Gil Vicente: o 26º representante luso na Europa

gilvicente(A festa dos jogadores gilistas após Boselli marcar o golo do empate na partida de ontem.)

Agora sim, é oficial: ao empatar ontem na Letónia, diante do Riga FC (1-1), a contar para a 1ª mão da 3ª Eliminatória da Conference League, o Gil Vicente tornou-se no vigésimo sexto clube português a disputar uma prova europeia reconhecida pela UEFA – o Barreirense fica fora desta contabilidade precisamente porque participou na Taça das Cidades com Feira, competição não reconhecida pelo organismo que tutela o futebol europeu.
A formação comandada por Ivo Vieira até entrou a perder na estreia, cortesia do brasileiro Douglas Aurélio (17′), mas no segundo tempo conseguiu restabelecer a igualdade graças a um golaço histórico do urugaio Juan Boselli: o avançado contratado ao Tondela, além de permitir à sua equipa obter um bom resultado, apontou o primeiro golo da história do Gil Vicente em competições europeias.
De resto, a última vez que Portugal havia estreado um clube nas provas da UEFA foi há seis anos: em 2016, o Arouca, que tal como os gilistas em 21/22 fez um campeonato sensacional em 15/16, começou por eliminar os neerlandeses do Heracles na 3ª Eliminatória de acesso à Liga Europa (empate 1-1 fora e 0-0 em casa); e no play-off, depois de perder no seu estádio com o “todo poderoso” Olympiacos (0-1), conseguiu vencer no Georgios Karaiskakis ao fim de 90 minutos, contudo, perdeu no prolongamento (1-2).
Sem surpresa, Benfica, FC Porto e Sporting são os clubes lusos com mais presenças e mais jogos nas provas da UEFA, e logo atrás deles surge outro trio que não surpreende: Sp. Braga, Boavista e Vitória SC têm todos vinte ou mais participações europeias, sendo que, destes seis, apenas o emblema de Guimarães não conseguiu disputar a fase de grupos da Liga dos Campeões, tendo-se ficado pelo play-off em 08/09.
A partir daqui, surgem várias equipas com ligeiras diferenças entre si: Belenenses e Vitória FC já foram ambos à Europa por quinze vezes; o Marítimo soma nove presenças; a União de Leiria conseguiu oito apuramentos; CUF, Nacional e Paços de Ferreira já experimentaram competições internacionais por cinco ocasiões; Académica, Leixões e Rio Ave têm quatro participações; enquanto que Estoril, Estrela da Amadora e Santa Clara contam com duas experiências europeias.
Com apenas uma presença em provas europeias surgem mais seis clubes para além do Gil Vicente: Arouca, Beira-Mar, Desp. Chaves, Farense, Salgueiros e Portimonense ainda procuram repetir o feito, sendo que, à exceção dos beiramarenses que venceram a Taça de Portugal e por isso garantiram a vaga na então Taça UEFA, todos os outros conseguiram lugar na “Europa do futebol” graças a belíssimas performances na I Divisão.
Ainda relativamente às estreias, nota para o facto do Santa Clara, que na época passada disputou a Conference League, não se ter estreado em provas europeias em 21/22: os açorianos fizeram-no em 2002, na já extinta Taça Intertoto, prova reconhecida e organizada pela UEFA, na qual participaram vários clubes lusos, tais como Sporting, Vitória FC, Vitória SC, Sp. Braga, U. Leiria, Belenenses, Estrela da Amadora e CUF.
Contas feitas, entre Taça dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões, Taça UEFA/Liga Europa, Taça das Taças, Taça Intertoto e Conference League, Portugal já “deu” vinte e seis clubes às competições europeias, e a lista pode aumentar já na próxima temporada.

Santa Clara na Europa: equipamentos emprestados na estreia

SantaClaraTeplice(Bruno Ribeiro em luta com um adversário durante o Santa Clara 1-4 Teplice de 02/03. Créditos de imagem: facebook do CD Santa Clara.)

Ao contrário do que foi algumas vezes escrito e dito, a presença do Santa Clara na nova Conference League não significará a estreia europeia dos açorianos, que, em 02/03, disputaram a extinta Taça Intertoto e até chegaram à 2ª Eliminatória.
Essa primeira participação do Santa Clara nas provas europeias ficou desde logo marcada pelo facto do clube só ter ido à Intertoto face à desistência do Vitória SC, que abdicou de participar na competição para proceder a obras no seu estádio tendo em conta a aproximação do Euro 2004.
Apesar de ter terminado a Liga no 14º lugar e da UEFA só aceitar a participação de quem terminasse nos doze primeiros lugares do campeonato, o Santa Clara viu a sua inscrição aceite no lugar dos vitorianos e começou por defrontar na ronda inaugural os arménios do Shirak.
Com golos de João Pedro e Brandão no Estádio São Miguel, a turma orientada por Manuel Fernandes venceu a primeira mão (2-0) e foi à Arménia com mais tranquilidade, mas longe de imaginar que jogaria com o equipamento… do adversário: os açorianos fizeram escala em Paris e grande parte das bagagens não seguiu para Gyumri.
Aí, o Santa Clara contou com a ajuda do seu adversário, que disponibilizou o equipamento alternativo aos vermelhos e brancos, e, podemos dizer, esse empréstimo deu sorte à comitiva lusa: com um hat-trick de João Pedro, os ilhéus empataram a três golos e seguiram em frente na prova.
Na segunda eliminatória, a formação portuguesa mediu forças com os checos do Teplice e não foi feliz, dando por encerrada a sua primeira experiência europeia com duas goleadas sofridas: 1-5 na República Checa e 1-4 nos Açores, com João Pedro a marcar em ambos os jogos, diante de uma equipa que tinha Pavel Horváth, médio que meses antes tinha estado no Sporting.
Amanhã, o Santa Clara volta oficialmente às competições da UEFA dezanove anos depois, jogando a primeira mão da segunda pré-eliminatória da Conference League em casa dos macedónios do Shkupi.