(Carlos Kaiser conseguiu “jogar” nos franceses do Ajaccio.)
Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Puebla, Independiente ou Ajaccio. À primeira vista, alguém que tenha um currículo destes, deve possuir uma habilidade diferenciada para jogar futebol.
Contudo, não é o caso: o senhor que representou todos estes clubes chama-se Carlos Kaiser, é um brasileiro atualmente com 58 anos, e passou a vida a fingir lesões para que não descobrissem o falso jogador que era. Uma história insólita, que até parece… mentira.
Carlos Raposo cedo ficou conhecido por Kaiser devido às supostas parecenças com Franz Beckenbauer, cumpriu grande parte da formação no Botafogo, e a partir daí montou um esquema infalível: simular lesões mal assinava pelos clubes, para que nem tivessem oportunidade de o ver jogar.
Quando não dava para isso, arranjava outras soluções bem mais peculiares. Certo dia, no Bangu, o presidente obrigou o treinador a colocá-lo em campo, mas Kaiser apercebeu-se e não perdeu tempo: enquanto aquecia, provocou um conflito com os próprios adeptos do clube e acabou expulso. Depois, disse ao presidente que tinha sido insultado e ainda garantiu a renovação de contrato por mais seis meses!
Na Europa, o seu único clube oficial foi o Ajaccio e Kaiser tremeu logo no primeiro dia: assim que foi apresentado, subiu ao relvado e viu tudo preparado para o treino. Não teve “meias medidas” e pontapeou todas as bolas em direção às bancadas, como que as oferecendo aos adeptos. Resultado: não houve treino com bola e voltou a escapar.
E Portugal? Nunca esteve nos planos do brasileiro? Esteve. Em 1988, Carlos Kaiser chegou ao Algarve para “jogar” no Louletano, mas permaneceu apenas três meses no clube de Loulé, não chegando a ser inscrito, porque, segundo contou o próprio, os algarvios atravessavam um mau momento financeiro.
No total, Carlos Kaiser terá sido “futebolista” durante 26 anos, e nem sequer jogou oficialmente pela maioria dos clubes que o contrataram. O Bangu terá sido o emblema que mais vezes representou, e o Ajaccio foi com quem, supostamente, teve a maior ligação contratual: em entrevista ao “Diário de Notícias”, em 2018, o brasileiro afirmou que esteve ligado aos franceses durante, pasme-se, doze anos.
Um verdadeiro enganador do futebol, que construiu uma belíssima carreira quase sem entrar em campo.
Conversas Redondas 