Portugal – Inglaterra: 18 anos de um jogo marcante

289169006_5280411485414570_4927251072627084696_n(Os momentos decisivos de Ricardo na célebre partida de 2004 com os ingleses.)

24 de Junho de 2004: a Luz enche-se para o Portugal – Inglaterra dos Quartos-de-Final do Euro e os cerca de 65 mil espetadores nem imaginam o espetáculo que vão assistir “in loco”.
A partida mal tinha começado e já Michael Owen ameaçava estragar os nossos planos: o avançado abriu o ativo logo aos 3 minutos, e depois foi preciso esperar até aos 83 para que Hélder Postiga fizesse suspirar de alívio o País inteiro. 1-1 e segue-se o prolongamento.
No tempo extra, os primeiros 15 minutos nada alteram. Vem a segunda parte e com ela mais dois golos: o primeiro é nosso, por Rui Costa. E que golo, Maestro! Contudo, Frank Lampard não parece disposto a ver festa lusa e empata novamente o jogo. 120 minutos e Urs Meier apita: tudo será decidido nos penaltis.
Beckham é o primeiro a bater e atira para a bancada. Deco, Owen, Simão e Lampard são eficazes. Rui Costa, como Beckham, manda por cima. Terry, Cristiano Ronaldo, Hargreaves, Maniche e Ashley Cole marcam.
É a vez de Postiga bater e Portugal perde se o caxineiro falhar. Falhar?! Toma lá um Panenka, James. Memorável, Hélder. E depois? Depois, o(s) momento(s) de Ricardo: Darius Vassell encaminha-se para marcar o penalti e o “Labreca”, num momento de inspiração, tira as luvas. Bola para o lado esquerdo do guarda-redes e já está. Ricardo defende. Até o árbitro auxiliar sorriu perante tal momento e as imagens comprovam-no.
É a vez de Nuno Valente. Era. O lateral esquerdo faz-se ao caminho, mas recua porque Ricardo assume, remata e é golo. Portugal qualifica-se e o guarda-redes do Sporting torna-se no herói da noite.
Há exatos 18 anos, o golo de Rui Costa, o Panenka de Postiga e o(s) momento(s) de Ricardo tornaram uma “simples” partida do Campeonato da Europa num jogo absolutamente marcante, que será sempre recordado com enorme regozijo da nossa parte.
Obrigado, Portugal 👏🇵🇹

Jogos Imortais: Portugal 2-2 Inglaterra (6-5 G. P.) – Euro 2004

PortugalInglaterraEuro2004(Momento do jogo entre Terry e Hélder Postiga, com Nuno Gomes e Gary Neville como “espetadores atentos”.)

Falar de um jogo entre Portugal e Inglaterra é, automaticamente, recordar a partida épica que aconteceu nos Quartos-de-Final do Euro 2004.
Reconhecido unanimemente por todos como o grande jogo do torneio realizado no nosso País, este encontro teve tudo: foi emotivo, disputado e durinho até ao fim; não faltaram golos, dois para cada lado; e o suspense continuou nas grandes penalidades como todos se recordam.
Beckham não acertou na baliza, Rui Costa, autor de um “senhor golo”, imitou a estrela inglesa, Hélder Postiga teve a frieza de fazer um “Panenka” ao “gigante” David James, e Ricardo chamou a si a atenção nos últimos momentos, defendendo, já sem luvas, o remate de Darius Vassell, para depois marcar ele mesmo o penalti decisivo.
No caminho até ao “mata mata”, Portugal e Inglaterra fizeram os mesmos resultados: perderam o jogo inaugural por 1-2 e acabaram a fase de grupos com seis pontos, com a diferença dos ingleses terem sido 2ºs no Grupo B e da “equipa das Quinas” ter ganho o Grupo A, factor que os colocou frente-a-frente logo nos Quartos.
Sem Pauleta, a cumprir castigo por acumulação de amarelos, Scolari lançou Nuno Gomes, “herói” contra a Espanha quatro dias antes, e manteve o resto da equipa titular que finalizou a fase de grupos; enquanto que do outro lado, Sven-Göran Eriksson também manteve o seu onze habitual, não podendo contar com Nicky Butt, lesionado, e com Ledley King, que na manhã do jogo viajou para Inglaterra para assistir ao parto da esposa.

pting(Hélder Postiga já cabeceou para o empate perante o olhar atento de quem o rodeia.)

Falando da partida em si, dificilmente Portugal podia ter começado pior: 3 minutos, pontapé longo de David James, Costinha falha o atraso para Ricardo, e Michael Owen, isolado, só teve que desviar a bola do guardião luso, abrindo o marcador.
Faltava ainda muito tempo para se jogar, é certo, contudo, o relógio foi avançando e Portugal não chegava ao golo apesar das mudanças de Scolari: a nossa Seleção entrou nos últimos dez minutos regulamentares com Cristiano Ronaldo e Simão nas alas, Nuno Gomes e Hélder Postiga na frente, Rui Costa no apoio, e Deco… a defesa direito.
Mas pouco depois de ter trocado Miguel por Rui Costa (aos 79′) e esgotado as substituições, o técnico brasileiro viu a audácia ser recompensada: Simão tentou tirar um primeiro cruzamento na esquerda que Beckham intercetou, mas o extremo português insistiu e o segundo saiu direitinho para Hélder Postiga, que empatou o jogo aos 83′.
Ainda antes do suíço Urs Meier apitar para o fim dos 90 minutos, susto para Portugal: um livre de Beckham encontrou a cabeça de Owen, com este a rematar à trave; e na recarga, Sol Campbell ainda introduziu a bola na baliza, porém, o árbitro marcou falta do central inglês sobre Ricardo.
Chegou o prolongamento, e com ele um grande momento de magia: Rui Costa pegou na bola, avançou durante largos metros, deixou Phil Neville para trás e, à entrada da área, rematou sem hipótese para David James. Um autêntico golaço do “Maestro”.

PortugalInglaterra2004(O momento em que Sol Campbell marca, mas com falta sobre Ricardo.)

Estavam decorridos 110 minutos, Portugal estava perto de vencer e chegar às Meias-Finais, mas a dupla do Chelsea, composta por Terry e Lampard, logo tratou de fazer a desfeita: canto batido por Beckham, o central dos “blues” cabeceia para o colega de equipa, e este, sozinho à beira da pequena área, rodou e bateu Ricardo para o 2-2 aos 115 minutos.
Não havia como fugir: os penaltis estavam ali para definir o vencedor do jogo e as emoções fortes naquela noite de Verão ainda não tinham acabado. Foram marcados catorze penaltis, só três não deram golo, e o momento alto da noite acabou por ser, já se disse e todos nos lembramos, quando Ricardo tirou as luvas para travar as intenções de Vassell.
A “lotaria” iniciou-se com David Beckham a enviar a bola “para as nuvens”, algo que Deco (1-0), Owen (1-1), Simão (2-1) e Lampard (2-2) não fizeram. Depois de Rui Costa não conseguir marcar, rematando igualmente por cima, seguiram-se seis penaltis convertidos com sucesso: Terry (2-3), Cristiano Ronaldo (3-3), Hargreaves (3-4), Maniche (4-4), Ashley Cole (4-5) e Hélder Postiga (5-5).
Ao sétimo penalti para cada lado, a “coisa” decidiu-se: Ricardo defendeu o remate do avançado inglês, “voando” para a sua esquerda, e assumiu a marcação da última grande penalidade, batendo James e apurando Portugal para as Meias-Finais.
Não há dúvidas que estamos perante um dos grandes jogos da história do futebol português. Um jogo imortal e que merece ser recordado para sempre.

ricardovsjames(Ricardo não deu hipótese a David James.)

📝 Ficha de Jogo:

🏟️ Estádio: da Luz, em Lisboa – Portugal

🏁 Equipa de Arbitragem: Urs Meier (Árbitro Principal – Suíça); Rudolf Käppeli e Francesco Buragina (Árbitros Assistentes)

🇵🇹 Portugal: Ricardo; Miguel (Rui Costa 79′), Jorge Andrade, Ricardo Carvalho e Nuno Valente; Costinha (Simão Sabrosa 63′), Maniche e Deco; Luís Figo (Hélder Postiga 75′), Nuno Gomes e Cristiano Ronaldo.

Treinador: Luiz Felipe Scolari. Suplentes Não Utilizados: Moreira e Quim; Beto, Fernando Couto, Paulo Ferreira, Rui Jorge, Petit e Tiago.

🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿 Inglaterra: James; Gary Neville, Terry, Campbell e Ashley Cole; Beckham, Lampard, Gerrard (Hargreaves 82′) e Scholes (Phil Neville 57′); Rooney (Vassell 27′) e Owen.

Treinador: Sven-Göran Eriksson. Suplentes Não Utilizados: Robinson e Walker; Carragher, Bridge, Butt, Dyer, Joe Cole e Heskey.

⚠  Disciplina:

Amarelos: Gerrard 37′; Gary Neville 45′; Costinha 56′; Deco 85′; Phil Neville 92′; Ricardo Carvalho 119′.

⚽ Marcador: 0-1 Owen 03′; 1-1 Hélder Postiga 83′; 2-1 Rui Costa 110′; 2-2 Lampard 115′.

🥅 Penaltis: Beckham falha; 1-0 Deco; 1-1 Owen; 2-1 Simão Sabrosa; 2-2 Lampard; Rui Costa falha; 2-3 Terry; 3-3 Cristiano Ronaldo; 3-4 Hargreaves; 4-4 Maniche; 4-5 Ashley Cole; 5-5 Hélder Postiga; Vassell falha; 6-5 Ricardo.

Inglaterra – Itália: Wembley para contrariar o histórico

pirlo2012(Pirlo já marcou o penalti “à Panenka” perante o olhar de Joe Hart. Nos Quartos-de-Final do Euro 2012, a Itália venceu a Inglaterra no desempate por grandes penalidades.)

Ponto prévio: o dia 11 de Julho não é um dia qualquer para a Itália, que, nesta mesma data há exatos 39 anos, conquistou o Mundial 1982, ao derrotar a República Federal da Alemanha por 3-2 na final jogada no Santiago Bernabéu.
De resto, a final de hoje do Euro 2020 entra, desde logo, para a história: Inglaterra e Itália só se cruzaram por quatro vezes em fases finais de grandes competições, duas em Europeus e outras tantas em Mundiais, e nunca jogaram uma final entre si.
O mais perto que tiveram de o fazer foi em 1990, no Mundial realizado precisamente em Itália, quando se encontraram no jogo de atribuição de 3º e 4º lugar. Além disso, defrontaram-se por duas vezes em fases de grupos, no Mundial 2014 e no Euro 1980 (também jogado em Itália), e em 2012 foram adversários nos Quartos-de-Final do Europeu.
Amigáveis já foram dezanove, o último em Março de 2018 e jogado em… Wembley; e jogos em fases de qualificação são quatro até hoje: dois no apuramento para o Mundial 1978 e mais dois no apuramento para o Mundial 1998. No total, ingleses e italianos já se defrontaram por vinte e sete ocasiões, e a vantagem é transalpina: são dez as vitórias da “squadra azzurra” contra oito dos “three lions”, sendo que se registaram ainda nove empates.
Há ainda uma curiosidade a registar e que pende igualmente a favor da Itália: é que nos tais quatro jogos entre ambos em fases finais, os italianos venceram três e empataram um. Ou seja, os “azzurri” nunca perderam diante da Inglaterra em grandes competições: venceram por 1-0 no Euro 1980 e por 2-1 nos Mundiais de 1990 e 2014; e em 2012 levaram a melhor no desempate por grandes penalidades (0-0/4-2).
E apesar do último jogo numa competição “a sério” ter sido no Brasil em 2014, com os golos de Marchisio (35′), Sturridge (37′) e Balotelli (50′) a abrirem o torneio para as duas equipas, a partida que está mais presente na nossa memória é a do Euro 2012, quando na tal marcação de penaltis, Pirlo bateu Joe Hart com um célebre “Panenka”.
Em busca do seu primeiro Campeonato da Europa, a Inglaterra tem, logo mais, a vantagem de jogar em casa, mas, do outro lado, estará uma Seleção com mais “estofo” na hora das decisões e que tem a estatística a seu favor, apesar dessa, como se sabe, para nada contar dentro de campo.