primeiro Mundial de inverno de sempre, num cenário inusitado que virou (quiçá pela primeira vez) os olhos de todos os adeptos de futebol para o Qatar. Na verdade, o campeonato local não é de todo desconhecido para o mercado português – e na época em curso há mesmo dois a jogar lá: Rúben Semedo, que após terminar o empréstimo do Olympiacos ao Porto reforçou o Al-Duhail, e João Carlos Teixeira, que rumou ao Umm-Salal depois de curta (mas ainda assim interessante) passagem pelo Famalicão.

Na Liga catari, o médio natural de Braga tem vindo aos poucos a ganhar algum do protagonismo que perdera no Feyenoord, para onde se transferiu no verão de 2020 após uma segunda época brilhante em Guimarães (10 golos e 3 assistências em 30 jogos). Pelo emblema de Umm Salal soma 11 jogos e 4 golos, com a sua equipa a seguir no décimo posto (de um total de 12 participantes), totalizando 7 pontos ao fim de 7 jornadas, e já apurada para as meias-finais da Taça do Príncipe, onde irá defrontar o Al-Arabi.

A menos de 2 meses de celebrar o 30º aniversário, João Carlos Teixeira está assim à procura de uma nova vida futebolística numa carreira que já deu muitas voltas. No Sporting desde os 11 anos, depois de ter começado como atleta federado no CD Lago e passado uma época no Braga, o médio saltou para a ribalta em 2011/12, no segundo ano de júnior, devido a exibições impressionantes na NextGen Series (prova precursora da UEFA Youth League). Uma delas ante o Liverpool, que se encantou de tal maneira pelo seu futebol que avançou de imediato para a contratação do menino a quem chamaram “o novo Deco”.

Seguiram-se 4 anos de ligação contratual aos Reds, embora sem conseguir realmente singrar na equipa principal – pela qual se estreou na Premier League na época 2013/14, depois de um meteórico empréstimo ao Brentford, da League One. Ainda contabilizaria mais 7 jogos (e 1 golo) pelo emblema de Anfield em 2015/16, já sob as ordens de Jurgen Klopp e depois de uma temporada cedido ao secundário Brighton na qual foi eleito o Jogador do Ano, com 6 golos e 4 assistências, até que no verão de 2016 surpreendeu tudo e todos mais uma vez ao assinar pelo FC Porto depois de terminado o contrato com o Liverpool.

De um contrato de 4 temporadas, todavia, João Carlos Teixeira acabaria por passar apenas 2 vinculado aos Dragões – por quem só jogou na primeira (somente 10 utilizações), sendo cedido em 2017/18 ao “seu” Braga. Novamente de forma surpreendente, mudar-se-ia em 2018/19 a título definitivo para o… Vitória SC, rival eterno dos bracarenses, explodindo finalmente na época seguinte depois de uma primeira amostra amena (23 jogos, sem golos ou assistências).

A chegada ao Feyenoord aguçava novamente as expectativas em relação a um médio em tempos considerado das maiores promessas portuguesas e os primeiros meses foram-no confirmando a espaços, destacando-se 2 ocasiões onde fez 2 assistências no mesmo jogo. Contudo, uma fratura do perónio em Dezembro, tirou-o quase três meses dos relvados e a partir daí não mais voltaria a ser visto como opção real por parte do experiente técnico Dick Advocaat, acabando a época 2020/21 com 22 partidas realizadas. Ainda começou a nova temporada no conjunto de Roterdão, mas faria somente 2 jogos até Janeiro, altura em que decidiu rescindir com a equipa neerlandesa e regressar a Portugal e ao Minho pela porta do Famalicão.

Os 2 golos e 3 assistências pelos famalicenses devolveram-lhe a alegria de jogar, mas o apelo dos petrodólares falou mais alto: a proposta do Umm-Salal revelou-se irrecusável e João Carlos Teixeira resolveu emigrar mais uma vez, assinando por dois anos com o emblema catari. Ali pegou de estaca de imediato e voltou a demonstrar dentro dos relvados o porquê do passado de respeito em clubes de nomeada, com destaque para um golo absolutamente incrível, num remate a 35 metros da baliza, que apontou na jornada 7 do campeonato, no empate caseiro diante do Al-Arabi (1-1).

Logicamente que se esperava mais da carreira de um jogador com capacidade técnica acima da média e reconhecida a olho nu até por um leigo nas questões futebolísticas. Internacional em todos os escalões de formação das seleções nacionais a partir dos sub-16 (inclusivamente a olímpica) e com participação num Europeu de sub-17, em 2010, João Carlos Teixeira acabou por nunca conseguir alcançar o patamar mais alto; tem, todavia, ainda alguns anos de futebol pela frente e alguns desempenhos ao nível do que tem vindo a evidenciar na temporada em curso podem contribuir para um regresso a palcos talvez mais consentâneos com o seu talento – entre os quais, quem sabe, novamente à Liga portuguesa.

Manchester: o passo seguinte na nova vida de Eriksen

eriksen(Eriksen chega ao Manchester United após meio ano no Brentford.)

Pouco mais de um ano após ter sofrido uma paragem cardíaca durante o Dinamarca – Finlândia referente ao Euro 2020, Christian Eriksen foi esta sexta-feira oficializado como reforço do Manchester United, mudando-se para Old Trafford a custo zero.
Jogador do Inter até ao colapso no relvado do Estádio Parken, em Copenhaga, o médio recebeu um desfibrilador interno para evitar sustos semelhantes e desde logo ficou incapacitado para jogar em Itália, dado que as regras naquele País não permitem que os atletas de alta competição atuem nessas condições.
Assim, a carreira do dinamarquês manteve-se num impasse durante alguns meses, até porque era importante que recuperasse em pleno do grave problema que o afetou a 12 de Junho de 2021, e em Dezembro passado chegou a notícia da rescisão de contrato com os “nerazzurri”, motivada pelo tal impedimento já referido.
Livre para decidir o próximo destino, Eriksen teve, muito provavelmente, de lidar com as desconfianças dos vários clubes que eventualmente teriam interesse na sua contratação, e só resolveu o futuro no limite do “mercado de Inverno”, tendo sido oficialmente apresentado pelos ingleses do Brentford a 31 de Janeiro.
Figura histórica da Premier League, já que havia cumprido seis épocas e meia no Tottenham – e quase todas elas a um nível elevado -, o futebolista nórdico regressou a Inglaterra dois anos após ter saído para Milão, e a estreia oficial pelos “bees” aconteceu em Fevereiro, numa receção ao Newcastle que terminou com vitória forasteira por 0-2 – entrou aos 52 minutos.
A partir daí, fez dez jogos a titular, apontou um golo ao Chelsea (numa vitória histórica do Brentford em Stamford Bridge por 4-1), e fez ainda quatro assistências, demonstrando que estava totalmente recuperado do susto sofrido no Europeu e que continuava a ser uma mais-valia para as equipas que representa.
Como a ligação ao Brentford era apenas de seis meses, o médio começou a ser alvo de cobiça por parte de emblemas com outra capacidade, e neste aspeto o Manchester United destacou-se sempre da concorrência: o “namoro” com os “red devils” durava há já algum tempo e hoje transformou-se oficialmente em “casamento” – o contrato é válido até 2025.
Aos 30 anos, Christian Eriksen dá mais um passo seguro na sua “nova vida”.