(A festa dos jogadores do Sheriff em contraste com o desespero dos adeptos madridistas.)
A vitória de ontem do Sheriff em pleno Santiago Bernabéu, além de ser o maior feito da história do clube moldavo, representa aquele que é, provavelmente, o maior “choque” de toda a história da Liga dos Campeões.
Estreante na fase de grupos da prova milionária, o Sheriff Tiraspol tem, diga-se, muito mais para contar além do triunfo sobre o Real Madrid: desde logo, a começar pelo facto de estar situado na Transnístria, uma região que se declarou independente da Moldávia em 1990 com a ajuda da Rússia, mas que continua, ainda hoje, a pertencer de forma oficiosa ao País moldavo.
Em 1993, antigos membros do KGB criaram uma empresa de segurança na Moldávia chamada… Sheriff, e em 1997, depois de já se terem expandido por vários outros ramos, decidiram entrar no futebol ao fundar um clube com o mesmo nome da empresa, cedendo o logotipo, e transformando-o gradualmente no emblema mais rico da Moldávia.
O Sheriff só precisou de duas épocas para chegar à I Liga Moldava, e no ano de estreia no escalão mais alto, 98/99, terminou o campeonato no 4º lugar e conquistou a Taça, o que rendeu a qualificação para a Taça UEFA – desde aí apurou-se sempre para as competições europeias.
Em 2001, o clube sagrou-se Campeão e deu início a um incrível Deca Campeonato, o que também serviu de motivo para que a região da Transnístria demonstrasse a sua alegada superioridade em relação ao resto do País, surgindo várias vozes a manifestar o desejo de que o Sheriff se mudasse para o campeonato russo.
Esta época, depois de por duas vezes ter chegado à 3ª e última pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, em 09/10 e 10/11, o Sheriff conseguiu finalmente a tão desejada vaga na fase de grupos, ao mesmo tempo que parece ter voltado ao domínio total na Moldávia: já soma seis campeonatos consecutivos.
Esperavam-se dificuldades acrescidas para os moldavos nesta Champions League, num grupo dificílimo com Inter, Real Madrid e Shakhtar, mas a verdade é que o Sheriff é líder isolado do grupo com seis pontos em seis possíveis e com vitórias categóricas sobre ucranianos (2-0) e espanhóis (2-1).
Independentemente do que acontecer até final, já ninguém tira um lugar na história ao clube que representa oficialmente a Moldávia nas provas europeias, mas que é, atualmente, a maior bandeira da Transnístria.
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