Harry Kane: um golo que fez história a dobrar

kane(Harry Kane chegou aos 200 golos na Premier League e passou a ser o melhor marcador da história do Tottenham.)

A receção do Tottenham ao Manchester City ontem à tarde, a contar para a 22ª Jornada da Premier League, trouxe duas marcas históricas para Harry Kane: autor do único golo com que a sua equipa bateu os “citizens” (1-0), o ponta de lança chegou aos 200 golos no principal campeonato inglês e, ao mesmo tempo, tornou-se no melhor marcador da história dos “spurs” com 267 tentos.
Com dezassete golos em vinte e dois jogos na edição atual da Premier League, o jogador natural de Walthamstow, arredores de Londres, pode até esta temporada chegar ao segundo lugar da lista de goleadores da história da Premier League: Alan Shearer, o líder, ainda está longe com 260 golos; mas o vice-líder, Wayne Rooney, ficou-se pelos 208 tentos, registo que está perfeitamente ao alcance do londrino até ao final de 22/23.
A cumprir a décima primeira temporada na Premier League, Harry Kane “precisou” de 304 jogos para atingir esse “número redondo” de golos na competição: a estreia a marcar aconteceu na época 13/14, num jogo em que o Tottenham goleou o Sunderland (5-1), e a partir daí foi “sempre a somar”, com o avançado a atingir o seu máximo, até ao momento, em 17/18, com 30 golos em 37 jogos – todos os 200 golos foram pelo Tottenham, pese embora tenha tido uma curta passagem pelo Norwich, em que participou apenas em três partidas durante 12/13.
Ora, mais importante do que chegar aos 200 golos numa prova, é ser o artilheiro máximo da história de um emblema: empatado até este domingo com Jimmy Greaves, que representou os “spurs” entre 1961 e 1970, Harry Kane superou o compatriota e, a partir de agora, tem tudo para reforçar a sua posição – apesar de terem surgido dúvidas na imprensa inglesa sobre o número de tentos de Greaves (há quem diga que são 268), o próprio Tottenham já “oficializou”, nas redes sociais, o seu novo melhor marcador de sempre.
Com contrato até 2024, Harry Kane, de 29 anos, tem sido, ano após ano, associado a uma eventual transferência para um dos denominados “tubarões europeus”, mas, por enquanto, vai-se mantendo a fazer golos e a quebrar recordes ao serviço de um dos mais populares clubes ingleses.

José Mourinho: 60 anos muito… specials

mourinho

Um dos melhores treinadores da história do futebol mundial está hoje de parabéns: nascido em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963, José Mourinho celebra esta quinta-feira o seu 60º aniversário.
Toda a vida ligado ao futebol, o técnico português, filho de Félix Mourinho, ex-jogador e treinador, cedo percebeu que o seu futuro no “desporto rei” não seria como praticante, apesar de ter integrado os planteis de Rio Ave (81/82 na I Divisão) e Belenenses (82/83 na II Divisão e por quem jogou na Taça de Portugal), sendo que nestas passagens, curiosamente, foi treinado pelo Pai.
Em 86/87, época em que “pendurou as chuteiras”, já tinha abraçado a sua nova carreira: enquanto representava o Comércio e Indústria nos pelados do Distrital da AF Setúbal, orientava os Iniciados do mesmo clube, lançando-se assim numa carreira que o levaria, pouco tempo depois, até à formação do Vitória FC, onde treinou Juvenis e Juniores antes de passar para o futebol profissional.
A convite de Manuel Fernandes, tornou-se adjunto do Estrela da Amadora em 90/91, desempenhou as mesmas funções na Ovarense na temporada seguinte, e em 92/93 entrou no Sporting com a chegada de Bobby Robson, acompanhando depois o inglês nas mudanças para o FC Porto (93/94) e para o Barcelona (96/97), mantendo-se posteriormente em Camp Nou como auxiliar de Van Gaal até 2000.
A partir daqui, já todos sabemos o que aconteceu: a estreia como treinador principal ocorreu ao serviço do Benfica em 00/01, mas durou bem menos do que aquilo que o próprio esperava, rumando depois à União de Leiria, onde se “lançou” em definitivo ao rubricar um excelente trabalho na primeira metade de 01/02 que lhe valeu abordagens dos três ditos “grandes”, com o FC Porto a ganhar a “corrida”.
Era o passo certo para alguém que estava prestes a revolucionar o futebol e a marcar uma era: para além da qualidade que implementou quer no treino quer no próprio jogo, o setúbalense distinguia-se igualmente pela grande capacidade comunicacional e pela componente psicológica, fatores que, todos juntos, o tornaram no melhor treinador do Mundo por largos anos.
Depois do FC Porto, onde elevou a fasquia ao conquistar a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em anos consecutivos, Mourinho ganhou títulos por quase todos os clubes onde passou: Campeão Inglês nas duas vezes em que orientou o Chelsea, destacou-se, principalmente, pelo título da época de estreia, que encerrou um “jejum” de 50 anos dos londrinos sem serem Campeões; ainda em Inglaterra, venceu Taça da Liga, Supertaça e Liga Europa pelo Manchester United; em Espanha, conseguiu que o Real Madrid superasse a enorme concorrência do Barcelona de Guardiola e fosse Campeão; e em Itália, “deu” a segunda Champions da história ao Inter (45 anos depois) e na época passada conquistou o primeiro troféu europeu para a Roma – Conference League.
Apesar de há uns tempos a esta parte muitos “especialistas” considerarem José Mourinho “ultrapassado”, o “Special One”, independentemente de se gostar ou não do seu estilo e da forma como as suas equipas jogam, continua a deixar a sua marca por onde passa, sendo certo que, apesar de não ganhar tantos jogos como ganhava há alguns anos, continuará a ser a grande “bandeira” dos treinadores portugueses por muito tempo.
É, por isso, justo dizermos que estamos perante 60 anos muito… specials. Parabéns, mister.

Mourinho e o “Boxing Day”: uma relação muito… Special

mourinho(José Mourinho nunca perdeu no “Boxing Day”.)

É sabido que José Mourinho tem em Inglaterra o seu “habitat-natural” e não é, por isso, de estranhar que o técnico português nunca tenha perdido no “Boxing Day”, tradição que iniciou em 2004, quando ao serviço do Chelsea derrotou o Aston Villa, por 1-0, e iniciou assim uma história de sucesso naquela que é a altura mais famosa do futebol inglês.
No total, entre Chelsea, Manchester United e Tottenham, o “Special One” viveu diretamente as emoções do “Boxing Day” por nove vezes, e só por uma ocasião não jogou a 26 de Dezembro: em 2020, quando orientava os “spurs”, o duelo 100% luso com Nuno Espírito Santo, então o treinador do Wolverhampton e seu ex-jogador, realizou-se no dia 27.
Com seis vitórias e três empates em nove jogos, “Mou” ganhou quatro partidas pelo Chelsea, uma pelo Manchester United e outra pelo Tottenham; e registou um empate ao serviço de cada clube que comandou em Inglaterra, sendo que nunca repetiu adversários e nunca teve um jogador seu que marcasse em mais do que um “Boxing Day” – e havia jogado sempre em casa até ao tal encontro com Nuno há dois anos.
No Chelsea, venceu o Aston Villa em 2004 (1-0, Damien Duff), o Fulham em 2005 (3-2, Gallas, Lampard e Crespo), o Swansea em 2013 (1-0, Hazard) e o West Ham em 2014 (2-0, Terry e Diego Costa); e empatou diante do Reading em 2006 (bis de Didier Drogba).
Ao serviço do Manchester United, derrotou o Sunderland em 2016 (3-1, Blind, Ibrahimovic e Mikhitaryan) e empatou com o Burnley em 2017, depois de sair para o intervalo com uma desvantagem de dois golos (2-2, bis de Lingard).
E finalmente, pelo Tottenham, virou o resultado diante do Brighton & Hove em 2019, triunfando por 2-1 com golos de Harry Kane e Dele Ali, depois de ter ido para o descanso a perder; e no ano seguinte, no Molineux Stadium, empatou a uma bola diante do Wolves, num jogo em que a sua equipa marcou logo nos primeiros segundos por Ndombélé e viria a sofrer já perto do fim (86′).
Posto isto, é caso para dizer que a relação entre José Mourinho e o famigerado “Boxing Day” é uma relação muito… Special. One.

Gedson Fernandes: segunda vida escreve-se em turco

gedson

Gedson Fernandes, médio centro que representa o Besiktas da Turquia, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

O escândalo esteve prestes a acontecer e foi preciso lançar a artilharia pesada para o evitar. Aos 15 minutos, o Besiktas já perdia por 2-0 na recepção ao Sanliurfaspor, do terceiro escalão, nos 16-avos-de-final da Taça da Turquia, mas acabaria por vencer por 4-2 com contributo de Gedson Fernandes, lançado em campo logo ao minuto 29, juntamente com o central internacional turco Tayyip Sanuc, e autor da assistência para o momentâneo 2-2 – a sua terceira na temporada em 15 jogos disputados (10 como titular).

Esta é a primeira época efectiva de Gedson no Besiktas, apesar de já ter sido contratado ao Benfica pelas Águias Negras há um ano. Na altura, acabou por seguir 6 meses por empréstimo para o Rizespor, onde faria uma segunda metade de temporada positiva a título individual (3 golos e outras tantas assistências em 11 jogos), apesar da descida de divisão, depois de utilização residual nos Encarnados nos primeiros 6 meses da época (apenas 4 partidas disputadas e só 1 a começar de início, para a Taça de Portugal).

No gigante de Istambul, o médio nascido em São Tomé e Príncipe há quase 24 anos (9 de Janeiro de 1999) procura revitalizar uma carreira que tem vindo a decorrer de forma contrária ao que é habitual. Desde muito cedo visto como uma grande promessa do Benfica (e por consequência do futebol português), onde chegou aos 11 anos após se ter iniciado no Frielas, Gedson subiu ao plantel principal logo no primeiro ano de sénior, em 2018/19, depois de duas épocas muito positivas entre juniores e equipa B, e registou um início fulgurante sob o comando de Rui Vitória… que lhe valeu até a chamada de Fernando Santos à selecção nacional, pela qual se estreou a 6 de Setembro de 2018, entrando ao minuto 89 de um particular com a Croácia disputado no Estádio Algarve (1-1).

Viria a somar mais uma internacionalização em Outubro, noutro jogo de cariz amigável diante da Escócia… e foi a última até hoje. Sem que nada o fizesse prever, a partir daí a carreira de Gedson Fernandes começou a estagnar em termos evolutivos, a que não foi alheia a troca no comando técnico do Benfica no início de 2019: Bruno Lage não apostou no médio da mesma forma que Rui Vitória, afastando-o do onze inicial na sequência da mudança táctica que promoveu na equipa (de 4x3x3 para 4x4x2), e a lesão sofrida no fim da temporada, uma fratura no quinto metatarso do pé direito que obrigou a intervenção cirúrgica e impossibilitou a participação na pré-época de 2019/20, também não ajudou ao regresso à melhor forma para a nova época.

Continuando a ter muito poucos minutos até Janeiro, Gedson acabou por aceitar mudar de ares e rumou ao Tottenham de José Mourinho, num empréstimo com a duração de temporada e meia e com cláusula de opção de compra de 50 milhões de euros. “É aquilo a que costumo chamar um empréstimo especial, não vem por três meses e depois ‘adeus’. Vem por ano e meio e terá tempo de evoluir, e quem sabe não fique aqui por vários anos”, disse então o Special One.

A realidade, todavia, viria a revelar-se bem diferente. Utilizado 12 vezes no que restou de 2019/20 (só 2 como titular, nenhuma delas na Premier League), e até testado como lateral-direito, o médio faria apenas 2 aparições em toda a primeira metade da temporada seguinte pelos Spurs, uma na Taça da Liga e outra na Taça de Inglaterra, ficando mesmo de fora da lista enviada à UEFA para a participação na Liga Europa. Por esse motivo, o empréstimo acabou por ser encurtado em cima do fecho de mercado de Janeiro e Gedson seguiu então para o Galatasaray, novamente cedido pelas Águias.

No gigante da capital turca, o médio luso-são-tomense dispôs finalmente de oportunidades “a sério”: foram 18 jogos, 1 golo e 3 assistências, que fizeram o Galatasaray “apaixonar-se” e tentar por todos os meios prolongar a ligação com Gedson para 2021/22. As partes, todavia, acabariam por não chegar a acordo e o jogador iniciou a temporada integrado no plantel benfiquista; às ordens de Jorge Jesus, porém, cumpriria apenas 107 minutos, distribuídos por 4 jogos, levando a nova saída no mercado de inverno.

O destino, todavia, revelou-se surpreendente: o Besiktas, rival histórico do Galatasaray, anunciou a contratação de Gedson a título definitivo… e o seu empréstimo imediato ao Rizespor, devido ao facto de não ter vagas disponíveis para jogadores estrangeiros. Pela contratação do internacional A por Portugal, que assinou até 2026, as Águias Negras pagaram 6 milhões de euros por metade do passe – valores muito abaixo do que se chegou a falar aquando do seu aparecimento de rompante na equipa principal do Benfica, sendo associado nessa altura a clubes de dimensão maior no panorama futebolístico mundial (AC Milan, Chelsea ou Manchester United).

Se a temporada do Besiktas não tem sido famosa – segue num modesto oitavo lugar no campeonato turco, a 7 pontos do Fenerbahçe de… Jorge Jesus –, pode dizer-se que Gedson tem vindo ainda assim a cotar-se como um dos maiores destaques da equipa que nem sequer está a competir nas provas europeias, fruto do decepcionante sexto posto na época passada. Espera-se, de qualquer modo, um salto qualitativo ainda maior para que o médio se possa reafirmar de vez como um valor seguro do futebol nacional e aspirar alcançar os patamares onde andou logo na fase inicial da carreira sénior – nomeadamente a selecção nacional, ele que foi campeão europeu de sub-17 em 2016 e que terminou em sétimo na eleição do prémio “Golden Boy” em 2018.

“Há um jogador que achei sempre que ia ser um dos jogadores de futuro da seleção: o Gedson. É dos jogadores que mais me impressionaram quando chegou aqui. Para mim era um jogador que ia ter alguma regularidade. De repente desapareceu – não do radar, mas deixou de jogar. A carreira estagnou um pouco, não teve a evolução esperada”, dizia Fernando Santos no programa Futebol Total, do Canal 11, a 17 de Março de 2021. Quase 2 anos depois, as palavras do agora ex-seleccionador nacional ainda fazem sentido; se continuará assim ou se haverá uma alteração significativa num futuro próximo, tudo vai depender do próprio jogador.

Dominguez: o primeiro português a jogar no Tottenham

dominguez(Dominguez fez apenas 55 jogos pelo Tottenham em três épocas e meia.)

Fundado em 1882, o Tottenham é um dos clubes mais populares de Inglaterra, mas durante os 140 anos que já leva, apenas contratou cinco futebolistas portugueses: Dominguez (1997), Hélder Postiga (2003), Pedro Mendes (2004), Ricardo Rocha (2007) e Gedson (2020).
Ora, como facilmente se percebe, coube a José Dominguez ser o primeiro português a jogar nos “spurs”: no Verão de 1997, o antigo extremo trocou o Sporting pelo Tottenham e permaneceu em White Hart Lane durante três temporadas e meia, período no qual contribuiu para a conquista da Taça da Liga em 98/99.
Já ambientado com o futebol inglês, dado que em 94/95 tinha ajudado o Birmingham a vencer a II Divisão e a subir à Premier League, Dominguez reforçou uma equipa que tinha nomes como Jürgen Klinsmann, David Ginola, Sol Campbell, Stephen Carr ou Les Ferdinand, e estreou-se pelos londrinos na receção ao Derby County válida pela 3ª Jornada do campeonato – vitória por 1-0 com o luso a entrar aos 56 minutos.
Utilizado por dezanove ocasiões na primeira época (dois golos), dez na condição de suplente, o esquerdino teve ainda menos tempo de jogo na temporada seguinte, 98/99, acabando por participar somente em quinze partidas (três golos), treze delas a sair do banco de suplentes, situação que não melhorou muito nos anos seguintes.
Em 99/00, Dominguez fez apenas catorze jogos, entrando dez vezes no decorrer dos mesmos, e na época seguinte foi lançado em quatro encontros a partir do banco, saindo para o Kaiserslautern em Novembro, numa altura em que já era conhecida a certa animosidade que havia entre si e o treinador George Graham, que foi igualmente responsável, por exemplo, pela saída de Ginola do clube.
No total, José Dominguez apontou cinco golos em cinquenta e cinco jogos pelo Tottenham entre Agosto de 1997 e Novembro de 2000, e atualmente continua a ser o português com mais jogos pelos “spurs”, superando os compatriotas por uma margem confortável – Pedro Mendes fez trinta e seis; Hélder Postiga alinhou em vinte e três; Ricardo Rocha somou dezoito e Gedson jogou catorze ocasiões pelo emblema da capital inglesa.