Cagliari: o último milagre do sr. Ranieri… para já

ranieri(Claudio Ranieri foi levantado pelos seus jogadores durante os festejos da subida do Cagliari à Série A.)

Mais de 30 anos depois, o Cagliari voltou a ter motivos para agradecer a um dos grandes nomes da sua História: Claudio Ranieri. No fim dos anos 80, quando o clube amargava na Serie C italiana, o então jovem técnico assumiu o comando dos Rossoblù e conduziu-os a duas subidas consecutivas, além de garantir a permanência no escalão principal na terceira época; agora, após regressar ao clube em Dezembro e encontrá-lo no 14º posto da Serie B, protagonizou uma recuperação na tabela que terminou com o quinto posto, três play-offs superados e uma nova (e épica) subida, festejada em lágrimas pelo longevo técnico.

Este, na verdade, foi apenas mais um “milagre” conduzido pelo senhor nascido há 71 anos em Roma, que ficará para sempre na História do futebol imortalizado pelo inacreditável título de campeão da Premier League ao comando do Leicester em 2015/16. Depois de uma carreira mediana enquanto jogador, cujo ponto mais alto foi mesmo a primeira época como sénior, ao serviço da Roma, Claudio Ranieri saiu do anonimato como treinador precisamente pelo feito no Cagliari; após passagem de época e meia pelo Napoli, festejaria a segunda subida à Serie A em 93/94, aí ao comando da Fiorentina, onde ficaria mais 3 temporadas, conquistando nesse período a Taça e a Supertaça de Itália com um elenco que tinha nomes como Rui Costa ou Gabriel Batistuta.

ranierileicester(Guiar o Leicester ao título de Campeão Inglês foi o maior feito da carreira de Ranieri.)

Teve em 97/98 a primeira experiência fora do seu país, ao comando do Valencia, onde na época seguinte conquistaria a Copa do Rei. Em 99/00 mudou-se para o Atlético de Madrid, mas a situação financeira caótica dos Colchoneros levou-o a bater com a porta ainda numa fase precoce da temporada – acabariam por descer de divisão. Seguiria no verão de 2000 para o Chelsea e ali passou 4 temporadas, a última das quais já após o clube ser comprado por Roman Abramovich, que no verão de 2004 o substituiria por José Mourinho.

Regressou então ao Valencia, vencendo desde logo a Supertaça Europeia ao Porto (2-1), mas uma série de maus resultados levaria à sua demissão em Fevereiro de 2005. Voltaria ao activo apenas 2 anos depois, contribuindo decisivamente para a permanência do Parma na Serie A, sendo depois o escolhido para orientar a Juventus no regresso ao escalão principal do futebol italiano, na sequência da despromoção administrativa devido ao escândalo do Calciopoli.

Após um terceiro e um segundo lugares na Serie A pela Vecchia Signora, assumiu pela primeira vez o comando técnico da “sua” Roma em 2009/10 e ficou muito perto de garantir a dobradinha logo nessa primeira época, soçobrando na fase final da temporada para o Inter de… José Mourinho. A segunda temporada, todavia, não viria a correr de feição e Ranieri acabaria por se demitir em Fevereiro, tendo o mesmo desfecho em Março do ano seguinte, agora ao comando… do Inter.

ranierivalencia(O Valencia foi a primeira experiência internacional do técnico italiano, que na sua segunda passagem pelo clube conquistou a Supertaça Europeia.)

No verão de 2012, e depois de perder algum crédito no futebol italiano, foi contratado pelo Monaco com a missão de devolver o clube do Principado à Ligue 1 – o que conseguiria logo à primeira tentativa, acabando depois como vice-campeão em 2013/14, só atrás do já então todo-poderoso Paris Saint-Germain. Não teria, contudo, o contrato renovado para a nova temporada, mais uma vez por “culpa” de um português (no caso, Leonardo Jardim), tornando-se o sucessor de Fernando Santos na selecção da Grécia – aventura que durou apenas 4 partidas.

Foi neste contexto que surgiu a possibilidade de assumir o comando técnico do Leicester, que havia garantido a permanência na temporada anterior por uma unha negra… e o resto é o que se sabe: o título de campeão, seguido do apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões na época seguinte… antes do despedimento em Fevereiro, numa altura em que distava apenas 1 ponto da zona de despromoção. A reverência e o respeito para com o trabalho do técnico, porém, nunca tremeram, nem sequer com as passagens menos felizes por Fulham, Roma e Watford – pelo meio, registo para trabalhos positivos no Nantes e na Sampdoria.

ranierichelsea(Ranieri, aqui presente na apresentação oficial de Joe Cole e Verón como jogadores do Chelsea, esteve quase 4 temporadas completas nos “blues”, saindo para dar o lugar a José Mourinho.)

Até que no último dia 23 de Dezembro, quase 1 ano depois de ter sido demitido do Watford, Ranieri foi chamado pelo clube onde “tudo começou” e não enjeitou o desafio. Depois de conseguir subir 9 posições até ao quinto lugar final na fase regular, superou o Venezia no primeiro play-off, disputado em jogo único (2-1), e o Parma “de Buffon” no segundo, aí já a dois jogos (3-2 e 0-0). A decisão final seria frente ao Bari, também em formato de dois jogos, com o primeiro, em casa, a terminar empatado (1-1), tendo os visitantes empatado de grande penalidade aos 96 minutos (já depois de ter falhado outra no primeiro tempo); já o segundo, num Estádio San Nicola lotado (mais de 50 mil pessoas), chegou com o nulo no marcador aos 94 minutos, quando o recém-entrado Pavoletti fez o golaço que carimbou a subida do Cagliari e provocou as lágrimas do veterano treinador.

“É um grande alívio. Cagliari significa tudo para mim. Há 34 anos tornei-me treinador aqui e este clube permitiu-me viajar pela Europa, serei sempre grato a esta região e à sua gente. Estava com medo de voltar, de manchar as lindas lembranças que tinha aqui, então uma frase de Gigi Riva me atingiu e algo mais importante ficou na minha mente: teria sido egoísmo não aceitar a proposta do Cagliari, visto que o clube atravessava um período difícil. Depois de cada derrota, o meu coração doía. Foi uma ferida profunda. O meu sentimento por esta camisola é autêntico, lembro-me que quando ganhei a Premier League, pensei imediatamente nas cores rossoblù. Sempre serei grato àqueles que me trouxeram de volta à Sardenha. Ter dado alegria a um grupo tão apaixonado de adeptos deixa-me muito orgulhoso”, salientou Ranieri após ter cumprido a sua missão, e já depois de um gesto que diz muito da sua pessoa, pedindo aos seus adeptos para não provocarem o rival derrotado na hora dos festejos.

lapadula(Quando Ranieri assumiu o Cagliari, Gianluca Lapadula tinha 6 golos em 17 jogos na Série B, mas acabou a temporada como melhor marcador da competição, faturando por 25 vezes em 41 partidas, incluindo os play-offs.)

O contrato assinado em Dezembro é válido até Junho de 2025, pelo que se prevê que Claudio Ranieri continue no comando do Cagliari para o regresso à Serie A. Resta agora saber como o clube atacará o mercado de transferências – e, ao mesmo tempo, se conseguirá manter os maiores nomes do plantel vitorioso, como o internacional croata Marko Rog, o internacional uruguaio Nahitan Nández, o herói Pavoletti, o jovem internacional angolano Zito Luvumbo ou o goleador Gianluca Lapadula, avançado internacional peruano que atravessava uma fase de menor fulgor na primeira metade da temporada, pedindo-se mesmo a sua saída da titularidade, e que acabou a época como artilheiro da Serie B, com 25 golos em 38 jogos.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

Miguel Vítor: o exemplo máximo de entrega que conquistou Israel

MiguelVitor

Miguel Vítor, central que está há seis épocas nos israelitas do Hapoel Beer Sheva, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

O ano mudou mas para Miguel Vítor tudo se manteve na mesma – ou quase. O capitão do Hapoel Beer Sheva, clube onde chegou em 2016/17 e do qual se tornou entretanto já um absoluto histórico, entrou em 2022 a festejar a sétima vitória consecutiva na Liga israelita (3-0 na recepção ao Bnei Sakhnin), residindo aqui a única diferença no facto do central luso ter ficado em branco… pois havia marcado de forma consecutiva nos últimos três jogos realizados em 2021. Esta incrível sequência vitoriosa permite ao Hapoel Beer Sheva ocupar a liderança do campeonato, com dois pontos de vantagem sobre o campeão em título Maccabi Haifa numa verdadeira luta a dois – o Hapoel Telaviv, terceiro classificado, segue já a 14 pontos do topo!

Miguel Vítor, já se disse, é já uma verdadeira lenda no clube da capital do deserto de Negev. A primeira temporada foi de sonho, com a conquista do campeonato (sendo mesmo eleito o Jogador do Ano) e da Taça da Liga, e a segunda trouxe nova Liga para o palmarés (além da Supertaça), mas também uma gravíssima lesão que o obrigou a ir à sala de operações e falhar grande parte da segunda metade da época. Só viria a recuperar, de facto, em pleno já na fase final da temporada de 2018/19, mas foi na época que se seguiu que voltou realmente ao nível apresentado no ano de estreia em terras israelitas, retomando a liderança da equipa em campo (39 jogos, 4 golos) e guiando-a à conquista da Taça (único troféu que lhe faltava no país), num plantel onde constavam os compatriotas David Simão e Josué.

Em 2020/21 manteve a preponderância na equipa (33 jogos e 1 golo) mas não conseguiu saborear qualquer conquista colectiva – o Hapoel Beer Sheva acabou em quarto no campeonato, conseguindo in extremis a qualificação para a recém-criada Liga da Conferência, tendo ainda sido finalista vencido na Supertaça e caindo de forma precoce nas duas Taças e na Liga Europa. A temporada em vigor, porém, está a ser bem mais risonha: apesar de ter sido eliminado no play-off de acesso à fase de grupos da mais recente competição europeia da UEFA, diante dos cipriotas do Anorthosis (0-0 e 1-3), e de ter perdido a final da Taça da Liga contra o Maccabi Haifa no desempate por grandes penalidades (com Miguel Vítor e o reforço Hélder Lopes a bater as suas com sucesso), o emblema capitaneado pelo central luso segue, como já se disse, na liderança do campeonato, quando faltam 10 jornadas para o fim da prova, e também nos oitavos-de-final da Taça de Israel, onde se irá deslocar ao reduto do Maccabi Netanya.

No ano em que festeja o 33º aniversário, Miguel Vítor continua a demonstrar semana após semana que ainda tem muito para dar ao futebol – e que talvez pudesse ter dado mais ainda… se tal lhe tivesse sido permitido. Nascido em Torres Vedras, chegou ainda nos infantis às escolas do Benfica, depois de iniciar o percurso formativo no seu Torreense natal, e depressa se estabeleceu como uma das maiores promessas dos Encarnados, estreando-se mesmo na equipa principal com apenas 18 anos sob o comando do espanhol José Antonio Camacho no início de 2007/08; cedido ao Aves na segunda metade da temporada, regressou depois à Luz e foi aposta efectiva em 2008/09 com o também espanhol Quique Flores, somando um total de 23 partidas disputadas – seria o número máximo que viria a fazer de águia ao peito numa só época.

Com a chegada de Jorge Jesus ao comando técnico acabou por perder espaço na equipa, fazendo apenas 7 jogos em 2009/10, 10 em 2011/12 e só 1 em 2012/13, época em que se viu frequentemente relegado para a equipa B, pela qual disputou 11 jogos e apontou 3 golos na II Liga (pelo meio, em 2010/11, foi emprestado ao Leicester City, então no segundo escalão do futebol inglês). Por esse motivo, e percebendo que dificilmente viria algum dia a conseguir maior utilização no Benfica do técnico amadorense (e até pela apertada concorrência para o sector, com nomes como Luisão, Jardel ou Garay), optou por sair a custo zero no verão de 2013 e assinou por três anos com os gregos do PAOK, onde se tornaria de imediato imprescindível: foram 116 jogos e 9 golos, faltando apenas a conquista de troféus – curiosamente no Benfica, e apesar da pouca utilização, havia vencido um campeonato e duas Taças da Liga.

Foi precisamente com o intuito de alargar o palmarés que decidiu mudar-se para Israel, juntando-se mesmo ao conjunto que havia alcançado a conquista do título pela primeira vez em 40 anos em 2015/16. Ali alcançaria a glória logo nas primeiras duas temporadas, como já foi referido acima, e reforçaria a cada ano o estatuto dentro do plantel – foi, por exemplo, motivo de realce quando em Maio de 2020 aceitou reduzir o ordenado para metade em plena crise motivada pelo surgimento da pandemia do coronavírus. O compromisso demonstrado para com o clube levaram a direcção a propor-lhe a renovação do contrato por mais uma temporada, passando assim a ser válido até 30 de Junho de 2022, e Miguel Vítor tem feito por honrá-lo com todas as forças dentro do campo a cada encontro disputado; internacional por 33 ocasiões entre os sub-18 e os sub-23, com participação no Torneio de Toulon em 2009, pode dizer-se que terá faltado mesmo apenas a selecção A num percurso acidentado mas com enorme mérito e distinção em todos os passos traçados – e que ainda estará bem longe do fim, a julgar pelo que se vai vendo jogo após jogo nos campos de Israel.

Ricardo Pereira: segundo troféu em três meses alimenta sonho do Mundial do Qatar

ricardo

Ricardo Pereira, que no passado fim-de-semana conquistou a Supertaça Inglesa pelo Leicester, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Acabou 2020/21 a bater o que viria a ser o campeão europeu para levantar a primeira Taça de Inglaterra do seu historial; começou 2021/22 a bater o campeão inglês e vice-campeão europeu em título e assim vencer a primeira Supertaça inglesa desde 1971. Pode dizer-se que o conto de fadas do Leicester City iniciado na épica temporada de 2015/16 continua bem vivo, e um português tem feito parte dele nas últimas quatro temporadas: Ricardo Pereira, que no verão de 2018 trocou o Porto, onde tinha acabado de se sagrar campeão nacional, pelos Foxes que deixaram cerca de 25 milhões de euros nos cofres dos dragões para garantir o concurso do internacional português que começou a carreira como um extremo interessante e entretanto se tornou um lateral-direito de excelência.

Na temporada passada, o atleta nascido em Lisboa em 1993 viu-se remetido a um papel secundário, ainda devido à gravíssima lesão sofrida em Março de 2020 (rotura de ligamentos no joelho direito) que o tirou dos relvados por largos meses – e que lhe custaria também um lugar nos convocados de Fernando Santos para o Campeonato da Europa. Regressou à competição em Novembro, numa partida da equipa de sub-23 do Leicester, e no início do mês seguinte seria titular na equipa principal num encontro da fase de grupos da Liga Europa ante o Zorya, da Ucrânia, com o regresso à acção na Premier League a 19 de Janeiro para fazer os últimos 15 minutos de uma vitória caseira (2-0) sobre o Chelsea. Ao todo somou 20 partidas na temporada, 14 das quais como titular e duas delas na Taça – na final, em que os Foxes venceriam… o Chelsea (1-0), foi suplente não utilizado, mas nem por isso deixou de festejar com emoção a conquista do primeiro troféu em Inglaterra.

No primeiro jogo oficial de 2021/22, perante o todo-poderoso Manchester City, Ricardo surgiu no 11 inicial, dando a entender estar já totalmente restabelecido em termos físicos. Aliás, cumpriu de resto os 90 minutos e sempre em ritmo elevado, cometendo apenas um erro de monta numa perda de bola quando era o último defesa dos Foxes – Mahrez acabaria por atirar por cima da baliza à guarda de Kasper Schmeichel, com Ricardo a ser imediatamente confortado pelos colegas. Num jogo muito equilibrado, o Leicester viria a dar o golpe de misericórdia já em cima do minuto 90, com o nigeriano Iheanacho (curiosamente um ex-jogador dos Citizens) a converter em golo uma grande penalidade cometida sobre si próprio por Nathan Aké.

Mais um motivo de festa para Ricardo, que antes da lesão era peça fulcral e indiscutível no conjunto de Leicester. Em 2018/19 pegou de estaca ainda com Claude Puel no comando técnico e assim se manteve com Brendan Rodgers, somando 37 jogos (36 como opção inicial), 2 golos e 7 assistências – números que lhe valeram a distinção de Jogador do Ano do Leicester; na época seguinte contava mais 33 partidas (todas como titular), registando ainda 4 golos e 3 assistências, numa forma incrível só travada pela tal lesão gravíssima que o afastou dos relvados durante longo período.

Com o percurso formativo dividido por Futebol Benfica, Sporting, Naval e Vitória SC, Ricardo Pereira foi lançado aos 18 anos, ainda júnior, por Rui Vitória na primeira equipa dos minhotos, na fase final da temporada 2011/12, e na época seguinte já era titular indiscutível, totalizando números impressionantes para um jogador dessa idade e nesse contexto: 37 jogos e 8 golos, um dos quais a valer a Taça de Portugal ganha pelo Vitória ao Benfica (2-1). A extraordinária temporada ao serviço dos vimaranenses não passou despercebida, como é óbvio, e o então ainda extremo mudou-se para o Porto, onde teve dificuldades de afirmação: 34 jogos e 2 golos em duas temporadas (mais 18/2 na equipa B), nunca tendo conseguido passar de segunda opção.

Ao decidir aceitar ser cedido ao Nice, Ricardo fez provavelmente a melhor escolha da carreira. Mais uma vez pegou de estaca, assumindo-se como titular indiscutível assim que chegou ao clube francês (e já como lateral), e após dois anos em grande nível na Ligue 1 regressou ao Dragão já claramente com outro estatuto, relegando o uruguaio Maxi Pereira para um papel secundário e contabilizando 43 jogos, 2 golos e 7 assistências no total da temporada. Números que o levaram ao Mundial 2018, com Fernando Santos a prescindir dos quiçá mais renomados João Cancelo (então titular da Juventus) e Nélson Semedo (também titular no Barcelona), e que convenceram também o Leicester. Três verões e dois troféus depois, é justo reconhecer que ninguém nos Foxes se enganou: Ricardo está de pedra e cal na equipa e aos 27 anos ainda tem margem de progressão, pelo que os adeptos do Leicester têm razões para continuar a alimentar a história de amor com o internacional luso – e o próprio tem mais que legitimidade para sonhar com a presença no Mundial do Qatar, apesar da forte concorrência (Cancelo, Semedo, Cédric ou Dalot, só para citar os habituais convocados para a mesma posição).

Leicester campeão: onde estão os protagonistas da mais bela história da Premier League?

leicestercity(O sonho tornado realidade: Leicester Campeão Inglês em 2016.)

Há precisamente cinco anos, a 2 de Maio de 2016, materializava-se uma das mais belas histórias… da História do futebol: o título inglês conquistado pelo Leicester City. Apontado pelos “especialistas” como o maior candidato à descida no início da temporada, depois de ter escapado no último suspiro desse destino em 2014/15, o modesto emblema liderado por Claudio Ranieri contrariou todas as expectativas e fez a festa no sofá do hotel enquanto via o derby londrino entre Chelsea e Tottenham terminar empatado a duas bolas – os Spurs, que durante toda a temporada andaram nos primeiros dois lugares, viriam mesmo a acabar em terceiro a um ponto do Arsenal e a 11 dos Foxes. Relembramos assim hoje o grandioso feito com a descrição do percurso de todos os campeões desde então até à actualidade.

Kasper Schmeichel – Um dos poucos que ainda resistem no actual plantel. Titular indiscutível da baliza dos Foxes desde 2011/12, o internacional dinamarquês de apelido lendário soma mais de 400 jogos pelo Leicester (por quem já havia conquistado também o Championship em 2013/14). Fez 40 partidas em 2015/16; esta época, aos 34 anos, leva já um total de 43.

Danny Simpson – O lateral-direito formado no Manchester United chegou ao estádio King Power a meio de 2014/15 e de imediato se estabeleceu como titular, mantendo esse estatuto na melhor época de sempre do clube: 32 jogos e a segunda Premier League da carreira (já tinha ganho uma pelos Red Devils em 2007/08, ano em que conquistou igualmente a Liga dos Campeões ao lado de Cristiano Ronaldo e Nani). Ficaria no Leicester mais três épocas, saindo em 2019/20 para o secundário Huddersfield, e na corrente temporada, depois de alguns meses sem clube e de fazer quatro jogos pela equipa de sub-21 do Leicester, assinou entretanto (aos 34 anos) um contrato de curta duração com o Bristol City, actual 19º classificado do Championship.

Wes Morgan – Esteio do eixo da defesa desde Janeiro de 2012 e capitão quase desde a mesma altura, o internacional jamaicano fez todos os minutos de todos os jogos da caminhada gloriosa do Leicester em 2015/16, sendo eleito para a equipa ideal do campeonato e tornando-se na época seguinte o primeiro jamaicano a marcar na Liga dos Campeões. Depois de mais três épocas como indiscutível, acabou por ser votado a um papel secundário na equipa desde 2019 (ainda que mantenha a braçadeira), somando 9 jogos esta temporada já com 37 anos.

Robert Huth – O internacional alemão já tinha ganho duas Ligas inglesas sob o comando de José Mourinho no Chelsea mas havia entretanto caído de alguma forma em descrédito, chegando ao Leicester a meio de 2014/15 depois de perder a titularidade no Stoke City devido a lesão. Nos Foxes assumiu-se de pronto como indiscutível, fazendo 35 jogos e três golos no ano do título, e assim continuaria até ao início de 2017/18, quando o calvário das lesões voltou para o assombrar e não mais o largou; depois de não fazer qualquer minuto nessa temporada, aquele que é ainda hoje o alemão com mais jogos na Premier League anunciou o adeus ao futebol aos 34 anos.

LeicesterNewcastle1516(O japonês Okazaki apontou diante do Newcastle aquele que foi, provavelmente, o melhor golo da campanha do Leicester: um fantástico pontapé de bicicleta como a foto demonstra.)

Christian Fuchs – Contratado aos alemães do Schalke 04 no verão de 2015, o lateral-esquerdo internacional austríaco conquistou o lugar como titular em Outubro e não mais de lá sairia até ao final da temporada, somando 35 jogos na caminhada para o título. Assim continuaria até meio de 2016/17, perdendo então o lugar para o jovem Ben Chilwell; aos 35 anos, todavia, mantém-se ainda no plantel, totalizando 16 partidas efectuadas esta época.

N’Golo Kanté – Uma das grandes figuras do título. Contratado quase como um desconhecido nesse verão aos franceses do Caen, o pequenino médio nascido em Paris tomou a Premier League de assalto com as incríveis capacidades demonstradas, acabando eleito o Jogador do Ano do clube após os 40 jogos e 1 golo efectuados em 2015/16. Esta acabaria por ser a sua única temporada nos Foxes, pois foi de imediato contratado pelo Chelsea a troco de 32 milhões de libras… sagrando-se novamente campeão logo em 2016/17 (e sendo eleito o Jogador do Ano); absolutamente imprescindível nos Blues desde então, o médio de 30 anos já por lá conquistou entretanto uma Taça de Inglaterra e uma Liga Europa (além de um Campeonato do Mundo pela França), somando esta época já 43 partidas no semi-finalista da Liga dos Campeões.

Danny Drinkwater – Sem nunca se conseguir impor no Manchester United, onde fez toda a formação, o médio mancuniano chegou ao Leicester a meio de 2011/12, ainda no Championship, e pegou de estaca no meio-campo, cotando-se como uma das grandes figuras da equipa nos 6 anos seguintes (37 jogos e 3 golos no ano do título). Acabaria por ser contratado pelo Chelsea para 2017/18 mas nunca se conseguiu impor nos Blues e, depois de empréstimos fracassados a Burnley e Aston Villa, o internacional A por Inglaterra em 3 ocasiões está actualmente (aos 31 anos) cedido aos turcos do Kasimpasa, onde totaliza 9 partidas desde Fevereiro.

Marc Albrighton – Após uma vida inteira de ligação ao Aston Villa, o extremo inglês mudou-se no verão de 2014 para o Leicester e ganhou a titularidade na parte final da temporada, contribuindo de forma importante para a fuga à despromoção. Em 2015/16, já com o estatuto de indiscutível, seria uma das grandes figuras da epopeia que resultou no título, participando em todos os 38 jogos na Premier League (e apontando 2 golos). Aos 31 anos mantém-se ainda hoje como titular absoluto nos Foxes, somando 37 jogos e 1 golo na actual campanha.

Riyad Mahrez – Contratado a meio de 2013/14 aos franceses do Le Havre, o internacional pela Argélia mostrou desde logo ser de uma casta diferente na campanha que culminou com a conquista do Championship; permaneceu, ainda assim, no clube para a temporada seguinte… e para a temporada seguinte, na qual explodiu em definitivo: 39 jogos, 18 golos, eleito Jogador do Ano pelos atletas da Premier League e o primeiro argelino a ganhar a prova. De forma surpreendente renovou então por mais 4 temporadas com o Leicester, embora só tivesse ficado mais 2: no verão de 2018 o Manchester City pagou cerca de 60 milhões de libras pelo seu passe, tornando-o o africano mais caro de sempre, e desde então é peça fulcral no esquema de Pep Guardiola: esta época, aos 30 anos, soma 44 jogos e 12 golos nos Citizens.

Shinji Okazaki – Depois de dar nas vistas no futebol alemão (Estugarda e Mainz), foi contratado pelo Leicester no verão de 2015… e em boa hora, pois o avançado internacional japonês acabaria por se revelar peça fundamental no título dos Foxes, apontando vários golos decisivos – entre os quais um espectacular pontapé de bicicleta que valeu a vitória por 1-0 sobre o Newcastle na ronda 30, num total de 39 jogos e 6 golos. Manteve-se no clube por mais 3 temporadas, mudando-se em 2019/20 para o futebol espanhol onde voltou a ter motivos para sorrir: depois de ver gorada a assinatura com o Málaga, devido a problemas financeiros do conjunto andaluz, juntou-se ao Huesca e ali conquistaria a II Liga espanhola com números muito interessantes (12 golos em 38 partidas). Hoje com 35 anos, soma 24 jogos e 1 golo no principal escalão do futebol espanhol, com a sua equipa actualmente no 17º posto.

97890482_vardyPA_trans_NvBQzQNjv4BqkSfWdhth1riqdzAFlwDNRWdVcWS3sm38FcEQH6E8Wq4(Das profundezas do futebol inglês ao topo da Europa: Vardy tem feito golos atrás de golos e colecionado feitos atrás de feitos ao serviço dos “foxes”.)

Jamie Vardy – Talvez uma das mais belas histórias de sempre no futebol internacional, num percurso que se confunde até com o do próprio clube. Depois de ser dispensado do Sheffield Wednesday ainda como juvenil, andou 7 anos “perdido” nas divisões amadoras do futebol inglês (ao mesmo tempo que se via envolvido regularmente em problemas extra-futebol que o levaram até a ser detido e a jogar 6 meses com uma pulseira electrónica) até que o Leicester arriscou e decidiu contratá-lo no verão de 2012 por 1 milhão de euros – valor recorde para um jogador das divisões não profissionais, na altura com 25 anos. O resto é história: o avançado pegou de estaca nos Foxes, começou a marcar golos atrás de golos e contribuiu sobremaneira para a conquista da Premier League: 24 tentos em 36 jogos. Já por diversas vezes rejeitou a transferência para clubes de outras dimensões e na época passada tornou-se o mais velho artilheiro-mor da Liga inglesa (23 golos aos 33 anos), somando 15 tentos em 37 jogos na actual temporada – na qual o Leicester ainda pode conquistar a Taça (que seria a primeira do seu historial), tendo para isso de bater o Chelsea na final.

Mark Schwarzer – O veterano guardião internacional australiano tinha chegado a meio de 2014/15 para ser suplente de Schmeichel e manteve esse estatuto na temporada gloriosa, sendo utilizado em apenas três partidas para a Taça da Liga (curiosamente a única competição que já havia vencido nos 20 anos que levava de futebol inglês, em 2003/04 ao serviço do Middlesbrough). No fim da época pendurou as luvas com 43 anos.

Jonny Maddison – Chegou aos Foxes em 2014/15 para crescer na equipa de sub-21 e acabaria por nunca conseguir estrear-se oficialmente pelo conjunto principal – o melhor que conseguiu foi ser suplente não utilizado em duas ocasiões em 2015/16. Desde então tem estado maioritariamente na League Two (Yeovil Town e Port Vale), encontrando-se neste momento sem clube aos 26 anos.

Ritchie De Laet – A passagem pelo Manchester United rendeu-lhe palmarés… mas só isso, razão pela qual em 2012/13 aceitou baixar um patamar e mudou-se para o Leicester, então a lutar para regressar à Premier League. Viria a consegui-lo um ano depois, com o internacional belga a ser peça muito importante, numa preponderância que acabaria por perder no escalão mais alto; no ano do título fez 15 jogos e 1 golo na primeira metade da temporada, sendo cedido ao secundário Middlesbrough em Fevereiro. Não voltaria a jogar pelos Foxes depois disso, e após dois anos e meio de pouco sucesso no Aston Villa registou uma passagem pelo futebol australiano e, hoje com 32 anos, é há duas épocas titular indiscutível ao lado do português Aurélio Buta no Antuérpia, actual terceiro classificado da Liga belga.

Marcin Wasilewski – O central/lateral-direito internacional polaco, que ficou para sempre marcado pela gravíssima lesão sofrida após choque com Axel Witsel enquanto jogava pelo Anderlecht em 2010, chegou ao plantel do Leicester após passar com sucesso um período de experiência na pré-temporada de 2013/14. Importante no título conquistado no Championship nesse ano, viria a fazer menos jogos no ano de estreia na Premier League e em 2015/16 foi utilizado em apenas 9 ocasiões; um ano (e 5 jogos) depois, deixaria definitivamente o Leicester e o futebol inglês, regressando a casa para jogar no Wisla Cracóvia durante 4 temporadas até anunciar o adeus aos relvados no fim de 2019/20 aos 40 anos.

Yohan Benalouane – Jogador de créditos firmados em França e Itália, foi contratado no verão de 2015 pelo Leicester por 8 milhões de euros à Atalanta mas acabaria por não corresponder às expectativas: apenas 9 aparições na primeira metade da temporada e empréstimo à Fiorentina em Janeiro (onde nem se chegaria a estrear devido a lesão). Ainda se manteve no plantel dos Foxes durante mais duas épocas, mudando-se em 2019 para o secundário Nottingham Forest onde também não se conseguiu destacar; hoje, com 34 anos, o internacional pela Tunísia é colega de Brno Gama e Xande Silva no Aris Salonica, actual segundo classificado da fase de campeão da Liga grega.

Daniel Amartey – Contratado a meio da temporada de toda a glória aos dinamarqueses do Copenhaga, o jovem internacional ganês fez 5 jogos na Premier League até ao fim de 2015/16. Desde então tornou-se peça importante, fruto da polivalência que lhe permite jogar como lateral-direito, central, médio ou até extremo, mas falhou mais de metade da temporada 2018/19 e toda a temporada 2019/20 devido a grave lesão. Na corrente época o atleta de 26 anos soma 17 jogos e 1 golo pelos Foxes.

King2(Andy King é o único jogador na história do futebol inglês que conquistou League One, Championship e Premier League ao serviço do mesmo clube. É obra!)

Ben Chilwell – Produto da formação do Leicester, o jovem lateral-esquerdo fez apenas 3 aparições pela equipa principal em 2015/16 (e nenhuma no campeonato, onde só conseguiu ser suplente não utilizado), passando até uma parte da temporada cedido ao secundário Huddersfield Town. A meio de 2016/17, todavia, conquistaria o lugar no 11 inicial e não mais o largou até ao verão passado, altura em que foi contratado pelo Chelsea a troco de cerca de 45 milhões de libras; nos Blues o jogador de 24 anos mantém a preponderância (36 jogos e 3 golos), sendo também o actual titular no lado esquerdo da defesa da selecção inglesa.

Andy King – O médio nascido em Inglaterra mas internacional pelo País de Gales chegou ao Leicester com 16 anos e é ainda hoje o único jogador na era Premier League a conquistar os títulos da Premier League, Championship e League One pelo mesmo clube – em 2015/16 fez 29 jogos e três golos, alternando a titularidade com o banco de suplentes. Ficaria no clube até meio de 2017/18, quando foi cedido ao Swansea (então orientado por Carlos Carvalhal), e após novos empréstimos a Derby County, Rangers e Huddersfield Town cortou em definitivo a ligação ao clube de sempre no último verão, viajando para a Bélgica onde aos 32 anos representa o Leuven (apenas 18 minutos efectuados num jogo em Janeiro).

Gokhan Inler – Contratado no verão de 2015 após vários anos bem sucedidos na Serie A (Udinese e Nápoles), o médio internacional suíço não esteve à altura das expectativas: apenas 10 jogos efectuados em toda a temporada. Mudou-se então para a Turquia, representando o Besiktas e depois o Basaksehir (campeão em ambos), e esta época aceitou descer um patamar para jogar no Adana Demirspor, onde está prestes a garantir a subida ao principal escalão (29 jogos e 1 golo aos 36 anos).

Dean Hammond – Importante na temporada de conquista do Championship, em 2013/14, o médio acabaria por perder preponderância na Premier League e em 2015/16 fez apenas 1 jogo pelos Foxes (para a Taça da Liga), sendo somente suplente não utilizado no campeonato em 2 ocasiões e sendo cedido logo em Outubro ao Sheffield United, então na League One. Em 2016/17 ainda fez alguns jogos na equipa secundária do Leicester, anunciando a retirada dos relvados no início da pré-temporada seguinte aos 34 anos; mantém-se ainda hoje como funcionário do clube, trabalhando na academia.

Nathan Dyer – Formado no Southampton, foi no Swansea que passou a maior parte da carreira – e foi por cedência do emblema galês que no início de 2015/16 integrou o plantel principal do Leicester, somando 14 jogos e 1 golo (curiosamente logo na estreia e decisivo para a vitória por 3-2 sobre o Aston Villa) na equipa que haveria de ficar para sempre na história do futebol inglês. Regressou então ao Swansea onde foi jogando de forma intermitente até ao último verão, altura em que viu a ligação ao clube de Gales terminar de vez. Aos 33 anos está neste momento inactivo.

Andrej Kramaric – O médio ofensivo/avançado internacional croata chegou ao King Power a meio de 2014/15 a troco de 9 milhões de libras (valor recorde para o clube) e mostrou alguns lampejos de classe, mas depressa se perceberam os problemas de adaptação à realidade inglesa; ainda fez 5 jogos (e 1 golo) em 2015/16, mas acabaria por ser cedido a meio da época aos alemães do Hoffenheim, onde agradou de tal maneira que o negócio foi tornado permanente no final da temporada. Ainda por lá se mantém, de resto, sendo mesmo já o melhor marcador da história do clube e o croata com mais golos de sempre na Bundesliga – esta época o atleta de 29 anos soma 22 golos em 31 jogos no actual 11º classificado da Liga alemã.

Demarai Gray – Contratado a meio de 2015/16 pelo Leicester após dar nas vistas no secundário Birmingham, o jovem extremo faria 14 aparições pelos Foxes para celebrar o primeiro (e único) título da carreira. Continuou no clube por mais 4 anos e meio, alternando a titularidade com o banco de suplentes, até que no passado mês de Janeiro o atleta de 24 anos se transferiu para o Bayer Leverkusen, somando para já 9 jogos e 1 golo no sexto classificado da Bundesliga.

ranieri(Após alguns dissabores e despedimentos em clubes de maior nomeada, Claudio Ranieri guiou o Leicester a um improvável título de Campeão.)

Jeffrey Schlupp – Produto da formação do Leicester (e chamado pela primeira vez aos trabalhos da equipa principal por Paulo Sousa em 2010/11), o extremo nascido na Alemanha mas internacional pelo Gana acabou por nunca se conseguir afirmar como indiscutível nos Foxes, passando várias temporadas com o estatuto de elemento de plantel – ainda assim, em 2015/16 fez 26 jogos (14 como titular) e 1 golo e foi eleito pelo segundo ano consecutivo o Jovem Jogador do Ano do clube. A meio de 2016/17 viria a cortar em definitivo as ligações ao clube de sempre, mudando-se para o Crystal Palace onde ainda se mantém hoje aos 28 anos (e basicamente com o mesmo estatuto que tinha no Leicester).

Leonardo Ulloa – O avançado argentino chegou ao Leicester em 2014/15, depois de vários anos nas divisões secundárias de Espanha e de ano a meio a marcar muitos golos no Brighton, e teve uma boa temporada de estreia na Premier League: 13 golos em 40 jogos. Em 2015/16, todavia, perderia espaço para a dupla Okazaki-Vardy, somando 34 aparições e 6 golos – um dos quais na vitória por 1-0 sobre o Norwich em Fevereiro cujos festejos espoletaram literalmente um pequeno terramoto na escala de Richter! Em 2016/17, com as contratações de Musa e Slimani (Sporting), viria a perder ainda mais espaço na equipa e por essa razão regressou em Janeiro de 2018 ao Brighton, tendo passado entretanto por México (Pachuca) e Rayo Vallecano (II Liga espanhola), onde ainda se mantém como colega de Bebé (10 jogos, dos quais apenas 1 como titular, e zero golos na actual temporada, aos 34 anos).

Joe Dodoo – O jovem ganês era uma das maiores promessas da formação do Leicester e apontou incríveis 4 golos nos 4 jogos realizados pela equipa principal em 2015/16 (3 dos quais na estreia, num jogo da Taça da Liga frente ao Bury no qual fez ainda mais uma assistência); acabaria, porém, por não ter continuidade nos Foxes e no verão seguinte assinou por 4 anos com o histórico Rangers, onde todavia também não se conseguiria afirmar. Após empréstimos a Charlton e Blackpool desvinculou-se do emblema escocês e, depois de na pretérita temporada ter alinhado pelo Bolton, mudou-se no último verão para a Turquia para representar o secundário Keçiorengucu onde fez apenas 6 meses, tendo em Janeiro o jogador de 25 anos regressado a Inglaterra para jogar no Wigan, na League One, onde totaliza por agora 19 jogos e 4 golos.

Claudio Ranieri – O homem que tornou o sonho possível. Velha raposa com provas dadas em Itália, Espanha e França ao longo de uma carreira então já com quase 30 anos, o técnico italiano foi a escolha da direcção presidida pelo tailandês Vichai Srivaddhanaprabha para liderar os destinos do Leicester em 2015/16, após curta (e falhada) experiência como seleccionador da Grécia. Contra todas as expectativas faria de um candidato à descida o campeão da Premier League, tocando o topo do mundo no ano de 2016 (conquistou o troféu de Melhor Treinador do Ano), acabando por um daqueles insondáveis mistérios do futebol por ser demitido a meio da temporada seguinte quando a equipa se encontrava perto da zona de despromoção e após ser derrotada na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões (1-2 com o Sevilha). Desde então treinou o Nantes em 2017/18 (onde foi substituir Sérgio Conceição), o Fulham e a Roma em 2018/19 e a Sampdoria desde Outubro de 2019, salvando o emblema genovês da despromoção na primeira temporada e conduzindo-o a um tranquilo nono posto na Serie A na corrente época (onde o técnico de 69 anos orienta o internacional português Adrien Silva).

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.