Zé Pedro: a bandeira não oficial da Adidas

zepedro(A cumprir a terceira época de ligação ao FC Porto, Zé Pedro foi este mês promovido em definitivo à equipa principal dos dragões.)

É uma das histórias mais incríveis de 2023 no futebol português, pelo que o timing para a publicação deste artigo não é, de todo, inocente. Aos 26 anos, e depois de uma carreira inteira passada nas divisões inferiores do futebol nacional, Zé Pedro acaba o ano como titular da equipa principal de um grande do país (e do mundo) e com boas perspectivas de manter esse estatuto para o 2024 que entra daqui a pouco mais de 24 horas.

Não, o central nascido em Guimarães a 6 de Junho de 1997 não conseguiu ainda um contrato com a Adidas – mas bem que podia ter já sido integrado na famosa campanha “Impossible is nothing”. Porque a sua história vem demonstrar, com todas as letras, que de facto tudo pode acontecer, mesmo quando as probabilidades parecem muito reduzidas e pouco ou nada indique que valha a pena acreditar num cenário diferente.

zepedroestrela(A passagem pelo Estrela mudou a vida do central.)

O caso de Zé Pedro foi literalmente o de alguém que estava no sítio certo à hora certa e tirou o maior proveito dessa situação – mesmo que inadvertidamente. Foi o próprio Sérgio Conceição que o revelou, numa chamada telefónica feita para um programa de televisão onde se abordava o surgimento do central minhoto na equipa principal do Porto, num acto que se não é inédito em Portugal, anda certamente lá perto.

Zé Pedro chegou ao Dragão no verão de 2021, depois de uma temporada a excelente nível no Estrela da Amadora, que lhe valeu a eleição para a Equipa do Ano do Campeonato de Portugal. A contratação por parte dos azuis-e-brancos foi com vista à integração na equipa secundária mas teve o aval directo do treinador da equipa principal, que ficou agradado com o que viu do central após ter ido ver jogar… o filho mais velho. “Fui ver duas ou três vezes o Estrela da Amadora porque o meu filho [Sérgio] estava a jogar nessa equipa e gostei muito do jovem. Não conhecia o percurso dele e informei-me um bocadinho. Achei que devia falar com o [António] Folha, que estava na equipa B, e que seria um central interessante, já com alguma experiência e que daria alguma estabilidade na equipa B”, contou Sérgio Conceição na intervenção telefónica que fez em directo no Canal 11.

zepedrobraga(Entre 2018 e 2020, o futebolista minhoto atuou pelos Sub-23 do Sp. Braga.)

Na mesma ocasião, numa altura em que Zé Pedro havia feito duas partidas consecutivas pela equipa principal do FC Porto (a primeira das quais diante do Benfica, no Estádio da Luz, quando foi lançado a jogo logo aos 25 minutos após a expulsão de Fábio Cardoso), Sérgio Conceição detalhou as características que o levaram a acreditar no central vimaranense desde a primeira vez em que o viu jogar. “Achei que o Zé Pedro tinha características interessantes, é um jogador rápido. No último jogo, fez quase 33km/h, neste momento é o jogador mais rápido que temos na defesa. É extremamente inteligente em toda a articulação defensiva e alinhamento defensivo que é necessário trabalhar e temos de dar mérito ao Folha que deu continuidade àquilo que ele já tinha e melhorou outros que ele necessitava melhorar. É extremamente habilidoso, joga bem curto, longo, bate bem livres… É um jogador que nos dá garantias de entrar para um jogo completamente tranquilo e um central que eu acho que tem um potencial enorme”, elogiou o técnico, frisando também algumas “coisas a melhorar”: “Faz parte da nova geração, por vezes é um bocadinho ‘sono’. Tem de dormir com um olho aberto e outro fechado”.

Para o fim, mais um elogio, este relacionado com outra vertente: “Tem uma coisa que gosto: ele e a família vivem o FC Porto de forma incrível. É mais uma coisa que faz com que o Zé Pedro tenha sucesso”. Palavras de Sérgio Conceição que vão ao encontro do discurso proferido pelo central aquando da mudança da Amadora para o Dragão, que terá valido cerca de 250 mil euros aos cofres do emblema agora primodivisionário: “Aqui só se pode encarar todos os jogos para ganhar, é a mística do clube, eu fui habituado assim enquanto adepto e enquanto jogador não vou querer menos, quero ganhar sempre”.

zepedrosandinenses(Zé Pedro, à esquerda, em ação pelos Juvenis d’Os Sandinenses diante do Vitória SC na temporada 2012/13.)

No início da actual temporada, e depois de se tornar oficialmente o capitão da equipa B, após Silvestre Varela pendurar as botas, Zé Pedro renovou até 2026 com os dragões, frisando mais uma vez ser “portista de coração”. Titular indiscutível na formação secundária, acabaria por ser integrado nos trabalhos da equipa principal devido a uma onda de lesões que afectou o sector mais recuado da equipa (nomeadamente Pepe e Marcano), tendo depois a oportunidade de entrar de início na vitória caseira diante do Portimonense (1-0) após a expulsão de Fábio Cardoso na Luz, reeditando a dupla com David Carmo já feita na equipa de sub-23 do Braga em 2019/20.

Por esta altura, porém, não era ainda um elemento fixo do plantel principal, como ficou bem claro com o regresso à equipa B após Pepe e Fábio Cardoso voltarem a ficar disponíveis. Entre 20 de Outubro e 6 de Dezembro, Zé Pedro fez 3 jogos pela equipa principal, dois para a Taça de Portugal e um para a Taça da Liga, e 4 na formação secundária, sendo mesmo eleito o melhor defesa de Outubro e Novembro da II Liga. A partir de 9 de Dezembro, porém, esse cenário mudou em definitivo: Zé Pedro foi chamado ao 11 inicial para fazer dupla com Pepe na recepção ao Casa Pia, com Fábio Cardoso a ser relegado para o banco, e respondeu com uma excelente exibição e o seu primeiro golo (e único até ao momento) na formação principal no triunfo por 3-1, acabando por ser eleito para o Onze da Jornada da Liga.

zepedrofafe(Em 17/18, o atleta natural de Guimarães fez 30 jogos e 1 golo pelo Fafe entre Campeonato de Portugal e Taça de Portugal.)

A confirmação da sua mudança de estatuto chegou no passado dia 21, já depois de ter sido titular também na derrota em Alvalade (2-0), na sequência da oficialização da descida de David Carmo para a equipa B. Escolha inicial ao lado de Fábio Cardoso no triunfo suado ante o secundário Leixões para a Taça da Liga (2-1), em jogo que serviu apenas para cumprir calendário, pois os dragões já estavam eliminados da prova, Zé Pedro manteve-se como titular na recepção de ontem ao Chaves, fazendo novamente dupla com Fábio Cardoso (Pepe cumpriu o segundo jogo de castigo, depois da expulsão diante do Sporting).

Ao todo, são já 9 jogos na equipa principal esta época, que se somam aos 90 minutos para a Taça da Liga de 2021/22, ante o Rio Ave, onde fez a estreia absoluta nos AA (curiosamente também numa vitória, por 1-0, em jogo que já não contava para nada, visto que o FC Porto também já tinha falhado o apuramento para as meias-finais). Pela formação secundária, à qual já só deverá voltar esta época em caso de absoluta necessidade de Folha, o central totalizou 74 partidas e 6 golos em 2 épocas completas mais o período já abordado na actual.

zepedroportob(Zé Pedro rapidamente conquistou a titularidade na equipa B portista e esta temporada tinha sido promovido a capitão.)

Com formação iniciada no Vitória SC, Zé Pedro registou depois uma passagem pel’Os Sandinenses antes de chegar ao Vizela, onde actuou pelos juvenis e juniores. O primeiro ano de sénior (2016/17) seria cumprido no União Torcatense, no Campeonato de Portugal, por cedência dos vizelenses, mudando-se no verão de 2017 em definitivo para o Fafe, onde nova época positiva abriria as portas do Braga. Nos Guerreiros do Minho ficou dois anos, actuando sempre na equipa de sub-23, até surgir a oportunidade de assinar pela nova versão do Estrela da Amadora que acabaria por lhe mudar a vida. Segue-se 2024 e a mais que certa (e até há pouco tempo absolutamente impensável) inclusão na lista portista para a Liga dos Campeões: de facto, “Impossible is nothing”.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

Vitinha: a resposta às dúvidas dá-se em dose dupla

vitinha

Vitinha, ponta de lança que representa os franceses do Olympique de Marselha, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Não estava fácil o começo de Vitinha no Marseille: eram já 8 jogos (ainda que com apenas 156 minutos de utilização efectiva) e nem um único golo pelo emblema francês, para o qual seguiu no último dia do mercado de transferências de inverno a troco de 32 milhões de euros, tornando-se a compra mais cara da História do clube. O passado domingo, todavia, pode ter significado o início de uma nova era para o avançado nascido há 23 anos em Cabeceiras de Basto: foram dois os golos apontados na vitória caseira por 3-1 sobre o aflito Troyes, na primeira real demonstração das suas qualidades em solo gaulês.

Após fazer praticamente toda a formação no Águias de Alvite, tendo inclusivamente chegado a treinar no Benfica, dado o protocolo que existia entre o modesto emblema minhoto e as Águias, Vitinha chegou ao Braga apenas no primeiro ano de júnior, mas ainda bem a tempo de deixar a sua marca: foram 21 golos em época e meia, que permitiram a ascensão ao plantel de sub-23 ainda com 18 anos, no decorrer de 2018/19. Após uma época morna na Liga Revelação (7 golos em 32 jogos), passou a jogar maioritariamente pela equipa B, na Liga 3, em 2020/21, registando números absolutamente sensacionais na primeira metade da temporada: 9 golos em 10 jogos!

Um registo que, obviamente, chamou a atenção dos responsáveis da equipa principal, com Carlos Carvalhal a chamá-lo pela primeira vez para um jogo da Liga Europa em casa diante dos ucranianos do Zorya. Seria suplente utilizado, tal como diante do Rio Ave duas semanas depois, mas em Janeiro receberia o primeiro grande prémio: lançado em campo aos 63 minutos da recepção ao Torreense, para os oitavos-de-final da Taça de Portugal, acabaria por ser o escolhido para bater a grande penalidade que converteu para o 5-0 final (contributo que lhe valeria o primeiro troféu da carreira, dado que o Braga acabaria por conquistar a prova).

5 dias depois, renovou com os Guerreiros do Minho até 2024. No resto da temporada acabaria por somar apenas mais 1 minuto na equipa principal, sendo mesmo opção em 3 jogos da equipa de sub-23 (com 4 golos nos primeiros 2, acabando por se lesionar no terceiro, nas meias-finais da Taça, terminando aí a época). Para 2021/22, manteve o estatuto de jogador de equipa principal, sendo suplente utilizado na final da Supertaça perdida para o Sporting (1-2), mas desceu depois novamente à Liga 3, representando a equipa B durante 1 mês (3 golos marcados em 4 jogos realizados).

A partir da jornada 7, porém, regressou à equipa principal e não mais de lá voltaria a sair. Ao todo, foram 14 golos (e 3 assistências) até ao fim da temporada, com destaque para o tento na estreia como titular (que valeu o triunfo caseiro sobre o Gil Vicente por 1-0 na ronda 9), o poker nos 6-0 ao Santa Clara na quarta eliminatória da Taça de Portugal e o hat-trick em Arouca na jornada 16, em novo 6-0 dos bracarenses.

Previa-se uma época 2022/23 com ainda mais preponderância, apesar da saída de Carvalhal – ou até por isso, dada a subida ao comando técnico de Artur Jorge, que já havia orientado Vitinha nos sub-23. E assim aconteceu: foram 13 golos (e 5 assistências) em 27 jogos até ao dia 21 de Janeiro, entre os quais o hat-trick perfeito apontado na primeira parte do encontro na Bélgica frente ao St. Gilloise, na fase de grupos da Liga Europa, que lhe valeu a eleição por parte da UEFA para Jogador da Semana da competição.

Sem surpresa, com a chegada do mercado de inverno começaram os rumores e as associações a clubes de campeonatos de maior nomeada. Com contrato válido até 2027, após renovação do vínculo em Agosto, e cláusula de rescisão de 30 milhões de euros, acabaria por ser o Marseille a ganhar a corrida pelo promissor avançado luso, com a transferência a ser oficializada precisamente 1 dia depois de Vitinha ser agraciado com a distinção de Revelação do Ano na Gala Legião de Ouro, o certame anual organizado pelo Braga.

As primeiras impressões no gigante francês não foram as mais positivas, tendo sido necessário o treinador e o presidente do clube fazerem por mais que uma vez pedidos de paciência aos adeptos – titular logo na estreia, foi substituído ao intervalo, sendo opção inicial apenas mais 2 vezes desde então, a última das quais precisamente no último sábado. Tudo poderá ser diferente a partir de agora para o avançado minhoto, que estará inclusivamente sob observação atenta do staff comandado por Roberto Martínez, ainda que continue à espera da primeira chamada à selecção A – internacional nos sub-18 (3 jogos, zero golos) e sub-21 (8 jogos, 4 tentos), esteve na lista alargada de pré-convocados por Fernando Santos para o Mundial do Qatar mas acabaria por ficar de fora das escolhas finais. Se mantiver a evolução no actual vice-líder da Ligue 1, a espera poderá ter os dias contados muito em breve.

Diogo Casimiro: um regresso inspirador

diogocasimiro(Diogo Casimiro esteve quase dois anos sem jogar oficialmente.)

Quase dois anos depois do seu último jogo oficial, Diogo Casimiro, jogador do Sp. Braga, regressou no passado sábado à competição, entrando aos 84 minutos do desafio entre os bês minhotos e o Montalegre, que terminou com triunfo transmontano válido pela 10ª Jornada da Série A da Liga 3 (1-2).
Sem jogar oficialmente desde o longínquo dia 6 de Dezembro de 2020, quando alinhou 90 minutos na vitória do Braga B sobre o Mirandela a contar para o Campeonato de Portugal (3-0), o futebolista natural de Oliveira de Azeméis sofreu, naquela altura, uma contrariedade que o afastou dos relvados todo este tempo.
Diagnosticado com um linfoma, Diogo Casimiro foi, naturalmente, forçado a suspender a carreira, concentrou as suas forças na luta contra a doença, e além de realizar quimioterapia, superou ainda uma infeção que o deixou em coma durante quatro dias. Em Julho deste ano, recebeu, finalmente, a tão desejada alta médica para voltar aos treinos sem limitações, vencendo assim “o jogo” mais importante da sua vida e tornando-se num belíssimo exemplo de superação e inspiração.
Contratado pelo Sp. Braga em 2018, o lateral direito viu o emblema bracarense renovar-lhe o contrato por duas vezes durante este período longo e difícil que atravessou, e depois de alguns meses a recuperar a sua forma física, teve então a oportunidade de tornar a competir de forma oficial no último sábado, embora a sua primeira convocatória desta época tenha ocorrido a 6 de Novembro, quando foi suplente não utilizado diante do Felgueiras – curiosamente, voltou a jogar no mesmo local onde tinha feito o último jogo: no Centro Desportivo de Fão.
Nascido a 14 de Dezembro de 1998, Diogo Casimiro, atualmente com 23 anos, começou o seu trajeto nas camadas jovens da Oliveirense e posteriormente transferiu-se para o FC Porto, onde terminou a sua formação e por quem se sagrou Campeão Nacional de Iniciados e Juniores. Como sénior, alinhou uma época no Freamunde antes de se mudar para o Sp. Braga, tendo já atuado, além da equipa B, pelos Sub-23.

Belenenses – Académica. Pedro deu duas marteladas nos julgamentos precoces

martelo(Na estreia oficial pelo Belenenses, Pedro Martelo bisou diante da Académica e foi eleito o melhor jogador em campo.)

O nome, como vários outros nas últimas três décadas em Portugal, é familiar junto dos adeptos do futebol nacional devido a uma campanha de uma selecção jovem numa grande competição – no caso, acabou mesmo com a vitória na prova. O percurso desde então, porém, não tem tido o brilhantismo que teve essa participação, na qual apontou o golo que garantiu o título a Portugal. Até que no último fim-de-semana, os mais atentos voltaram a ouvir falar dele pelos melhores motivos: na estreia pelo Belenenses, Pedro Martelo bisou e garantiu a primeira vitória dos Azuis do Restelo na Liga 3, e logo no clássico perante a igualmente histórica Académica, voltando a fazer títulos de artigos na imprensa desportiva – como acontece precisamente aqui neste texto.

Pedro (Alves Correia de nome, Martelo por identificação com o primo Vítor Martelo, o seu ídolo de infância e ainda hoje a jogar no Lusitano de Évora) teve de passar por um caminho sinuoso desde que, naquele dia 29 de Julho de 2018, entrou em campo aos 101 minutos para resolver a final do Europeu de sub-19 diante da Itália: além de assistir Jota para o terceiro golo da equipa das quinas, marcaria ele mesmo o 4-3 que nos deu o ouro na categoria pela primeira vez na História. Por essa altura, o avançado cumpria o primeiro ano de sénior e encontrava-se a alternar entre a equipa B e a de sub-23 do Braga por empréstimo do Deportivo da Corunha, onde havia chegado no primeiro ano de júnior após percurso formativo dividido por Lusitano de Évora (cidade de onde é natural) e Benfica.

martelopt(Pedro Martelo com o título de Campeão da Europa Sub-19. O ponta de lança soma 20 internacionalizações e 11 golos entre as Seleções Sub-19 e Sub-20.) 

Na época seguinte regressou à Galiza, somando 26 jogos e 8 golos pela equipa B do Depor na III Divisão espanhola, e no verão de 2020 assinaria por três temporadas com o Paços de Ferreira… onde não chegou a cumprir um único minuto em jogos oficiais: após empréstimos a Badajoz (apenas 3 jogos como suplente utilizado e zero golos na II Divisão B espanhola), Amora (8 jogos e 1 golo) e São João de Ver (13 jogos e 3 golos, um dos quais a garantir a permanência), os dois últimos na pretérita temporada e ambos na Liga 3, já no fim desta pré-temporada (onde até foi o melhor marcador da equipa) foi anunciada a rescisão de contrato com os pacenses. Poucos dias depois, Pedro Martelo seria oficializado como reforço do revitalizado Belenenses, e a verdade é que a aposta dos homens do Restelo já começou a dar os seus frutos.

A poucos meses de completar 23 anos, Pedro Martelo está a começar a dar cartas na Liga 3. Mas… e o que é feito dos outros integrantes dessa equipa campeã, a tão afamada geração de 99, que na sua maioria já tinham conquistado igualmente o Campeonato da Europa de sub-17 dois anos antes? Pois bem: pode dizer-se, como esperado, que há desfechos para todos os gostos. Cinco jogadores estão nos quadros dos “grandes”: Diogo Costa, David Carmo e Romain Correia no Porto (este último na equipa B), Florentino Luís no Benfica e Trincão no Sporting; Diogo Queirós e Francisco Moura (este último oficializado hoje por empréstimo do Braga) no Famalicão, completam o ramalhete dos atletas que competem na I Liga.

A competir em primeiras ligas europeias encontramos mais seis: João Virgínia (Cambuur, por empréstimo do Everton), Rúben Vinagre (Everton, cedido pelo Sporting), Thierry Correia (Valência), Miguel Luís (Warta Poznan), Domingos Quina (Elche, emprestado pelo Watford) e Jota (Celtic), a que se junta ainda Nuno Santos, recentemente transferido do Paços de Ferreira para os norte-americanos do Charlotte FC. Sobram sete elementos, cinco dos quais nos escalões secundários do futebol nacional (Nuno Pina e Elves Baldé na II Liga, por Torreense e Farense, respectivamente; Ricardo Benjamim, Diogo Teixeira e o já referido Pedro Martelo na Liga 3, ao serviço de São João de Ver, Montalegre e Belenenses), havendo neste momento dois atletas ainda sem clube para 2022/23: Mésaque Djú, livre após fim da ligação de três anos e meio ao West Ham (onde não chegou a alinhar na equipa principal), e Zé Gomes, provavelmente a maior promessa na altura do Europeu, capitão de equipa e lançado na formação principal do Benfica aos 17 anos; passados quatro anos, e após experiências pouco sucedidas no Portimonense, Lechia Gdansk (Polónia), Cherno More (Bulgária) e Seregno (Serie C de Itália), o “Zé do Golo” procura uma oportunidade para voltar a poder demonstrar os atributos que lhe granjearam estatuto nos escalões de formação do futebol nacional.

PortugalSub18(Onze de Portugal que defrontou a Itália na final do Euro Sub-19. Em cima, da esquerda para a direita: João Virgínia, Romain Correia, David Carmo, Nuno Pina, Trincão e Zé Gomes; em baixo, pela mesma ordem: Thierry Correia, Jota, Florentino, Domingos Quina e Rúben Vinagre.)

Todos os campeões europeus de sub-19 em 2018:

Nome – Clube na altura do Europeu – Clube atual

Diogo Costa – FC Porto – FC Porto
João Virgínia – Everton (Inglaterra) – Cambuur (Países Baixos)
Ricardo Benjamim – Deportivo (Espanha) – São João de Ver
David Carmo – Sp. Braga – FC Porto
Diogo Queirós – FC Porto – Famalicão
Romain Correia – Vitória SC – FC Porto B
Rúben Vinagre – Wolverhampton (Inglaterra) – Everton (Inglaterra)
Nuno Pina – Chievo (Itália) – Torreense
Thierry Correia – Sporting – Valência (Espanha)
Florentino Luís – Benfica – Benfica
Miguel Luís – Sporting – Warta Poznan (Polónia)
Domingos Quina – Watford (Inglaterra) – Elche (Espanha)
Francisco Moura – Sp. Braga – Famalicão
Diogo Teixeira – Rio Ave – Montalegre
Jota – Benfica – Celtic (Escócia)
Zé Gomes – Benfica – Sem clube
Mésaque Djú – West Ham (Inglaterra) – Sem clube
Francisco Trincão – Sp. Braga – Sporting
Pedro Martelo – Sp. Braga B – Belenenses
Elves Baldé – Paços de Ferreira – Farense
Nuno Santos – Benfica B – Charlotte FC (Estados Unidos)

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.