José Embaló: em ponto de rebuçado na altura ideal

embalo

José Embaló, avançado que representa o Alashkert, da Arménia, é o jogador em destaque esta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

2021 está a ser provavelmente o melhor ano da História do Alashkert, emblema arménio fundado em 1990 e que, depois de ter fechado as portas no início do século/milénio, ganhou uma nova vida em 2011, ao ser adquirido por um empresário da região de Martuni – que entretanto comprou o estádio Nairi em Yerevan, capital da Arménia para onde o clube se mudou. Campeão nacional pela quarta vez no fim da última temporada, ganhou o direito a jogar as pré-eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões e até passou a primeira, caindo depois para a Liga Europa onde chegaria ao play-off final, garantindo assim presença na fase de grupos da recém-criada Liga Conferência, no patamar mais alto alguma vez alcançado em competições europeias.

A todos estes feitos juntou também a conquista da Supertaça na última sexta-feira, e mais uma vez com um nome a repetir-se nas celebrações: José Embaló. O avançado nascido há 28 anos em Lisboa foi contratado no início da temporada depois de apontar 15 golos no terceiro escalão da Polónia em 2020/21, ao serviço do Olimpia Grudziadz, e de imediato se estabeleceu como titular indiscutível; não chegou a facturar nas duas pré-eliminatórias da Champions, mas foi a grande figura do apuramento para o play-off da Liga Europa ante o Kairat Almaty ao apontar 2 golos na vitória por 3-2 após prolongamento.

A cereja no topo do bolo surgiu então na final da Supertaça, na qual o Alashkert enfrentou o rival Ararat Yerevan, com José Embaló a apontar o único golo do encontro e que valeu então a conquista do troféu para a sua equipa. Na semana anterior havia já sido também ele a marcar o primeiro golo de sempre dos Yellows na Liga Conferência, na derrota por 4-1 contra o Maccabi Telaviv, e entretanto facturou também no desaire caseiro desta quinta-feira diante do HJK Helsínquia (2-4). Ao todo, o ponta-de-lança luso-guineense soma já 6 golos nos 16 jogos realizados pelo campeão arménio, que por culpa do foco nas competições europeias acaba por estar a registar um começo de temporada atípico ao nível do campeonato – é neste momento nono e penúltimo classificado, com apenas 5 pontos em 6 jogos, embora tenha ainda duas partidas em atraso (caso as vença subirá ao quinto posto, mas ainda assim já muito longe do líder Ararat Armenia, que leva já 22 pontos em 8 jornadas).

Pouco conhecido do comum adepto português, José Embaló tem um percurso bastante peculiar. Com formação dividida entre clubes da capital (Belas, Algés e Casa Pia), a primeira época como sénior foi passada… no AEL Limassol, campeão cipriota em título nessa temporada de 2012/13 e que teve Jorge Costa durante alguns meses no comando técnico, num plantel onde constavam ainda Rui Miguel, Jorge Monteiro, Paulo Sérgio e Orlando Sá. Embaló acabaria assim por dispor de muito pouco espaço, fazendo apenas 5 jogos, e no fim da época seguinte (na qual fez apenas 3 partidas, estreando-se ainda assim a marcar precisamente no último jogo que fez no Chipre) regressou a Portugal pela porta do Beira-Mar, depois de goradas as negociações para assinar pelo Vitória SC, onde deveria começar pela equipa B.

Em Aveiro também não se pode dizer que tenha sido muito feliz, somando apenas 7 aparições (só uma vez titular na II Liga) em toda a época – curiosamente a última do histórico emblema aveirense nas divisões profissionais. Aventurou-se então novamente no estrangeiro, dividindo-se em 2015/16 pelas II Ligas de Roménia (Rapid Bucareste, 10 jogos e 2 golos) e Islândia (KF Fjarðabyggðar, 13 jogos e 4 golos). Seguiu-se um regresso ao Chipre com números interessantes no Ayia Napa, no segundo escalão (11 golos em 26 jogos) e em 2017/18 a primeira incursão pela Polónia para representar o Rakow, com 5 golos em 26 partidas disputadas no segundo escalão.

No verão de 2018, seduzido pelo apelo “de casa”, José Embaló voltou a Portugal e ao “seu” Casa Pia com sucesso retumbante: 32 jogos (praticamente metade como titular), 9 golos e o título de campeão do Campeonato de Portugal – e consequente subida do emblema de Pina Manique aos campeonatos profissionais, muitas décadas após a última presença. O avançado lisboeta, contudo, não acompanhou os Gansos nessa demanda, preferindo regressar à II Liga polaca para jogar no Puszcza Niepolomice, que trocaria a meio da época pelo Olimpia Grudziadz (ao todo, somava 26 jogos e 7 golos até ao momento da paragem abrupta das competições devido ao eclodir da pandemia do coronavírus).

2020/21 foi de facto a melhor temporada da carreira de José Embaló em termos de golos – os números assim o dizem. 2021/22, porém, está a revelar-se ainda mais risonho no que respeita a objectivos e metas cumpridas: possante, rápido e incisivo na hora de atirar à baliza, o avançado português (também elegível para a selecção da Guiné-Bissau por ascendência familiar) estreou-se a disputar jogos de competições europeias (e a marcar também), conquistou já o primeiro troféu alusivo a um escalão principal (e com um golo em nome próprio) e caminha a passos largos para bater esse tal recorde de 15 golos numa época. Fica agora a expectativa para perceber até onde pode chegar um jogador que ainda tem vários anos de futebol pela frente e que parece estar neste momento finalmente a atingir o ponto desejável de maturidade e capacidade futebolística.