Mourinho e o “Boxing Day”: uma relação muito… Special

mourinho(José Mourinho nunca perdeu no “Boxing Day”.)

É sabido que José Mourinho tem em Inglaterra o seu “habitat-natural” e não é, por isso, de estranhar que o técnico português nunca tenha perdido no “Boxing Day”, tradição que iniciou em 2004, quando ao serviço do Chelsea derrotou o Aston Villa, por 1-0, e iniciou assim uma história de sucesso naquela que é a altura mais famosa do futebol inglês.
No total, entre Chelsea, Manchester United e Tottenham, o “Special One” viveu diretamente as emoções do “Boxing Day” por nove vezes, e só por uma ocasião não jogou a 26 de Dezembro: em 2020, quando orientava os “spurs”, o duelo 100% luso com Nuno Espírito Santo, então o treinador do Wolverhampton e seu ex-jogador, realizou-se no dia 27.
Com seis vitórias e três empates em nove jogos, “Mou” ganhou quatro partidas pelo Chelsea, uma pelo Manchester United e outra pelo Tottenham; e registou um empate ao serviço de cada clube que comandou em Inglaterra, sendo que nunca repetiu adversários e nunca teve um jogador seu que marcasse em mais do que um “Boxing Day” – e havia jogado sempre em casa até ao tal encontro com Nuno há dois anos.
No Chelsea, venceu o Aston Villa em 2004 (1-0, Damien Duff), o Fulham em 2005 (3-2, Gallas, Lampard e Crespo), o Swansea em 2013 (1-0, Hazard) e o West Ham em 2014 (2-0, Terry e Diego Costa); e empatou diante do Reading em 2006 (bis de Didier Drogba).
Ao serviço do Manchester United, derrotou o Sunderland em 2016 (3-1, Blind, Ibrahimovic e Mikhitaryan) e empatou com o Burnley em 2017, depois de sair para o intervalo com uma desvantagem de dois golos (2-2, bis de Lingard).
E finalmente, pelo Tottenham, virou o resultado diante do Brighton & Hove em 2019, triunfando por 2-1 com golos de Harry Kane e Dele Ali, depois de ter ido para o descanso a perder; e no ano seguinte, no Molineux Stadium, empatou a uma bola diante do Wolves, num jogo em que a sua equipa marcou logo nos primeiros segundos por Ndombélé e viria a sofrer já perto do fim (86′).
Posto isto, é caso para dizer que a relação entre José Mourinho e o famigerado “Boxing Day” é uma relação muito… Special. One.

Boxing Day: dez anos do emocionante Man. United – Newcastle

ManUnitedNewcastle2012(Evans, no chão, conseguiu evitar que Demba Ba (nr. 9) desviasse a bola, mas acabou ele próprio por fazer o auto-golo que deu o 1-2 ao Newcastle.)

Se pensarmos em Natal e futebol ao mesmo tempo, é praticamente certo que nos vamos lembrar do tão famoso e tradicional “Boxing Day”, aquela altura em que os Campeonatos de Inglaterra não param e todos os escalões profissionais vão a jogo – este ano, serão retomados amanhã em virtude do Mundial ter forçado a alteração do calendário.
Ora, como toda a gente sabe, a Premier League é um espetáculo à parte dentro do próprio espetáculo que é o futebol, e, por isso mesmo, já registou vários jogos de grande qualidade e emoção no dia 26 de Dezembro: em 1963, o Fulham “presenteou” o Ipswich com um resultado de 10-1!; em 1992, Sheffield e Manchester United empataram a três; em 2002, o Bolton ganhou ao Newcastle por 4-3; cinco anos depois, 2007, Chelsea e Aston Villa marcaram quatro golos cada; e em 2012, o Man. United ganhou ao Newcastle por 4-3.
E é precisamente este último jogo que vamos agora recordar: quase quase a completar dez anos, o embate entre “red devils” e “magpies” jogado em Old Trafford no “Boxing Day” de 2012, teve de tudo: futebol de qualidade, muitos golos, resultado incerto, emoção até final e uma reviravolta que se adivinhava que iria acontecer, mas que poderia perfeitamente não ter surgido.
Num jogo que seria absolutamente incrível, ainda nem cinco minutos estavam jogados e o Newcastle já estava na frente com um golo de James Perch. Cerca de vinte minutos depois, o United tão depressa chegou ao empate como voltou a estar em desvantagem e um nome se destacou em relação aos restantes: Jonny Evans. O central da equipa da casa assinou o 1-1 aos 25′, mas pouco depois, aos 28′, desviou para a própria baliza um remate de Simpson e os forasteiros voltaram para a frente do marcador.
Mais golos, só no segundo tempo e com muita frequência: três em treze minutos! Evra, com um remate de fora da área, restabeleceu nova igualdade (58′); Papiss Cissé aproveitou da melhor maneira uma jogada individual de Obertan para fazer o 2-3 aos 68′; e três minutos depois, num duelo 100% neerlandês, Van Persie levou a melhor sobre Tim Krul à segunda tentativa, fixando o resultado em 3-3.
Ainda com muito tempo para se jogar, o United carregou em busca da reviravolta que lhe daria, eventualmente, o triunfo, viu o adversário enviar uma bola ao poste por intermédio de Shola Ameobi, mas respirou de alívio já ao minuto 90, quando Chicharito, que pouco antes havia desperdiçado duas boas ocasiões para marcar, assinou o 4-3 final.
Uma partida verdadeiramente espetacular, digna de figurar nos melhores momentos do “Boxing Day” e, consequentemente, na história da Premier League.