Aílton: o brasileiro mais célebre (e mais ilógico) do futebol alemão

ailton(Em 1998, Aílton passou a ser a transferência mais cara da história do Werder Bremen, justificando o investimento nos anos seguintes com muitos golos.)

O êxodo dos talentos brasileiros rumo ao futebol europeu começou a ganhar força no início da década de 80. Daí para cá, muitos foram os atletas canarinhos a deixar a sua marca nos maiores campeonatos da Europa, e a Bundesliga não foi excepção. Um dos maiores exemplos – literalmente –, porém, é também o mais ilógico: Aílton, conhecido no Brasil como “Queixada” devido ao prognatismo proeminente e até hoje o segundo brasileiro com mais golos no escalão principal do futebol alemão (106, só atrás de Élber, que marcou 133), que festejou o 50º aniversário na passada semana.

Nascido em Mogeiro, localidade da Paraíba, em 1973, Aílton é visto quase como uma divindade em Bremen. A julgar pelo físico, poderia até ser uma divindade budista – é que o avançado tinha tudo menos perfil físico de um jogador de futebol, como o caro leitor poderá comprovar ao ver imagens suas em acção. Ficou, de resto, conhecido na Alemanha como “Kugelblitz”, que se poderá traduzir livremente como “Relâmpago Redondo”, em alusão ao evidente peso a mais mas, ao mesmo tempo, à velocidade que imprimia em campo.

(Em 2004, após ser o melhor marcador da Bundesliga e Campeão Alemão pela primeira vez, o avançado trocou o Werder Bremen pelo Schalke 04.)

Depois de passar por vários clubes no Brasil (começou no Estudantes de Timbaúba, no estado de Pernambuco, e representou depois Mogi Mirim, Ypiranga, Internacional, Santa Cruz e Guarani, onde deu realmente nas vistas, apontando 34 golos em época e meia) e de breve estadia no México (Tigres), Aílton chegou à Alemanha no verão de 1998 a troco de 5,2 milhões de dólares – na altura a contratação mais cara da História do Werder Bremen. E a verdade é que nessa primeira temporada até nem se destacou minimamente, apontando apenas 2 golos em 13 aparições (só 4 como titular), ainda que tenha festejado a conquista da Taça.

Aos poucos, porém, os golos começaram a surgir: foram 16 em 99/00, 17 em 2000/01, 20 em 2001/02 e 17 em 2002/03. Até que em 2003/04 seria o melhor do campeonato – jogador (o primeiro estrangeiro de sempre a receber essa distinção), artilheiro e campeão (com a conquista da Taça e consequente dobradinha a coroar uma temporada perfeita). Numa equipa orientada por Thomas Schaaf e que tinha Borowski, Ernst, Micoud e Klasnic como parceiro de Aílton no ataque, o brasileiro gordo e atarracado marcou 28 golos, números que não se viam na prova desde os 29 de Rummenigge em 1981, faturando ainda por mais 6 ocasiões na Taça e acabando em segundo na disputa pela Bota de Ouro, só atrás de Thierry Henry. A grande exibição da temporada foi precisamente diante do segundo classificado, o Bayern, onde marcou um golaço na vitória por 3-1 na penúltima jornada, jogo que garantiu o título ao Werder Bremen.

(Em 06/07, o ponta de lança teve uma curta passagem pelo Estrela Vermelha, mas conseguiu na Sérvia mais um título de Campeão Nacional.)

No fim dessa temporada, Aílton mudou-se para o Schalke 04, numa transferência que já estava acertada alguns meses antes – a direcção do Werder Bremen considerava que o salário do avançado brasileiro era demasiado alto para uma equipa que não disputava a Liga dos Campeões… Escusado será dizer que no fim da temporada se arrependeram e tentaram renegociar um novo contrato, mas Aílton manteve a palavra dada ao clube de Gelsenkirchen.

Ali fez 20 golos em 44 jogos, foi vice-campeão e finalista vencido da Taça, mas no verão de 2005 aceitou a proposta do Besiktas – mais tarde explicaria que decidiu sair do Schalke 04 devido a um desentendimento com o treinador Ralf Rangnick. Não se adaptaria à Turquia, porém, e em Janeiro de 2006 regressou à Alemanha, agora para representar o Hamburgo, mas já sem o brilhantismo evidenciado anteriormente: apenas 3 golos em 13 partidas disputadas.

(Foi ao serviço do Guarani, por quem apontou 34 golos em ano e meio, que o brasileiro chamou a atenção de clubes europeus.)

A partir daí, já bem dentro dos trintas, encetaria uma série de passagens de curta duração por variados clubes de inúmeros países (Estrela Vermelha, Sérvia, onde se sagrou campeão; Grasshoppers, Suíça; Duisburgo, Alemanha; Metalurg Donetsk, Ucrânia; Altach, Áustria; Campinense, Brasil; Chongqing Dangdai, China), regressando ao futebol alemão para as divisões secundárias em Dezembro de 2009 pela porta do Uerdingen – que trocaria poucos meses depois pelo Oberneuland. Ainda voltou ao Brasil para representar o Rio Branco na Copa Paulista, antes de acabar a carreira aos 39 anos na sexta divisão do futebol germânico, ao serviço do desconhecido Hassia Bingen.

A 6 de Setembro de 2014, perante um estádio Weserstadion repleto (40 mil pessoas), Aílton despediu-se oficialmente dos relvados num jogo com amigos e antigos colegas, nomeadamente os “daquela” equipa do Werder Bremen de 2003/04 – e até a filha Alexandra entrou em campo e fez um golo. “Terei de me preparar um bocadinho para o jogo, correr um bocadinho e treinar. Mas na verdade, só preciso de uma boa equipa atrás de mim. O Aílton simplesmente fica lá à frente e marca golos”, dizia ao site do clube aquando do anúncio do jogo de homenagem. “Joguei em muitos clubes, mas no meu coração só há um, o Werder Bremen”, disse, emocionado, depois de chorar abraçado aos quatro filhos após o adeus definitivo… ou quase.

(Aílton com a mulher e os filhos no dia em que fez o seu jogo de despedida no Weserstadion.)

É que, em Abril passado, surgiram imagens do avançado brasileiro, aos 49 anos e mais… rechonchudo do que nunca, a jogar pelo TSV Bassum nas divisões regionais da Alemanha… e a marcar, pois claro, fazendo o 2-2 que fechou o resultado. “Claro que foi um golo bonito. Quanto mais velho estou, melhor fico. Para mim foi muito divertido. Muita gente veio cá por minha causa e diverti-me muito”, revelou Aílton no fim da partida, com os jornais da região a documentar uma audiência de cerca de 1000 pessoas, a constratar com as… 10 que costumam ir àquele recinto em dias de jogo.

Este terá sido um regresso de um jogo só, ainda que Aílton tenha deixado a porta aberta para voltar a jogar pelo TSV Bassum no futuro. Casado com uma mexicana, o antigo avançado brasileiro radicou-se em Dallas, nos Estados Unidos, após o fim da carreira profissional, mas continua a viajar regularmente para a Alemanha para participar em campanhas publicitárias e de beneficência, tendo inclusivamente sido estrela de um reality-show no país.

(Em Abril passado, aos 49 anos, Aílton voltou à competição com a camisola do TSV Bassum, clube que milita nas divisões regionais da Alemanha.)

O peso em excesso foi uma constante ao longo da carreira, como também as acusações de pouca vontade de trabalhar e queixas por motivos disciplinares – nomeadamente os atrasos no regresso dos treinos após as férias de Natal, que já só surpreendiam quando não aconteciam. Como o foi também a ausência de qualquer convocatória para a selecção brasileira, o que o levou a aceitar uma proposta milionária para representar a selecção do Qatar em 2004 – a FIFA acabaria por vetar essa possibilidade. “Não entendi porque o [Carlos Alberto] Parreira não me deu uma oportunidade, eu estava muito bem na Europa, estava voando. Era o Ronaldo em Madrid e eu na Alemanha como os maiores goleadores da Europa. Não chegou esse convite, e eu fiquei muito triste”, assumiu posteriormente Aílton, o bad boy da Paraíba, ainda hoje um dos maiores artilheiros estrangeiros da Bundesliga e uma lenda em Bremen.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

Marcos Paulo: de volta a casa para convencer tubarões

marcospaulo

Marcos Paulo, avançado que representa os brasileiros do São Paulo, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Uma nova era está a começar no São Paulo, depois da troca de Rogério Ceni por Dorival Júnior no comando técnico, e Marcos Paulo já começa a sentir os benefícios. Após 9 aparições como suplente utilizado nos primeiros 18 jogos da época, o atacante nascido no Brasil mas de ascendência lusa foi pela primeira vez titular pelo Tricolor Paulista na partida desta quarta-feira em casa do Ituano para a Copa do Brasil (0-1), no que foi o segundo jogo com o novo treinador no banco, depois de ter entrado ao minuto 77 na vitória caseira sobre o América Mineiro onde selou ele mesmo o 3-0 final.

A primeira titularidade pode ser um sinal de mais oportunidades a chegar para o jovem luso-brasileiro, que aos 22 anos tem já um percurso com vários capítulos. Visto como uma grande promessa do Fluminense desde muito cedo, estreou-se pela equipa principal com apenas 17 anos, numa altura em que já estava “preso” ao clube por uma cláusula de rescisão no valor de 45 milhões de euros, e poucos meses depois faria os primeiros golos no futebol sénior, ambos no mesmo jogo e logo em competições internacionais, carimbando a passagem do Flu aos quartos-de-final (3-1 na recepção aos uruguaios do Peñarol).

Faria mais 4 tentos em 2019, aumentando o pecúlio para 8 no ano seguinte, mas a aproximação do fim do contrato e a cada vez maior certeza de que não iria renovar, dado o elevado assédio por parte de grandes clubes europeus, levaram a que não fizesse qualquer jogo pelo Fluminense na primeira metade de 2021. Em Julho acabaria por chegar a mais que esperada oficialização da saída a custo zero, seguida do anúncio da contratação por parte do Atlético de Madrid, que o viria a ceder ao Famalicão já perto do fim do mercado de verão.

A ideia do empréstimo ao clube minhoto era a de providenciar uma época de adaptação de Marcos Paulo ao futebol europeu, na perspectiva de somar minutos tendo em vista a possível integração no plantel dos Colchoneros em 2022/23. A experiência, todavia, não se revelou a mais frutífera: apenas 20 jogos (e só 8 como titular), sem qualquer golo ou assistência, e todos até Janeiro – a partir desse período, viria a fazer somente 2 aparições na equipa de sub-23, ambas em Fevereiro, não voltando a competir no resto da temporada.

Sem surpresa, regressou aos trabalhos no Atlético de Madrid em Julho apenas para ser oficializado em novo empréstimo no fim da pré-temporada, desta feita ao Mirandés, que compete no segundo escalão do futebol espanhol. Apesar de ter registado números relativamente melhores que na passagem pelo Famalicão (15 jogos, dos quais 9 como titular, 2 golos e 2 assistências), o rendimento ficou ainda assim aquém do esperado na primeira metade da época; por esse motivo, o empréstimo seria terminado ainda no fim de Dezembro, com nova cedência a seguir-se, agora ao São Paulo.

Neste caso, o contexto acabou por não se revelar o mais propício para o jovem atacante. O Tricolor Paulista teve um início de temporada acidentado, sendo eliminado do Campeonato Paulista pelo modesto Água Santa (num encontro onde Marcos Paulo nem saiu do banco), e a derrota na jornada inaugural do Brasileirão, na visita ao reduto do Botafogo de Luís Castro (2-1), acabou por ditar o despedimento de Rogério Ceni, ainda que o lendário guarda-redes do clube ainda tenha estado no banco no jogo com os venezuelanos da Academia Puerto Cabello, para a Copa Sul-Americana, partida desbloqueada precisamente por Marcos Paulo, que marcou 3 minutos depois de ser lançado em campo.

Nascido em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, mas de ascendência portuguesa (o avô materno é natural de Vila Cova, distrito de Vila Real), Marcos Paulo chegou a representar o Brasil nos sub-17 e sub-18, mas entretanto responderia afirmativamente à chamada da FPF. Somou 3 internacionalizações (e 2 golos) nos sub-18 e mais 5 jogos e 1 golo nos sub-19, tendo estado presente no Torneio de Toulon em 2019 (2 jogos e 1 golo na vitória por 3-2 sobre Inglaterra), e falhando o Europeu de sub-19 no mesmo ano a pedido do Fluminense. Mantendo sempre em aberto a possibilidade de jogar pelo Brasil nos seniores, a verdade é que daí para cá o avançado não mais voltou a ser chamado por qualquer dos países, fruto obviamente do abrandamento evolutivo que experienciou desde o fim de 2020.

Com contrato válido com o Atlético de Madrid até ao verão de 2026, Marcos Paulo, que em 2021 fez parte da lista de 60 nomes candidatos ao troféu Golden Boy, tem ainda uma margem de progressão gigante e tempo mais que suficiente para convencer os Colchoneros a darem-lhe uma oportunidade real no plantel. Para isso, todavia, é necessário que ganhe minutos e uma regularidade que lhe permita regressar ao nível evidenciado quando surgiu ainda adolescente na equipa principal do Fluminense, com exibições que fizeram dele um dos mais cobiçados jovens do futebol mundial.

Pelé em Mundiais: só Portugal derrotou o Rei

pelevspt(Pelé é confortado pelos jogadores portugueses após a vitória lusa sobre o Brasil no Mundial 1966.)

Tri Campeão do Mundo pelo Brasil, Pelé esteve presente em quatro Mundiais, apontou doze golos em catorze jogos, e sofreu apenas uma derrota: na última jornada da fase de grupos do torneio realizado em 1966, a Seleção “Canarinha” perdeu contra Portugal, por 1-3, e foi eliminada em detrimento da “equipa das Quinas”.
De resto, esse Campeonato do Mundo jogado em Inglaterra, foi o único que o craque brasileiro disputou e não venceu, já que, como se sabe, foi determinante para as conquistas do seu País em 1958 e 1970, e, pelo meio, em 1962, jogou apenas duas partidas da fase de grupos e ficou impossibilitado de continuar a dar o seu contributo devido a lesão.
Certo é que desde 1958 até ao tal jogo com Portugal, a 19 de Julho de 1966, Pelé tinha a “ficha limpa” em Mundiais: no primeiro em que participou, ganhou os quatro jogos que fez e apontou seis golos; em 1962, como já foi referido, cumpriu 180 minutos, somando um golo, uma vitória e um empate; e em 1966, marcou um golo à Bulgária na ronda inaugural, foi suplente não utilizado diante da Hungria (derrota brasileira também por 1-3), e voltou à equipa titular diante da nossa Seleção, estreando-se assim a perder, dentro de campo, no Campeonato do Mundo.
À entrada para a última jornada da primeira fase do Mundial 1966, Portugal partia com três pontos de vantagem sobre o Brasil – seis contra três – e ambos iam discutir entre si uma vaga nos Quartos-de-Final, visto que no outro jogo, a Hungria era amplamente favorita diante da Bulgária e iria, muito provavelmente, chegar aos seis pontos, tal como veio de facto a acontecer (3-1).
Em Goodison Park, casa do Everton, Simões (15′) e Eusébio (27′) ainda antes da meia-hora de jogo deram uma vantagem confortável à turma comandada por Otto Glória; Rildo, aos 73′, reduziu para 1-2; e a cinco minutos dos 90′, Eusébio bisou e arrumou de vez com a questão, selando o apuramento de Portugal e a eliminação “escandalosa” do Bi-Campeão Mundial em título, num jogo em que os brasileiros ainda hoje se queixam do alegado excesso de agressividade de Vicente para com Pelé.
Quatro anos depois, o “Rei” voltou ao Campeonato do Mundo, e despediu-se da melhor forma da maior prova internacional de futebol: autor de quatro golos e seis assistências em seis partidas, jogou todos os minutos da campanha que terminou com o Brasil a golear a Itália por 4-1 na final.
No total, Pelé somou doze vitórias, um empate e uma derrota em catorze jogos em Mundiais, ficando assim a nossa Seleção na história da maior lenda do desporto brasileiro e do próprio futebol Mundial.

Mirassol: exemplo de sucesso

mirassol(No último fim-de-semana, o Mirassol festejou o título da Série C brasileira.)

Perto de completar 100 anos (foi fundado a 9 de Novembro de 1925), o Mirassol vive atualmente a melhor fase da sua existência: o emblema brasileiro comemorou recentemente a subida à Série B, algo inédito na sua história, e em apenas duas temporadas passou do quarto para o segundo escalão, já que em 2020 havia subido à Série C.
Além do êxito desportivo que está à vista de todos, o emblema pertencente ao Estado de São Paulo tem-se destacado na área da gestão: é que a última vez que uma direção “auriverde” despediu um treinador foi em… Março de 2010! Ao longo dos últimos doze anos, nenhum técnico deixou o clube por iniciativa de quem nele mandava, num claro exemplo de que a estabilidade potencia o sucesso.
O ano de 2020 marcou a viragem no Mirassol: primeiro, o “Leão da Alta Araraquarense” começou por brilhar no Campeonato Paulista, terminando no terceiro lugar, que é a sua melhor classificação de sempre na prova, depois de vencer, surpreendentemente, o São Paulo nos Quartos-de-Final (3-2) – caiu nas Meias-Finais diante do Corinthians (0-1). Depois, conseguiu uma vaga na Série D e fez uma bela campanha que culminou com a conquista do título graças a duas vitórias por 1-0 na final com o Floresta.
Já este ano, a formação amarela e verde derrotou o Grêmio na Copa do Brasil (3-2), atingindo pela primeira vez a segunda fase da competição, e no Campeonato, venceu a primeira e a segunda fase da Série C, festejando a subida e o respetivo título ao levar a melhor sobre o ABC na final, ganhando a segunda mão em casa por 2-0 depois do empate sem golos no primeiro jogo – e entra para a história como o terceiro clube a conquistar as Séries D e C, repetindo os feitos de Sampaio Corrêa e Operário Ferroviário.
Na próxima época, o Mirassol fará então a sua estreia na Série B do Brasileirão, e se é verdade que a exigência vai aumentar e muito para o emblema paulista, também é verdade que o clube parece estar preparado para enfrentar o grande desafio que aí vem.

Do Distrital à I Liga: a ascensão de Derick

Derick(Derick Poloni passou por todos os escalões até chegar à I Liga.)

Nove anos depois de ter chegado a Portugal para jogar na Académica B, que competia no Distrital da AF Coimbra, Derick Poloni estreou-se na I Liga no último fim-de-semana com a camisola do Casa Pia, tendo alinhado oito minutos na vitória sobre o Boavista (2-0).
Lançado por Filipe Martins na reta final da partida jogada no domingo, o brasileiro, que representa os “gansos” desde 2020, concretizou assim o sonho de atuar no patamar mais alto do futebol nacional, ele que tem feito um percurso ascendente e já passou por todos os escalões do nosso País.
Formado no São Paulo, Derick, que além de defesa esquerdo pode desempenhar posições mais adiantadas, reforçou a equipa B da “Briosa” em 13/14, e logo na época de estreia em Portugal apontou dez golos em vinte e dois jogos na Divisão de Honra da AF Coimbra, mudando-se de seguida para o Sourense que disputava o Campeonato de Portugal.
Após época e meia a representar o emblema de Soure – com quem desceu aos Distritais -, o esquerdino chamou a atenção do Anadia e voltou ao terceiro escalão a meio de 15/16, tendo alinhado igualmente durante uma temporada e meia nos “Trevos da Bairrada”, despertando aí o interesse de clubes de maior nomeada.
O Leixões foi o passo seguinte na carreira de Derick, e em três anos entre II Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga, o brasileiro fez cem jogos pelos matosinhenses – quatro golos – afirmando-se claramente como um dos bons valores do campeonato em que estava inserido, não sendo, por isso, de estranhar quando foi apresentado como reforço do Vitória FC no Verão de 2020.
Contudo, a descida administrativa dos sadinos fez com que o jogador não chegasse a representar oficialmente o clube, rumando ao Casa Pia, por quem soma, até ao momento, quarenta e oito jogos e quatro golos, números marcados pela subida alcançada na última época, que significou o regresso dos casapianos à I Liga após ausência de oitenta e três anos.
Além de se ter tornado no mais recente exemplo de futebolistas que começaram “por baixo” e atingiram o topo do nosso futebol, Derick Poloni, de 28 anos, pode, e deve, ser uma inspiração para todos aqueles que alimentam o sonho de chegar à I Liga.

Nacional: Daniel Guimarães de volta um ano e meio depois

danielguimaraes(Daniel Guimarães esteve mais de ano e meio sem jogar devido a um problema de saúde.)

A 1ª Jornada da II Liga, que arrancou este sábado, fica desde já marcada pelo regresso à competição de Daniel Guimarães: mais de um ano e meio depois, o guarda-redes do Nacional voltou a jogar oficialmente, não conseguindo, porém, evitar a derrota da sua equipa na receção ao Tondela (0-1).
Forçado a suspender a carreira em Março de 2021, devido a um problema oncológico, o brasileiro foi dado como curado em Dezembro seguinte, mas esteve afastado dos relvados durante um ano, regressando aos treinos apenas em Março último e de forma muito condicionada, já que a sua reintegração foi, naturalmente, dividida por fases.
Sem ter sido utilizado na parte final de 21/22, o guardião canarinho preparou-se para o regresso em pleno à competição na nova época e mereceu a confiança do técnico Filipe Cândido para defender a baliza “alvi negra” na tarde de hoje, naquele que acabou por ser um início indesejado de campeonato para os madeirenses.
Ao serviço do Nacional desde 2017, cedo assumiu a titularidade e teve um contributo decisivo para as subidas do emblema da Choupana à I Liga em 2018 e 2020, mantendo, pelo meio, a titularidade na época 19/20, que acabou por resultar na descida da sua equipa, tal como aconteceu em 20/21, temporada em que só fez catorze jogos por causa do já referido problema de saúde – a sua última partida antes da paragem forçada foi a 25 de Janeiro de 2021 diante do Benfica na Luz (1-1).
Natural de Timóteo, localidade pertencente ao estado de Minas Gerais, Daniel Guimarães, atualmente com 35 anos, passou por clubes como Tombense, América, Mogi Mirim, Ponte Preta ou Red Bull Brasil antes de se transferir para o Nacional, por quem soma agora 106 jogos entre I Liga, II Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga.

Sporting: o fim da novela Renan Ribeiro

renan

Renan Ribeiro e o Sporting protagonizaram um dos maiores “braços de ferro” entre jogador e clube de que há memória nos últimos anos: fora dos planos de Rúben Amorim desde 2020, o brasileiro foi recusando dar continuidade à carreira noutro lugar, e só esta semana resolveu, em definitivo, a sua situação com os leões.
Após dois anos a treinar à parte do plantel principal (nem sequer o fez com a equipa B ou com os Sub-23), o guarda-redes, de 32 anos, acertou nos últimos dias a rescisão de contrato com o Sporting e vai prosseguir a sua carreira na Arábia Saudita, mais precisamente ao serviço do Al-Ahli.
Está assim resolvida uma “novela” que começou no Verão de 2020: dispensado por Amorim no final da época que terminou mais tarde devido ao surgimento da pandemia, Renan “bateu o pé” e recusou a saída várias vezes: desejado por clubes da nossa I Liga e por vários emblemas estrangeiros, incluindo do seu País, o guardião nunca se mostrou recetivo a deixar Alvalade mesmo treinando sozinho e sem competir.
De resto, o último jogo oficial em que participou foi a 12 de Dezembro de 2019: nesse dia, foi titular na deslocação ao LASK Linz, a contar para a fase de grupos da Liga Europa, e acabou expulso aos 34 minutos de um encontro que seria ganho pelos austríacos (1-3) diante de um Sporting que ainda era orientado por Silas.
Daí em diante, Luís Maximiano passou a ser aposta na baliza leonina, e Renan até se “eclipsou” dos convocados, situação que só mudou após o reatamento do campeonato, já em Junho e com Rúben Amorim no comando técnico, com o brasileiro a ser suplente não utilizado até ao final da temporada e a entrar na lista de dispensas logo de seguida.
Formado no Atlético Mineiro, Renan Ribeiro foi várias vezes internacional jovem pelo Brasil e representou a equipa principal do “Galo” e o São Paulo antes de chegar a Portugal: contratado pelo Estoril em Janeiro de 2018, esteve apenas seis meses nos “canarinhos” e mudou-se para o Sporting na época seguinte, tendo assumido a titularidade e ajudado os leões a vencer uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga – fez 56 jogos pelos verde e brancos.

Brasil: houve vida (e português de Portugal) nos bancos antes de Jesus e Abel

290268542_438685537822743_182366771320885114_n(Joreca, Jorge Jesus, Daniel Neri e Abel Ferreira são os técnicos portugueses que mais se destacaram em terras brasileiras.)

É, por estes dias, uma realidade absolutamente incontornável: o Brasileirão, campeonato de topo do futebol canarinho, encontra-se “dominado” pelos treinadores portugueses. Abel Ferreira lidera a prova com o seu Palmeiras, onde já conquistou por duas vezes consecutivas a Copa Libertadores, competição maior do continente sul-americano, e logo atrás (a apenas três pontos) surge Vítor Pereira, ainda a dar os primeiros passos na realidade brasileira – tal como Luís Castro, que se vai aproximando aos poucos dos lugares cimeiros ao leme do Botafogo, ou António Oliveira, que regressou há poucas semanas ao país pela porta do Cuiabá após breve passagem pela equipa B do Benfica, ele que na época passada deixou marca pelo trabalho efectuado no Athletico Paranaense (havia já estado no Santos em 2020, então como adjunto de Jesualdo Ferreira). Já esta época houve, como se sabe, também Paulo Sousa, despedido há pouco mais de duas semanas do Flamengo.

Esta tendência cada vez mais acentuada de aposta nos treinadores portugueses, dizem muitos, deve-se acima de tudo ao sucesso conseguido por Jorge Jesus na sua passagem pelo Mengão. No espaço de seis/sete meses, o técnico natural da Amadora revolucionou por completo a forma de jogar daquele que é, porventura, o maior clube do Brasil e devolveu-o aos títulos, conquistando o primeiro campeonato do Fla desde 2009 e acima de tudo a primeira Libertadores desde 1981. Daí para cá, de facto, os treinadores portugueses subiram muitos lugares na hierarquia das escolhas das direcções dos emblemas brasileiros, ávidos de novas abordagens e metodologias em relação aos técnicos do país, que já há vários anos dão claramente a ideia de ter ficado parados no tempo e não terem acompanhado a evolução do jogo – numa clara inflexão em relação ao que aconteceu durante largas décadas, em que era Portugal a importar treinadores brasileiros para os escalões mais altos do futebol nacional.

sergiovieiraparanaense(Sérgio Vieira entrou no Brasil pela porta dos Sub-23 do Athletico Paranaense, e chegou a comandar a equipa principal do clube.)

Contrariamente ao que frequentemente parece ser dado a entender, no entanto, Jorge Jesus não foi o primeiro treinador português no Brasileirão: antes da sua chegada ao gigante do Rio de Janeiro já outros técnicos lusos tinham feito esse trajecto – ainda que, é preciso referi-lo, sem tanto mediatismo… e sem tanto sucesso também. De qualquer forma, a verdade é que existiram e é por isso que os iremos recordar neste artigo, a começar por outro Jorge: no caso, Jorge Gomes de Lima – ou Joreca, nome pelo qual ficou para sempre imortalizado. Jornalista de formação, emigrou para o Brasil muito jovem e tirou o curso de Educação Física em 1940, entrando assim no mundo do futebol: primeiro como árbitro, depois como treinador; foi três vezes campeão Paulista pelo São Paulo entre 1943 e 1946, chegando a orientar a selecção brasileira em duas ocasiões em 1944 (e conseguindo duas goleadas, 6-1 e 4-0, ante o Uruguai, uma potência na altura), e treinou ainda o Corinthians em 1949, ano em que faleceu devido a um ataque cardíaco fulminante.

Também na primeira metade do século passado, Ernesto Santos registou uma breve passagem pelo Vasco da Gama. A experiência, todavia, esteve longe de ser bem sucedida: durou apenas 12 jogos. O antigo defesa do Porto (campeão nacional em 1936/37) teria ainda uma estadia um pouco mais agradável no Flamengo, com 47 jogos divididos da seguinte forma: 27 vitórias, dez derrotas e dez empates.

Depois… bem, depois é preciso avançar mais de 7 décadas para se encontrar um português numa equipa do principal escalão do futebol brasileiro – mas atenção: o êxodo luso para o futebol canarinho começou um bocadinho antes, ainda que para patamares mais modestos. Em 2006, mais propriamente, com a chegada de Luís Miguel Gouveia ao Vitória de Pernambuco; daí para cá, foram quase 30 os clubes orientados no Brasil pelo técnico lisboeta, passando pelas Séries C e D a nível nacional e conquistando dois títulos de segunda divisão estadual (Cearense, em 2015, pelo Tiradentes, e Maranhense, em 2018, no Pinheiro), estando neste momento a orientar o Batatais, na II Divisão Paulista.

jesualdo(Jesualdo Ferreira teve uma curta passagem pelo Santos.)

Cerca de cinco anos depois chegava ao país Paulo Morgado, que se acabaria por especializar no futebol do Estado de Amazonas, conquistando a II Divisão Amazonense em 2013 ao comando do Manaus; neste momento treina o Unidos do Alvorada no mesmo escalão. No Brasil quase desde a mesma altura e com nome feito a nível de estaduais está também Daniel Neri, sobre quem recaíram os holofotes quando em Agosto de 2020 levou o Salgueiro a um inédito título no Campeonato Pernambucano, algo nunca antes conseguido por uma equipa do interior do Estado; daí para cá, repetiu o feito no Maranhense com o Sampaio Corrêa em 2021 e já este ano o Sergipano com a equipa que dá o nome ao Estado, embora entretanto tenha sido demitido após quatro empates e uma derrota em cinco jogos realizados na Série D.

Mas voltemos então ao escalão maior do futebol brasileiro, onde em 2015 encontramos um nome também ele relativamente desconhecido do comum adepto na altura: Sérgio Vieira. Após alguns anos a trabalhar como observador no Sporting e no Braga, o técnico natural da Póvoa de Lanhoso decidiu arriscar tudo para se tornar treinador principal e rumou ao Brasil em 2015 para assumir o comando da equipa de sub-23 do Athletico Paranaense, passando depois de forma breve pelo Guaratinguetá e pelo Ferroviária (uma espécie de clubes-satélite do Furacão na altura), sendo que pelo meio somou duas partidas como técnico interino do gigante do Paraná na Série A. Em Junho de 2016 seria contratado pelo América Mineiro, recém-promovido ao principal escalão do futebol brasileiro, mas acabou por ser demitido ao fim de apenas 10 jogos (2 vitórias e 8 derrotas) e 43 dias, passando depois de forma breve pelo modesto São Bernardo antes de regressar a Portugal, onde já treinou Moreirense e Farense na I Liga.

paulobentocruzeiro(Paulo Bento não teve uma boa experiência no comando do Cruzeiro.)

Também em 2016 encontramos outro nome surpreendente na Série A brasileira: Paulo Bento. Depois de mais de um ano sem trabalho após ser afastado do comando técnico da selecção portuguesa, o antigo médio foi contratado pelo Cruzeiro. A experiência no futebol canarinho, todavia, acabaria por durar apenas dois meses e meio, com o actual seleccionador da Coreia do Sul a ser demitido após 6 vitórias, 3 empates e 8 derrotas em 17 partidas pela Raposa.

A verdadeira “avalanche”, todavia, começaria realmente no fim de 2019, após as conquistas de Jorge Jesus pelo Flamengo. A 18 de Dezembro, Augusto Inácio foi oficializado como novo treinador do secundário Avaí – acabaria, no entanto, por não durar mais que 7 jogos oficiais, sendo demitido após ser eliminado da Copa do Brasil pelo Ferroviário, emblema do quarto escalão; a dois dias do Natal seria a vez de Jesualdo Ferreira ser confirmado pelo Santos, numa relação que viria a durar pouco mais: foram apenas 15 jogos, com somente 6 vitórias e a eliminação no Paulistão às mãos da Ponte Preta a precipitar a separação.

vitorpereiracorinthians(Vítor Pereira tem realizado um bom trabalho no Corinthians.)

Igual sorte teve Ricardo Sá Pinto, o primeiro português a sentar-se no banco do Vasco da Gama (clube de fortíssimas raízes lusas) desde o lendário Joreca. Foram apenas 15 jogos (e somente 3 vitórias) para o novo treinador dos iranianos do Esteghlal, demitido no antepenúltimo dia de 2020 – numa altura em que António Oliveira já integrava a estrutura técnica do Athletico Paranaense e estava muito perto de assumir o cargo de treinador principal, o que viria a acontecer pouco depois. De forma isolada, houve ainda Bruno Lopes, técnico da equipa de sub-23 do Bahia que em Agosto do ano passado orientou de forma interina a formação principal numa partida diante do Grêmio (derrota por 2-0), fazendo a transição entre o brasileiro Dado Cavalcanti e o argentino Diego Dabove.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

Bruno Alves: do anonimato em Portugal aos grandes do Brasil

brunoalves(Bruno Alves encontra-se emprestado ao Grêmio pelo São Paulo.)

Bruno Alves é um futebolista brasileiro, de 31 anos, que atualmente representa o histórico Grêmio, na Série B, depois de ter passado grande parte da sua carreira no Figueirense e de nos últimos anos ter alinhado no São Paulo – com quem ainda tenha contrato.
Porém, antes de chegar a clubes de grande dimensão no Brasil, como São Paulo e Grêmio, o central teve uma passagem tão rápida quanto discreta pelo nosso País: na época 11/12, por empréstimo do Figueirense, vestiu a camisola do Ribeirão na II Divisão, mas a experiência durou apenas cerca de quatro meses.
Contratado no início da temporada, Bruno Alves permaneceu no emblema famalicense até Dezembro, e nesse período participou somente em oito partidas: titular por três vezes e suplente utilizado em cinco ocasiões, o futebolista canarinho regressou a casa com 452 minutos de utilização em Portugal, onde foi colega de nomes como Arsénio, Diogo Coelho ou… Ederson Moraes.
De volta ao Brasil e ao Figueirense, o jogador natural de Jacareí, estado de São Paulo, somou vários empréstimos a emblemas brasileiros antes de se impôr finalmente no clube de Florianópolis, por quem fez cento e dezanove jogos (oito golos) em dois anos e meio, até rescindir contrato em 2017, alegadamente por salários em atraso.
As suas performances de preto e branco chamaram a atenção de clubes com outras ambições e, em Agosto desse ano, Bruno Alves ingressou no São Paulo, tendo participado em quase duzentos jogos pelo “Tricolor Paulista” até ao final do ano passado, altura em que foi emprestado ao Grêmio – até ao momento, soma dois golos em vinte e cinco encontros pelos “gremistas” entre Campeonato, Taça e Campeonato Gaúcho.
Com uma carreira interessante, o central já leva dezenas de jogos no Brasileirão, aos quais junta ainda participações na Copa Libertadores e na Copa Sudamericana, e já venceu quatro títulos até à data: dois Campeonatos Catarinenses pelo Figueirense; um Campeonato Paulista pelo São Paulo e um Campeonato Gaúcho pelo Grêmio.
De uma passagem fugaz e anónima pelo futebol português aos “grandes” do Brasil, eis a ascensão de Bruno Alves.

Daniel Neri: o português que é Tri Campeão Estadual

DanielNeri(Daniel Neri com o título Sergipano conquistado no último sábado.)

Daniel Neri não tem a fama de outros treinadores portugueses que estão no Brasil, mas já entrou para a história do futebol canarinho: o técnico, de 42 anos, sagrou-se recentemente Campeão Estadual pelo Sergipe, e conquistou, dessa forma, o seu terceiro título consecutivo.
O feito de Daniel Neri ganha ainda maior dimensão quando se percebe que foi Campeão Estadual de forma consecutiva em três diferentes Estados: em 2020, guiou o Salgueiro ao título Pernambucano; em 2021, ajudou o Sampaio Côrrea à conquista do Campeonato Maranhense; e no passado sábado consumou a vitória no Estadual Sergipano.
Em 2019, quando assumiu o comando do Salgueiro, Daniel Neri certamente não esperava fazer tanta história de uma só vez e num curto espaço de tempo: é que ao vencer o Pernambucano de 2020, o técnico tornou-se no primeiro europeu a ser Campeão daquele Estado, e guiou o “Tricolor Sertanejo” a uma conquista inédita, já que o clube nunca tinha vencido o Estadual – e foi o primeiro emblema do interior do Estado a consegui-lo.
Depois de ter terminado a primeira fase no segundo lugar, somente atrás do Santa Cruz, o Salgueiro afastou os Afogados da Ingazeira (3-0) na Meia-Final, e disputou a final precisamente contra o Santa Cruz: ao empate a uma bola na primeira mão, seguiu-se um nulo na segunda, com o título a ser atribuído nas grandes penalidades: 4-3 para o Salgueiro.
Em Abril do ano passado, Daniel Neri trocou o Salgueiro pelo Sampaio Côrrea, que se encontra na Série B do Brasileirão, mas teve uma passagem rapídissima pelo “Bolívia Querida”: foram apenas quatro jogos, todos no Estadual Maranhense, que resultaram na conquista do troféu.
Nas Meias-Finais, aconteceram dois empates a zero diante do Pinheiro, com o Sampaio Côrrea a levar a melhor no desempate por penaltis após o segundo jogo (4-3); e na final, diante do Moto Club, a equipa comandada pelo português venceu em casa por 1-0 e fora por 3-1, celebrando a conquista do Campeonato.
Finalmente, em Fevereiro deste ano, Neri foi contratado pelo Sergipe, numa altura em que o Sergipano já tinha arrancado, e guiou o emblema de Aracaju ao segundo lugar do Grupo A na fase regular, somente atrás do Itabaiana, que seria o seu adversário na Meia-Final.

O “Gipão” venceu a primeira mão por 2-0 e perdeu a segunda por 0-1, garantindo a qualificação para a final, onde superou o Falcon: após vencer fora o primeiro jogo por 2-1, a turma vermelha e branca empatou em casa a uma bola e pôde festejar o título.
Natural de Amarante, Daniel Neri trabalhou no Progresso e no Dragon Force antes de se mudar para o Brasil em 2013: o convite surgiu para trabalhar nas camadas jovens do Porto de Caruaru, e daí em diante seguiram-se passagens pela formação do Sport Recife e pela primeira equipa do Flamengo de Pernambuco, até chegar ao Salgueiro. O resto é história…