Nottingham Forest: de regresso à Premier League 23 anos depois

nottingham(Os festejos dos jogadores do Nottingham na partida desta tarde.)

Está consumado um dos regressos mais esperados à Premier League: após vinte e três anos de ausência, o histórico Nottingham Forest festejou esta tarde a subida ao primeiro escalão inglês, depois de ter derrotado o Huddersfield (1-0) na final do play-off do Championship que se realizou em Wembley.
Bi-Campeão Europeu em 1979 e 1980, o Nottingham disputou o principal campeonato de Inglaterra na já longínqua temporada de 98/99, tendo terminado a prova na vigésima e última posição com apenas 30 pontos – nesse plantel estavam, por exemplo, o extremo luso Hugo Porfírio e o ponta de lança holandês Van Hooijdonk que posteriormente representou o Benfica.
A queda fez ainda mais mossa a um clube que já não vivia na sua plenitude, e as épocas seguintes provaram isso mesmo: de 1999 a 2005, o Forest disputou o segundo escalão, entretanto já denominado Championship, e só por uma vez, em 02/03, conseguiu chegar ao play-off, caindo à League One duas temporadas depois.
Durante três anos os “reds” disputaram a terceira divisão inglesa e depois de regressarem ao Championship em 2008, por lá se fixaram até hoje, sendo que a sua melhor prestação foi em 09/10, quando terminaram no terceiro lugar e de seguida caíram nas Meias-Finais do play-off diante do Blackpool – na época seguinte foi sexto e voltou a sucumbir à primeira na fase decisiva.
Esta temporada, o emblema do City Ground terminou o campeonato no quarto posto, curiosamente até atrás do Huddersfield, e para chegar à final do play-off teve de “suar muito”, já que na semi-final só conseguiu superar o Sheffield United no desempate por penaltis: após vencer o primeiro jogo fora por 2-1, a equipa de Steve Cooper perdeu a segunda mão em casa pelo mesmo resultado e acabou por levar a melhor desde a marca dos onze metros (3-2).
Como é habitual, o mítico Estádio de Wembley recebeu a final deste domingo, e o Nottingham, que tinha os portugueses Tobias Figueiredo e Cafú no banco (Xande Silva ficou de fora), festejou o único golo do encontro perto do intervalo, cortesia (involuntária) de Levi Colwill, que marcou na própria baliza aos 43′.
Vinte e três anos depois, o Nottingham Forest está então de volta ao topo do futebol inglês, num regresso há muito esperado e que, naturalmente, é de salutar.

Derby County: Rooney não conseguiu o milagre

derby(Derby não foi despromovido diretamente na secretaria, mas quase…)

A época 21/22 teve o fim esperado para o Derby County: o emblema inglês, treinado por Wayne Rooney, não conseguiu evitar a despromoção à League One, depois de ter sofrido uma dedução de vinte e um pontos durante a temporada.
Os “rams”, que nos últimos anos têm tido vários problemas de ordem financeira e até diretiva, foram punidos por duas vezes no decorrer da atual época, situação que complicou e muito a permanência no Championship, que é, como se sabe, o segundo escalão de Inglaterra.
Tudo começou em Setembro: por força da crise que vivia, o Derby, à beira da insolvência, entrou em administração judicial, situação que a English Football League não permite, e sofreu uma penalização de doze pontos, numa altura em que era 16º com sete pontos em sete jogos – uma vitória, quatro empates e duas derrotas.
Curiosamente, no primeiro jogo após esta decisão, a equipa orientada por Rooney recebeu e venceu o Stoke, por 2-1, mostrando que não ia baixar os braços apesar da grande contrariedade que tinha sofrido. E a verdade é que continuou a demonstrar isso mesmo, já que posteriormente esteve cinco jogos sem perder (uma vitória e quatro empates).
Porém, dois meses depois do primeiro castigo, o Derby sofreu o segundo, vendo serem-lhe retirados mais nove pontos, agora pela violação dos limites de lucro e sustentabilidade, ficando “afundado” no último lugar com três pontos negativos e a dezoito dos lugares da permanência – três vitórias, nove empates e cinco derrotas em dezassete jogos.
Desistir, já se percebeu, é palavra que nunca entrou no balneário dos “rams”, que em Dezembro somaram três vitórias consecutivas, e ao quarto jogo, logo no início deste ano civil, conseguiram o empate no terreno do Reading (2-2), quando aos 85 minutos perdiam por 0-2.
Daí para cá, a formação de Pride Park venceu seis jogos, chegou a estar a oito pontos de sair da zona de despromoção, e na passada sexta-feira até derrotou o Fulham (2-1), líder destacadíssimo da prova que é orientado por Marco Silva, mas tudo isto foi insuficiente para evitar a descida, confirmada esta segunda-feira com a derrota em casa do QPR (0-1).
A três jogos do fim, o Derby, Campeão inglês por duas vezes (1972 e 1975), está no 23º e penúltimo lugar com 31 pontos, mas caso não tivesse sido penalizado, ocuparia tranquilamente o 17º lugar com 52 pontos – treze vitórias, treze empates e dezassete derrotas em quarenta e três partidas.
Fundado em 1884, o Derby County não conseguiu o “milagre” de permanecer no Championship, e, trinta e seis anos depois, vai voltar a competir na terceira divisão.

Fábio Tavares: há mais um português em destaque na Inglaterra

fabiotavares(Os festejos de Fábio Tavares após marcar o golo que deu o empate ao Coventry.)

Há um novo atleta luso a destacar-se no futebol inglês: Fábio Tavares, ponta de lança que representa o Coventry, do Championship, foi decisivo na tarde de ontem, apontando o golo que valeu o empate à sua equipa diante do Preston North End.
Os últimos minutos do jogo, ao bom estilo inglês, foram emotivos e decisivos para o resultado final: os forasteiros fizeram o 0-1 aos 89′, num penalti batido por Daniel Johnson; e Fábio Tavares, lançado aos 90+4′, restabeleceu a igualdade aos 90+8′ com um belíssimo golo.
Naquele que foi apenas o segundo jogo que fez pela equipa principal do Coventry, o avançado português, de 21 anos, estreou-se a marcar pelos “sky blues”, ele que foi contratado pelo clube a meio da temporada passada, depois de se destacar no Rochdale.
Fábio Tavares alinhou durante cerca de um ano pelos Sub-23 do Coventry, por quem anotou vários golos e fez várias assistências, desempenhos que lhe foram valendo várias idas ao banco da equipa principal, não só para o Championship como também para a Taça de Inglaterra, mas só no passado dia 19 se estreou pela primeira equipa, entrando ao minuto 85 do triunfo caseiro sobre o Barnsley (1-0).
Nascido em Matosinhos, a 22 de Janeiro de 2001, Fábio Tavares mudou-se para Inglaterra com os pais quando tinha apenas quatro anos, e iniciou a sua carreira na formação do Rochdale, por quem subiu a sénior e fez 39 jogos entre League One, EFL Trophy e FA Cup, antes de se mudar para o Coventry – em 19/20 foi emprestado ao Curzon Ashton da National League (5ª Divisão).
Ainda sem somar qualquer internacionalização pelas jovens seleções inglesas, Fábio Tavares, que detém dupla nacionalidade, pode, com isto, despertar a atenção dos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol e ser, quem sabe, uma mais valia para as nossas seleções.
Quanto ao Coventry, que no início do milénio disputava a Premier League, segue comodamente na primeira metade da tabela do Championship, na 10ª posição, e está a dois pontos do Sheffield United, que é 7º e detém o último lugar que dá acesso ao Play-Off de subida.

Reading – Derby County: duelo intenso entre aflitos… e castigados

ReadingDerby(Kâzım-Richards já tocou na bola para o 2-1, aproveitando da melhor maneira o erro do guarda-redes adversário.)

Com cinco jogos da 26ª Jornada agendados para hoje, o Championship, segundo escalão de Inglaterra, só teve duas partidas esta tarde – três foram adiadas devido à pandemia -, e uma delas, jogada entre Reading e Derby County, foi claramente à inglesa: a equipa da casa vencia por 2-0 aos 85′, mas o jogo acabou empatado.
Clubes com larga história no futebol inglês, Reading e Derby andam arredados da Premier League há alguns anos e a atual época está longe de ser perfeita: ambos estão na cauda da tabela e, pior do que isso, foram castigados na secretaria com dedução de pontos já com o campeonato em andamento.
Tudo começou em Setembro último: por força da crise financeira que atravessa, o Derby County, à beira da insolvência, entrou em administração judicial, situação que a English Football League não permite, e sofreu uma penalização de doze pontos.
Dois meses depois, a meio de Novembro, o organismo que tutela o Championship puniu os dois emblemas pela mesma razão: violação dos limites de lucro e sustentabilidade. Nessa altura, o Derby ficou sem mais nove pontos e o Reading perdeu seis.
Contas feitas, os “Rams”, treinados por Wayne Rooney, já perderam vinte e um pontos na secretaria e estão no último lugar com onze pontos em vinte e cinco jogos; ao passo que os “Royals”, onde jogam o português Lucas João e o guineense Mamadi Camará (ex-Feirense), estão na 21ª posição, a primeira que dá a permanência, com vinte e dois pontos em vinte e três partidas.
Esta tarde, no Madejski Stadium, o Reading abriu o ativo aos 37′ por Junior Hoilett, que assinou um golaço, e bisou no início do segundo tempo, fazendo o 2-0 aos 56′; mas o Derby nunca baixou os braços e chegou ao empate na ponta final do jogo: Kâzım-Richards reduziu aos 86′, aproveitando um erro do guardião Luke Southwood, e Curtis Davies, aos 90+1′, restabeleceu a igualdade com um belo cabeceamento após assistência primorosa de Nathan Byrne.
Este resultado não alterou em nada a situação das equipas na tabela, sendo que caso não tivessem sofrido as penalizações já referidas, a classificação atual seria bem diferente: o Reading estaria no 17º lugar com vinte e oito pontos; e o Derby County seria 13º a par do Sheffield United com trinta e dois pontos.

Jude Bellingham: o miúdo que já teve direito a um número retirado

Birmingham City v Derby County - Sky Bet Championship(Jude Bellingham teve uma ascensão muito rápida.)

Geralmente, quando um clube retira um número, é como forma de homenagear um atleta com um longo trajeto ao seu serviço, ou então, devido a circunstâncias trágicas, como aconteceu recentemente com Alfredo Quintana no andebol do FC Porto.
Ora, o Birmingham, no Verão passado, decidiu inverter esta tendência após ter vendido Jude Bellingham, de 17 anos, ao Borussia Dortmund, e retirou o número 22 para que o médio inglês sirva de exemplo e inspiração aos jovens que alinham na formação do clube.
Bellingham fez toda a sua formação no Birmingham e na temporada passada, então com 16 anos, agarrou a titularidade na equipa principal, que disputava o intenso e super competitivo Championship, tendo feito 44 jogos (4 golos) entre campeonato, Taça de Inglaterra e Taça da Liga.
Rapidamente cotado como uma grande promessa do futebol inglês, as suas exibições despertaram a atenção de alguns “tubarões” europeus e o Dortmund antecipou-se à concorrência, pagando cerca de 23 milhões de euros pelo seu passe, motivo que levou então a direção dos “blues” a retirar o número 22 em homenagem a Jude.
Na Alemanha, o médio “pegou de estaca” no Borussia e soma, até hoje, 34 jogos (1 golo) entre Bundesliga, Taça, Supertaça e Liga dos Campeões, e em Novembro passado estreou-se, inclusive, pela Seleção A do seu País, entrando ao minuto 73 num amigável que terminou com vitória inglesa sobre a Irlanda (3-0).
A caminho dos 18 anos – nasceu a 29 de Junho de 2003 -, Jude Bellingham, aconteça o que acontecer, ficará sempre na história não só pela ascensão muito rápida que teve, mas também como o miúdo que teve direito a um número retirado.