Daniel Podence, avançado que integra a “legião lusa” ao serviço do Wolverhampton, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:
Como já é mais que habitual nas últimas temporadas, os grandes momentos do Wolverhampton Wanderers têm contribuição directa de protagonistas portugueses. O regresso às vitórias na Premier League 7 jogos depois não fugiu à regra: houve José Sá a brilhar na baliza, Rúben Neves a impedir um golo “feito” do Everton com corte decisivo em cima da linha e Matheus Nunes com um passe em profundidade que deu início ao 2-1 final já nos descontos. O início da recuperação, porém, foi da autoria de Podence, que respondeu da melhor forma a um cruzamento sublime de João Moutinho e assim festejou o terceiro golo na temporada.
A cumprir a quarta época em Inglaterra, o avançado natural de Oeiras está finalmente a desfrutar do estatuto de titular, que tem mantido com os três treinadores que já passaram pelo banco do Wolves na temporada: começou com Bruno Lage, passou pelo interino Steve Davis e manteve-se agora na estreia de Julen Lopetegui. Apesar do começo muito atribulado, a legião lusa ainda tem tudo por disputar na presente temporada: com esta vitória, ficou a apenas um ponto das primeiras duas equipas acima da zona de despromoção na Premier League, estando ainda em competição na Taça de Inglaterra (ainda que tenha uma tarefa muito complicada pela frente, pois irá ao terreno do Liverpool logo na primeira ronda em que participa) e na Taça da Liga, onde já superou três eliminatórias e, caso vença no reduto do Nottingham Forest, chegará às meias-finais.
A nível individual, Podence até começou a temporada de forma positiva, marcando logo na primeira jornada (derrota por 2-1 em Leeds) e na sexta, na recepção ao Southampton, que valeu a primeira vitória da época para o Wolves na Premier League. Já mais recentemente, no penúltimo jogo antes da paragem para o Mundial do Qatar, tinha sido dele a assistência para o golo que garantiu o triunfo sobre o Leeds United (1-0) e consequente apuramento para os quartos-de-final da Taça da Liga.
Atualmente, o avançado é um jogador muito mais maduro e consolidado do que o menino que no verão de 2018 rumou ao Olympiacos após a saída abrupta do Sporting, emblema onde fez praticamente todo o percurso formativo (começou no Belenenses) e se iniciou no futebol sénior, na sequência do infame ataque à Academia de Alcochete – pelo meio desse percurso nos leões esteve ainda emprestado ao Moreirense. A primeira época na Grécia, sob o comando de Pedro Martins, acabou por ser a melhor da sua carreira até ao momento em termos estatísticos: 8 golos e 9 assistências em 41 partidas disputadas, que lhe valeram a eleição para a equipa ideal da prova.
O primeiro troféu, todavia, chegaria apenas em 2019/20… e numa altura em que já nem se encontrava no Olympiacos: após uma primeira metade de temporada muito positiva, com 5 golos e igual número de assistências em 27 jogos, Podence rumou ao Wolverhampton, então treinado por Nuno Espírito Santo, que pelo seu passe pagou cerca de 20 milhões de euros. No fim da época, acabaria por festejar o campeonato grego conquistado pela sua ex-equipa, o primeiro da sua carreira – no palmarés tinha até então uma Taça de Portugal, ganha em 2014/15 pelo Sporting, e duas Taças da Liga, uma pelo Moreirense em 2016/17 e outra pelos Leões na época seguinte, a sua última em Alvalade.
Essa Liga grega acabaria por ser o seu último troféu até ao momento, dado que no Wolverhampton ainda não conseguiu festejar nenhuma conquista do género. A nível individual, registou 1 golo e 1 assistência na segunda metade de 2019/20, somando 3 tentos e 2 passes para golo na época seguinte; 2021/22 foi a melhor até agora em Inglaterra, com 6 golos e 3 assistências já sob o comando de Bruno Lage, restando esperar para ver o que reserva a segunda parte da corrente temporada.
Aos 27 anos, Podence ainda tem bastante margem de crescimento – à parte a brincadeira relativa à sua baixa estatura (apenas 1,65 metros). É, ainda assim, já um dos grandes valores portugueses a competir fora de portas, continuando a “bater à porta” da Selecção Nacional, ainda para mais no quadro actual em que se espera uma óbvia renovação após a saída de Fernando Santos. Chamado pela primeira vez à Selecção A em 2019, ele que foi internacional em todos os escalões de formação e participou no Europeu de sub-21 em 2017, Podence conseguiria a primeira e única internacionalização até ao momento um ano depois, sendo lançado em campo aos 75 minutos de uma vitória caseira sobre a Suécia (3-0) para a Liga das Nações; a continuar num registo exibicional alto em Inglaterra, o irrequieto avançado oeirense pode legitimamente sonhar com um regresso a esse patamar num futuro próximo.