Miguel Campos: a primeira experiência como emigrante acabou em festa

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Miguel Campos, central que representa os croatas do NK Rudes, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A conquista da Taça por parte do Hajduk Split, de Ferro, não constituiu a única celebração portuguesa por terras croatas em 2022/23. Em Rudes, arredores de Zagreb, festejou-se o título da II Liga (e consequente subida de divisão) por parte da equipa local, que esta temporada contou com o contributo de Miguel Campos, central português, de 26 anos, que cumpriu a primeira aventura da carreira como emigrante – e logo com estrondoso sucesso.

Na campanha vitoriosa do Rudes, que celebrou a promoção ainda a 3 jornadas do fim, Miguel Campos foi utilizado em 21 ocasiões, sendo apenas uma delas a sair do banco. Depois de um começo mais lento, ganhou definitivamente a titularidade a partir da jornada 15 e só não seria utilizado nos 2 últimos jogos da temporada, já após a subida estar garantida.

Nascido a 19 de Agosto de 1996 em Fermentelos, concelho de Águeda, o central (que também pode jogar como médio-defensivo) cumpriu os primeiros anos do processo formativo na equipa da terra, até que no segundo ano de iniciado se mudou para o Beira-Mar. Estrear-se-ia pela equipa principal dos aveirenses aos 18 anos, ainda como júnior, num jogo da Taça da Liga (derrota por 1-0 em casa do Aves), e nessa época fez mais 5 aparições, 4 delas na II Liga (uma como titular).

A queda administrativa do Beira-Mar para as divisões distritais, todavia, acabaria por condicionar a evolução competitiva de Miguel Campos, que nessa temporada de 2015/16 alinhou por empréstimo no Gafanha e no Oliveira de Frades, ambos no Campeonato de Portugal. Na época seguinte, já desvinculado dos aveirenses, actuou pela primeira vez no patamar distrital, ao serviço do Oliveira do Bairro, mudando-se em 2017/18 para o Sacavenense, onde alinhou maioritariamente na equipa B, nas divisões distritais de Lisboa.

O regresso à utilização regular (e ao Campeonato de Portugal) deu-se no Algarve, pela via do Olhanense em 2018/19, continuando nesse escalão nas épocas seguintes, primeiro em representação do Águeda e depois no Benfica de Castelo Branco. Em 2021/22 estrear-se-ia na recém-criada Liga 3, ao serviço do Anadia, até que no passado verão decidiu partir à aventura e rumar ao Rudes, que já há 2 anos morria na praia na luta pelo regresso à principal Liga da Croácia.

O objectivo foi agora finalmente alcançado, e Miguel Campos já ostenta o primeiro título de campeão no palmarés. Se nada em contrário acontecer até lá, o defesa português irá manter-se no plantel para o ataque ao escalão principal, estreando-se assim numa divisão principal e engrossando o lote de jogadores lusos na Liga croata – isto, claro, partindo do princípio que os três que lá actuaram esta época permaneçam nos respectivos clubes: Ferro no Hajduk Split, Danilo Veiga no Rijeka e Rafael Pereira no Varazdin.

Aurélio Buta: o primeiro pontapé no infortúnio

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Aurélio Buta, lateral direito que representa os alemães do Eintracht Frankfurt, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

O dia 21 de Janeiro de 2023 ficará para sempre marcado a letras de ouro na carreira profissional de Aurélio Buta. Mais de 7 meses depois de ter sido oficializado pelo Eintracht Frankfurt, o lateral-direito nascido em Luanda há 25 anos fez finalmente a primeira aparição pelo clube alemão, sendo lançado em campo ao minuto 70 da recepção ao Schalke 04, e colocaria a cereja no topo do bolo ao apontar o 3-0 final para a sua equipa em cima do apito final.

Para trás ficou um calvário relativo a uma lesão num joelho sofrida logo na fase inicial da pré-temporada, que motivou inclusivamente o recurso a intervenção cirúrgica. O regresso aos relvados deu-se já na paragem para o Mundial, num estágio no Dubai onde o Eintracht Frankfurt defrontou os polacos do Lech Poznan. O resultado? 2-2, com Aurélio Buta a assistir para o primeiro e a fazer ele próprio o segundo.

Esta é a segunda aventura fora do país para o lateral-direito que chegou muito jovem a Portugal, iniciando a formação no Águeda. Passou depois para as escolas do Beira-Mar e aos 14 anos mudou-se para o Benfica, onde ficaria até aos 20. Após fazer a primeira época de sénior na equipa B das Águias, e percebendo que não iria ter oportunidades na equipa principal, o lateral-direito (entretanto convertido, depois de várias épocas a jogar no ataque) aceitou ser cedido no início de 2017/18 ao Antwerp, um histórico da Bélgica então orientado pelo mítico Laszlo Boloni.

E deu resultado: Aurélio Buta fez 17 jogos e nem uma lesão relativamente grave na parte final da temporada demoveu o clube belga de avançar para a sua contratação em definitivo, oferecendo-lhe um contrato de 3 anos. Acabaria por ficar na Bélgica até ao fim de 2021/22, tendo vencido a Taça na terceira dessas 5 temporadas e sempre com o estatuto de titular indiscutível – apenas beliscado por algumas lesões que insistem em ir surgindo pelo caminho.

Na fase final da quinta época no Antwerp, e numa altura em que se encontrava em fim de contrato, Aurélio Buta entendeu que o ciclo na Bélgica estava fechado. Com muito mercado (já há muito tempo era dado como estando na agenda de emblemas ingleses, escoceses ou turcos), acabou por escolher a Bundesliga para prosseguir a sua carreira, assinando por 4 temporadas com o emblema que acabara de conquistar a Liga Europa, ganhando assim o direito a participar na Liga dos Campeões na corrente temporada.

Devido à grave lesão já descrita acima, Aurélio Buta ainda não teve oportunidade de se estrear na maior competição continental de clubes – ficou mesmo fora da lista enviada à UEFA na primeira fase da temporada, como é compreensível. Agora, porém, tudo é diferente: o lateral-direito luso-angolano está de volta aos relvados e com toda a vontade, como ficou demonstrado no último fim-de-semana.

Resta agora continuar a ter oportunidades e a dar uma boa resposta para que possa recuperar o ritmo e regressar ao nível que evidenciava antes da lesão, de modo a cimentar-se no clube e até a poder sonhar com outros vôos – como a selecção nacional, agora que se inicia um novo ciclo, ele que representou Portugal em todos os escalões entre os sub-16 e os sub-20, tendo marcado presença num Campeonato da Europa de sub-17 (2014) e outro de sub-19 (2016), no qual foi escolhido para integrar a equipa ideal do torneio. O Eintracht Frankfurt ainda está bem vivo em todas as competições (é quarto na Bundesliga, a 5 pontos do líder Bayern; está nos oitavos-de-final da Taça, onde irá defrontar o secundário Darmstadt; e na mesma fase na Liga dos Campeões, tendo pela frente o Napoli depois de se ter classificado à frente de Sporting e Marseille na fase de grupos) e certamente não enjeitará desfrutar da melhor versão de Aurélio Buta.

Marcão: primeira renovação chegou aos 31 anos

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(Marcão chegou ao Paredes em Setembro de 2019.)

Não é prática habitual um futebolista trocar de clube todas as épocas: esses casos são raros e, no nosso País, até ao atual defeso, havia pelo menos um exemplo desses: Marcão, médio brasileiro de 31 anos, nunca tinha permanecido mais do que uma época no mesmo clube.
Natural de São Paulo, o médio defensivo que passou pelas camadas jovens da Portuguesa dos Desportos, quebrou a sua tradição ao renovar com o Paredes para a temporada 2020/2021, clube onde chegou já no decorrer da época passada e por quem fez 15 jogos na Série B do Campeonato de Portugal.
Como sénior, Marcão atuou nos escalões inferiores do Brasil ao serviço de clubes como Colo Colo, Varginha, Sumaré e Juventus de Jaraguá, tendo chegado à Europa em 2010 pela “porta” do Akademik Sofia, da I Liga búlgara, onde deu nas vistas a ponto de ter estado perto de se transferir para o CSKA Sofia.
Chegado a Portugal no Verão de 2012, para alinhar no Feirense, da II Liga, Marcão esteve uma época em Santa Maria da Feira, aventurando-se posteriormente no mercado asiático, onde vestiu as camisolas de Rah Ahan (Irão) e Al-Khaleej (Emirados Árabes Unidos).
O seu regresso a Portugal aconteceu em 2016, depois de uma experiência em Angola pela Académica de Lobito, e daí até reforçar o Paredes, em Setembro do ano passado, o brasileiro alinhou por Lusitano VRSA e Águeda no Campeonato de Portugal, e sagrou-se Campeão Distrital da AF Aveiro pelo Beira-Mar.
Agora, aos 31 anos, Marcão, podemos dizê-lo, fez jus ao velho ditado: há sempre uma primeira vez para tudo.

Neto: “Golos significam que o nosso trabalho está sendo bem feito”

Neto(Sete golos em vinte e um jogos fazem de Neto o melhor marcador do Recreio de Águeda na Série C do Campeonato de Portugal.)

Três meses depois, o Recreio de Águeda regressou aos triunfos na Série C do Campeonato de Portugal graças a uma vitória conseguida em casa do Sertanense, que vem na sequência de uma igualdade a um golo no terreno do líder Praiense.
Com dois golos de Neto, os “galos do Botaréu” conseguiram empatar nos Açores (1-1) e vencer na Sertã (1-0), resultados que lhes permitiu abandonar a zona de despromoção apesar da igualdade pontual com o Oliveira do Hospital – 28 pontos.
Foi precisamente com o brasileiro Neto que o blogue falou, com o extremo que também pode atuar a ponta de lança, a realçar que no domingo se assistiu a um bom jogo e que esta vitória traz, naturalmente, mais confiança ao plantel aguedense:
“Sim, vinhamos de há muito tempo sem vencer e, graças a Deus, no fim de semana passado, tivemos um resultado muito bom, onde enfrentámos uma equipa que em sua casa é muito forte. O jogo em si foi muito bom, as duas equipas procuraram sempre a vitória, sabíamos que iríamos sofrer pressão do adversário, soubemos suportar isso e, felizmente, saímos com a vitória, que era o mais importante para o grupo e nos dá mais confiança ainda para o que resta da época”, frisou.
Melhor marcador do Águeda no campeonato, com sete golos, Neto chegou ao clube na temporada passada, mas, fruto de uma lesão, só na época em curso conseguiu dar o seu contributo ao clube e os números falam por si.
O brasileiro salienta que os golos são fruto do trabalho coletivo desenvolvido nos treinos e nos jogos e que os seus objetivos passam apenas por ajudar a equipa, e deixa, também, um agradecimento ao RD Águeda e ao seu staff pela ajuda prestada na sua recuperação:
“Os golos significam que o trabalho está sendo bem feito. Isto vem dos treinamentos que o mister passa, então os golos começam a aparecer. Meu maior objetivo para esta época é ajudar a minha equipa a sair desta situação e tenho a certeza que o lugar dela é mais acima na tabela. Na primeira temporada no Recreio sofri uma grave lesão onde perdi todo o campeonato. Só que fui sempre treinando todos os dias forte na fisioterapia para ter uma volta a 100% e poder ajudar a equipa com muita entrega e golos. Quero agradecer também ao Recreio por ter me dado todo o suporte necessário, aos médicos, e os amigos de clube que sempre me apoiaram. Graças a Deus esta temporada está sendo muito especial para mim, pois estou podendo ajudar a equipa com golos, juntamente com os meus companheiros, para deixarmos a nossa equipa nas primeiras posições”, afirmou.
Depois de um forte início de temporada, o Águeda entrou num ciclo negativo em termos de resultados que motivaram uma troca de treinador no final de Janeiro – Nuno Pedro rendeu André Ribeiro – e a queda na “linha de água”, consumada ao fim de sete jogos sem vitórias.
Neto sublinha que o futebol tem momentos altos e baixos e que a sua equipa pecou em alguns momentos, mas agora está focada em dar sequência aos últimos bons resultados e reverter a situação em que se encontra:
“Ti
vemos um início muito bom de campeonato, mas futebol é assim, feito de altos e baixos. Pecámos muito em vários jogos que nos custaram pontos importante e que nos colocaram numa situação não muito boa na tabela, mas, agora, é trabalhar e pararmos de cometer erros que nos prejudiquem naquilo que queremos, que é somar vitórias jogo após jogo”, vincou.
Formado no Corumbaense, do estado de Mato Grosso do Sul, e de onde transitou para o Recreio de Águeda na temporada passada, Neto já tinha tido uma experiência no futebol internacional antes de chegar ao nosso País, quando alinhou em Macau, pelo Monte Carlo, entre 2016 e 2017.
Goleador na Ásia, Neto revela que foi Henrique Nunes, ex-treinador do Águeda e atualmente no Arouca, quem o trouxe para Portugal, e num breve resumo sobre a sua carreira, o atleta mostra-se contente pelo facto de ter representado poucos clubes e de em todos eles ter tido destaque:
“Cheguei a Portugal e ao Recreio na época passada através da indicação do mister Henrique Nunes. Conhecemo-nos em Macau, quando eu defendia a equipa do Monte Carlo e ele treinava a equipa do Benfica, sendo que fui seu adversário em vários jogos. Tive uma boa passagem em Macau, onde atuei por duas temporadas (2016 e 2017) , com grande destaque e ajudando a equipa com muitos golos. Depois regressei ao Brasil no ano de 2018, onde defendi a equipa do Corumbaense-MS, clube pelo qual fui revelado em 2010, subindo aos profissionais com 16 anos, e atuando no mesmo Corumbaense até o ano de 2016, e onde podi jogar nesse ano de 2018, o Campeonato Estadual, a Copa do Brasil, a Copa Verde e o Campeonato Brasileiro – Série D. Também tive passagem de grande importância no Aquidaunense-MS, em 2015, na época, emprestado do Corumbaense-MS, e por quem fui artilheiro da equipa no Campeonato Estadual – Série B. Minha carreira tem sido em poucos clubes, porém, sempre com grande destaque em todos eles e espero que assim continue”, contou.
Aos sete golos em vinte e um jogos no Campeonato de Portugal, Neto junta-lhes mais três jogos e um golo na Taça de Portugal, estatísticas que fazem dele o melhor marcador dos aguedenses não só do campeonato como da temporada até ao momento.
Sobre o seu futuro, o jogador mostra-se ambicioso em poder conquistar o seu espaço no nosso futebol e, quem sabe, conseguir chegar a um dos ditos “grandes” em Portugal:
Só trabalhando é que se consegue jogar em um bom nível, pois nada é por acaso. No futebol têm-se várias ambições, desde conquistar títulos coletivos e individuais, e eu quero conquistar cada vez mais o meu espaço no futebol português, para, se Deus quiser, poder vir a jogar em alguma equipa grande de Portugal”, concluiu.
Neto, de 26 anos, foi, como já se disse, formado no Corumbaense, clube por quem se estreou no futebol sénior, tendo ainda alinhado por Aquidaunense, também no Brasil, e pelo Monte Carlo, em Macau, tendo chegado ao Recreio de Águeda em 2018/2019.