Ideal: permanência garantida ao “soar do gongo”

scideal(A festa dos jogadores do Ideal na tarde de ontem. Créditos de imagem: facebook SC Ideal.)

O Sporting do Ideal alcançou a manutenção no Campeonato de Portugal e conseguiu-o de forma dramática: os açoreanos tinham que vencer o Fabril, que também estava obrigado a vencer para se salvar, e esperar que a equipa B da B SAD fosse derrotada na deslocação ao Praiense.
Ora, na Praia da Vitória, os Homens da casa venceram por confortáveis por 4-0, pelo que na Ribeira Grande só a vitória interessava a Ideal e Fabril: os da casa saíram na frente (15′), permitiram a reviravolta (17′ e 32′) e chegaram ao minuto 80 a perder e virtualmente despromovidos.
O melhor, para os açoreanos, estava para chegar: Douglas Abner converteu uma grande penalidade que empatou a partida aos 81 minutos, e em cima do minuto 90, Kevin Saldarriaga estreou-se a marcar na temporada, fazendo o 3-2 final que garantiu a permanência à sua equipa.
Esta temporada do Ideal teve duas partes distintas: na primeira metade do campeonato, os verde e brancos só perderam um dos primeiros cinco jogos – diante do Estrela que haveria de vencer a série – e andaram praticamente sempre fora da zona de descida; e na segunda volta, só ontem, quando mais interessava, é que conseguiram sair da “linha de água” e evitar a queda aos Distritais.
Para a história, além deste final de época emotivo, ficam os números: Sidónio Ferreira, que enquanto jogador alinhou pelo Gil Vicente na I Liga e fez grande parte da sua carreira nos Açores, guiou o Ideal ao oitavo lugar final na Série G com 23 pontos, resultantes de cinco vitórias, oito empates e nove derrotas em vinte e dois jogos, com um score de 26-34 em golos – no plano individual, Douglas Abner foi o segundo melhor marcador da série com nove golos (todos na segunda volta) e acabou empatado com Pedro Marques, do Sporting B, que precisou de apenas onze jogos contra os dezassete do brasileiro.
Naquela que foi a sexta temporada consecutiva no Campeonato de Portugal, o Sp. Ideal conseguiu assim atingir a permanência ao “soar do gongo” numa série que foi muito disputada e equilibrada.

Xexé: “Os últimos jogos exigiram o máximo de nós”

Xexe.jpg(Xexé não vai continuar no Ideal, depois de uma temporada em que fez trinta e três jogos no campeonato, trinta deles como titular.)

A disputar o Campeonato de Portugal pela quarta época consecutiva, o Ideal assegurou a manutenção na Série D, terminando na décima primeira posição.
O emblema açoriano não teve, passe a expressão, o arranque ideal de temporada, mas, depois, encetou uma boa recuperação na tabela, resolvendo a questão da permanência na reta final do campeonato.
Xexé, lateral ou extremo do Ideal, falou com o blog sobre a temporada da sua equipa, começando por falar do que originou o mau arranque de época, e explicou o que, a seu ver, motivou a recuperação da equipa na prova:
“Sim, começamos mal a época e, talvez, um dos fatores para o nosso mau arranque de campeonato, tenha sido a falta de ritmo de jogo, uma vez que fizemos poucos jogos de treino, apenas três e todos contra o Santa Clara, enquanto que as equipas do Continente, fazem nove ou dez jogos na pré-época. Depois melhorámos e conseguimos ganhar jogos, e penso que o que nos permitiu fazer uma boa recuperação, foi uma importante vitória que tivemos em casa, sobre o Olhanense, uma das boas equipas deste campeonato, e em que iniciamos aí uma série de oito jogos consecutivos sem perder, em que ganhamos sempre os jogos em casa e fora o nosso objetivo era pontuar”, contou.
Contas finais feitas, em trinta e quatro partidas, o Ideal venceu doze, empatou onze e perdeu outras onze, marcou quarenta golos e sofreu trinta e nove, tendo terminado, então, no décimo primeiro lugar, com 47 pontos.
Depois da tal recuperação, que lhe permitiu ascender à primeira metade da tabela, a formação da Ribeira Grande, teve, já na segunda volta, uma fase em que somou cinco derrotas em seis jogos, e que originou uma mudança de treinador, caindo, a poucas jornadas do fim, para o décimo terceiro posto, o primeiro imediatamente acima da “linha de água”.
Apesar de ter uma vantagem relativamente confortável de sete pontos para a zona de descida, quando faltavam sete jogos, o Ideal “puxou dos galões” e alcançou quatro vitórias e dois empates nos derradeiros sete encontros, assegurando a permanência com tranquilidade.
Xexé sublinha que a situação na tabela classificativa exigiu o máximo da equipa, referindo que alguns pontos perdidos pela equipa fora de casa, impediram-na de assegurar o seu objetivo mais cedo:
“Termos ficado perto da ‘linha de água’, exigiu o máximo de nós nos últimos jogos, e a mudança de treinador, ajudou, na minha opinião, a melhorar a forma como defendíamos e trouxe uma nova intensidade nos treinos. Penso que o que nos faltou para termos garantido a permanência mais cedo, foi mesmo nos jogos fora, onde perdemos ou empatamos jogos em que estávamos a ganhar, e, assim, nunca conseguíamos fazer uma série de três ou quatro vitórias consecutivas”, afirmou.
Na Taça de Portugal, os verde e brancos fizeram dois jogos e perderam ambos, diante de equipas que tinham ambições maiores no Campeonato de Portugal: na primeira ronda, perderam com o Real (0-2); e, na segunda eliminatória, depois de terem sido repescados, não conseguiram superar o Fafe (0-1).
Numa época que começou mal e acabou bem, Xexé destaca os oito jogos consecutivos sem perder como o melhor momento da temporada:
“O melhor momento da época acho que foi a série de oito jogos seguidos sem perder, o que nos fez subir na tabela classificativa. Quanto ao pior momento, foi mesmo o arranque de campeonato, onde não conseguimos pontuar da maneira que queríamos”, elegeu.
O jogador, de 23 anos, que pode atuar como defesa esquerdo ou extremo, foi, esta época, muitas vezes utilizado como defesa direito, tendo feito trinta e três jogos e um golo no campeonato e um jogo na Taça de Portugal, naquela que foi a sua segunda passagem pela equipa principal do Ideal.
Sobre a próxima temporada, Xexé conta que não vai continuar no Ideal, revelando a sua ambição de chegar aos campeonatos profissionais:
“Em relação à próxima época, ainda não decidi onde vou jogar, mas não vou ficar no Sporting Clube Ideal. Quanto às minhas ambições para o futuro, gostaria de chegar, em Portugal, aos campeonatos profissionais”, concluiu.
Xexé, alcunha de João Garcia, começou a jogar precisamente nas Escolinhas do Ideal, com oito anos, onde esteve quatro temporadas antes de se mudar para o União Micaelense, clube que representou também por quatro anos. Nos Juniores, mudou-se para o Santa Clara, por quem se estreou na II Liga, ainda como júnior. Como sénior, já representou Operário e Praiense, além do Ideal, onde estava desde o meio da temporada 2016/2017, e pelo qual já tinha passado em 2015/2016.