Diogo Gonçalves: a aventura dinamarquesa já trouxe sorrisos e troféus

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Diogo Gonçalves, extremo que representa os dinamarqueses do Copenhaga, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Não é caso único, mas não deixa de ser curioso: Diogo Gonçalves pode celebrar nos próximos dias a conquista de… 2 campeonatos. Hoje mesmo já festejou pelo Benfica, por quem fez 10 jogos na primeira metade da época, e na segunda-feira pode sagrar-se também campeão da Dinamarca, caso o seu Copenhaga vença na deslocação ao reduto do Viborg e o Nordsjaelland não ganhe em casa do Brondby.

A juntar a estes 2 títulos, o extremo nascido há 26 anos em Almodôvar celebrou já esta época a conquista da Taça da Dinamarca, e com total propriedade: foi dele o golo (e que golo) que deu a competição ao Copenhaga, na final diante do Aalborg (1-0), já depois de ter marcado nas duas mãos das meias-finais com o Nordsjaelland (derrota por 3-2 e vitória por 5-3). Diogo Gonçalves, de resto, está a fazer uma reta final de temporada memorável, com 6 golos apontados nos últimos 6 jogos – 2 dos quais na emocionante vitória por 4-3 sobre o Aarhus do último fim-de-semana.

A mudança para a Dinamarca, pode bem dizer-se, terá sido uma das melhores decisões da carreira do atleta alentejano, após quase 15 anos de ligação ao Benfica, onde chegou ainda criança proveniente do Ferreiras, depois de ter começado no Almodôvar. Apontado desde muito cedo como uma grande promessa do clube, assinou o primeiro contrato profissional aos 16 anos e foi promovido à equipa principal com 20, após 2 épocas de excelente rendimento na II Liga pela formação secundária.

A conjuntura acabou por não o beneficiar, dada a temporada menos bem conseguida dos Encarnados em 2017/18, e após 13 jogos na equipa principal e 4 na B, surgiria a possibilidade de seguir por empréstimo para o Nottingham Forest, um histórico que almejava regressar à Premier League. Diogo Gonçalves aceitou o desafio e, à chegada a Inglaterra, até assumiu pretender convencer o novo clube de modo a poder ser contratado em definitivo no fim da época, mas tal não viria a acontecer: com apenas 10 jogos efectuados em toda a temporada (só 4 como titular, e só 1 deles no Championship), não convenceu os responsáveis do emblema inglês a exercer a cláusula de opção de compra, no valor de 15 milhões de euros.

Deu-se então o regresso a Portugal, mas sem lugar nas opções de Bruno Lage para integrar o plantel do Benfica acabado de se sagrar campeão nacional, nova cedência surgiu no caminho do extremo. Esta, todavia, viria a revelar-se bem mais conseguida: foram 34 jogos, 7 golos e 6 assistências no Famalicão que ficou às portas da Europa (sexto lugar, a 1 ponto do quinto), onde chegou até a envergar a braçadeira de capitão, que lhe valeram uma nova oportunidade nas Águias para 2020/21 – e até a renovação de contrato, até 2025.

Sob as ordens de Jorge Jesus, Diogo Gonçalves teria utilização residual na primeira metade da temporada, mas acabaria a mesma a destacar-se como lateral – uma posição que já havia experimentado esporadicamente nas selecções jovens, na equipa B e no Famalicão. “Não tenho dúvidas nenhumas, vai ter melhor carreira como lateral-direito. Não é por acaso que o puxei para trás. Ainda pode melhorar mais. Eu acredito mais nele do que ele em si próprio. Defensivamente, compete-me a mim ensinar-lhe e ele está a aprender. Não tenho dúvidas que pode ser um excelente lateral-direito e não tenho dúvidas que nunca vai ser um excelente ala direito”, dizia o actual técnico do Fenerbahçe a 3 de março de 2021, após uma vitória por 2-0 sobre o Boavista na qual o alentejano fez as assistências para os 2 golos da partida a jogar precisamente naquela posição.

A verdade é que, depois dos 31 jogos, 2 golos e 6 assistências (que lhe valeram mesmo o galardão Cosme Damião para Jogador Revelação da temporada), Diogo Gonçalves regressou à utilização intermitente em 2021/22, quer com Jorge Jesus quer com Nélson Veríssimo (34 jogos, mas a maioria como suplente utilizado, e apenas 1 assistência em toda a temporada), e também não conseguiu mudar esse cenário com Roger Schmidt, sendo opção inicial apenas 3 vezes em 20 utilizações.

Foi neste contexto que apareceu o convite do Copenhaga, crónico campeão dinamarquês, e Diogo Gonçalves decidiu embarcar na aventura, agora a título definitivo. O gigante da capital dinamarquesa pagou 2 milhões de euros (uma ninharia para quem tinha cláusula de rescisão avaliada em 45 milhões) e assegurou os serviços do atleta luso até 2027, numa parceria que já começou a dar frutos de forma clara: a jogar onde mais gosta (no ataque), Diogo Gonçalves soma já 7 golos e 2 assistências em 16 partidas efectuadas, tendo já inaugurado o palmarés com a tal Taça em que decidiu a favor da sua equipa e preparando-se agora para celebrar a conquista de 2 campeonatos.

Presença assídua nas selecções jovens (somou 71 internacionalizações entre os sub-15 e os sub-21, tendo participado nos Europeus de sub-17 em 2014 e de sub-19 em 2016, bem como no Mundial de sub-20 em 2017, no qual marcou 3 golos em 5 jogos), Diogo Gonçalves não conseguiu atingir no Benfica o patamar de rendimento que lhe permitisse chegar ao estatuto de internacional A. Poderia pensar-se que, ao deixar as Águias em definitivo e rumar à Dinamarca, pudesse ficar mais prejudicado nesse sentido, mas a verdade é que, a continuar neste registo pelo Copenhaga, esse pode não ser um cenário assim tão longínquo num futuro mais ou menos próximo, até pelos muitos anos de futebol que ainda tem pela frente.