Mário Jorge: “Era impensável a época ter o desfecho que teve”

Mário Jorge(Mário Jorge fez vinte e oito jogos e seis golos no Campeonato de Portugal, ao serviço da AD Nogueirense, clube que representou pela sexta época consecutiva.)

A AD Nogueirense desceu do “céu ao inferno” em 2018/2019: depois de uma boa primeira volta na Série C do Campeonato de Portugal, que fechou em oitavo lugar com dez pontos de vantagem para a “linha de água”, a turma vermelha e branca viveu o oposto na segunda volta, acabando despromovida, na derradeira jornada, aos Distritais.
Assim, a formação de Nogueira do Cravo, concelho de Oliveira do Hospital, interrompe um hiato de sete temporadas consecutivas no terceiro escalão do futebol português, sendo que, até à data, o Nogueirense tinha disputado todas as edições da prova sob a designação de Campeonato de Portugal/CNS.
Mário Jorge, médio centro e capitão de equipa, falou ao blog sobre a temporada dos nogueirenses, começando por fazer uma espécie de análise do campeonato:
“Acredito que tenha sido uma conjugação de vários fatores que levou a este desfecho negativo que tivemos. Verdade que começámos a época muito bem, o que nos permitiu andar a maior parte do campeonato nos lugares que considerávamos confortáveis, com um futebol atrativo, com sorte, com tudo aquilo que é preciso para se ter sucesso. Mas ao mesmo tempo, também tínhamos a noção de que as coisas poderiam virar a qualquer momento, que foi o que aconteceu. Castigos, lesões, maus jogos, aselhice, todos esses fatores que, mais tarde ou mais cedo, iam chegar, acabaram por se sobrepor aos outros. Que isso ia levar à descida? Acho que ninguém acreditava nisso, mas o que é certo, é que aconteceu”, explicou.
Graças a uma boa primeira volta, a AD Nogueirense “virou” o campeonato num lugar seguro e o início positivo de segunda volta, com duas vitórias nas duas primeiras jornadas e oito pontos em doze possíveis, não faziam antever que a equipa ia descer.
Depois de cinco derrotas consecutivas, a equipa bateu o Oliveira do Hospital no derby concelhio, voltou a vencer três jornadas depois, diante do Sertanense, na 30ª Jornada, e parecia ter tudo encaminhado para se manter, dados os nove pontos de avanço que tinha para a zona de despromoção, a quatro rondas do final.
Contudo, o calendário não foi “amigo” – Anadia, U. Leiria, Alverca e Vilafranquense -, o Nogueirense perdeu os últimos quatro jogos, e, na última jornada, fruto de uma conjugação de resultados, caiu para os Distritais da AF Coimbra.
Mário Jorge considera que tudo falhou para que a equipa não tivesse conseguido a permanência, reforçando que era impensável a época ter o desfecho que teve:
“Penso que falhou tudo. Desde jogos menos conseguidos, castigos, lesões, ansiedade, tudo e mais alguma coisa. Quando se cai numa espiral de resultados negativos, com todos esses fatores que falei anteriormente, fica muito difícil. Pegando naquilo que foi a nossa primeira volta, era impensável este desfecho que a época teve”, afirmou.
Contas finas feitas, a AD Nogueirense terminou a Série C do Campeonato de Portugal no décimo quarto posto, com 41 pontos – os mesmos de Loures e Sertanense, que se mantiveram -, tendo conseguido onze vitórias, oito empates e quinze derrotas, trinta e dois golos marcados e trinta e nove golos sofridos, em trinta e quatro jornadas.
Na Taça de Portugal, a campanha nogueirense foi de curta duração, perdendo logo na primeira eliminatória, diante da Sanjoanense, por duas bolas a zero.
Na hora de escolher os momentos mais significativos da temporada, Mário Jorge apontou, naturalmente, à descida de divisão, como o ponto mais negativo de 2018/2019:
“Melhor momento da época, foi a vitória na Sertã, que era, à data, o adversário que estava no lugar de descida, o chamado adversário direto. Ganhámos, ficando, não com a sensação de dever cumprido, porque ainda faltavam algumas jornadas para o fim do campeonato, mas sim de um passo importante para o nosso objetivo. Pior momento, é óbvio que tem de ser o jogo em Vila Franca de Xira, que nos ditou a descida”, elegeu.
Ao serviço da AD Nogueirense pela sexta temporada consecutiva, Mário Jorge registou vinte e oito jogos e seis golos no campeonato, tendo feito, também, um jogo para a Taça de Portugal.
O médio ainda não sabe onde vai jogar na nova temporada, comentando que ainda está a “recuperar” de uma época que não foi nada fácil:
“Pessoalmente, ainda não tenho nada definido em relação à próxima época. Ainda estou a ‘ressacar’ da época que passou, que não foi nada fácil. Vamos ver o que acontece”, concluiu.
Mário Jorge, de 31 anos, começou o seu percurso precisamente na AD Nogueirense, aos onze anos, nos Infantis, mudando-se para o Sporting, e, posteriormente, para a Académica, terminando a formação na “Briosa”. Como sénior, até hoje, só conheceu dois clubes: Oliveira do Hospital (2008 – 2013) e AD Nogueirense (2013 – 2019).

Fábio Rodrigo: “Senti-me orgulhoso mas fiquei mais contente pela equipa”

FabioRodrigo(Fábio Rodrigo chegou a meio da presente temporada à AD Nogueirense.)

A Jornada 27 da Série C do Campeonato de Portugal, ficou marcada pelo derby entre a AD Nogueirense e o Oliveira do Hospital, em que os Homens de Nogueira do Cravo levaram a melhor sobre o clube da “capital” do concelho (1-0).
A equipa da casa, que chegou a andar na sexta posição, vinha de um ciclo de sete jogos consecutivos sem ganhar, e com este triunfo voltou a distanciar-se da zona de despromoção, ocupando agora o nono lugar em igualdade pontual com o Caldas.
Fábio Rodrigo foi o jogador que “decidiu” o derby, e em declarações ao “Conversas Redondas”, começou por falar acerca do jogo do passado domingo:
“Foi um jogo de muita vontade das duas equipas, como acontece em todos os derbys, com as duas equipas a quererem ganhar, então, tornou-se num jogo muito físico, com muitos duelos e com poucas oportunidades de golo. Se não me engano, houve três ou quatro oportunidades de golo, todas a nosso favor, e conseguimos fazer golo numa delas. Depois tentamos aguentar o resultado, porque também era um resultado importante para nós, que estávamos há sete jogos sem ganhar e animicamente é difícil trabalhar sobre esses resultados negativos”, referiu.
Depois de ter começado a temporada no Tourizense, o extremo mudou-se para o Nogueirense em Janeiro, e estreou-se a marcar diante do Oliveira do Hospital.
Naturalmente, o jogador confessa-se orgulhoso por ter marcado e “resolvido” o derby de Oliveira do Hospital, mas sublinha que a sua maior felicidade foi a vitória e o aumento da vantagem pontual para a “linha de água”:
“Eu cheguei em Janeiro e a minha adaptação foi mais dura do que o que pensava, porque cheguei a uma equipa que estava com bons resultados, com os processos bem trabalhados, e tive dificuldade em ir em busca de um lugar. Depois, para piorar, fui expulso e tive quase um mês suspenso, voltei e fiz o meu segundo jogo seguido no onze e fiz o golo. Claro que toda a gente gosta de fazer golos, ainda para mais em nossa casa, com o estádio cheio e ajudar a ganhar, naquele que é o maior jogo da época para os adeptos. Senti-me orgulhoso, mas fiquei mais contente pela equipa, por conseguirmos tirar a pressão dos maus resultados e voltarmos a ter uma margem “grande” (oito pontos) sobre a “linha de água”. Essa foi, para mim, a maior felicidade de ter feito golo”, salientou.
A disputar os Campeonatos Nacionais desde 2010, a AD Nogueirense já leva sete temporadas consecutivas no terceiro escalão do nosso futebol.
O bom arranque de campeonato permitiu à equipa “fugir” da cauda da tabela, mas as cinco derrotas seguidas que antecederam a vitória sobre o Oliveira do Hospital, “ameaçaram” colocar o clube em zonas perigosas.
Fábio Rodrigo mostra-se confiante na permanência e aponta para o facto da sua equipa ser jovem e, por isso, refere que devem querer ganhar sempre pois só assim chamarão a atenção de equipas de outros campeonatos:
“Acredito que vamos ser capazes de assegurar a manutenção, pois caso contrário, ficava em casa e não estava a semana toda a quilómetros de distância da família, dos amigos e da minha namorada. Penso que uma equipa jovem como a nossa, não pode olhar para o calendário e pensar nos “cuidados” que deve ter para assegurar a manutenção. Acho que devemos querer ganhar sempre todos os jogos e fazer isto por nós, porque a maior parte dos jogadores aqui tem aspirações em chegar aos campeonatos profissionais, e só com um final de temporada forte, é que as equipas desses campeonatos vão olhar para os jogadores da AD Nogueirense”, afirmou.
Aos 23 anos, o atleta que soma sete jogos pela formação de Nogueira do Cravo, quer, primeiramente, assegurar a sua continuidade e a do clube no Campeonato de Portugal, mas não esconde a ambição em chegar à I Liga:
“Primeiro, estou empenhado em fazer uma boa fase final do campeonato aqui, para manter o clube no Campeonato de Portugal, e garantir, também, a minha continuidade no Campeonato de Portugal. Mas as minhas ambições são as mesmas de qualquer miúdo que começa a jogar na escola, como foi o meu caso, que é chegar à I Liga”, concluiu.
Fábio Rodrigo começou a jogar no São Lourenço do Douro, de onde transitou para o Penafiel, clube onde completou a sua formação. Como sénior, já representou Cinfães, AD Oliveirense, Aliança de Gandra, Bragança e Tourizense, mudando-se para a AD Nogueirense a meio da atual temporada.