(Ricardinho está na terceira passagem pelo Portosantense, clube onde voltou a meio da temporada passada.)
Com apenas dois pontos somados em treze jornadas – um jogo em atraso – na Divisão de Honra da AF Madeira, o Portosantense ocupa a última posição do campeonato e está numa situação complicada, depois de há duas épocas ter ficado muito perto de subir ao Campeonato de Portugal.
Afastado dos Nacionais desde 2012, o clube de Porto Santo está a fazer a sua pior temporada desde que baixou aos Distritais e, até ao momento, apenas conseguiu empatar com Porto da Cruz (casa, 2-2) e Estrela da Calheta (fora, 1-1).
Ricardinho, extremo dos azuis e brancos, esteve à conversa com o blog e começou por sublinhar que as coisas não estão a sair bem à equipa, acrescentando que o clube está a viver uma fase de transição, o que não ajuda nos resultados desportivos:
“(O que vos tem faltado?) Sinceramente, isso é uma pergunta difícil de responder, porque, por vezes, nem nós sabemos o que se passa. Por mais que lutemos jogo após jogo, as coisas não estão a ‘dar’. Por outro lado, isto também tem a ver com o ano de transição que está a haver no clube, com a chegada e partida de muitos jogadores, e não encontrámos uma base para estarmos estáveis. Costuma-se dizer que por trás de uma grande equipa tem que estar uma grande estrutura e, neste momento, isso ainda não existe no Portosantense”, afirmou.
A oito jogos do fim do campeonato e apesar de ainda ter um jogo a menos, o Portosantense está a apenas seis pontos de deixar a zona de descida, mas a mais do que provável descida do Câmara de Lobos aos Distritais, implicará mais uma descida na Divisão de Honra, complicando, assim, as “contas” da turma de Porto Santo.
Com a deslocação a casa do líder Camacha no próximo domingo, Ricardinho promete um Portosantense a honrar a camisola e garante que a equipa não vai “atirar a toalha ao chão” na luta pela permanência:
“Sabemos que o próximo jogo irá ser um jogo muito complicado, em casa de uma equipa fortíssima, que está em primeiro, e que tem jogadores com muita qualidade. Mas resta-nos lutar até ao fim e honrarmos a camisola que vestimos todas as jornadas, e, no fim do campeonato, veremos o que acontece. Apesar de sabermos que irá ser muito dificil alcançarmos a manutenção, não vamos desistir”, frisou.
Como já se percebeu, a realidade do Portosantense é muito diferente daquela que o clube viveu nas décadas passadas: às quatro participações na II Divisão B, o emblema madeirense soma inúmeras presenças na extinta III Divisão, chegou a ser comandado por nomes como Lito Vidigal, Manuel Matias ou Rui Esteves e teve jogadores como Pires, Hugo Gomes, Léo Oliveira ou Toni Vidigal.
Na opinião de Ricardinho o clube precisa de voltar a estabilizar a nível estrutural e financeiro para aspirar voltar aos patamares onde já esteve e salienta que a população da ilha deveria unir esforços para ajudar o clube a reerguer-se:
“Principalmente, tem que haver grande estabilidade a nível estrutural. Mas também sei que está havendo um grande esforço das pessoas que estão a trabalhar no clube neste momento, porque não é fácil devido às enormes dívidas que “herdaram” do passado. Penso que aos poucos tudo irá ficar dentro da normalidade, mas, para isso, também é preciso a ajuda de todos, fundamentalmente, das pessoas da ilha, que não devem “deitar” mais para baixo o clube”, analisou.
Formado no União da Madeira, por quem alinhou no Campeonato de Portugal na primeira metade de 2018/2019, Ricardinho tem um percurso como sénior quase todo feito no Portosantense, por quem alinhou, inclusive, na III Divisão.
O jogador mostra-se satisfeito pelo que tem alcançado no futebol apesar de considerar que podia ter feito mais e conta que tem a consciência tranquila por ter dado sempre tudo pelos emblemas que representou:
“Sinto que tem sido um bom percurso, apesar de saber que, se calhar, tinha condições para chegar mais longe. Por vezes, há alturas em que tomámos opções e depois vemos que não foram as opções certas derivado a muitas coisas. Sabes que em certas alturas vamos nas conversas de empresários, ou supostos empresários, acabámos sempre mal aconselhados e vamos rejeitando algo certo pelas ilusões que temos. Mas estarei sempre de consciência tranquila pois sei que dei tudo por onde passei”, assinalou.
A cumprir a terceira passagem pelo Portosantense, clube ao qual regressou a meio da temporada passada, Ricardinho soma, até ao momento, onze jogos no principal campeonato madeirense.
Atualmente com 29 anos, o atleta revela que o seu objetivo para esta época passa pela manutenção do Portosantense apesar das dificuldades, e ambiciona, ainda, ter uma experiência no futebol internacional, algo que, diz, já podia ter acontecido:
“O principal objetivo que tenho esta temporada é conseguir a manutenção pelo clube, mas em termos individuais, acho que até me está a correr minimamente bem. Apesar de já ter 29 anos, ainda tenho o objetivo de sair de Portugal para experimentar novas aventuras e outros campeonatos, algo que já tive oportunidade de fazer, mas acabei sempre por ficar em ‘terra'”, terminou.
Ricardinho, alcunha de Ricardo Sousa, começou a jogar futebol com oito anos nas Escolinhas do União da Madeira, clube onde fez toda a sua formação ao longo de onze temporadas. Como sénior, já representou União da Madeira B, Estrela da Calheta, Camacha, União da Madeira e Portosantense.