Morosini: 10 anos de um desaparecimento trágico

Morosini(Piermario Morosini disputou nove jogos pelo Livorno.)

Sábado, 14 de Abril de 2012: o Livorno ganha por 2-0 em casa do Pescara (que tinha nomes como Verratti, Insigne, Immobile ou Caprari), a contar para a Série B Italiana, quando à passagem da meia-hora um jogador seu está em dificuldades para se aguentar de pé.
De um momento para o outro, Piermario Morosini caiu no relvado, tentou levantar-se por duas vezes, e à terceira ficou deitado no chão: auxiliado de pronto pelos médicos dos clubes e pela equipa de emergência que se encontrava no estádio, foi transportado ao Hospital de Pescara, onde viria a ser declarado o óbito naquela tarde.
Aos 25 anos, Morosini perdia a vida a fazer o que mais gostava, com o resultado da autópsia a indicar que a causa do falecimento foi uma miocardiopatia arritmogénica, doença genética rara que transforma gradualmente as células musculares do coração em gordura e que é muito difícil de detetar, segundo explicou meses mais tarde Cristiana Basso, perita escolhida pela família para investigar o caso.
A morte de Morosini chocou o futebol italiano, mais ainda porque a história de vida do médio era tudo menos alegre: aos 15 anos perdeu a mãe; dois anos depois, o pai também faleceu; e meses após a morte do progenitor, o seu irmão mais novo, Francesco, deficiente motor e que dependia da sua ajuda, suicidou-se.
Desamparado e bastante jovem, Morosini, que após esta sequência de trágicos acontecimentos, teve de passar a cuidar da irmã Maria Carla, que sofria de vários problemas de ordem psicológica, agarrou-se ao futebol e concretizou o objetivo de ser profissional.
Natural de Bergamo (05/07/1985), fez a sua formação na Atalanta, transferiu-se para a Udinese em 2005, então com 19 anos, fez alguns jogos na Serie A, e integrou por diversas vezes as Seleções mais jovens transalpinas, tendo mesmo disputado dois Europeus: um de Sub-17 e outro de Sub-21.
Em Udine, onde foi colega de Luís Vidigal, encontrou sempre uma forte concorrência no meio-campo e somou vários empréstimos a clubes de Serie B: Bolonha, Vicenza, Reggina, Pádova e Livorno foram os clubes que o receberam, sendo que em Pádova, na segunda metade de 09/10, voltou a partilhar o balneário com outro português – Vasco Faísca.
Dias após a morte de Morosini, Livorno e Vicenza retiraram o número 25 em jeito de homenagem, mas o gesto mais bonito veio da parte de Antonio Di Natale: o histórico capitão da Udinese, ex-companheiro do malogrado jogador, assumiu a custódia da irmã do amigo, encarregando-se de cuidar dela para sempre.
Há exatos 10 anos, Piermario Morosini partiu rumo à eternidade.