CAN: a maior representação portuguesa de sempre

angola(Onze angolano apresentado por Pedro Gonçalves no jogo que confirmou o apuramento dos “Palancas Negras” para o CAN 2023. Em cima, da esquerda para a direita: Lucas João, Buatu, Neblú, Bruno Paz, Núrio Fortuna e Kialonda; em baixo, pela mesma ordem: Eddie Afonso, Zito Luvumbo, Fredy, Milson e Gelson Dala.)

A 34ª edição do CAN, a maior prova africana de selecções, será a mais “lusitana” de sempre, depois de confirmado o apuramento de Angola e Moçambique na última jornada da fase de apuramento. Serão 4 os países lusófonos presentes (só São Tomé e Príncipe não se conseguiu qualificar), um número recorde, acompanhado também pelo número de treinadores portugueses em prova: 3, o maior de todas as edições até aqui – só Paulo Duarte, que assumiu o comando técnico do Togo com a qualificação em andamento, não conseguiu o apuramento.

Além dos Palancas Negras e dos Mambas, também Guiné-Bissau e Cabo Verde garantiram a presença na competição que irá decorrer na Costa do Marfim de 13 de Janeiro a 21 de Fevereiro de 2024 – e ainda se pode acrescentar a Guiné-Equatorial, membro da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) desde 2014. Angola volta ao CAN após ter falhado a edição de 2021, enquanto Moçambique não estava presente desde 2010; já os Tubarões Azuis repetem a presença da última edição, tal como os Djurtus, que neste momento são o país lusófono com mais participações consecutivas: 4 (desde 2017).

osimhen(Victor Osimhen é a grande figura da Nigéria comandada por José Peseiro.)

Ao comando de Angola estará o português Pedro Gonçalves, que comanda a equipa desde 2019. As ambições dos Palancas Negras passam acima de tudo por superar a fase de grupos, objetivo que só alcançaram nas edições de 2008 e 2010, caindo logo na fase seguinte em ambas as ocasiões. Do elenco convocado nesta fase de apuramento constam inúmeros jogadores a alinhar actualmente em Portugal ou com passado no nosso campeonato (tal como acontece, de resto, com os outros três países lusófonos), incluindo dois ex-internacionais A por Portugal: Hélder Costa e Lucas João.

Com metas bem mais ambiciosas apresentam-se José Peseiro e Rui Vitória. Ao comando da Nigéria desde Maio de 2022, o técnico natural de Coruche superou com tranquilidade a fase de apuramento, destacando-se a goleada por 10-0 sobre São Tomé e Príncipe, que se tornou a maior de sempre numa qualificação para o CAN. As Super-Águias, que já venceram a maior competição continental de África em 3 ocasiões (a última das quais em 2013), foram sem surpresa o melhor ataque (22 golos), com Osimhen, estrela do Nápoles e um dos melhores avançados da actualidade, a cotar-se como o melhor marcador, com 10 golos. Zaidu (Porto) e Bruno Onyemaechi (Boavista) foram utilizados por Peseiro e devem marcar presença na fase final.

salahruivitoria(Mohamed Salah e Rui Vitória vão tentar acabar com o “jejum” egipcío na CAN.)

Já o Egipto, orientado pelo treinador natural de Alverca do Ribatejo desde Junho de 2022, tem um passado ainda mais glorioso na prova (7 triunfos), mas está há mais tempo sem vencer – desde 2010, na edição realizada em Angola. Os Faraós, que contam no seu elenco com aquele que é provavelmente o melhor jogador africano da actualidade (Salah, claro está), foram inclusivamente os finalistas vencidos em 2021, caindo na final após desempate por grandes penalidades ante o Senegal e tendo no banco outro português: Carlos Queiroz.

Naquela que será a primeira edição sem estreantes desde 2015, estarão em prova 12 antigos vencedores: Egipto, Nigéria, Costa do Marfim, África do Sul, Argélia, Marrocos, Senegal, Tunísia, Zâmbia, Gana, República Democrática do Congo e Camarões, a última selecção a garantir o apuramento. A teoria dita que os marroquinos sejam os grandes favoritos, depois de se terem tornado a primeira selecção africana a chegar às meias-finais de um Mundial na prova disputada no fim do último ano no Qatar, com o Senegal, o Egipto, a Argélia, a Nigéria e a organizadora Costa do Marfim a aparecerem no patamar imediatamente a seguir.

sadio(Sadio Mané ajudou o Senegal, então orientado por Carlos Queiroz, a conquistar a última edição da CAN em 2021.)

De referir ainda que esta será a segunda edição da História a decorrer na Costa do Marfim e que inicialmente estava agendada para o verão que agora finda, a exemplo do que já aconteceu nas últimas duas edições, de modo a reduzir os conflitos com o calendário europeu. A preocupação em relação às condições meteorológicas na parte oeste do continente, porém, levou a CAF a adiar a realização do evento para o inverno, ainda que mantendo a designação “CAN 2023” – a exemplo do que aconteceu com o Euro 2020, disputado no verão de 2021 devido ao surgimento da pandemia do coronavírus.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.