Club Brugge: surpresa… ou talvez não

clubbrugge(Os festejos dos jogadores do Brugge após o apuramento para os Oitavos-de-Final da Champions alcançado ontem em Madrid.)

Tido como sendo a equipa mais acessível do Grupo B da Liga dos Campeões da atual temporada, o Club Brugge contrariou todas as expetativas e apurou-se para os Oitavos-de-Final ainda com dois jogos pela frente, superando a concorrência de FC Porto, Atlético de Madrid e Bayer Leverkusen.
Se, à primeira vista, o desempenho dos belgas pode ser surpreendente, os números não deixam dúvidas quanto à sua qualidade: às incríveis três vitórias em quatro jogos, o Brugge junta ainda um registo defensivo imaculado, visto que não sofreu qualquer golo até ao momento – é, de resto, a única equipa sem golos sofridos na prova!
Tri Campeão Nacional em título, o Club Brugge até já foi vice-campeão europeu – perdeu a final de 1978 com o Liverpool (0-1) -, mas desde que a principal prova europeia de clubes mudou de nome e formato, nunca tinha conseguido passar da fase de grupos, tradição que foi quebrada ontem graças ao empate sem golos em Madrid.
Inseridos no mesmo grupo de três clubes muito experientes nestas andanças, os belgas começaram por cometer a primeira “maldade” logo na ronda inaugural, ao derrotarem em casa o Leverkusen (1-0), mas a grande surpresa seria o resultado alcançado na semana seguinte em pleno Dragão: a formação comandada por Carl Hoefkens, como se sabe, goleou o FC Porto por 4-0 e era líder ao fim de duas partidas.
A dupla jornada com o Atlético poderia trazer o primeiro dissabor aos belgas, mas quem apostou tudo nesse desfecho, cometeu um grande erro: no Jan-Breydel-Stadion, o Brugge fez dois golos e somou a terceira vitória em outros tantos jogos, e esta quarta-feira conseguiu suster o resultado de início ao fim, garantindo assim um apuramento inédito.
Já se percebeu, portanto, que o percurso europeu que o Club Brugge tem realizado esta época, só é uma surpresa no papel: dentro de campo, que é onde se provam os tais favoritismos, os “blauw-zwart” têm sido extremamente competentes a todos os níveis, eles que até ocupam o terceiro lugar da Liga Belga a oito pontos do líder.

Amokachi: o autor do primeiro golo da Liga dos Campeões

amokachi(Amokachi esteve quatro temporadas ao serviço do Club Brugge.)

No dia em que se iniciou mais uma edição da Liga dos Campeões, introduzida em 1992 para substituir a Taça dos Campeões Europeus e dar mais competitividade ao futebol europeu, lembrámos o autor do primeiro golo da história da prova: Daniel Amokachi.
Composta por apenas dois grupos de quatro equipas, a fase final da Champions arrancou a 25 de Novembro e teve todos os jogos no mesmo dia: Club Brugge – CSKA Moscovo e Rangers – Marselha no Grupo A; FC Porto – PSV e AC Milan – IFK Göteborg no Grupo B foram os primeiros jogos da competição.
Daquele que seria, eventualmente, o jogo menos cotado da primeira grande noite de Liga dos Campeões, saiu então um momento histórico: ao minuto 16, o nigeriano Amokachi, do Club Brugge, fez o único golo com que a sua equipa derrotou os russos e entrou diretamente para a história da nova “prova milionária” da UEFA.
Curiosamente, esta partida foi a que menos golos teve, apenas um, sendo que nos restantes três encontros registaram-se quatro golos em todos: 2-2 nas Antas (bis de um tal de Romário) e no Ibrox Park; 4-0 em San Siro.
Não se pense, porém, que Amokachi só ficou célebre por este momento: o avançado foi peça importante na sua Seleção na década de 90, pela qual conquistou a CAN em 1994 e os Jogos Olímpicos em 1996, e disputou também os Mundiais de 1994 (2 golos) e 1998.
Em 92/93 cumpriu a terceira de quatro épocas que haveria de realizar ao serviço do Brugge, por quem foi Campeão em 91/92, e a sua prestação no Mundial dos Estados Unidos despertou a atenção do Everton, onde acabaria por não se afirmar apesar de ter feito catorze golos em duas temporadas.
Revelado pelo Ranchers Bees do seu País, trocou os “toffees” pelo Besiktas em 1996, e seria na Turquia que encerraria a sua carreira oficialmente, dado que posteriormente ainda chegou a acordo com alguns clubes, como os franceses do Créteil e os americanos do Colorado Rapids, mas os vários problemas físicos que tinha impediram-no de continuar a jogar a um bom nível.
Atualmente com 48 anos, Daniel Amokachi, que é coordenador técnico dos finlandeses do JS Hercules, fica para a história como o autor do primeiro golo da Liga dos Campeões.