Ruca, lateral esquerdo que representa os búlgaros do Beroe, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:
O Beroe não teve o começo mais auspicioso nesta edição da Liga da Bulgária mas aos poucos tem vindo a acertar o passo – e para tal, muito tem contribuído Ruca, lateral-esquerdo português que no último verão viajou para Stara Zagora após quatro épocas consecutivas na II Liga (Mafra em 2018/19, Feirense entre 2019 e 2021 e Penafiel na temporada transacta). Na jornada 10 do campeonato búlgaro, foram duas as assistências do defesa natural de Tondela na vitória caseira por 3-1 sobre o lanterna-vermelha Spartak Varna, primeiro num passe atrasado e depois num cruzamento perfeito, revelando-se decisivo para o terceiro triunfo da sua equipa na prova (segundo nos últimos três jogos).
Aos 32 anos, festejados há menos de uma semana, Ruca (ou Rui Pedro Coimbra Chaves) vive a segunda aventura no estrangeiro da sua carreira, depois da experiência na segunda metade de 2017/18 no Alki Oroklini, do Chipre. Então, fez 15 jogos, um golo e uma assistência em seis meses na principal Liga cipriota; neste momento conta já com dois passes decisivos em oito partidas disputadas, confirmando a forte propensão ofensiva que sempre demonstrou ao longo do seu percurso – era, aliás, extremo até aos 23 anos, altura em que aceitou o desafio de Ricardo Chéu para recuar no terreno… e assim ficou até hoje.
Jogava então no Mirandela por empréstimo do Gil Vicente, onde chegou no primeiro ano de sénior depois de um percurso formativo feito entre Pestinhas, Molelos, Repesenses e Beira-Mar. Acabaria por nunca ter qualquer oportunidade no emblema de Barcelos, coleccionando empréstimos (Tondela, Vilaverdense, Oliveira de Frades e o já referido Mirandela) até encerrar de vez a ligação ao clube minhoto no verão de 2014, precisamente após a cedência que lhe mudou a carreira. E atenção, que os números enquanto avançado estavam longe de ser maus – na época anterior, no Oliveira de Frades, havia apontado 17 golos na III Divisão.
Foi, contudo, já como lateral-esquerdo que chegou ao Mafra em 2014/15 e aí continuou a dar nas vistas… pelos dotes goleadores. Os 7 tentos na equipa que conquistou o então denominado Campeonato Nacional de Seniores chamaram a atenção de clubes mais ambiciosos e depressa deu o tão desejado salto para a I Liga, firmando um contrato válido por duas temporadas com o Vitória de Setúbal; a estreia no principal escalão, de resto, seria auspiciosa, com um golo no empate a duas bolas em casa diante do Boavista e um total de 28 partidas disputadas em toda a época, a grande maioria como titular.
Em 2016/17, todavia, o cenário não foi tão risonho: Ruca perdeu o lugar para Nuno Pinto no 11 sadino e em Janeiro, depois de somar apenas três utilizações na primeira metade da temporada, rescindiu e rumou ao Tondela, emblema da sua cidade-natal. Ali faria oito partidas até ao fim da época, mas acabaria por perder por completo o espaço com a chegada de Pepa ao comando técnico, ficando sem qualquer minuto até ao mercado de inverno de 2017/18, quando se deu a já referida mudança para Chipre.
Agora, depois de quatro temporadas no segundo escalão do futebol nacional e após o término da ligação contratual ao Penafiel, Ruca decidiu aceitar o desafio do Beroe e voltar assim a viver a sensação de jogar numa divisão principal do futebol europeu. Apesar de ter chegado já com o campeonato em andamento, pegou de estaca e é desde então totalista no emblema de Stara Zagora, onde vai demonstrando toda a qualidade do seu futebol – particularmente através do pé esquerdo, como se pôde testemunhar na partida do último fim-de-semana. Os objectivos do Beroe passarão acima de tudo por fazer um campeonato tranquilo, havendo a certeza de que o lateral-esquerdo beirão será sempre uma das figuras da equipa na temporada.