FC Porto: 35 anos da conquista na neve

FCPortoPenarol1987(Fernando Gomes, Quim e Jaime Magalhães observam a trajetória da bola.)

Depois do Benfica ter disputado e perdido a Taça Intercontinental em 1961 e 1962, Portugal teve de esperar vinte e cinco anos para voltar a ser representado nesta prova, cabendo ao FC Porto medir forças com o Campeão Sul-Americano, Peñarol, a 13 de Dezembro de 1987.
Pouco mais de seis meses após ter erguido a Taça dos Campeões Europeus pela primeira vez na sua história, o emblema azul e branco não desperdiçou a hipótese de se impôr a nível Mundial diante dos uruguaios e fê-lo, como é sabido, perante condições meteorológicas adversas, que tornaram o jogo ainda mais marcante para as duas equipas, mas, especialmente, para a formação lusa, estreante nestas andanças.
Com a final marcada para o Japão, os “dragões” viajaram para o Continente Asiático cerca de uma semana antes do jogo com os uruguaios, por forma a se habituarem da melhor maneira ao fuso horário, contudo, não estavam minimamente a contar com o cenário com o qual se depararam na manhã do encontro: um forte nevão caiu sobre Tóquio durante várias horas e surpreendeu toda a gente, dado que no dia anterior o tempo estava bom segundo já relataram alguns elementos ligados aos portistas.
A partida chegou a estar em risco, mas foi mesmo avante e, sob o apito do austríaco Franz Wöhrer, começou às 3h30 de Portugal Continental, com as duas equipas e o próprio trio de arbitragem a sentirem muitas dificuldades com o clima que encontraram, o que resultou num jogo muito mais físico e de bola pelo ar, ao invés daquilo que se esperava, ou seja, um jogo com qualidade técnica de ambos os lados.
Assim, foram precisos 42 minutos para aparecer o primeiro golo: Madjer tentou rematar, a bola travou na neve, e Fernando Gomes limitou-se a encostar para o 1-0; a resposta surgiu já na reta final, aos 80′, com Riera, na sequência de um canto, a restabelecer a igualdade; e por fim, o grande momento que decidiu o resultado: estavam decorridos 20 minutos do prolongamento (110′), quando Madjer roubou a bola um adversário e fez um chapéu a Pereira, com o esférico a entrar lentamente na baliza e a coroar o FC Porto como vencedor da Taça Intercontinental.
Para este jogo, Tomislav Ivic, técnico que rendeu Artur Jorge na sequência do título europeu, fez alinhar a seguinte equipa: Mlynarczyk; João Pinto, Lima Pereira, Geraldão e Inácio; André, Jaime Magalhães e Sousa; Madjer, Fernando Gomes e Rui Barros (Quim 61′). Após terem falhado a final de Viena devido a lesão, os capitães Lima Pereira e Fernando Gomes tiveram finalmente a possibilidade de erguerem um troféu internacional pelo seu clube dentro de campo.
Há precisamente 35 anos, o FC Porto conquistou o Mundo pela primeira vez.

Palmeiras continua sem Mundial mas reforça o orgulho

palmeiras(A “foto de família” do Palmeiras após a final de ontem.)

Pela terceira vez, o Palmeiras desperdiçou a oportunidade de ser Campeão do Mundo de Clubes: a formação orientada por Abel Ferreira perdeu com o Chelsea na final de ontem (1-2) e juntou esse desaire ao sofrido na Meia-Final do ano passado, contra o Tigres do México (0-1), e à Taça Intercontinental perdida para o Manchester United em 1999 (0-1).
A derrota com os “blues”, em Abu Dhabi, reforça ainda mais a brincadeira de que o “Verdão” é alvo: o emblema paulista é frequentemente gozado pelos adeptos rivais, que usam a célebre expressão “Palmeiras não tem Mundial” para “atacar” o Bi-Campeão em título da Copa Libertadores, a prova mais prestigiada da América do Sul.
Tudo começou em 2000, quando o Corinthians venceu o primeiro Mundial de Clubes organizado pela FIFA, e um jornalista brasileiro questionou este organismo se o “Timão” era realmente o primeiro Campeão do Mundo de Clubes, algo a que a FIFA respondeu afirmativamente, desvalorizando, de certa forma, a Taça Intercontinental e a Copa Rio, um torneio internacional de clubes que se realizou no Brasil por dois anos e que teve como primeiro vencedor o… Palmeiras.
Ora, com o fim da Taça Intercontinental em 2004, anos mais tarde, em 2017, a FIFA reconheceu os vencedores desta prova como Campeões do Mundo de Clubes, algo que não fez com a Copa Rio, originando assim a expressão usada para gozar com os palmeirenses.
Nas três ocasiões em que esteve perto de se sagrar Campeão Mundial segundo “a lei da FIFA”, o Palmeiras viu-lhe o título fugir sempre pela margem mínima: em 1999 perdeu a Intercontinental graças a um golo de Roy Keane; no ano passado, já com Abel no banco, perdeu na Meia-Final com um penalti convertido por Gignac; e ontem, depois de Lukaku ter aberto o marcador e Raphael Veiga ter empatado, um novo penalti se atravessou no caminho dos brasileiros e Havertz fez do Chelsea Campeão do Mundo pela primeira vez.
Concluindo, o Palmeiras continua sem Mundial, mas os seus adeptos têm motivos de sobra para continuarem orgulhosos do seu clube e até reforçarem esse mesmo orgulho dado o desempenho que o “Verdão” tem tido nos últimos tempos.