Carlos Fortes: a preponderância desejada chegou no outro lado do mundo

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O ponta de lança Carlos Fortes, que representa o Arema da Indonésia, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Foi um verdadeiro “rocket” de Carlos Fortes a recolocar o “português” Arema na liderança da Liga da Indonésia. O golaço do avançado luso na conversão de um livre directo ditou o 1-0 na recepção ao Persipura Jayapura para a equipa orientada por Eduardo Almeida e que contou igualmente (como é habitual) com a experiência de Sérgio Silva (ex-Oliveirense e Feirense) no centro da defesa. Decorridas 22 rondas (entretanto já houve mais um jogo e mais uma vitória pelo mesmo resultado) de um total de 34, o emblema sediado em Malang vai na frente com um ponto de vantagem sobre o Bhayangkara, alimentando legítimas aspirações de se sagrar campeão nacional apenas pela segunda vez na sua História – primeira desde 2009/10.

E se todos têm o seu papel e a sua importância nesta caminhada, a verdade é que Carlos Fortes tem sido o grande destaque de uma equipa sem “vedetas” – além dos portugueses, só o nome do guarda-redes brasileiro Maringá pode soar familiar, dado o seu historial em clubes nacionais (Pinhalnovense, Beira-Mar e Vilafranquense). Em Vila Franca de Xira, de resto, foi colega do avançado luso em 2020/21, com Fortes a registar um total de 26 jogos e apenas 2 golos mas longe de assumir grande preponderância na equipa – das 26 aparições, só 10 foram como titular.

Esse terá sido um dos motivos mais fortes para a decisão de rumar à longínqua Indonésia. Partir à aventura, de resto, nunca foi problema para o atacante, cuja primeira época de sénior foi logo feita nos quadros dos espanhóis do Racing Santander, depois do processo de formação iniciado no Sacavenense e com passagens por Alta de Lisboa, CAC Pontinha e Nacional. Acabaria por não conseguir conquistar um lugar na equipa A, alinhando apenas pelo conjunto secundário na III Divisão espanhola, e no fim da época regressou a Portugal pela porta do Braga, também para alinhar na equipa B, chegando a estrear-se pelo conjunto principal no decorrer da época 2015/16, na qual apontou 11 tentos em 37 jogos na II Liga pela formação secundária (melhor registo da carreira até ao momento).

2016/17 trouxe a segunda experiência no estrangeiro com o empréstimo aos turcos do Sanliurfaspor (II Liga), que no entanto acabaria por durar pouco: a meio da época voltou ao seu país para representar o Vizela, também por cedência dos “Guerreiros do Minho”. Os 4 golos em 12 jogos no segundo escalão convenceram os vizelenses, que acabaram por tornar a transferência permanente apesar da descida ao Campeonato de Portugal – prova onde Carlos Fortes viria a apontar 10 golos em 26 jogos, sendo um dos grandes artífices da caminhada terminada de forma inglória nos quartos-de-final.

As boas exibições, todavia, não passaram despercebidas e 2018/19 trouxe nova mudança extra-muros, com o convite do Gaz Metan; a experiência na I Liga romena correu de feição, com 5 golos e 2 assistências em 20 jogos, de tal modo que logo em Fevereiro foi oficializada a transferência para o Universitatea Craiova, candidato declarado ao título nacional. Ali o atacante luso não foi tão feliz, fazendo 13 partidas sem qualquer golo até ao fim da época e apenas 2 tentos em 15 aparições na primeira metade de 2019/20, e por essa razão optou no início do ano por voltar a mudar de ares, aceitando ser cedido ao Ittihad Tanger, emblema que lutava para fugir à despromoção na principal Liga marroquina e no qual fez 7 jogos (sem qualquer golo) até ao encerramento abrupto da competição devido ao surgimento da pandemia do coronavírus.

Foi nesse contexto que se deu o regresso a Portugal via Vilafranquense e, um ano depois, a partida para a Indonésia, onde de imediato se assumiu como referência maior. Por agora soma 11 golos e 3 assistências em 20 partidas disputadas, cotando-se como o quinto melhor marcador do campeonato – Spasojevic, do Bali United, lidera essa corrida particular com 15 tentos apontados. Aos 27 anos (nascido a 9 de Novembro de 1994), Carlos Fortes tem ainda muito caminho por percorrer no futebol e ainda vai muito a tempo de competir noutros patamares e confirmar as expectativas que se foram gerando em redor de si na fase inicial da carreira (onde chegou a disputar um Torneio de Toulon pela selecção nacional de sub-20); por agora, o objectivo primordial passa por celebrar a conquista do seu primeiro troféu, apontando também ao melhor registo de golos da carreira – está a um golo de o conseguir.