I Liga: o resumo final

VGuimaraes3-3Estoril(V. Guimarães e Estoril empataram a três golos, na Cidade Berço, à 25ª Jornada. Autoria da foto: Agência Lusa.)

Com o fim do campeonato principal do futebol português, é tempo de fazermos um balanço àquilo que foi a Liga 2016/2017.

O Benfica chegou ao Tetra, algo que estava quase “anunciado” há vários meses, primeiro pela diferença pontual que os encarnados tiveram para os adversários; depois, porque o FC Porto se mostrou incapaz de aproveitar as benesses das “águias” para chegar à liderança.
Porto e Sporting desiludiram de maneiras diferentes, principalmente os lisboetas, de quem se esperava um campeonato mais forte e mais perto da liderança.

No Minho e na luta pela Europa, o Vitória bateu, com justiça, o rival de Braga, de quem já não ficava à frente na classificação final há alguns anos.
O Marítimo, depois de um mau começo, recuperou com Daniel Ramos e chegou com mérito à Liga Europa, deixando o Rio Ave de fora.
O Feirense, a grande surpresa do campeonato, ficou a dois pontos de um lugar europeu, depois de em Dezembro estar quase “condenado” à descida.

Miguel Leal recuperou a “alegria” para o Bessa, e fez do Boavista uma das equipas da primeira metade da tabela, não perdendo, por exemplo, nenhum jogo com o Benfica.
Chaves e Setúbal tiveram bons inícios de campeonato, mas claudicaram na segunda fase e foram alcançados pelo Estoril, que fez o caminho inverso e em poucas jornadas com Pedro Emanuel ao leme, passou da zona desconfortável da tabela a uma zona bem tranquila.

Paços de Ferreira e Belenenses andaram o campeonato aos “solavancos”, mas sempre longe das aflições da descida.
Precisamente na descida, é que vieram as maiores surpresas da época: Arouca e Nacional desceram de divisão. Quem apostaria nisto no início da temporada?
Moreirense e Tondela salvaram-se “in extremis”, com destaque para mais um milagre dos tondelenses, que venceram cinco dos últimos seis jogos.

Posto isto, fica aqui um pequeno resumo sobre aquilo que foi a época de cada clube:

Benfica
Para mim, um campeão anunciado. Os rivais nunca mostraram grande força para bater os encarnados, nem mesmo quando o Benfica teve muitos jogadores nucleares lesionados em simultâneo e, mesmo assim, foi vencendo e ultrapassando barreiras.
A primeira derrota no campeonato só aconteceu à 12ª Jornada, na Madeira, com o Marítimo e, no fecho da primeira volta, mesmo empatando com o Boavista em casa, tinha quatro pontos de avanço para o FC Porto. Entretanto, o Setúbal venceu o Benfica e o Porto ficou a um ponto. O Campeonato estava relançado, mas, o Benfica conseguiu sempre aguentar a liderança e, verdade seja dita, acabou por beneficiar de algum desacerto do FC Porto, que não conseguiu bater adversários teoricamente acessíveis para chegar à liderança.
Os encarnados seguraram-se mesmo jogando mal, não baquearam perante os “outros grandes” – três empates e uma vitória -, e foram campeões com justiça, uma vez que, dos candidatos ao título, foi o mais regular.

FC Porto
Nuno Espírito Santo não é o único culpado de mais uma época de insucesso dos azuis e brancos.
Os problemas no Porto já vêm de trás, de há uns anos a esta parte, e a instabilidade está presente em todo o lado, mesmo nas bancadas do Dragão.
Empates em Tondela e Setúbal, logo na fase inicial do campeonato, vieram provar que ia ser outra época difícil para o Porto, que esteve perto de bater o Benfica, em casa, mas sofreu o empate nos descontos.
Rui Pedro ainda “resolveu” diante do Braga e Soares veio acrescentar poder de concretização, devolvendo algum conforto e esperança no título, mas, quando não podia falhar, o Porto falhou: não venceu o Setúbal em casa; não jogou para vencer na Luz e ficou contente com o empate; e voltou a baquear em casa, diante do Feirense.
A reta final de campeonato foi péssima para os “Dragões”, que venceram apenas três dos últimos nove jogos. Não mereceu ser campeão.

Sporting
Pela primeira vez na sua carreira como treinador de I Liga, Jesus venceu as primeiras quatro jornadas do campeonato, uma delas com o FC Porto, e o Sporting parecia novamente embalado para discutir o título até à última. Puro engano.
A maioria dos reforços não veio acrescentar rigorosamente nada, salvando-se apenas, a meu ver, Alan Ruiz e Bas Dost, perante um “camião” de jogadores que mais não foram do que decepções, com Markovic, Campbell e Castaignos à cabeça.
O campeonato começou a fugir de Alvalade entre as jornadas 7 e 9, quando os “leões” somaram três empates consecutivos, e ficou ainda mais longe com as duas derrotas consecutivas, uma na Luz e a outra em casa com o Braga.
Na segunda volta, a turma leonina teve uma boa fase, em que venceu oito em nove jogos, mas na fase final voltou a falhar, perdendo, de forma consecutiva, em casa com o Belenenses, e na Feira, com o Feirense.
Jorge Jesus falhou mais uma oportunidade de ser campeão pelo seu clube de coração, mas também tem uma estrutura que não é, de todo, uma grande ajuda, quanto mais não seja por não ter as estratégias de comunicação bem definidas.

V. Guimarães
Pedro Martins não desarma: três clubes diferentes na I Liga, três trabalhos de sucesso.
O Vitória não ficava à frente do rival Braga no campeonato, desde 2007/2008, quando Cajuda levou os vitorianos ao terceiro lugar, mas Pedro Martins e seus atletas, “trataram” do assunto: o Vitória foi quarto com todo o mérito e toda a justiça.
Curiosamente, o Braga até venceu na Cidade Berço na jornada inaugural, mas os vimaranenses responderam com a mesma moeda na segunda volta, vencendo na Pedreira por duas bolas a uma.
Antes disso, em casa, a perder 3-0 com o Sporting, o Vitória chegou ao empate; e na segunda volta repetiu a façanha, empatando em Alvalade a uma bola.
À 27ª Jornada, Guimarães e Braga ficaram empatados na quarta posição, e duas jornadas depois, o Vitória já era “dono e senhor” do lugar, que manteve até final, confirmando-o a duas jornadas do fim, e perdendo os dois últimos jogos do campeonato.
Segue-se a final da Taça, mas uma coisa é certa: o Vitória fez uma excelente temporada.

Sp. Braga
António Salvador continua a cometer erros atrás de erros no plano desportivo, mas, a culpa, como sempre em Portugal quando as coisas não correm bem, é dos árbitros.
O Braga teve três treinadores numa época, um deles de quem que o próprio presidente já tinha prescindido uns anos antes.
A eliminação na fase de grupos da Liga Europa e da Taça de Portugal com o Covilhã, em casa, atiraram com Peseiro para fora da Pedreira. Abel venceu em Alvalade, mas não era a solução. Chegou Jorge Simão, em grande estilo, com metas pontuais e outros mais objetivos, mas não fez melhor do que estar cinco jogos seguidos sem vencer no campeonato, e cair, mais tarde, para o quinto lugar.
Saiu a quatro jornadas do fim, e, desta vez, Abel não teve a mesma taxa de sucesso: perdeu três desses quatro jogos, o último na casa do aflito Tondela.
O quinto lugar assenta bem aos bracarenses. Mais do que isso, seria injusto.

Marítimo
Carlos Pereira apostou no brasileiro Paulo César Gusmão, mas depressa se apercebeu do erro que cometeu e remediou rapidamente: em cinco jornadas, o Marítimo tinha uma vitória, e PC Gusmão foi rendido por Daniel Ramos, um técnico em ascensão na Segunda Liga.
O vilacondense entrou logo com duas vitórias consecutivas, mas a “chave” foi a vitória caseira sobre o líder Benfica, até aí invicto no campeonato. A fechar a primeira volta, os insulares chegaram pela primeira vez ao sexto lugar, e a certeza ficou: o Marítimo era candidato à Europa.
A segunda volta maritimista teve, curiosamente, mais empates do que vitórias, e a Europa só foi confirmada na derradeira jornada… com um empate.
Num ano que confirmou o Marítimo como a única equipa da Madeira na I Liga da próxima temporada, destaque-se o feito dos “verde rubros” que não perderam, em casa, com nenhum dos “grandes”: vitória sobre o Benfica, empates com Sporting e Porto.

Rio Ave
Capucho começou mal na época de estreia na I Liga, primeiro ao ser eliminado na terceira pré-eliminatória da Liga Europa e, depois, ao somar apenas um ponto em cinco jornadas no campeonato, entre as rondas seis e dez.
Luís Castro assumiu o comando dos vilacondenses e fez logo quatro triunfos consecutivos, ciclo que terminou apenas com uma derrota na Luz.
O Rio Ave estava, de novo, na corrida pela Europa, mas a perca de pontos com equipas da segunda metade da tabela na fase inicial da segunda volta, começaram a complicar um objetivo que acabou por estar de pé até à última jornada.
Mesmo vencendo o Belenenses no último jogo, os vilacondenses não beneficiaram do resultado do Marítimo, e acabaram fora da Europa como já era expectável desde há algum tempo.
Luís Castro, é certo, não fica, restando agora saber quem é que António Silva Campos escolherá para comandar os rioavistas para novo “assalto” à Europa.

Feirense
Apontado como um dos favoritos à descida, o Feirense viveu na presente temporada duas fases completamente distintas: uma primeira volta na linha de água; uma segunda volta bem acima dos lugares de descida, com resultados fantásticos que por pouco não colocaram os azuis da Feira nos lugares europeus.
No campeonato, José Mota somou por derrotas os últimos cinco jogos que fez, dando o lugar ao até então adjunto Nuno Manta Santos, que venceu o Paços de Ferreira na estreia e, de seguida, foi empatar ao Dragão para a Taça da Liga.
Começava aqui a recuperação do Feirense, que com Nuno Santos somou apenas cinco derrotas no campeonato, três delas em casa, venceu o Sporting na penúltima ronda e empatou sem golos no Dragão, aniquilando, de vez, as esperanças portistas no título.
Os feirenses fecharam o campeonato com quatro vitórias consecutivas, terminando num brilhante oitavo lugar a apenas dois pontos do sexto lugar. E se o campeonato durasse mais algumas jornadas? Teríamos Feirense na Europa?

Boavista
O Boavista partiu para 16/17 com Sánchez no comando, depois do boliviano ter vindo salvar a equipa da descida na época anterior.
Os axadrezados entraram bem no campeonato, com cinco pontos em três jornadas, mas o “Platini da Bolívia” seria afastado do cargo depois de perder quatro dos últimos cinco jogos que fez, de nada valendo a vitória sobre o Moreirense no meio dessas derrotas.
Miguel Leal só venceu ao terceiro jogo no campeonato, mas cedo se percebeu que com o técnico natural do Marco de Canaveses, o Boavista estaria a salvo e faria um campeonato tranquilo, como, de resto, prova a classificação final: nono lugar.
A certa altura, até a Europa chegou a estar perto dos axadrezados, mas esse é um processo para o qual o Boavista ainda não está preparado em termos de plantel, precisando de se reforçar devidamente para regressar à luta pelos lugares europeus.
Nota final para o facto do Boavista não ter perdido qualquer jogo com o campeão Benfica, à semelhança do que fez, também, o Setúbal.

TondelaNacional(Jailson prepara-se para abrir o ativo no Tondela 2-0 Nacional, da 30ª Jornada. Autoria da foto: Diário de Coimbra.)

Estoril
Fabiano Soares foi despedido do Estoril depois de uma derrota em Setúbal, na 13ª Jornada, numa altura em que os “canarinhos” estavam na décima primeira posição, bem acima da linha de água.
Na minha opinião, este foi um disparate da direção estorilista que só não teve consequências maiores, porque as equipas que andaram pelos últimos lugares ao longo de toda a temporada, não pontuaram muito enquanto o espanhol Pedro Carmona ia coleccionando desaires atrás de desaires, incluindo seis derrotas nas primeiras seis jornadas que fez no campeonato.
O espanhol fez apenas cinco pontos em onze jogos e acabou substituído por Pedro Emanuel quando faltavam dez jornadas para o fim da Liga e numa altura em que os estorilistas começavam a ficar cada vez mais perto dos lugares de despromoção.
Em dez jogos no campeonato, Emanuel venceu cinco e perdeu apenas dois, guiando a turma da Linha ao décimo lugar final em igualdade pontual com Chaves e Setúbal.

D. Chaves
De regresso à I Liga dezassete anos depois, os flavienses foram uma agradável surpresa, principalmente na primeira fase da época.
Jorge Simão formou um excelente plantel, com grandes jogadores, colocou a equipa a jogar bom futebol, e os resultados foram aparecendo com naturalidade.
A meu ver, o técnico fez mal em abandonar o projeto do clube a meio para sair para o Braga, onde nenhum treinador tem vida fácil, mesmo que vá vencendo. Os flavienses escolheram Ricardo Soares para o seu lugar, e este, em estreia na I Liga, manteve a qualidade exibicional da equipa, melhorando-a até em certos períodos, e conseguiu travar o Sporting duas vezes consecutivas, uma delas na Taça de Portugal.
Na fase final da época, o Chaves baixou de produção, afastou-se dos lugares europeus, e venceu pela última vez na Liga à 27ª Jornada.
Com a manutenção mais do que assegurada, a eliminação nas Meias-Finais da Taça de Portugal também terá desmotivado o plantel para a reta final do campeonato.
Na próxima época, não será Ricardo Soares a comandar a equipa, tudo apontando que seja Luís Castro o seu sucessor.

V. Setúbal
À segunda jornada, já o Vitória de Setúbal empatava na Luz, e à nona, o Porto ficava em branco no Bonfim. Este foi o pronúncio de que o Vitória de Couceiro voltaria a navegar por águas tranquilas na I Liga em 16/17.
O Vitória nem sequer deu chance para que o colocassem como um dos candidatos à descida, afastando-se desde cedo dessa luta, fazendo uma primeira volta muito positiva, baixando a sua produção na segunda volta, mas, mesmo assim, voltou a não perder com Benfica e Porto.
A vitória sobre os encarnados na 19ª Jornada, até colocou os sadinos em igualdade pontual com o Marítimo no sexto lugar, mas, depois, até final de campeonato, o Vitória só conseguiu vencer mais duas partidas, uma das quais na última jornada, em casa do já despromovido Nacional, ficando para a história o facto de não ter perdido nem com Benfica, nem com FC Porto, tendo, inclusive, impedido os “Dragões” de ascenderem à liderança na 26ª Jornada, com um empate, no Dragão, a uma bola.
A diferença de golos colocou o Vitória no 12º lugar final, embora em igualdade pontual com Estoril e D. Chaves.

Paços de Ferreira
Em estreia na I Liga, o pacense Carlos Pinto até começou por fazer um início de campeonato que ia de encontro aos objetivos do clube, mas a derrota em Arouca na 11ª Jornada, que deixou os “Castores” apenas dois pontos acima da zona de despromoção, levaram à sua saída.
O clube apostou no adjunto Vasco Seabra, outro homem da casa, e este respondeu com uma vitória sobre o Boavista no primeiro jogo que orientou, vencendo novamente, duas semanas mais tarde na Mata Real, o Belenenses.
Porém, o Paços só voltaria a vencer no campeonato quase dois meses depois, quando bateu o Guimarães debaixo de uma autêntica tempestade, mas, pelo meio, já tinha travado o FC Porto, em casa, com um nulo.
A permanência ficou selada com triunfos consecutivos sobre Sp. Braga e Belenenses, registando-se, ainda, o facto dos pacenses também terem imposto um nulo ao Benfica no seu estádio.

Belenenses
Os azuis do Restelo mantiveram a aposta no espanhol Júlio Velázquez, que em sete jornadas fez nove pontos, mas acabou por sair depois de perder em Chaves na jornada sete.
Quim Machado assumiu o comando da equipa, impôs dois nulos consecutivos ao Porto, um em Belém, outro no Dragão para a Taça da Liga, mas, de maneira geral, nunca conseguiu tirar a equipa da segunda metade da tabela.
Na segunda volta, a equipa teve uma série de seis jornadas consecutivas sem perder, com três empates e três vitórias, que antecederam cinco derrotas seguidas ainda com Quim Machado ao leme, que ditaram na saída do técnico.
Contratado para fechar a época e preparar a próxima, Domingos perdeu os dois primeiros jogos, venceu em Alvalade por 3-1, empatou com o Moreirense e fechou com uma derrota diante do Rio Ave, onde jogava o seu filho Gonçalo.
O Belenenses voltou a piorar a sua classificação pela segunda época consecutiva, depois do sexto lugar alcançado em 2014/2015.

Moreirense
Para mim, o grande vencedor da temporada: conquistou um troféu de forma surpreendente e assegurou a permanência na última jornada. Dois feitos com dois treinadores diferentes.
Pepa começou bem, com quatro pontos em duas jornadas, mas, depois, a equipa entrou numa espiral negativa e somou cinco derrotas consecutivas no campeonato. O técnico foi afastado após a décima jornada quando perdeu em Setúbal, um jogo depois de ter batido o Tondela.
Augusto Inácio veio para o seu lugar, venceu os dois primeiros jogos, embora em competições diferentes, e já depois de vencer o Porto na Taça da Liga, levou os cónegos à conquista do troféu.
Pensou-se que este seria o “clique” para a recuperação do Moreirense, mas a verdade, é que depois de vencer o jogo da final da Taça da Liga com o Braga, Inácio fez oito jogos no campeonato e não ganhou nenhum.
Petit foi recrutado para fazer mais um “salvamento” depois do “milagre” em Tondela um ano antes, e depois de perder os dois primeiros jogos, conquistou três vitórias e três empates nas últimas seis jornadas.
O “Pitbull”, como era conhecido enquanto jogador, não continuará a comandar a equipa, estando Manuel Machado na calha para regressar a Moreira de Cónegos.

Tondela
Depois de na época anterior ter feito um autêntico “milagre”, esta época, Petit só conseguiu fazer dez pontos em dezasseis jornadas, três deles graças a um triunfo absolutamente épico sobre o V. Guimarães, quando os tondelenses deram a volta ao jogo e marcaram dois golos no espaço de minuto: aos 84′ e 85′.
Petit saiu, então, do Tondela no início de Janeiro, e para o seu lugar chegou Pepa, que tinha começado a época, como se sabe, no Moreirense.
O antigo ponta-de-lança estreou-se a vencer ao terceiro jogo, 2-0 sobre o Chaves, mas este foi o único triunfo que somou nos primeiros doze jogos no comando da equipa. A seis jornadas do fim, o Tondela estava, apesar de tudo, somente a quatro pontos de sair da linha de água, mas o que se assistiu na ponta final do campeonato, foi outro “milagre”: nos últimos seis jogos, o Tondela venceu cinco (!), e alcançou a permanência nos últimos minutos do campeonato, graças à vantagem obtida na diferença de golos em relação ao Arouca.

Arouca
O impensável aconteceu: o Arouca desceu. No ano em que chegou às competições europeias pela primeira vez na sua história, o emblema arouquense pagou caro uma segunda volta horrível, e caiu para a II Liga.
Se olharmos para o plantel, este dá garantias de sobra para que qualquer equipa que tenha estes jogadores, consiga fazer um campeonato muito positivo: Bracali, André Santos, Nuno Coelho, Artur, Sema Velázquez, Anderson Luís, Kuca, entre outros.
A época do Arouca começou mais cedo que o habitual por força dessa participação histórica na Liga Europa, e a equipa começou a ressentir-se disso na primeira fase do campeonato, somando apenas oito pontos em dez jornadas.
Lito Vidigal começou a encetar a recuperação, e quando saiu em Fevereiro para Israel, deixou os arouquenses no décimo lugar com 27 pontos. Faltavam treze jogos e o Arouca viria a conquistar apenas mais cinco pontos. Suicídio…
Manuel Machado teve uma passagem super sónica por Arouca: cinco jogos, cinco derrotas, e até à próxima. Jorge Leitão, treinador dos Juniores, assumiu o comando da equipa, fez cinco pontos que, à partida, seriam mais do que suficientes para garantir a permanência, mas, a derrota caseira com o Tondela na penúltima jornada, é que fez soar o alarme: o Arouca podia descer se houvesse uma conjugação de resultados. Essa conjugação existiu, o Arouca perdeu, o Tondela ganhou, e os arouquenses desceram mesmo contra todas as expetativas.

Nacional
O impensável aconteceu duas vezes: o Arouca e o Nacional desceram de divisão. No início da temporada, se lhe dissessem que seriam estas duas equipas a descer, acreditaria? Não? Pois, eu também não.
Os madeirenses andavam a arriscarem-se a isto de vez em quando, pois começavam mal os campeonatos, e acabavam por recuperar na segunda volta.
Quatro derrotas nos primeiros quatro jogos, vitórias na quinta e sexta jornada. O Nacional começava a encetar a recuperação, pensou-se. Daí até à décima quinta jornada, apenas mais uma vitória, em casa, sobre o Tondela.
Manuel Machado saiu do clube onde estava desde 2012, e para o seu lugar chegou Jokanovic, que em onze jogos, empatou seis e perdeu cinco. Vitórias nem vê-las e o Nacional em último a quatro pontos da permanência a oito jornadas do fim.
João de Deus, o terceiro treinador da época, perdeu na estreia, mas venceu o segundo jogo. Havia esperança. Faltavam seis jornadas, mas nem assim: os alvinegros só fizeram um ponto em dezoito possíveis, e esse ponto foi feito já depois da descida estar confirmada.
Foi o pior Nacional de sempre na I Liga, e a despedida de um clube que estava “entre os ‘grandes'” desde 2002. Parece difícil de acontecer, mas a verdade é que jogadores como Tobias Figueiredo, Salvador Agra, Tiago Rodrigues, Victor García, Filipe Gonçalves e Zequinha, ficaram ligados a uma descida de divisão.

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