Bruno Jordão: o mais recente utente da via rápida Wolverhampton – Zurique

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Bruno Jordão, médio que recentemente se mudou para os suíços do Grasshoppers, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A tradição recente do Grasshoppers em integrar portugueses nas suas fileiras ganhou ainda maiores contornos no último mercado de transferências. É verdade que Toti Gomes deixou o clube, regressando à casa-mãe (Wolverhampton) após ano e meio no histórico emblema suíço, mas de imediato chegaram mais dois atletas lusos para se juntarem ao contingente composto por André Moreira, André Santos e André Ribeiro (não esquecendo o luso-guineense Eliseu Nadjack e o luso-suíço Nuno da Silva): Tomás Ribeiro, contratado ao B-SAD, e Bruno Jordão, que fez o caminho inverso ao de Toti e chegou a Zurique por cedência do Wolves, onde havia feito apenas uma aparição até Janeiro (mais 3 pela equipa de sub-23).

O médio nascido na Marinha Grande a 12 de Outubro de 1998, na verdade, só em Novembro regressou à competição, quase um ano depois de se ter lesionado com gravidade enquanto representava o Famalicão, também por empréstimo do emblema inglês. Sem espaço nas opções de Bruno Lage, e até tendo em conta a concorrência de muito peso no meio-campo do Wolves (basta referir os nomes de Rúben Neves, João Moutinho ou do belga Dendoncker), Bruno Jordão viu com bons olhos a mudança para o futebol suíço e já começou a assumir preponderância na sua nova equipa: na última jornada, na recepção do Grasshoppers ao campeão Young Boys, foi ele a bater o canto que originaria o primeiro golo da sua equipa (a partida terminou com um empate a dois).

Ainda bastante jovem (23 anos), Bruno Jordão é já há algumas temporadas um nome familiar até ao mais comum adepto do futebol nacional, mais que não seja pela associação a… Pedro Neto. É que ambos estiveram envolvidos no negócio que surpreendeu Portugal no verão de 2017, com o Braga a acertar a sua transferência para a Lázio a troco de 20 milhões de euros, numa altura em que o médio ainda nem sequer se havia estreado na primeira equipa dos Guerreiros do Minho (fizera apenas 19 jogos e 2 golos na equipa B na época anterior) e o extremo, dois anos mais novo, somava somente 3 partidas (e 1 golo) na formação principal depois de se destacar em 2016/17… nos juvenis (24 jogos e 17 golos, mais duas aparições nos juniores e uma partida na equipa B).

A partir daí, como é natural, o foco mediático começou a incidir com especial insistência no par de jovens talentos lusos… que acabaram por não se conseguir afirmar em Roma – no caso de Bruno Jordão, aos 7 jogos na equipa de sub-20 dos Laziale na primeira época juntou apenas três utilizações pelo conjunto principal na segunda, sempre como suplente utilizado. Tendo plena consciência de que esse cenário dificilmente se iria inverter em 2019/20, o médio acabou por aceitar transferir-se para o Wolves, juntamente com… Pedro Neto, depois de muita tinta ter corrido na imprensa nacional sobre a possibilidade de ambos reforçarem o Benfica num negócio com moldes semelhantes ao que haveria de se realizar com o clube inglês – onde Jorge Mendes tem influência óbvia, tal como acontece com o Braga, o Famalicão… e o Grasshoppers.

Em Inglaterra, contudo, os caminhos do duo começariam a divergir pela primeira vez. Se Pedro Neto integrou de imediato os trabalhos da primeira equipa e acabaria paulatinamente por ganhar o seu espaço, acabando a temporada num nível elevadíssimo, já Bruno Jordão passou os primeiros meses na equipa de sub-23 e só muito esporadicamente foi opção para Nuno Espírito Santo, ainda que tenha dado muito boas indicações nas 4 vezes em que teve oportunidade para actuar na formação principal – aliás, marcou na estreia, num golo que se revelaria decisivo para a qualificação para a ronda seguinte da Taça da Liga (ao 1-1 final ante o secundário Reading, orientado por José Gomes e com o actual sportinguista João Virgínia na baliza, seguiu-se uma vitória por 4-2 no desempate por grandes penalidades).

Foi nesse contexto que se deu a hipótese do empréstimo ao Famalicão, também ela vista com bons olhos pelo médio marinhense, no intuito de ganhar ritmo e minutos de jogo. E a aposta foi claramente ganha – ou pelo menos assim parecia até ao dia 18 de Dezembro, quando Bruno Jordão fez o 11º jogo na temporada (sétimo a titular), tendo até visto o único golo pelos minhotos receber a distinção de golo da jornada (aconteceu logo na quarta ronda, no espectacular empate a três diante do Farense); seguiram-se dois jogos sem sair do banco até que, já no início de Janeiro, veio a lesão que o atirou largos meses para fora dos relvados.

Debelados os problemas físicos, Bruno Jordão chegou assim ao Grasshoppers para reabilitar a carreira, tendo sempre em conta que continua a estar ligado ao Wolverhampton por mais duas temporadas. O clube sediado em Zurique pode ser a alavanca que estava a faltar ao médio que aos 16 anos já era titular nos seniores da União de Leiria (24 jogos e 4 golos no Campeonato de Portugal em 2015/16) e que somou 21 internacionalizações nas selecções jovens de Portugal (a última das quais seria também a única pelos sub-21); resta esperar para ver como evolui na Suíça e se voltará a actuar a um nível semelhante ao do comparsa de sempre (e curiosamente também ele acabado de recuperar de uma lesão muito grave): Pedro Neto, pois claro.