Podence: faturar para novo treinador ver

podence

Daniel Podence, avançado que integra a “legião lusa” ao serviço do Wolverhampton, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Como já é mais que habitual nas últimas temporadas, os grandes momentos do Wolverhampton Wanderers têm contribuição directa de protagonistas portugueses. O regresso às vitórias na Premier League 7 jogos depois não fugiu à regra: houve José Sá a brilhar na baliza, Rúben Neves a impedir um golo “feito” do Everton com corte decisivo em cima da linha e Matheus Nunes com um passe em profundidade que deu início ao 2-1 final já nos descontos. O início da recuperação, porém, foi da autoria de Podence, que respondeu da melhor forma a um cruzamento sublime de João Moutinho e assim festejou o terceiro golo na temporada.

A cumprir a quarta época em Inglaterra, o avançado natural de Oeiras está finalmente a desfrutar do estatuto de titular, que tem mantido com os três treinadores que já passaram pelo banco do Wolves na temporada: começou com Bruno Lage, passou pelo interino Steve Davis e manteve-se agora na estreia de Julen Lopetegui. Apesar do começo muito atribulado, a legião lusa ainda tem tudo por disputar na presente temporada: com esta vitória, ficou a apenas um ponto das primeiras duas equipas acima da zona de despromoção na Premier League, estando ainda em competição na Taça de Inglaterra (ainda que tenha uma tarefa muito complicada pela frente, pois irá ao terreno do Liverpool logo na primeira ronda em que participa) e na Taça da Liga, onde já superou três eliminatórias e, caso vença no reduto do Nottingham Forest, chegará às meias-finais.

A nível individual, Podence até começou a temporada de forma positiva, marcando logo na primeira jornada (derrota por 2-1 em Leeds) e na sexta, na recepção ao Southampton, que valeu a primeira vitória da época para o Wolves na Premier League. Já mais recentemente, no penúltimo jogo antes da paragem para o Mundial do Qatar, tinha sido dele a assistência para o golo que garantiu o triunfo sobre o Leeds United (1-0) e consequente apuramento para os quartos-de-final da Taça da Liga.

Atualmente, o avançado é um jogador muito mais maduro e consolidado do que o menino que no verão de 2018 rumou ao Olympiacos após a saída abrupta do Sporting, emblema onde fez praticamente todo o percurso formativo (começou no Belenenses) e se iniciou no futebol sénior, na sequência do infame ataque à Academia de Alcochete – pelo meio desse percurso nos leões esteve ainda emprestado ao Moreirense. A primeira época na Grécia, sob o comando de Pedro Martins, acabou por ser a melhor da sua carreira até ao momento em termos estatísticos: 8 golos e 9 assistências em 41 partidas disputadas, que lhe valeram a eleição para a equipa ideal da prova.

O primeiro troféu, todavia, chegaria apenas em 2019/20… e numa altura em que já nem se encontrava no Olympiacos: após uma primeira metade de temporada muito positiva, com 5 golos e igual número de assistências em 27 jogos, Podence rumou ao Wolverhampton, então treinado por Nuno Espírito Santo, que pelo seu passe pagou cerca de 20 milhões de euros. No fim da época, acabaria por festejar o campeonato grego conquistado pela sua ex-equipa, o primeiro da sua carreira – no palmarés tinha até então uma Taça de Portugal, ganha em 2014/15 pelo Sporting, e duas Taças da Liga, uma pelo Moreirense em 2016/17 e outra pelos Leões na época seguinte, a sua última em Alvalade.

Essa Liga grega acabaria por ser o seu último troféu até ao momento, dado que no Wolverhampton ainda não conseguiu festejar nenhuma conquista do género. A nível individual, registou 1 golo e 1 assistência na segunda metade de 2019/20, somando 3 tentos e 2 passes para golo na época seguinte; 2021/22 foi a melhor até agora em Inglaterra, com 6 golos e 3 assistências já sob o comando de Bruno Lage, restando esperar para ver o que reserva a segunda parte da corrente temporada.

Aos 27 anos, Podence ainda tem bastante margem de crescimento – à parte a brincadeira relativa à sua baixa estatura (apenas 1,65 metros). É, ainda assim, já um dos grandes valores portugueses a competir fora de portas, continuando a “bater à porta” da Selecção Nacional, ainda para mais no quadro actual em que se espera uma óbvia renovação após a saída de Fernando Santos. Chamado pela primeira vez à Selecção A em 2019, ele que foi internacional em todos os escalões de formação e participou no Europeu de sub-21 em 2017, Podence conseguiria a primeira e única internacionalização até ao momento um ano depois, sendo lançado em campo aos 75 minutos de uma vitória caseira sobre a Suécia (3-0) para a Liga das Nações; a continuar num registo exibicional alto em Inglaterra, o irrequieto avançado oeirense pode legitimamente sonhar com um regresso a esse patamar num futuro próximo.

Cutrone: de regresso a casa para relançar a carreira

cutrone(Cutrone está de volta ao Como, clube onde iniciou o seu trajeto futebolístico.)

Patrick Cutrone deu um surpreendente rumo à sua carreira: o ponta de lança italiano foi anunciado como reforço do Como na passada segunda-feira, e nesse mesmo dia alinhou 90 minutos na derrota caseira diante do Brescia (0-1), válida pela 3ª Jornada da… Serie B.
Natural justamente de Como, o futebolista de 24 anos, apesar da queda ao segundo escalão, deposita nesta escolha uma elevada dose de esperança no relançamento de uma carreira que não há muitos anos prometeu voos maiores do que aqueles que tem conseguido nos últimos tempos, sendo que para além do regresso a casa, há outro dado importante: a ambição do clube subir à Serie A.
Com grande parte da formação feita no Milan, Cutrone marcou vinte e sete golos em oitenta e nove jogos pela equipa principal entre 17/18 e 18/19 – ofuscou a chegada de André Silva, contratado ao FC Porto em 2017 – e rapidamente se assumiu como um dos principais ativos milaneses, até porque o emblema rossonero vivia, por essa altura, tempos bem menos felizes do que os que vive agora.
Vendido ao Wolverhampton por dezoito milhões de euros em 2019, o italiano fez apenas três golos em vinte e quatro jogos na primeira metade da época, e em Janeiro voltou ao seu País para representar a Fiorentina: emprestado por ano e meio à turma “viola” – que ficava obrigada a comprar o seu passe no fim da cedência -, apontou cinco tentos em vinte e um encontros na segunda parte de 19/20, mas na época seguinte ficou em branco nas treze partidas que disputou e foi “devolvido” aos ingleses.
De regresso ao Wolves em Janeiro de 2021, ainda fez quatro jogos numa altura em que Nuno Espírito Santo tinha poucas opções para o ataque, mas seria novamente emprestado, acabando essa temporada com a camisola do Valencia, por quem não marcou qualquer golo em sete tentativas. Na última época, sem contar para Bruno Lage, rumou também por empréstimo ao Empoli, registando somente três golos em trinta e um encontros.
Contas feitas, nas duas últimas temporadas, Cutrone representou quatro clubes e apontou apenas três golos, todos eles pelo Empoli, e está claramente longe da forma que demonstrou ao serviço do Milan, razão que terá ajudado o Wolverhampton a permitir a sua saída sem encargos.
Presidido por Dennis Wise, ex-jogador do Chelsea, o Como anunciou na segunda-feira outro “reforço” para além de Cutrone: Thierry Henry é o mais recente investidor do clube que já tinha sido surpreendido neste “mercado” ao contratar Cesc Fàbregas, com o espanhol a acumular as funções de jogador e… investidor.

Farense: há 10 anos, a visita do tubarão foi bom prenúncio

FarenseOlympiacos(Em 2012, o Farense recebeu o Olympiacos na sua apresentação.)

As pré-temporadas constituem sempre uma oportunidade de se assistir a partidas de outro modo improváveis de acontecer, fruto das mais diversas condicionantes. É o caso do jogo que se irá disputar na tarde deste domingo no Estádio S. Luís, em Faro, com o Farense, que se prepara para competir pela segunda época consecutiva na II Liga portuguesa, a receber… a armada portuguesa do Wolverhampton Wanderers, orientada por Bruno Lage e já com quatro temporadas consecutivas na Premier League (provavelmente o melhor campeonato do mundo), três das quais na parte cimeira da tabela.

O encontro marcará a apresentação dos Leões de Faro aos seus sócios e adeptos e, dada a dificuldade da tarefa em mãos, poderá permitir quantificar desde já as hipóteses de lutar pela subida do histórico emblema algarvio, que ainda em 2020/21 disputou a I Liga pela primeira vez em 18 anos. Os reforços foram cirúrgicos e a maioria possui muita estaleca a um nível elevado: Talocha, por exemplo, foi titular indiscutível na última temporada no melhor Gil Vicente de sempre, enquanto Gonçalo Silva (6 épocas de I Liga, várias delas enquanto capitão do Belenenses/B-SAD), Marcos Paulo (outras 6 épocas, entre União de Leiria, Académica e Vizela, esta em 2021/22), Vítor Gonçalves (4, entre Gil Vicente e Nacional) e Marco Matias (melhor marcador do campeonato em 2014/15, com 17 golos pelo Nacional) dispensam qualquer tipo de apresentações. Depois há Lucão, que a meio da última época trocou o Brasileirão pela Liga 3 e se destacou como goleador na Sanjoanense (9 tentos em 14 jogos), e o colombiano Jhon Velásquez, de quem se dizia estar a ser seguido por clubes lusos de muito maior poderio financeiro (e a competir na I Liga) e que, por essa razão, criou enorme expectativa nas hostes farenses.

marcomatias(Marco Matias é um dos principais reforços do Farense para 22/23.)

O Farense chega a esta partida com um registo ainda imaculado na actual pré-temporada: em quatro jogos, três vitórias (2-1 à Académica, golos de Elves Baldé e Cláudio Falcão; 3-2 ao Anadia, com bis de Marco Matias e golo vitorioso de Lucão; e 3-2 ao Mafra, tentos de Harramiz, Lucão e Vasco Oliveira) e um nulo diante do recém-promovido Torreense, precisamente o emblema que irá defrontar na primeira jornada da II Liga, no próximo dia 6 de Agosto. Já o Wolves, que integra no seu plantel nove jogadores portugueses (José Sá, Nélson Semedo, Toti Gomes, Rúben Neves, João Moutinho, Bruno Jordão, Podence, Pedro Neto e Chiquinho, este último a recuperar de grave lesão contraída já nesta pré-temporada), goleou Burnley (3-0), Alavés (4-0) e Besiktas (3-0), empatou este sábado com o Sporting (1-1) e sofreu apenas uma derrota diante do Levante (1-2), começando também no dia 6 a nova edição da Premier League, com a deslocação ao terreno do Leeds United.

Este confronto, tão improvável à partida quanto esperado desde que se deu o seu anúncio, remete quase automaticamente para aquele que aconteceu há precisamente dez anos no mesmo palco, opondo igualmente o Farense a um emblema de forte tradição num campeonato europeu… e também com um treinador português ao leme. Na pré-temporada de 2012/13, a 24 de Julho, um Farense acabado de subir à então denominada II Divisão (patamar equivalente à actual Liga 3) defrontava no seu estádio o Olympiacos, campeão grego em título e com Leonardo Jardim recém-contratado após ter levado o Braga ao terceiro lugar na Liga portuguesa na época anterior.

Desse Olympiacos constavam nomes como Roy Carroll, antigo guarda-redes do Manchester United; Manolas e Holebas, internacionais gregos que dois anos mais tarde saíram para a Roma; Pantelic, goleador sérvio com nome feito na Bundesliga; e ainda Fejsa e Mitroglou, mais tarde campeões nacionais ao serviço do Benfica. No Farense, recém-regressado ao terceiro escalão do futebol português e com Bruno Ribeiro ao leme, os nomes mais sonantes eram Luís Afonso, médio campeão europeu de sub-16 em 2000 e com formação concluída no Porto; Fajardo, extremo com quase 10 anos de I Liga entre Belenenses, Naval e Vitória de Guimarães; e o reforço Pedro Marques, que trazia no currículo passagens pela formação de Sporting e Real Madrid (onde chegou a integrar treinos na equipa principal sob as ordens de José Mourinho).

Wolverhampton Wanderers v Arsenal - Premier League(João Moutinho e Rúben Neves são dois dos jogadores lusos ao serviço do Wolves e esta tarde vão participar na apresentação do Farense.)

Para a história fica o 3-0 final a favor dos gregos, resultado que contudo não espelha na plenitude o que aconteceu ao longo dos 90 minutos: a incomparável diferença de estatuto e de dimensão das duas equipas esteve longe de se fazer notar dentro do campo, tendo o Farense equilibrado a partida durante grande parte do tempo. O Olympiacos adiantou-se no marcador aos 39 minutos através de uma grande penalidade cobrada por Pantelic e seria dessa mesma forma que viria a ampliar a vantagem já no minuto, aí com Abdoun a bater; já em cima do minuto 90, um erro do jovem guarda-redes Diogo Freitas acabaria por permitir ao mesmo Abdoun selar o resultado. “A nossa circulação de bola não foi a melhor, mas o Olympiacos respeitou os princípios de jogo que pretendo implementar no clube”, dizia Leonardo Jardim no fim da partida.

Muito viria a mudar no Farense a partir de então. Até mesmo em termos de plantel: Luís Afonso, por exemplo, acabou por não ficar na equipa, de forma até algo surpreendente, dado o facto de ser um jogador “da casa”, natural da cidade, com formação iniciada no clube e já com quatro temporadas consecutivas de Farense nessa altura, tendo sido contratados entretanto vários jogadores que vieram dotar a equipa de outra capacidade – Hugo Luz (campeão nacional pelo Porto de José Mourinho em 2002/03), Anselmo (ex-Olhanense na I Liga), Luís Lourenço (antiga promessa do Sporting) ou Ibukun (criativo nigeriano ex-Malines, da Bélgica, que viria a ser o grande destaque da equipa na temporada).

ljard(Leonardo Jardim teve uma curta passagem pelo Olympiacos, mas ainda apadrinhou a apresentação do Farense para a época 12/13.)

Decorridas 15 jornadas (precisamente metade da temporada), o Farense ocupava a segunda posição na Zona Sul, já a sete pontos do líder Mafra (subia apenas o primeiro classificado). A derrota na deslocação ao terreno da União de Leiria (1-0) precipitou a demissão de Bruno Ribeiro, tendo sido entretanto contratado Mauro de Brito – pelo meio, numa tarde de dilúvio de proporções dantescas em Lisboa, o “bombeiro” Antero Afonso conduziu os algarvios a uma vitória épica (0-1) no campo do Futebol Benfica (à mesma hora, o Mafra perdia por 2-0 em Loulé). Encetou-se então uma luta absolutamente emocionante entre Farense e Mafra, com os Leões de Faro a reduzir para apenas três os pontos de desvantagem em relação ao líder na jornada 21, diferença que reduziu para somente um ponto à passagem da ronda 27.

Tudo se viria a manter assim até à penúltima jornada, a 29ª, quando se deu um verdadeiro milagre de Fátima – ou, vá, algo assim parecido: o Mafra, a jogar com mais um elemento desde os 42 minutos, chegou a estar a perder por 3-1 diante do Fátima e ainda conseguiu o 3-3… mas não mais que isso. Ao mesmo tempo, na Madeira, numa das maiores deslocações de adeptos do continente de que há memória (foram centenas os farenses que viajaram até ao Funchal), o Farense venceu o Ribeira Brava (1-2) e passou para a frente da prova, num cenário impensável poucos meses antes. Faltava então confirmar a tão ansiada subida à II Liga na última jornada, precisamente na recepção à União de Leiria, carrasco do primeiro treinador da época, e perante um Estádio de S. Luís cheio como há mais de uma década não se via (cerca de 15 mil pessoas, ultrapassando em muito a lotação oficial do estádio), o Farense venceu por 2-1, com o central Bruno Bernardo a abrir o marcador logo aos dois minutos e Ibukun a selar a vitória de penalty aos 80, pouco depois de um golo de Emiliano Tê ter feito estremecer as milhares de almas ali presentes, espoletando festejos inenarráveis por toda a cidade e neutralizando o triunfo caseiro do Mafra sobre o Sertanense (3-1).

farense2013(A festa de Bruno Bernardo após marcar o primeiro golo do jogo que permitiu ao Farense subir à II Liga em 2013.)

Estava assim consumado o regresso ao futebol profissional, numa das épocas mais emocionantes da história recente do clube e 10 anos depois da queda na secretaria que antecedeu a página mais negra da História do centenário emblema algarvio. Hoje, volvida mais uma dezena de anos, o Farense está um patamar acima e o objectivo é subir ainda mais outro, de forma a voltar ao convívio dos grandes – onde, de resto, tem um passado de respeito, destacando-se obviamente a década de 90, toda ela passada no principal escalão do futebol nacional, com realce especial para o quinto lugar em 94/95 que permitiu ao Farense disputar as competições europeias na temporada seguinte. Por agora ainda se está muito longe de pensar na Europa, claro; mas a julgar pelo cenário vivido há 10 anos após defrontar o Olympiacos, a apresentação ante o Wolves pode ser um belíssimo prenúncio para a temporada que se avizinha.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

Bruno Jordão: o mais recente utente da via rápida Wolverhampton – Zurique

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Bruno Jordão, médio que recentemente se mudou para os suíços do Grasshoppers, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

A tradição recente do Grasshoppers em integrar portugueses nas suas fileiras ganhou ainda maiores contornos no último mercado de transferências. É verdade que Toti Gomes deixou o clube, regressando à casa-mãe (Wolverhampton) após ano e meio no histórico emblema suíço, mas de imediato chegaram mais dois atletas lusos para se juntarem ao contingente composto por André Moreira, André Santos e André Ribeiro (não esquecendo o luso-guineense Eliseu Nadjack e o luso-suíço Nuno da Silva): Tomás Ribeiro, contratado ao B-SAD, e Bruno Jordão, que fez o caminho inverso ao de Toti e chegou a Zurique por cedência do Wolves, onde havia feito apenas uma aparição até Janeiro (mais 3 pela equipa de sub-23).

O médio nascido na Marinha Grande a 12 de Outubro de 1998, na verdade, só em Novembro regressou à competição, quase um ano depois de se ter lesionado com gravidade enquanto representava o Famalicão, também por empréstimo do emblema inglês. Sem espaço nas opções de Bruno Lage, e até tendo em conta a concorrência de muito peso no meio-campo do Wolves (basta referir os nomes de Rúben Neves, João Moutinho ou do belga Dendoncker), Bruno Jordão viu com bons olhos a mudança para o futebol suíço e já começou a assumir preponderância na sua nova equipa: na última jornada, na recepção do Grasshoppers ao campeão Young Boys, foi ele a bater o canto que originaria o primeiro golo da sua equipa (a partida terminou com um empate a dois).

Ainda bastante jovem (23 anos), Bruno Jordão é já há algumas temporadas um nome familiar até ao mais comum adepto do futebol nacional, mais que não seja pela associação a… Pedro Neto. É que ambos estiveram envolvidos no negócio que surpreendeu Portugal no verão de 2017, com o Braga a acertar a sua transferência para a Lázio a troco de 20 milhões de euros, numa altura em que o médio ainda nem sequer se havia estreado na primeira equipa dos Guerreiros do Minho (fizera apenas 19 jogos e 2 golos na equipa B na época anterior) e o extremo, dois anos mais novo, somava somente 3 partidas (e 1 golo) na formação principal depois de se destacar em 2016/17… nos juvenis (24 jogos e 17 golos, mais duas aparições nos juniores e uma partida na equipa B).

A partir daí, como é natural, o foco mediático começou a incidir com especial insistência no par de jovens talentos lusos… que acabaram por não se conseguir afirmar em Roma – no caso de Bruno Jordão, aos 7 jogos na equipa de sub-20 dos Laziale na primeira época juntou apenas três utilizações pelo conjunto principal na segunda, sempre como suplente utilizado. Tendo plena consciência de que esse cenário dificilmente se iria inverter em 2019/20, o médio acabou por aceitar transferir-se para o Wolves, juntamente com… Pedro Neto, depois de muita tinta ter corrido na imprensa nacional sobre a possibilidade de ambos reforçarem o Benfica num negócio com moldes semelhantes ao que haveria de se realizar com o clube inglês – onde Jorge Mendes tem influência óbvia, tal como acontece com o Braga, o Famalicão… e o Grasshoppers.

Em Inglaterra, contudo, os caminhos do duo começariam a divergir pela primeira vez. Se Pedro Neto integrou de imediato os trabalhos da primeira equipa e acabaria paulatinamente por ganhar o seu espaço, acabando a temporada num nível elevadíssimo, já Bruno Jordão passou os primeiros meses na equipa de sub-23 e só muito esporadicamente foi opção para Nuno Espírito Santo, ainda que tenha dado muito boas indicações nas 4 vezes em que teve oportunidade para actuar na formação principal – aliás, marcou na estreia, num golo que se revelaria decisivo para a qualificação para a ronda seguinte da Taça da Liga (ao 1-1 final ante o secundário Reading, orientado por José Gomes e com o actual sportinguista João Virgínia na baliza, seguiu-se uma vitória por 4-2 no desempate por grandes penalidades).

Foi nesse contexto que se deu a hipótese do empréstimo ao Famalicão, também ela vista com bons olhos pelo médio marinhense, no intuito de ganhar ritmo e minutos de jogo. E a aposta foi claramente ganha – ou pelo menos assim parecia até ao dia 18 de Dezembro, quando Bruno Jordão fez o 11º jogo na temporada (sétimo a titular), tendo até visto o único golo pelos minhotos receber a distinção de golo da jornada (aconteceu logo na quarta ronda, no espectacular empate a três diante do Farense); seguiram-se dois jogos sem sair do banco até que, já no início de Janeiro, veio a lesão que o atirou largos meses para fora dos relvados.

Debelados os problemas físicos, Bruno Jordão chegou assim ao Grasshoppers para reabilitar a carreira, tendo sempre em conta que continua a estar ligado ao Wolverhampton por mais duas temporadas. O clube sediado em Zurique pode ser a alavanca que estava a faltar ao médio que aos 16 anos já era titular nos seniores da União de Leiria (24 jogos e 4 golos no Campeonato de Portugal em 2015/16) e que somou 21 internacionalizações nas selecções jovens de Portugal (a última das quais seria também a única pelos sub-21); resta esperar para ver como evolui na Suíça e se voltará a actuar a um nível semelhante ao do comparsa de sempre (e curiosamente também ele acabado de recuperar de uma lesão muito grave): Pedro Neto, pois claro.

Toti Gomes: do râguebi à titularidade na Premier League em oito anos

Wolverhampton Wanderers v Southampton - Premier League

O defesa central Toti Gomes, que recentemente agarrou a titularidade no Wolverhampton, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

15 de Janeiro de 2022, Wolverhampton-Southampton. Terceiro jogo da armada lusa às ordens de Bruno Lage no novo ano. Nos dois anteriores a tripla de centrais foi constituída por Coady, Kilman e Saiss primeiro (na vitória por 1-0 em pleno Old Trafford com golaço de João Moutinho), e Coady, Kilman e Marçal depois (3-0 ao secundário Sheffield United para a Taça). Na recepção aos Saints, porém, um nome distinto surge na ficha de jogo, e também ele associado a uma bandeira portuguesa: Toti Gomes fecha o lado esquerdo da linha de três, juntando-se a Coady e Kilman perante as ausências de Saiss, que seguiu com a comitiva de Marrocos para o CAN, e do lesionado Marçal.

Um ano e meio depois de assinar contrato com o Wolverhampton, Toti tinha finalmente a oportunidade de cumprir o sonho de uma vida. E que chegou de forma completamente inesperada, pois inicialmente tinha viajado para Inglaterra no fim de Dezembro apenas com a indicação de treinar com o plantel enquanto decorria a paragem da Liga suíça, onde no último ano e meio estava a jogar no Grasshoppers por empréstimo do Wolves. Bruno Lage, todavia, acabou por gostar do que viu do jovem defesa e as circunstâncias favoráveis em termos de concorrência (ou falta dela) fizeram o resto.

Nascido na capital da Guiné-Bissau a 16 de Janeiro de 1999, Toti veio muito jovem para Portugal e até nem foi o futebol a sua primeira escolha para praticar desporto, mas sim o râguebi. Só aos 15 anos mudou de modalidade, juntando-se aos juvenis do Fontainhas e testando-se inicialmente na posição de médio-ofensivo, e nos juniores saltou para o Dramático de Cascais, época em que passaria a jogar na ala esquerda; dali ao Estoril foi um “pequeno” pulo, com a afirmação na equipa de juniores e a subida aos sub-23 dos Canarinhos para cumprir o primeiro ano de sénior (e já como profissional).

Essa época de 2018/19 foi de tal modo positiva que acabaria por jogar pela equipa principal do Estoril nas últimas três jornadas da II Liga, surgindo então até notícias do interesse do Sporting nos préstimos do na altura lateral-esquerdo. Essa mudança acabou por não se verificar e 2019/20 não foi tão brilhante, fruto de alguns problemas físicos e também do surgimento da pandemia do coronavírus, que acabou por levar à suspensão precoce e definitiva da Liga Revelação, onde vinha a evoluir pelos sub-23 do Estoril, e também da II Liga, onde acabou por não fazer qualquer jogo nessa época. Ainda assim, ficou bem patente a crença do clube nas suas capacidades com a oficialização da renovação de contrato até 2022 a 1 de Abril de 2020 – curiosamente ao mesmo tempo de Chiquinho, outra pérola da formação estorilista que acabou de ser contratado pelo mesmo Wolverhampton nesta janela de transferências.

A renovação de contrato, percebeu-se depois, não chegaria para prender Toti Gomes ao Estoril por muito mais tempo. Em Setembro de 2020, ainda antes do início das competições, foi anunciada a venda para o Wolverhampton (os valores não foram oficialmente divulgados mas os sites da especialidade falam em 1 milhão de euros), sendo que o atleta luso-guineense (que entretanto já começara a jogar maioritariamente como central) foi de imediato cedido ao Grasshoppers, histórico emblema suíço que mantinha uma parceria com o Wolves e que procurava garantir o regresso ao principal escalão do futebol helvético. Assim aconteceu: num plantel recheado de caras conhecidas (os portugueses Euclides Cabral, Miguel Nóbrega, Nuno Pina, André Santos, Cristian Ponde, André Ribeiro e Nuno da Silva, o também luso-guineense Eliseu Nadjack e ainda Léo Bonatini, ex-Estoril e Vitória de Guimarães, ou Renat Dadashov, actual avançado do Tondela) e orientado durante grande parte da temporada por João Carlos Pereira (acabaria por ser demitido a poucas semanas do fim), os Gafanhotos festejaram a subida com o título de campeão na mão, acabando com mais um ponto que o Thun.

Neste mar lusitano no plantel do Grasshoppers, Toti Gomes foi de longe o mais utilizado de todos: foram 36 jogos (34 dos quais a titular) e 2 golos, num total de 3095 minutos – André Santos foi o único a somar o mesmo número de partidas mas com muito menos minutos disputados (2036), fruto de ter saído do banco em 13 ocasiões. Não estranhou, portanto, que o central visse renovado o empréstimo ao emblema suíço por mais uma temporada, com o Wolverhampton a pretender observá-lo num contexto agora de uma primeira Liga europeia, de modo a poder avaliar o seu crescimento e evolução num patamar mais exigente. “Ele mostrou a sua qualidade e potencial e estamos muito agradados com a sua atitude: tudo o que ele fez no Grasshoppers foi bastante positivo. Agora é uma nova liga e vai precisar de um período de adaptação, mas queremos que ele esteja a competir”, dizia o coordenador da formação do clube inglês, Scott Sellars, a 29 de Junho do ano passado.

Toti (nascido Tote António Gomes) manteve-se assim em Zurique e a verdade é que o nível exibicional não diminiu – de todo: foram 18 jogos e 1 golo num Grasshoppers que, aquando da paragem de inverno da Liga suíça, seguia no sexto lugar (num total de 10 equipas) mas já com 11 pontos de vantagem sobre a zona de despromoção, numa campanha bastante tranquila. Foi nesse contexto que surgiu a “repescagem”, já no início deste ano. “Exceto qualquer novo caso de COVID-19 ou problemas de lesão, esperamos que ele regresse à Suíça no final de Janeiro”, afirmava o mesmo Scott Sellars no passado dia 4. Pois bem: os problemas físicos surgiram de facto, a convocatória de Saiss também e os desempenhos de Toti Gomes nos treinos fizeram o resto, convencendo Bruno Lage de que o jovem de sangue luso merecia uma oportunidade.

Chegou então o dia 15 (véspera do seu 23º aniversário) e a primeira grande prova de fogo para Toti… que dificilmente podia ser melhor: 90 minutos, cinco desarmes, cinco duelos pelo chão ganhos, dois bloqueios de remate e a conquista da admiração por parte de todos os adeptos e responsáveis do Wolverhampton (que venceu a partida por 3-1). “Ele estava de férias há duas semanas, entretanto veio para cá e fez alguns treinos connosco. Depois faz uma exibição como esta… não cometeu nenhum erro. Foi compacto, foi sólido e as primeiras palavras vão para ele porque o que fez foi muito bom”, reconheceu o treinador do clube inglês, secundado pelo capitão Coady: “Fantástico! Vimos como é forte nas disputas de um contra um, mas mesmo com a bola ele é tão calmo e eu nem consigo explicar como este jogo foi duro para uma estreia.”

Mas houve sequela para este filme de encantar: Toti Gomes voltou a ser titular na jornada que se seguiu, na deslocação do Wolves ao reduto do Brentford, e até chegou a ver um cartão vermelho que acabaria por ser revertido em amarelo pelo VAR. Curiosamente, ainda assim a equipa da casa chegaria ao golo na sequência do livre lateral após a falta do central luso, com o Wolverhampton a chegar à vitória mercê de (mais) um golaço de Rúben Neves após passe de João Moutinho – que por sua vez já tinha aberto a contagem assistido por Nélson Semedo. Toti, esse respirou de alívio e pôde celebrar o segundo triunfo noutros tantos jogos com a camisola dos Lobos vestida.

O próximo desafio passará por conseguir manter o estatuto de titular mesmo com o regresso dos actuais indisponíveis (neste quadro insere-se por exemplo Boly, o antigo central de Braga e Porto que ainda só disputou uma partida esta temporada) e depois, quiçá, começar a piscar o olho a Fernando Santos – que é como quem diz, à selecção nacional. Internacional em apenas uma ocasião, no escalão de sub-20, Toti Gomes chegou a ver o seu nome cogitado para passar a representar a Guiné-Bissau a nível sénior (tal como tem acontecido com vários outros atletas em situações similares, sendo Edgar Ié o exemplo mais recente), mas a ascensão na carreira, se vier a ser confirmada agora com a afirmação na Premier League, deverá afastar de vez essa possibilidade e virar de vez o foco do atleta para as cores lusitanas, até tendo em vista um exigível renovar de escolhas para a posição num futuro próximo – tudo indica que Pepe e José Fonte acabem a carreira internacional após o Mundial do Qatar (isto se Portugal lá chegar, obviamente), deixando duas vagas disponíveis para novos talentos que surjam e/ou se afirmem entretanto no panorama internacional. E Toti já vai levantando o braço…

Roderick Miranda: a sorrir na Austrália para exorcizar os fantasmas do passado

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Roderick Miranda, que recentemente assinou pelos australianos do Melbourne Victory, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Dificilmente se poderia pedir melhor para a estreia oficial no futebol australiano: eleito desde logo capitão de equipa no Melbourne Victory, Roderick Miranda comandou a defesa e ainda teve arte e engenho para, na sequência de um canto ofensivo, apontar o golo que garantiu o triunfo ao seu novo emblema na primeira jornada da edição de 2021/22 da A-League (1-0 no reduto do Western United). Um início de sonho para o central luso, que vive aqui a sua sexta aventura no estrangeiro – mas de longe a mais exótica de todas – e que vai assim tentando exorcizar de vez os fantasmas provocados pela associação ao Benfica e a um lance que o tem acompanhado por toda a carreira.

Nascido em Odivelas em 1991, filho de um médio brasileiro (Ademir Miranda) que passou grande parte da carreira em Portugal e aqui acabaria por assentar arraiais, Roderick cumpriu praticamente toda a formação nas águias, onde chegou com apenas 9 anos oriundo do Odivelas, sendo unanimemente apontado pelos especialistas como uma das maiores promessas do clube na primeira década deste século/milénio – era, por exemplo, frequentemente comparado a Carlos Mozer, uma das maiores figuras da História dos encarnados na posição de defesa-central. Recebeu as primeiras oportunidades na equipa principal ainda com 18 anos, lançado por Jorge Jesus curiosamente logo como titular e num jogo de Liga Europa (2-1 aos gregos do AEK, a 17 de Dezembro de 2009), e em 2010/11 chegou mesmo a capitanear a equipa na última das seis aparições que registou (1-1 no Algarve ante o Olhanense).

Com apenas 20 anos foi cedido ao Servette, histórico suíço orientado na altura por João Alves, por quem já tinha sido treinado nos juniores do Benfica, e no início de 2012/13 voltaria a ser emprestado, desta feita ao Deportivo da Coruña, englobado numa autêntica legião portuguesa que seguiu para a Galiza nessa temporada ao abrigo de uma “parceria” com Jorge Mendes (Tiago Pinto, André Santos, Pizzi e Nélson Oliveira, que se juntaram a Bruno Gama e Diogo Salomão). A escassa utilização, todavia, levou os encarnados a resgatá-lo a meio da temporada (e até a prolongar-lhe o vínculo até 2019, com cláusula de rescisão de 30 milhões de euros), com Jorge Jesus a apostar em Roderick principalmente numa lógica de rotação (titular nas meias-finais da Taça da Liga diante do Braga, falhando uma das grandes penalidades no desempate que sorriu aos minhotos, bem como nos dois jogos dos oitavos-de-final da Liga Europa contra o Bordéus, aqui actuando como médio-defensivo).

Até que chegou o fatídico 11 de Maio de 2013. Jogava-se no estádio do Dragão a 29ª e penúltima jornada da Liga e o Benfica chegava ao jogo na liderança com 2 pontos de vantagem sobre o Porto, com um empate a escancarar as portas do título às águias. E tudo estava a correr como previsto – encarnados estiveram mesmo em vantagem, mercê de um golo de Lima logo aos 19 minutos, acabando por permitir o empate aos 26′ num auto-golo de Maxi Pereira; o 1-1 arrastou-se por toda a restante primeira parte e também no segundo tempo, levando Jorge Jesus a lançar em campo Roderick ao minuto 66 para o lugar de Nico Gaitán numa perspectiva de reforçar o meio-campo e dar maior poder de combate à equipa para fazer face às investidas (já a raiar o desespero a partir de certa altura) dos portistas, a quem só a vitória interessava para poderem lançar-se rumo ao tricampeonato. E então, no decorrer do minuto 92, o que até aí parecia já impossível aconteceu mesmo: Liedson tocou para Kelvin e o jovem brasileiro, superando a marcação de Roderick, atirou para o fundo das redes à guarda de Artur Moraes, espoletando a loucura no Dragão e a imagem que ficou para a História do futebol nacional de Jorge Jesus ajoelhado e acometido de total incredulidade.

Essa seria mesmo a última aparição de Roderick com a camisola do Benfica. O defesa natural de Odivelas ainda foi ao banco no último jogo do campeonato (vitória caseira por 3-1 sobre o Moreirense), mas ficou de fora das convocatórias para as finais da Liga Europa com o Chelsea e da Taça de Portugal ante o Vitória de Guimarães, ambas perdidas por 2-1, e no verão acabou mesmo por ser cedido em definitivo ao Rio Ave. “Não digo que fui injustiçado, mas penso que me usaram como bode expiatório para a perda do campeonato. É algo que me passa ao lado porque tenho a plena noção de que não fui eu que decidi nada. Hoje em dia as pessoas continuam com isso, o que até é bom porque se lembram de mim, mas esse episódio não me marcou como pessoa ou como jogador. Pode ter manchado o meu nome, mas acho que isso faz parte do passado e, neste momento, já estou a apagar esse mau bocado e a mostrar por que razão as pessoas falam de mim desde os meus 18 anos”, dizia em entrevista ao jornal O JOGO em 2016.

E a verdade é que Roderick revitalizou, de facto, a carreira em Vila do Conde. Depois de ganhar paulatinamente o seu espaço ainda em 2013/14 sob o comando de Nuno Espírito Santo, fintou uma lesão grave que o tirou dos relvados alguns meses na temporada seguinte e em 2015/16 agarrou o lugar já sob as ordens de Pedro Martins; seria, porém, em 2016/17 que viria a fazer a que foi provavelmente a melhor temporada da carreira até ao momento, somando 37 partidas (todas como titular) e 3 golos e assumindo-se inclusivamente como capitão de um plantel que começou por ser treinado por Nuno Capucho e passou depois para os comandos de Luís Castro. Por esta altura começou a constar nas listas de pré-convocados de Fernando Santos para a selecção nacional – ele que somou 45 internacionalizações nas selecções jovens, tendo participado no Europeu de sub-19 em 2010 e no Torneio de Toulon e no Mundial de sub-20 (vice-campeão) em 2011 – e no verão de 2017 assinou por 4 temporadas com o Wolverhampton, reencontrando assim Nuno num plantel já recheado de portugueses (Rúben Vinagre, Rúben Neves, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa e Diogo Jota).

A armada lusa do Wolves conseguiu mesmo o objectivo, conquistando o Championship e assegurando assim a subida à Premier League, mas Roderick, que até começou a época com o estatuto de titular, foi utilizado apenas de forma residual na segunda metade da temporada (19 jogos no total) e em 2018/19 acabou cedido ao Olympiacos, reunindo-se mais uma vez com um antigo treinador seu (no caso, Pedro Martins). Ali totalizou 20 jogos, mas também não se conseguiu assumir como titular indiscutível, pelo que em 2019/20 optou por regressar a Portugal para se juntar ao entusiasmante projecto do recém-promovido Famalicão. No Minho fez 28 partidas (e 2 golos) mas no fim da temporada mais atípica das últimas décadas (fruto do surgimento da pandemia do coronavírus) decidiu desvincular-se em definitivo do Wolverhampton; depois de alguns meses sem clube, acabou por rumar à Turquia a 1 de Fevereiro para reforçar o Gaziantep, então orientado por Ricardo Sá Pinto.

No emblema turco assumiu de pronto a titularidade, acabando a época com 13 jogos efectuados, mas decidiu não prolongar a ligação após o término da mesma, ficando disponível para decidir o seu futuro – até que no passado dia 1 de Outubro foi oficializado como reforço dos australianos do Melbourne Victory, por quem teve a estreia de sonho com cuja descrição iniciámos este artigo. Aos 30 anos, é perfeitamente aceitável afirmar-se que Roderick não teve a carreira áurea que se lhe augurava desde tenra idade, ostentando um palmarés a nível sénior com “apenas” um Championship e duas Taças da Liga pelo Benfica (onde fez apenas um jogo em cada uma dessas edições, não estando contabilizado o campeonato de 2009/10 por não ter somado nenhum minuto, apesar de ter ido ao banco em duas ocasiões) e não tendo conseguido a tão ambicionada chamada à selecção A; ainda assim, também será justo dizer que estabeleceu o seu nome como um dos bons centrais da Liga portuguesa na última década, estando ligado a algumas das mais belas épocas da História do Rio Ave (e também do Famalicão), e que se mostrou a bom nível na maioria das aventuras que teve além-fronteiras – uma evidência a que pretende acrescentar mais um capítulo agora na Austrália, com o início a dar mostras disso mesmo.

Dia do Pai

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Neste Dia do Pai recordámos três distintos casos de Pais futebolistas que viram os seus filhos seguirem-lhes as pisadas:
 
Domingos e Gonçalo Paciência: Domingos brilhou sobretudo no FC Porto, onde se destacou pela velocidade e capacidade de finalização e viu dois dos seus três filhos “darem” jogadores, sendo que o do meio, Gonçalo, alinha, como se sabe, pelo Eintracht Frankfurt, já depois de ter sido campeão pelo FC Porto tal como o pai foi.
 
Rui Costa, Filipe Costa e Hugo Costa: Rui Costa é um dos melhores jogadores portugueses de sempre, jogou sempre a grande nível e tem dois filhos futebolistas: Filipe e Hugo Costa jogam no Damaiense, da Divisão Pró-Nacional da AF Lisboa, ainda não chegaram a profissionais, mas um deles, Filipe, até já esteve no Campeonato de Portugal ao serviço do Louletano.
 
Neves e Rúben Neves: aos 17 anos já Rúben Neves jogava e marcava no Dragão pelo FC Porto, brilhando agora no Wolverhampton, para onde se transferiu em 2017. Curiosamente, o Pai do médio, José Neves, também foi futebolista mas nunca chegou a profissional, tendo representado clubes como o União de Lamas e o Canedo na II Divisão B e III Divisão Nacional respetivamente.