(Luís Romão joga no Imortal desde 2002 e cumpre, atualmente, a décima primeira temporada na equipa principal da turma de Albufeira.)
Longe dos tempos em que competiu na II Liga e teve uma SAD com nomes ilustres, entre os quais o antigo ponta de lança Fernando Gomes, José Veiga ou Álvaro Braga Júnior, o Imortal deu no passado sábado início à sua décima primeira participação consecutiva na I Divisão da AF Algarve.
Afastado dos Campeonatos Nacionais desde 2008, o clube de Albufeira até começou, nesse mesmo ano, do “zero”, passando diretamente da extinta III Divisão para o segundo escalão do futebol algarvio.
Luís Romão, defesa direito e jogador do Imortal há dezassete anos, esteve à conversa com o blog, onde começou por falar da sua já longa história com os vermelho e brancos, assumindo que tem o sonho de se sagrar Campeão pelo clube:
“Ingressei no Imortal quando subi a Iniciado, para jogar no Nacional, e fui lá ficando até agora. O que me vai fazendo ficar no clube, é a paixão que tenho por ele. Não tem explicação aquilo que sinto. É um orgulho vestir esta camisola e tenho o sonho de ser Campeão pelo Imortal. Como objetivos pessoais para esta época, quero ajudar a equipa, dentro ou fora de campo, a alcançar o maior número de vitórias, e, se possível, gostava de fazer uma época sem lesões”, disse.
Ao longo destes onze anos a disputar os Distritais, o Imortal já conseguiu um segundo lugar, em 2012/2013, e dois terceiros lugares, o último dos quais na época passada, terminando a apenas dois pontos do Campeão, Esperança de Lagos.
Luís Romão realça que não é fácil ser-se Campeão Distrital no Algarve, apontando a ida à fase de subida como o objetivo primordial do Imortal para esta temporada, prometendo uma equipa a lutar pelos três pontos em todos as partidas:
“É verdade que já tivemos algumas vezes para subir, sendo que no ano passado, foi a época em que tivemos mais perto de alcançar esse feito. Não é fácil ser Campeão neste campeonato. Podes chegar a ficar em primeiro na primeira fase, com dez pontos de avanço, e no final, ficares em quarto ou em quinto. O campeonato está muito competitivo, em que qualquer equipa que vá à fase de Apuramento de Campeão, pode conseguir subir. Aliás, sinceramente, neste formato de campeonato a duas fases, qualquer equipa das doze pode ser campeã. Isto porque há jogadores de qualidade, com experiência de Nacional em praticamente todas as equipas, algo que noutros anos não havia. E nestes últimos dois/três anos, a qualidade e a competitividade deste campeonato tem vindo a aumentar, e acredito que o Campeão vai ser definido por pormenores. Por isso, o nosso objetivo é ficar nos seis primeiros e depois logo se vê. O que podemos prometer ao nossos adeptos, é um Imortal a lutar pela vitória em todos os jogos, até ao último minuto”, vincou.
Com um grande histórico de participações nos Campeonatos Nacionais, o Imortal saltou para a ribalta no final da década de 90, quando conseguiu chegar à Segunda Liga, campeonato que disputou por apenas duas épocas.
Nesses dois anos de II Liga, passaram pelo Imortal nomes como os de Paco Fortes, Kassoumov, Paixão, Cândido, Sérgio Marquês e Miguel Serôdio, mas o que é certo, é que os algarvios não se conseguiram aguentar nos Campeonatos Profissionais, e depois viveram alguma instabilidade entre a II Divisão B e a III Divisão, acabando por descer aos Distritais, em definitivo, em 2007/2008, somando, inclusive, a segunda descida consecutiva.
Luís Romão viveu parte dessa fase do clube e sublinha que só nos últimos anos é que o Imortal tem entrado no caminho certo, tendo uma forte aposta na formação e na criação de condições para todos os seus atletas, algo que não acontecia nos anos anteriores:
“Sim, é verdade que o Imortal andou muitos anos nos Nacionais, onde se apostava forte, gastando-se muito dinheiro em ordenados, que, para a altura, eram elevados. Raro eram os anos em que conseguiam manter uma base e a aposta na formação era escassa. Albufeira é uma cidade muito movimentada e procurada, mas muita gente não é de cá. A maioria são pessoas de fora, que vêm para cá trabalhar e fazer a sua vida, não tendo ligação ao clube da terra. O que faltava nesses tempos, é o que têm feito nestes últimos anos. Não estão a entrar em loucuras, estão a apostar forte na formação, assim como nas instalações do clube, para que nada falte ao futebol de formação e ao futebol sénior. E com isto, as conquistas têm aparecido, e, por consequência, as pessoas têm aparecido cada vez mais para apoiar o Imortal. O que para nós, jogadores, é um fator importante. Jogar com as bancadas cheias é o melhor que pode acontecer para um jogador”, salientou.
Outrora extremo, Luís Romão, que responde por Canito no ‘mundo do futebol’, baixou no terreno e joga agora como lateral e até central, ele que nunca conheceu outro clube como sénior.
Atualmente com 30 anos, o atleta do Imortal afirma que se sente bem consigo mesmo, pois tem cuidados com a sua alimentação e preparação física, reafirmando, ainda, o seu desejo de ser campeão pela turma de Albufeira:
“Como sénior nunca joguei no Nacional, pois no meu primeiro ano de sénior, o Imortal, que na altura era SAD, terminou, e então o clube teve que começar de novo na Segunda Distrital. No entanto, como Júnior, ainda cheguei a jogar na II Divisão B e na III Divisão Nacional. Tenho 30 anos, mas sinto-me como se tivesse 20, pois cuido do corpo com treino de ginásio, aliado a uma boa alimentação e descanso como deve de ser, o que é muito importante para que um jogador consiga jogar muito mais anos. Como referi há pouco, tenho um sonho no futebol, que é ser Campeão pelo Imortal”, explicou o jogador, que não terminou a nossa entrevista sem nos explicar a origem da alcunha pela qual é conhecido desde os tempos de criança:
“Essa alcunha surgiu quando estava no Padernense. Eu era Escolinha, mas treinava sempre com os Infantis, e houve um treino que acabou por não acontecer, já não me recordo porquê. Então, nesse dia, era dia de treino dos Iniciados e eu fui treinar com eles. Ora, eu, com idade de Escolinha, ir treinar com os Iniciados, queria dar tudo e comecei a correr sempre atrás da bola, até que houve um colega meu que disse que eu parecia um cão de caça a correr atrás dela. E a partir daí, fiquei o Canito até hoje (risos)”, finalizou.
Luís Romão começou o seu percurso no futebol ao serviço do Padernense, com nove anos, onde esteve quatro épocas, entre Escolinhas e Infantis. Em 2002, mudou-se para os Iniciados do Imortal, e iniciou aí, sem imaginar, um percurso que já vai em dezassete anos ao serviço do emblema de Albufeira.