Emanuel: “O nosso segredo é o trabalho”

Emanuel

Está encontrado o primeiro Campeão Distrital 2019/2020: nos Açores, o Rabo de Peixe levou a melhor sobre a concorrência concluídas que estão apenas duas jornadas da fase de subida e está de regresso aos Campeonatos Nacionais sete anos depois.
O emblema da Ribeira Grande dominou a fase regular do Campeonato de Futebol dos Açores/Liga Grupo ESO RE/MAX e festejou a subida ao Campeonato de Portugal no último domingo, beneficiando do empate registado entre Angrense e Operário, depois de ter ganho ao Guadalupe por 3-1.
O “Conversas Redondas” chegou à fala com Emanuel, médio do Rabo de Peixe, que começou por nos contar acerca dos “segredos” do sucesso dos açoreanos:
“Sem dúvida que a nível coletivo está a ser a melhor época que o Rabo de Peixe teve dos nove anos que levo no clube. O grande ‘segredo’ foi o trabalho. Além disso, o mister também foi importante, claro, porque implementou as suas ideias, nós acreditámos sempre nas ideias dele e isso também teve influência”, afirmou.
A fase regular da Liga Grupo ESO RE/MAX já deixava “suspeitas” quanto ao seu vencedor final: em dezoito jogos, o Rabo de Peixe venceu quinze, empatou dois e perdeu somente um, marcou quarenta e um golos e sofreu apenas seis, números que lhe permitiram vencer o campeonato com dezasseis pontos de avanço para o segundo classificado, Angrense.
Emanuel destaca a exigência e competitivadade da principal liga açoreana e assume que o grande objetivo do Rabo de Peixe era subir apesar da presença de clubes históricos e com outros pergaminhos a nível nacional:
“O Campeonato dos Açores é muito exigente e muito competitivo. Nós fomos sempre pensando jogo a jogo e respeitando sempre os adversários que tínhamos. O Angrense, o Operário e o Lusitânia, por exemplo, eram os candidatos mais fortes porque já estiveram muitos anos nos Campeonatos Nacionais. O objetivo do clube era subir, sem dúvida, mas tínhamos noção que ia ser difícil para todos e, ainda para mais, não temos campo próprio, treinámos em campo neutro e sempre em metade do campo, o que aumentava as nossas dificuldades”, frisou.
Depois de em 2016 ter perdido o seu campo de sempre, o Campo de Jogos do Bom Jesus, o Rabo de Peixe viu-se obrigado a passar a usar o Estádio Municipal da Ribeira Grande, enquanto espera pela chegada do seu novo estádio, cujo projeto está idealizado há já quase três anos.
Apesar desta contrariedade que é jogar em casa emprestada, os adeptos comparecem em massa, conforme nos contou Emanuel, que não esqueceu os esforços que a direção do clube tem feito pelo mesmo e pelos seus atletas:
É muito complicado estar sem campo. Rabo de Peixe tem adeptos apaixonados pelo clube e, jogando em casa ou fora, tínhamos de dar tudo em campo, fosse onde fosse e contra quem fosse. Usámos estas coisas todas para nos dar ainda mais força e conseguimos subir. Gostaria de referir aqui algumas pessoas importantes no clube, que são o presidente Jaime Vieira, o vice-presidente Artur Pimentel, os diretores Frederico Ponte e Dino Tavares, e a restante direção claro, porque sempre nos deram tudo e fizeram tudo por nós e pelo CD Rabo de Peixe”, vincou.
Ainda com oito jornadas para se jogar da fase de subida ao Campeonato de Portugal e já com o título conquistado, o Rabo de Peixe centra agora atenções na Taça de São Miguel, onde vai defrontar o São Roque nas Meias-Finais.
Emanuel salienta que a equipa vai honrar a camisola até ao fim do campeonato e quer continuar a fazer história na Taça, onde pode atingir a final da competição pelo terceiro ano consecutivo:
Vamos honrar a camisola e o símbolo até ao fim do campeonato. Temos que ser profissionais até ao fim da competição. O campeonato era o objetivo principal, sem dúvida alguma, mas nunca desprezamos a Taça. Estamos na Meia-Final da Taça de São Miguel e se conseguirmos chegar à final, será a terceira vez consecutiva, por isso, queremos continuar a fazer história”, apontou.
A presença na final da Taça de São Miguel da temporada passada, perdida para o Sp. Ideal, valeu ao Rabo de Peixe a presença na Taça de Portugal 2019/2020, onde os azuis e brancos começaram por afastar o Olímpico do Montijo (1-0), antes de perderem nos descontos, em casa, diante do Académico de Viseu (0-1).
Na opinião de Emanuel, os dois jogos que a equipa fez na “prova raínha” foram dos melhores da temporada, realçando que o grupo de trabalho deixou uma imagem bonita do clube na prova:
Os dois jogos da Taça de Portugal foram dos melhores jogos que fizemos durante a época. A motivação cresce e aparece sempre quando se defrontam equipas profissionais. Sem dúvida ficará para a história aquele jogo com o Académico de Viseu, porque eles chegaram às Meias-Finais da Taça, só foram eliminados pelo FC Porto, mas tiveram muitas dificuldades para nos ganhar. No geral, penso que demos uma imagem muito bonita do clube”, enalteceu.
Em 2012/2013, com a extinção da III Divisão, muitos clubes caíram aos Distritais e o Rabo de Peixe foi um deles: com cinco presenças naquele que foi durante muitos anos o quarto escalão do futebol nacional, os açoreanos farão, na próxima época, a sua estreia no Campeonato de Portugal.
Emanuel reitera que o regresso aos Campeonatos Nacionais será um marco bonito na história do clube e da vila, e deixa já o “aviso” de que o Rabo de Peixe vai ao terceiro escalão para fazer o melhor possível e deixar tudo em campo:
“Vai ser muito bonito para a vila de Rabo de Peixe voltar a ter o clube nos Nacionais. Volto a repetir, as pessoas são apaixonadas pelo clube e poder participar num Campeonato Nacional vai ser muito bom. Nós sabemos que a realidade é completamente diferente à que estamos habituados nos Açores, vai ser muito exigente, mas garanto que este clube vai fazer o melhor possível e vai dar sempre tudo em cada jogo que participar”, declarou.
A temporada 2020/2021 pode também marcar a estreia de Emanuel no Campeonato de Portugal, uma vez que o médio nunca saiu dos Distritais açoreanos, pelo qual já representou alguns clubes, com maior destaque para os anos que leva no Rabo de Peixe.
Num breve balanço sobre a sua carreira, o jogador fala no sonho que é poder representar o atual clube nos Nacionais e lembra o momento em que, ainda na formação, não quis ficar no Sporting:
Eu já tive oportunidade de ir disputar os Campeonatos Nacionais mas optei sempre por ficar em Rabo de Peixe. Sempre me senti respeitado e muito acarinhado no clube e poder representá-lo nos Campeonatos Nacionais é um sonho! A minha carreira foi e tem sido bonita até ao momento, mas não quero parar por aqui, quero fazer mais e mais. Sem dúvida que o momento mais positivo foi ter sido Campeão pelo Rabo de Peixe. Mais negativo foi quando decidi vir do Sporting para os Açores no meu segundo ano de Júnior. Nunca me vou perdoar por não ter ficado mais tempo lá”, revelou.
Atualmente com 28 anos, Emanuel leva catorze jogos e um golo pelo Rabo de Peixe na atual temporada: aos onze jogos na Liga Grupo ESO RE/MAX e às duas partidas na Taça de Portugal, o atleta soma um jogo e um golo na Taça de São Miguel.
O médio confessa que não pensa muito no futuro e mostra-se focado em continuar a fazer história no Rabo de Peixe:
“Não penso muito no que pode acontecer.
Vou ficar na história deste grande clube aqui dos Açores e isso já ninguém me tira. O meu objetivo agora passa por acabar o campeonato, descansar e depois poder ver o que acontece. Para já, só quero continuar a fazer história no Rabo de Peixe”, terminou.
Emanuel Costa começou o seu trajeto no futebol com nove anos, nas Escolinhas do Vitória do Pico da Pedra, clube onde cumpriu toda a formação à exceção do último ano de Júnior, em que vestiu a camisola do Operário. Como sénior, além do Rabo de Peixe, que representa há nove anos, já alinhou por Vitória do Pico da Pedra e São Roque.

João Borges: “O balanço é extremamente positivo”

Joao Borges(João Borges cumpriu a segunda temporada consecutiva ao serviço do Fontinhas e sagrou-se melhor marcador da equipa.)

Depois do segundo lugar da época passada, o Fontinhas voltou a apostar na subida ao Campeonato de Portugal e venceu a Liga MEO Açores sem surpresa, tal foi o domínio da equipa durante a temporada e nas duas fases do campeonato.
Na próxima época, o emblema da freguesia das Fontinhas, estará, pela primeira vez na sua história, a disputar os campeonatos nacionais.
João Borges, ponta de lança dos açorianos, foi o convidado do ”Conversas Redondas” para falar sobre a temporada da sua equipa e começou por efetuar o balanço de 2018/2019:
“O balanço da época tem de ser extremamente positivo, visto que atingimos o objetivo a que nos propusemos, que era sermos Campeões. Sabíamos que era um objetivo deveras ambicioso, mas, também tínhamos a noção da qualidade do plantel que tínhamos”, contou.
Na primeira fase, num campeonato composto por dez equipas e dezoito jornadas, o Fontinhas venceu catorze, empatou dois e perdeu outros tantos, tendo marcado trinta e seis e sofrido catorze, terminando na primeira posição com 44 pontos, quatro a mais em relação ao segundo, que foi o histórico Lusitânia.
Já no apuramento de campeão, o Fontinhas acentuou o seu domínio, e, em oito jornadas, venceu cinco, empatou duas e perdeu apenas uma, somando dezoito golos a favor e nove contra, terminando esse mini-campeonato com oito pontos de vantagem sobre o Lusitânia, que voltou a ser segundo.
João Borges sublinha que a época não foi assim tão fácil, ao contrário do que possa parecer, e aponta ao trabalho que o grupo desenvolveu como o principal ‘segredo’ do sucesso do clube:
“Em contraste com o que apresenta a classificação, foi sempre uma época complicadíssima. Nunca tivemos dúvidas de que éramos capazes, mas houve momentos, em que se tornou bastante complicado, devido a uma onda de lesões em alguns dos jogadores mais influentes da equipa, que também coincidiu com a notícia da doença grave do nosso colega José Dias. Mas tudo isso tornou o grupo ainda mais unido, o que nos ajudou imenso na fase decisiva do campeonato, em que, por vezes, era preciso sofrer um pouco mais. Sem dúvida que o nosso ‘segredo’ foi o trabalho. É importante a qualidade dos jogadores, mas isso, aliado ao trabalho e à humildade, é que fez toda a diferença”, afirmou.
Na hora de escolher os momentos mais marcantes da temporada, João Borges não esquece o colega José Dias, que travou uma luta contra o cancro, e regressou à equipa a tempo de festejar o título de campeão:
“O pior momento da época foi, sem dúvida, a notícia da luta do José Dias contra o cancro, e a melhor notícia foi quando soubemos que ele estava recuperado. Chega a uma idade da tua vida em que percebes que isto não é só um desporto, e que, quando um dos teus sofre, tu sofres também. Obviamente que o seu regresso, culminado com o título de Campeão, foi, sem dúvida, o ponto alto da temporada”, vincou.
João Borges, de 28 anos, fez catorze golos em dezoito jogos na Liga MEO Açores, sagrando-se, assim, o melhor marcador da sua equipa no campeonato.
Em relação ao seu futuro, o ponta-de-lança confessa que vai continuar no Fontinhas, um clube onde nunca lhe faltou nada e ao qual não pode “virar costas”:
“Vou continuar nas Fontinhas por mais uma época. É um clube que aceita a minha situação profissional e que nunca me deixou faltar nada, logo, não faria sentido ‘virar as costas’ ao projeto. Com esta idade, sei que já não vou ser jogador profissional, pelo que o meu objetivo é continuar a desfrutar das coisas boas do futebol, enquanto achar que tenho força e alegria para continuar”, concluiu.
Formado no Praiense, onde esteve dez temporadas na formação, entre Escolinhas e Juniores, João Borges, passou, ainda, meia época ao serviço dos Juvenis da Juventude Lajense. Subiu a sénior no Praiense, ainda com idade de júnior e onde fez cinco temporadas, tendo passado, depois disso, por Vilanovense e Angrense, antes de ter ingressado no Fontinhas na época anterior.