Rúben Brígido: a oportunidade ideal no timing perfeito

RubenBrigido

Rúben Brígido, médio ofensivo que recentemente se sagrou Campeão do Cazaquistão pelo Tobol, é o jogador em destaque esta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

O último fim-de-semana futebolístico marcou o fim da temporada nalguns dos campeonatos que se disputam em anos civis, ao contrário do que acontece em Portugal e na maioria das ligas europeias, e como não podia deixar de ser houve bom português nas celebrações. No caso, no longínquo campeonato do Cazaquistão: Rúben Brígido esteve presente em 83 dos 90 minutos que consagraram o Tobol como novo campeão cazaque na vitória por 2-0 no reduto do Akzhayik, festejando assim aquele que é o primeiro troféu da sua já bem preenchida carreira – outro português, Carlos Fonseca, também contribuiu para esse título ao participar em dez jogos na primeira metade da época, saindo depois para o Kyzylzhar, igualmente da I Divisão cazaque.

Foi, de facto, um timing perfeito, aquele que levou o médio ofensivo natural de Leiria a trocar o Ordabasy pelo Tobol no último verão, depois de um ano ao serviço do emblema que terminou a época actual no quinto posto, tendo somado um total de 33 jogos, 4 golos e 2 assistências. No conjunto de Kostanay, que conseguiu apenas o segundo título de campeão nacional da sua História (o primeiro tinha sido em 2010), Rúben Brígido fez 8 jogos no campeonato desde que chegou em Julho, participando ainda em mais 7 partidas na Taça do Cazaquistão – onde o Tobol se encontra apurado para as meias-finais – e 4 nas pré-eliminatórias de acesso à fase de grupos da recém-criada Liga da Conferência.

A nível de clubes este é o maior feito da carreira do criativo leiriense, que cumpriu este verão o 30º aniversário mas de quem já parece ouvir-se falar há bem mais tempo. Com formação dividida entre União da Serra, Sporting, Fátima, CADE e União de Leiria, foi nos leirienses que completou a transição para o futebol sénior e estrear-se-ia na equipa principal com apenas 18 anos na I Liga (2009/10), sendo titular na jornada final numa derrota caseira diante do Porto (1-4) em que até fez a assistência para o único golo da sua equipa (curiosamente o primeiro da partida).

Fez mais duas épocas em Leiria, mas uma grave lesão no perónio e os problemas financeiros que ditaram a queda abrupta (e até agora por reparar) do histórico emblema da cidade do Lis levaram-no em 2012/13 a assinar pelo Marítimo, onde alternou entre a equipa principal e os bês durante duas épocas. No verão de 2014 optou por deixar a Madeira e rumar ao estrangeiro pela primeira vez, assinando pelos romenos do Otelul, mas o flagelo dos ordenados em atraso levou-o a mudar-se para o Chipre em 2015/16, iniciando um périplo que incluiu passagens por quatro clubes diferentes: Ermis Aradippou, Othellos Athienou, Anagennisi Deryneia e Nea Salamis.

Após dois anos e meio no Chipre surgiu a oportunidade de rumar à Bulgária e a um projecto que configurava a luta por um lugar europeu no Beroe, onde se assumiu de imediato como indiscutível – em 2018/19 conseguiu mesmo os melhores números da carreira numa só temporada: 4 golos e 5 assistências em 35 jogos efectuados (25 dos quais como titular). Na época seguinte seguia como um dos maiores destaques do emblema de Stara Zagora, com 2 golos e outras tantas assistências, até que durante a paragem de inverno do futebol búlgaro foi anunciada a sua transferência para o Ordabasy, do Cazaquistão, onde curiosamente se estreou com um golo que garantiu o primeiro triunfo do clube em 2020 (1-0 sobre o Okhzetpes).

A escolha da Liga cazaque por parte do atleta que chegou a ser internacional sub-20 (três jogos, um dos quais no Torneio de Toulon de 2011), bem como a duração do contrato com o Ordabasy (2 anos), afigurou-se então como algo surpreendente, dada a sua idade na altura (apenas 28 anos) e havendo a percepção clara de que o jogador ainda podia render bastante a um nível quiçá mais elevado. O factor financeiro terá tido um peso considerável na decisão, bem como a curiosidade em experimentar a quinta Liga da sua carreira (quarta no estrangeiro), mas a verdade é que o tempo acabou por dar razão a Rúben Brígido, que agora juntou assim o seu nome ao rol de atletas portugueses campeões por esse mundo futebolístico fora.