Carla Couto: a jogadora mais internacional de Portugal

carlacouto(Carla Couto fez 29 golos em 145 jogos pela nossa Seleção.)

Neste Dia Internacional da Mulher, recordamos a carreira da futebolista portuguesa com mais internacionalizações A até ao momento: Carla Couto.
Retirada dos relvados desde 2014, a antiga avançada representou Portugal por 145 vezes, a última das quais em 2012, e continua no topo da lista das mais internacionais, embora Ana Borges (139) e Carole Costa (136), atuais jogadoras de Sporting e Benfica respetivamente, estejam muito perto de superar os seus números.
Nascida poucos dias antes da “revolução dos cravos”, a 12 de Abril de 1974, Carla Couto entrou no futebol pela porta do Sporting, com 17 anos, e após duas épocas em Alvalade, mudou-se para o 9 Abril Trajouce, antes de dar início a um longo e vitorioso ciclo com a camisola do 1º Dezembro.
De 1994 a 2011, a lisboeta esteve praticamente sempre ao serviço do emblema de Sintra, por quem ganhou onze Campeonatos, dez deles consecutivos (!), tendo saído e voltado por duas vezes: em 98/99 representou o Futebol Benfica; e em 2002 aventurou-se pela primeira vez no estrangeiro, atuando três meses nos chineses do Guangdong Xiongying.
Em 2011, aos 37 anos, encerrou em definitivo a sua ligação contratual ao 1º Dezembro e foi viver a primeira temporada completa como profissional: a Lázio foi quem lhe proporcionou essa oportunidade, porém, anos mais tarde, Carla Couto confessou que esteve vários meses sem receber salário, pelo que a experiência ficou áquem das expetativas.
De regresso a Portugal, cumpriu a primeira metade de 12/13 ao serviço do Montra de Talentos/AC Milan, um projeto que acabou por durar bem menos tempo que o expectável, e rumou depois ao Valadares Gaia, clube pelo qual encerrou a carreira no final da época 13/14.
Desde então, Carla Couto, eleita a Jogadora do Século pela FPF em 2015, passou a trabalhar com a própria Federação na área do Futebol Feminino e está igualmente ligada ao Sindicato de Jogadores.
Atualmente com 47 anos, Carla Couto fez 29 golos com a “camisola das Quinas”, cuja estreia se deu a 11 de Novembro de 1993, no Estádio São Luís em Faro, num particular com a Suécia que acabou em derrota lusa (0-3) – a última internacionalização foi a 5 de Abril de 2012, com Portugal a perder diante da Áustria (0-1) no apuramento para o Europeu de 2013.

Carolina Mendes: do hóquei em patins a um lugar na história do futebol português

(Carolina Mendes fez três golos diante de Israel na última semana.)

Carolina Mendes viveu na passada quinta-feira um dos dias mais especiais da carreira: a ponta de lança somou a 100ª internacionalização A pela Seleção Feminina, e para abrilhantar ainda mais essa bonita marca, apontou um hat-trick na vitória sobre Israel (4-0).
Com Portugal a lutar por um lugar no próximo Campeonato do Mundo Feminino, a atual jogadora do Sp. Braga estreou-se a marcar na fase de qualificação para o torneio que se realizará em 2023, e chegou aos 22 golos em 100 jogos pela nossa Seleção.
Quando começou a jogar futebol no Eléctrico, em 2003, com 15 anos, Carolina Mendes estava certamente longe de imaginar o que viria a conseguir no “desporto rei” e a “culpa” era do… hóquei em patins. Isso mesmo: foi de patins que começou a praticar desporto federado e, coincidência ou não, destacava-se a ponto de ser igualmente chamada à Seleção.
Inclusive, a futebolista natural de Estremoz, Distrito de Évora, chegou a ser convocada para as Seleções de futebol e hóquei em simultâneo, ao sábado jogava hóquei na sua terra natal pela equipa do Externato São Filipe e ao domingo voltava a Lisboa para representar o 1º Dezembro, por quem foi Bi-Campeã Nacional, tudo isto há cerca de dez anos.
Depois de despontar no 1º Dezembro, decidiu fazer Erasmus em Barcelona, no ano de 2011, e iniciou, praticamente sem intenção, uma espécie de périplo que a levaria a tornar-se profissional de futebol e a jogar em vários países, como Espanha, Itália, Rússia, Suécia e Islândia.
Em 2018, após sete anos na condição de emigrante, voltou a Portugal para representar o Sporting, onde esteve três temporadas, e esta época mudou-se para Braga, somando, até ao momento, dois golos em sete partidas na Liga BPI pelos minhotas.
Autora do primeiro golo de sempre de Portugal na fase final de um Europeu Feminino, em 2017 contra a Escócia, Carolina Mendes, que no sábado completou 34 anos, já tinha um lugar garantido na história do futebol nacional, e na passada semana “reforçou-o”, juntando-se ao restrito lote de internacionais portuguesas que chegaram aos 100 jogos.
Podemos ter perdido uma grande hoquista, mas ganhamos uma grande futebolista.

Edite Fernandes: o fim de uma carreira de êxito

45329697_1960200224027199_119774934099558400_n(Edite Fernandes alinhou três temporadas pelo Futebol Benfica. Créditos de imagem: Sports & Girls.)

Aos 41 anos, Edite Fernandes, um dos nomes mais consagrados da história do nosso Futebol Feminino, anunciou, na semana passada, o ponto final na sua carreira de futebolista.
Nascida em Vila do Conde a 10 de Outubro de 1979, Edite Fernandes alinhou as últimas três temporadas no Futebol Benfica, carinhosamente tratado por “Fofó”, depois de um longo percurso que lhe permitiu, entre muitas outras coisas, jogar em três campeonatos estrangeiros.
Após iniciar a sua carreira no Boavista, mudou-se para o 1º Dezembro e foi no emblema de Sintra que se notabilizou, contribuindo, e de que maneira, para a hegemonia que o clube impôs no futebol feminino durante mais de uma década, apesar de, pelo meio, ter tido experiências fora de Portugal.
Sete vezes Campeã Nacional, uma pelo Boavista e seis pelo 1º Dezembro – onde também ganhou as três Taças de Portugal que constam no seu currículo -, Edite representou ainda, no nosso País, Montra de Talentos/AC Milan, Valadares Gaia e Sp. Braga, de onde se mudou para o Futebol Benfica em 2018.
No estrangeiro, a sua primeira experiência foi em 2002, na China, onde foi Campeã ao serviço do Beijing Chengjian; em Espanha vestiu as camisolas de Huelva, Atlético de Madrid e Prainsa Zaragoza; na Noruega representou o FK Donn; e nos Estados Unidos alinhou pelo SC Blue Heat.
Terceira jogadora mais internacional A de sempre por Portugal, com 132 jogos e 39 golos, Edite Fernandes falhou o momento mais importante da história da nossa Seleção, o Euro 2017, depois de ter feito quatro golos em seis jogos no apuramento para esse mesmo Campeonato da Europa.
Com uma vida praticamente dedicada ao futebol, a agora ex-jogadora foi estando ligada ao “desporto Rei” de outras formas enquanto praticava a modalidade: trabalhou como delegada no Sindicato de Jogadores e durante a sua passagem pelo Sp. Braga, o único clube que lhe permitiu ser profissional em Portugal, acumulou as funções de futebolista com as de diretora.

O futebol também é para meninas (e mulheres)

Quem já jogou futebol cresceu a ouvir que “o futebol não é para meninas”. A expressão aludia, por exemplo, à capacidade de sofrimento que tínhamos de ter para lidar com certas entradas mais duras.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Mas, como todos temos direito à vida, temos, igualmente, direito ao futebol. E o futebol também é para “meninas” e mulheres. E que bem que muitas jogam. Que qualidade há no Futebol Feminino em Portugal e já havia antes do “boom” que atingiu, felizmente, a vertente delas.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Sendo o futebol um estado de espírito e um expressar de emoções e sentimentos, as mulheres têm de ter lugar nele.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Neste que é o Dia Internacional da Mulher, fica aqui uma pequena homenagem a todas as mulheres de Portugal e do Mundo, quer joguem ou não futebol, quer gostem ou não da modalidade que nos apaixona.