Claude Gonçalves: “Tenho de fazer mais assistências e golos”

claudeludo(Na Bulgária desde 2021, Claude Gonçalves já conquistou 2 Campeonatos, uma Taça e uma Supertaça pelo Ludogorets.)

A cumprir a terceira temporada ao serviço dos búlgaros do Ludogorets, Claude Gonçalves soma já duas assistências em sete jogos, uma delas diante do Olimpija Ljubljana na 1ª mão da 2ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões (1-1), e está já somente a um passe decisivo de igualar o seu melhor registo – três pelo Gil Vicente em 20/21 e pelo “Ludo” na última época.
Reconhecido pelas boas campanhas que fez ao serviço do Tondela e do Gil na I Liga, o médio nascido em Ajaccio, na ilha da Córsega, filho de pais portugueses naturais, curiosamente, do concelho de Barcelos, fez toda a sua formação no AC Ajaccio, clube que também o lançou no futebol sénior, e cumpriu ainda uma temporada no Troyes entre as passagens por beirões e gilistas.
Atualmente com 29 anos, Claude Gonçalves, que é internacional luso no escalão de Sub-20 e disputou o prestigiado Torneio de Toulon pela nossa Seleção, assume nesta entrevista que quer ter um papel mais decisivo na equipa e confessa que, futuramente, se vê no papel de treinador:

À Bola pelo Mundo/Conversas Redondas: Já vais com duas assistências esta época – a última das quais brilhante. Há algum motivo em especial para este registo?
Claude Gonçalves: Tenho de fazer mais assistências e mais golos, porque percebi que isso pode mudar a carreira de um jogador. Antes de chegar ao Gil Vicente, nunca tinha feito golos; no Gil Vicente fiz e consegui um contrato no Ludogorets. Eu sou muito um jogador que trabalha na sombra, trabalho muito para a equipa mas ninguém vê. Quem percebe de futebol vê, mas golos e assistências chama mais à atenção. Os números importam muito. Marcar ou assistir não é o meu principal objectivo dentro do campo, mas se der para fazer, não vou dizer que não! Neste jogo fui poupado para o jogo europeu e entrei ao intervalo, e o meu objectivo era ajudar a equipa mas também pensar um bocado em mim, ou seja, fazer um golo ou uma assistência. Chutei duas ou três vezes à baliza, não consegui fazer golo, mas consegui uma assistência. Menos mau (risos)!

Quais os objectivos para a época, individuais e colectivos?
O objectivo mínimo é entrar na fase de grupos da Liga da Conferência, e se passarmos o Astana, conseguimos garantir isso. O play-off da Liga Europa será frente ao Ajax, e aí é acima de tudo para desfrutar do momento. Não estávamos à espera de perder com o Olimpija, a equipa ficou um bocado triste. Nos últimos 10 ou 11 anos, o Ludogorets só por uma vez não entrou numa fase de grupos, por isso o mínimo dos mínimos é isso. No meu primeiro ano aqui eliminámos o Olympiacos e depois perdemos com o Malmoe por um golo no play-off, foi muito triste. Pensei mesmo que íamos conseguir jogar na fase de grupos da Liga dos Campeões. A nível interno, é ganhar tudo. Nós no início do campeonato rodamos muito, não estamos muito focados e por isso muitas vezes perdemos alguns pontos. Mas depois recuperamos quando voltamos em Fevereiro, e depois no play-off final as melhores equipas jogam entre elas e aí temos sempre conseguido acabar em primeiro. A nível individual, espero jogar o maior número de jogos possível, até porque estou a acabar o contrato este ano, e por isso é importante fazer assistências e golos (risos)! Para já está a correr bem, estou a jogar e totalmente recuperado da lesão nas costas, à qual fui operado duas vezes na época passada. A equipa não está numa fase muito boa, mas sabemos como é o futebol: ganhando ao CSKA [n.d.r. 3-0 no passado domingo] e ao Astana, fica tudo bem outra vez. O futebol muda muito rápido.

claudetondela(O Tondela, em 2016, foi a “porta de entrada” de Claude Gonçalves no futebol português.)

Foi difícil o jogo no Cazaquistão [derrota por 2-1 na primeira mão da terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga Europa]?
Foi. Há muito tempo que não jogava num sintético e não foi fácil. Até na corrida, no travar, é tudo diferente. Agora é entrar com confiança, porque nós temos qualidade. O Astana tem jogadores experientes, não arriscam nada: nesse jogo, se nós tentávamos pressionar, era bola longa e tentar ganhar segundas bolas. Acho que aqui vão tentar jogar da mesma forma. Vai ser uma luta, quando tivermos a bola temos de tentar jogar. Acho que vai dar.

Será daqueles jogos em que o mais difícil é entrar o primeiro?
É mesmo. Porque se marcarmos primeiro, eles vão ter de marcar também e o jogo vai abrir e vamos ter espaço para jogar.

Esta é a tua terceira época na Bulgária e, como referiste anteriormente, o teu contrato com o Ludogorets acaba no fim da temporada. Gostavas de continuar?
Estamos em conversações para renovar, mas os clubes deste lado dos Balcãs são um bocado difíceis…

Que balanço fazes desta passagem até agora? O que gostas mais no país e no clube?
O clube é muito profissional. Em Portugal, no Tondela e no Gil Vicente, os clubes onde joguei, nem de perto tinham estas condições. Temos oito campos de treino, temos o estádio onde jogamos, muitos fisioterapeutas, médicos. O dono investe muito dinheiro. É um clube muito grande. Razgrad, a cidade, é o menos bom. É uma cidade pequena, não tem centros comerciais, estamos a uma hora de Varna, que já é maior. Nem toda a gente fala inglês, o que também não ajuda. Mas no clube temos três tradutores, temos sempre ajuda. A nível de clube, é incrível.

claudeajaccio(Foi no Ajaccio que tudo começou para o médio luso-francês.)

E já falas alguma coisa de búlgaro, ou nem por isso?
Percebo algumas coisas, mas falar é difícil. Consigo falar português, francês, espanhol, italiano, línguas latinas, mas o búlgaro não tem nada a ver, as letras são completamente diferentes. Consigo ler, mas muitas vezes não percebo o que quer dizer a palavra. Se renovar, vai ser a primeira coisa que vou fazer: aprender a língua (risos)!

Como é viver na Bulgária? As pessoas, o clima…?
As pessoas são um bocado fechadas. Tiveram muitas guerras e ainda têm esse trauma, não dão muita confiança. Mas se mostrares que estás integrado – no meu caso, eu construí aqui uma casa, porque eles se vêem que és jogador aproveitam-se e sobem muito o preço dos apartamentos. Então eles perceberam que eu me quis integrar e adaptar-me. No inverno é muito frio, paramos o campeonato em Dezembro, a nossa paragem grande é aí, porque no final de Maio só paramos uma semana e depois voltamos logo para preparar as competições europeias. É uma pré-época a meio da época. Nas nossas cabeças, em Dezembro acaba uma época, também porque normalmente acaba a nossa participação europeia. Depois em Fevereiro voltamos com a cabeça fria e focados apenas para ganhar o campeonato.

Como descreves o futebol na Bulgária? Surpreendeu-te de alguma forma?
Sabia que não tinha a qualidade do futebol português, mas eu estou no clube grande do país, é como se fosse o Benfica ou o FC Porto em Portugal: todos os jogos são para ganhar. As outras equipas não têm tanta qualidade, jogam com o que têm. Os campos em Fevereiro ficam cheios de neve, está muito frio, e há equipas que não têm muitos adeptos. Mas o Ludogorets, o CSKA, o Levski ou o Lokomotiv Plovdiv têm muito boas condições.

E adaptaste-te bem?
Onde passo, as equipas e os treinadores gostam muito de mim porque sou aquele jogador que trabalha para a equipa, dou a vida pela equipa. É raro não correr bem. Aqui, como temos mais bola, tive de mudar um bocado o meu jogo: em vez de tocar 20 vezes na bola, vou tocar 50 ou 60 ou mais. Perceber mais o futebol com posse de bola.

claudetroyes(Na época 18/19, o internacional português regressou a França para representar o Troyes na II Liga, mas a experiência não foi a melhor.)

Tens algumas histórias engraçadas que tenham acontecido aí?
Quando o dono do clube [Kiril Domuschiev] vem cá, que são mais ou menos duas vezes por ano, é a segurança que ele tem. Nunca tinha visto! É como aqueles filmes da América, ele vem ao campo cumprimentar-nos e tem três gajos ao lado dele: se levar um tiro, são eles que levam. Temos sempre segurança connosco quando vamos viajar… Não estava à espera, foi engraçado ver isso. Ele tem empresas no mundo todo, está na Forbes com 2,2 biliões de património, algo assim. O clube é para o ego, acho eu. Não é para investir para ganhar dinheiro, é mais para mostrar que pode e que é ele que manda.

O que te levou a aceitar o convite do Ludogorets? Qual foi a motivação?
Estávamos em negociações para renovar o contrato com o Gil Vicente, mas o falecimento do Dito complicou e o processo foi-se arrastando. Em Janeiro já estava livre para assinar por outro clube e o Ludogorets ligou. Avisei o Gil, porque o meu objectivo era renovar e ficar lá muitos anos, mas continuaram a arrastar a decisão, até porque não sabiam se iam conseguir a permanência, e eu percebo isso. Esperei até Fevereiro, porque queria mesmo ficar, mas depois tomei a minha decisão. Não fecho a porta para voltar, porque dou-me muito bem com as pessoas de lá, mas tinha de pensar em mim e na minha família, o futebol passa muito rápido. A ideia foi ganhar um dinheirinho fora e mais tarde voltar a Portugal.

Nasceste em França. Mantinhas alguma ligação com Portugal?
Sim, os meus pais são de Barcelos (a minha mãe de Galegos, Santa Maria e o meu pai de Lama) e no verão ia sempre a Portugal ver a família que tenho aí. Essa também era uma das razões por que não queria sair do Gil Vicente, até já tínhamos pensado em pôr a nossa filha na escola em Barcelos. Temos lá grandes amigos, foram dois anos que aproveitei o futebol e a vida fora do futebol como nunca pensei conseguir um dia. Agora já estamos a comprar casa em Portugal, porque queremos e sabemos que um dia vamos voltar a Portugal para viver aí. A minha esposa é francesa mas já fala bem português e quer viver em Portugal, não quer voltar para França! Já é quase portuguesa (risos)!

claudegil(Antes de rumar à Bulgária, Claude passou duas temporadas no Gil Vicente.)

Fizeste a formação toda no Ajaccio, até te estreares pela equipa principal na Ligue 1 no primeiro ano de sénior, e no fim dessa época és convocado por Portugal para o Torneio de Toulon. Por essa altura sentias-te dividido entre França e Portugal?
Nessa fase sentia-me meio-meio. Nem falava português, percebia mas tinha vergonha de falar, era muito difícil. Comecei a aprender mais a sério quando fui para o Tondela. Hoje sinto-me muito mais português, até pela mentalidade das pessoas. Eu sou da Córsega, que é uma ilha, e é muito diferente do resto de França. Não se pode dizer a um corso que é francês (risos)! A mentalidade da Córsega é parecida com a portuguesa. Eu sou corso e português, mas francês… Nada a ver!

Como surgiu o convite do Tondela?
Chegou um treinador novo ao Ajaccio que me disse: ‘És o meu segundo defesa-direito e o sexto médio’. O presidente não queria que eu saísse, mas percebi que não ia funcionar com aquele treinador e tive de sair. O Tondela fez um esforço e chegaram a acordo. O Petit também me queria muito.

Como foi o teu primeiro impacto ao jogar em Portugal?
Percebi que não tinha nada a ver com o futebol francês, principalmente da II Liga, que é um jogo muito físico. Percebi logo que era mais técnico, táctico, e como gosto de perceber o jogo, adaptei-me muito bem. Pensei: ‘Este é o meu campeonato!’ Gostei muito do Petit e ele de mim. Como disse, não percebia muito o português, principalmente os brasileiros (risos), mas adaptei-me muito bem. Tive jogadores que me ajudaram muito, como o Cláudio Ramos, o Hélder Tavares que voltou lá agora, o Bruno Monteiro. Voltamos à questão da mentalidade: na Córsega, as pessoas ajudam-se umas às outras, e na França não, é cada um por si. Gostei muito de Portugal também por causa disso.

E gostaste dos dois anos no Tondela?
O primeiro foi lindo, conseguimos a permanência na última jornada contra o Braga em casa [2-0]. Foi difícil, muito difícil, mas foi lindo. Como se costuma dizer, não é como começa mas sim como acaba. Voltei para o segundo ano muito feliz. Nessa época tive alguns problemas com uma pubalgia, mas joguei sempre que estive disponível.

claudefpf(Ao serviço de Portugal, o jogador nascido em Ajaccio somou 5 internacionalizações nos Sub-20.)

O que te levou então a voltar à II Liga francesa em 2018/19?
Aconteceu o mesmo que depois no Gil Vicente. Eu queria renovar e eles também, mas não queriam que eu fosse operado à tal pubalgia. Eu sabia que não era possível resolver sem operação, nas férias fui ver médicos em França e disseram que tinha mesmo de ser operado. Joguei quatro meses com anti-inflamatórios, porque estava a acabar o contrato e queria jogar. No Troyes o treinador era o Rui Almeida, um português que tinha o mesmo empresário que eu, e ele conhecia a situação. Eu recusei várias propostas porque sabia que estava lesionado. No Troyes, rasguei o adutor e depois joguei um jogo e fiquei logo cheio de dores na púbis, fui ver um médico e fizeram logo a operação. Depois de dois meses já estava a jogar sem dores. Nesses 13 jogos, conseguimos 11 vitórias. Depois ainda tinha mais um ano de contrato, mas pedi para voltar a Portugal porque, mais uma vez voltamos à questão da mentalidade: a francesa não é para mim. Reduzi o salário para voltar a Portugal, mas não queria mesmo ficar lá.

Dá mais pressão ser treinado por um português no estrangeiro, ou é uma vantagem?
Para mim, foi uma vantagem. Mas no caso do treinador… Tivemos um início de campeonato muito complicado e os adeptos e a direcção já o queriam mandar embora. Eu convivia com os jogadores franceses, mas a dada altura tive de me unir com os portugueses (a equipa técnica, eu e o Yohan Tavares) para conseguirmos mudar a situação. Quando se falava mal do balneário, eu ficava um bocado mal, porque queria ajudar o treinador mas também não queria ficar contra os colegas.

Curiosamente, depois voltarias a ser treinado por ele no Gil Vicente…
Sim, foi na altura em que o Vítor Oliveira disse que ia sair. Eles estavam à procura de treinador, eu falei muito bem do Rui Almeida e acho que era o treinador certo. Mas foi muito complicado para ele, foi aí que percebi que às vezes é mesmo uma questão de ter sorte. Jogávamos muito bem com ele, mas ou perdíamos 1-0… No último jogo dele estivemos a ganhar, falhámos dois penaltys e perdemos no fim; no jogo antes, amassámos o Vitória de Guimarães em casa e foi a mesma coisa. Ele tinha tudo menos os resultados, e no futebol sabemos como é. O Dito gostava muito dele e faleceu na pré-época lá no campo connosco, foi um momento muito difícil para a equipa, tudo a chorar. Ele era muito próximo dos jogadores e de toda a gente. Sem o apoio dele, ficou mais difícil para o treinador.

Depois chegas então à Bulgária, onde finalmente conquistas títulos. Era um objectivo que tinhas?
Sim, queria ganhar títulos e aqui era mais fácil. Muito poucos jogadores podem dizer que têm títulos na carreira. O objectivo era esse e também jogar nas competições europeias, o que em Portugal é muito difícil se não estiver em Benfica, FC Porto, Sporting, Braga ou Vitória.

TondelaFCPorto1718(Claude Gonçalves em duelo com Corona durante o Tondela 0-1 FC Porto a contar para a I Liga de 17/18.)

O Ludogorets é campeão há 12 anos seguidos. Como é que vocês lidam com essa “pressão”? Certamente ninguém quererá fazer parte do plantel na primeira vez em que não conseguir ganhar o título…
Sim, essa é a pressão, e no ano passado sentimos muito isso. Eu não quero estar cá quando eles perderem o campeonato (risos)! Vai dar muitos problemas. Não em termos de adeptos, porque é uma cidade muito pequena, mas mais pelos directores e pelo dono. O problema vai estar aí.

Onde é que gostaste mais de jogar em termos de futebol jogado? Qual se adequou mais às tuas características?
Em Portugal. Nunca se podia relaxar. Aqui, querendo ou não, relaxa-se um bocadinho. Em Portugal tem de se estar sempre focado nos treinos, sempre a progredir e aprender. Em miúdo, eu jogava futebol porque gostava de jogar com os amigos; depois, jogava por trabalho; com os treinadores que tive em Portugal, aprendi a gostar de futebol de outra maneira, quase como uma arte. Foi aí que comecei a querer ver os jogos do City do Guardiola, aprender a parte táctica. Deram-me a vontade de ser treinador mais tarde. Estou a pensar tirar os cursos, mas para isso tenho de voltar a Portugal, porque aqui é muito difícil. Tenho as minhas ideias e quero experimentar: se der, deu; se não der, não tem problema nenhum, saio do futebol. Mas quero tentar, porque acho que aprendi muito e sei algumas coisas sobre treinar.

Qual o aspecto em que consideras ter evoluído mais ao longo da carreira? E, se for o caso, onde achas que ainda podes melhorar?
Foi mesmo isso, o perceber a forma de jogar, aprendi muito. Para melhorar, é o fazer golos e assistências. Ser mais decisivo e não ter medo, porque eu penso muito na equipa. Às vezes estamos a atacar e não vou porque penso ‘E se eles saem em contra-ataque e marcam golo?’ No meu primeiro ano aqui, eles diziam ‘Claude, tens de ficar, deixa os outros irem. Tens de ser o médio que mata os contra-ataques’.

Quem são os teus ídolos de infância, ou em quem te revias/revês mais na tua posição?
Modric, Kroos, Busquets e antigamente o Pirlo.

CSKASofiaLudogorets2223(Claude Gonçalves tenta fugir à marcação de Duckens Nazon durante o CSKA Sofia 0-1 Ludogorets referente à fase regular da Liga Búlgara 22/23.)

Que treinador mais te marcou?
Aprendi sempre com cada treinador. Pode ser bom numa coisa e má noutra, então aprende-se na parte em que ele é bom. Aprendi muito com todos os treinadores que tive em Portugal. Os treinadores portugueses são muito competentes, querem que o jogador perceba o jogo, como se joga, porque se faz este movimento. Eu gosto de falar sobre futebol, de aprender porque esta equipa joga assim. O Petit a defender e a lidar com os jogadores; o Ricardo Soares a nível de movimentações, de perceber o jogo, dei um passo em frente com ele. O Pepa foi aquela palavra: adaptar. Ele em Tondela queria jogar, viu que não dava e adaptou-se: bola no lateral-direito, bola longa para o avançado e tentar ganhar segundas bolas. O Vítor Oliveira era o lidar com o grupo e muito inteligente, nunca vi ninguém tão inteligente como ele.

O que ainda tens para atingir na carreira?
Todos temos o sonho de jogar a Liga dos Campeões. Este ano sei que já não vamos conseguir, e eu estou a acabar o contrato e apercebi-me que se calhar nunca o irei conseguir lá chegar. Quero jogar mais alguns anos, ver até quando o corpo quer, mas com 29 anos acredito que sim, até porque estou naquela fase em que me sinto bem fisicamente e já tenho muita experiência. Já joguei a central, então se não der para correr muito posso recuar porque acho que sou inteligente para jogar nessa posição, mesmo sendo pequeno. Ainda vai dar para alguns anos, espero que 35 ou 36. Depois acho que poderei ser treinador ou adjunto, até porque todos os treinadores gostaram de mim, por isso acho que não terei problemas para trabalhar com alguns dos que tive ou que ainda terei.

Claude Gonçalves: o motor do Ludogorets voltou em grande

claude

Claude Gonçalves, médio que representa os búlgaros do Ludogorets, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A lesão que afastou Claude Gonçalves dos relvados na primeira metade da temporada parece estar totalmente debelada e o médio nascido em França mas de ascendência portuguesa tem vindo a corresponder em campo à aposta do treinador do Ludogorets. Depois de ter marcado e feito uma assistência no atropelo ao Botev Vratsa (8-1), a 8 de Abril, e de assistir mais uma vez na partida seguinte (vitória por 2-1 em casa do Arda), Claude Gonçalves voltou a fazer um passe para golo na última jornada da fase regular da Liga búlgara, ajudando a selar o triunfo no reduto do Botev Plovdiv de Bruno Baltazar (0-2).

Esta é a segunda temporada de Claude Gonçalves na Bulgária, tendo ganho o campeonato e a Supertaça na época de estreia. Depois dos 44 jogos somados em 2021/22 (38 como titular), tem por agora 22 partidas na temporada em curso, mais 3 realizadas pela equipa B no segundo escalão, na altura em que começou a regressar aos relvados após a já referida paragem de quase 3 meses devido a lesão.

Formado nas escolas do Ajaccio, seria também no emblema da Córsega, de onde é natural, que faria a estreia enquanto sénior, registando 23 aparições na Ligue 1 logo nessa temporada – por essa altura somaria também 5 internacionalizações pela selecção nacional de sub-20, 4 das quais no Torneio de Toulon realizado nesse verão de 2014. Completaria mais 2 épocas no clube, ambas no segundo escalão do futebol francês, até que em 2016/17 resolveu mudar de ares e rumou ao futebol português, assinando por 2 temporadas com o então primodivisionário Tondela, onde foi presença regular até ao verão de 2018.

Regressou então a França, seduzido pelo projecto do Troyes, que em 2018/19 seria comandado pelo português Rui Almeida e que tinha como grande objectivo subir ao principal escalão. Acabaria, no entanto, por não ter uma época fantástica, quer a nível individual, quer colectivo: fez apenas 16 jogos (12 como titular) e o Troyes deixou fugir o sonho da promoção, sendo derrotado na final do play-off após prolongamento (2-1 com o Lens) depois de terminar em terceiro na fase regular da Ligue 2.

Sem grande vontade de permanecer mais 1 ano no segundo escalão do futebol francês, Claude Gonçalves entendeu por bem encerrar nova aventura por terras gaulesas e regressar a Portugal, agora com um propósito ainda mais nobre: representar o Gil Vicente, sendo os seus pais naturais de Barcelos. Pelos Galos, o médio luso-francês fez 2 temporadas de muito bom nível, de tal forma que no verão de 2021 surgiria então a possibilidade de rumar ao Ludogorets, crónico campeão búlgaro com quem assinou por 3 anos.

Tem, assim, ainda mais 1 ano de ligação ao gigante búlgaro, numa altura em que se encaminha para novo título nacional, que seria o 12º consecutivo (conquistou a fase regular, preparando-se agora para disputar a fase de campeão junto dos outros cinco primeiros classificados), tendo ainda assegurado esta semana a presença na final da Taça, onde irá defrontar o CSKA 1948, emblema dissidente do tradicional CSKA Sofia. Não há quaisquer indícios de que uma mudança de clube venha a acontecer no próximo mercado de transferências, pelo que é relativamente seguro afirmar que Claude Gonçalves, que festejou o 29º aniversário no mês passado, irá continuar a mostrar-se no campeonato da Bulgária, onde tem possibilidade de ir somando troféus ao currículo.