Nené: na Polónia já se renderam ao senhor dos grandes golos

nene

Nené, médio que representa os polacos do Jagiellonia Białystok, é o destaque desta semana na rubrica/parceria entre a nossa página e a página À bola pelo Mundo:

Aos 27 anos, novo desafio na carreira de Nené: depois de três épocas de I Liga ao serviço do Santa Clara, o emblema maior do seu arquipélago natal (Açores), o médio da Graciosa rumou pela primeira vez ao estrangeiro, assinando por duas temporadas (mais uma de opção) com o Jagiellonia. E, para primeira impressão, a estreia noutro país não está a correr nada mal: titular por 7 ocasiões em 11 jogos, Nené já marcou dois golos e ambos estratosféricos, apontados do meio da rua, em jogos consecutivos e a valer directamente três pontos à sua equipa – actual nona classificada da Ekstraklasa, com 13 pontos em 10 jornada.

Titular nas duas primeiras jornadas, Nené (Rui Filipe da Cunha Correia no CC) foi depois relegado para o banco nas três rondas seguintes. Foi precisamente na última delas que surgiu a primeira demonstração do pé canhão do médio açoriano, numa bomba a quase 30 metros da baliza contrária que iniciou a recuperação diante do Raków – o Jagiellonia perdia por 2-0 desde o minuto 10 e acabou por chegar ao 2-2 já em cima dos 90, depois de Nené ter reduzido a desvantagem aos 63 minutos. A boa exibição valeu-lhe o regresso à titularidade para a jornada 6, na recepção ao Miedz Legnica, onde o Jagiellonia esteve novamente a perder, chegando ao período de descontos com o resultado em 1-1; a escassos segundos do apito final, e após um alívio para a entrada da área adversária, o médio luso atirou de primeira novamente com o pé esquerdo para o fundo das redes contrárias, num golo de antologia que valeu a vitória da sua equipa e que deu a volta ao mundo.

Daí para cá, Nené não mais voltou a sentar-se no banco dos suplentes, tendo sido titular em todas as quatro partidas disputadas entretanto pelo Jagiellonia para a Liga polaca (foi suplente utilizado apenas na primeira eliminatória da Taça, na qual a sua equipa venceu por 1-0 após prolongamento no reduto do secundário Odra Opole). Também não voltou a marcar, mantendo-se ainda assim como peça fulcral na equipa – fez, de resto, a assistência para o golo que ditou o 1-1 na visita ao terreno do Zaglebie Lubin, estando ainda em destaque na goleada caseira ante o Stal Mielec (4-0) da jornada 9 ao atirar de forma violentíssima ao poste na transformação de um livre directo, com o espanhol Marc Gual a fazer o segundo golo da partida na recarga.

Esta, já se disse, é a primeira aventura de Nené fora de Portugal. Não se pode afirmar peremptoriamente, contudo, que seja o maior desafio da sua carreira: esse, quiçá, terá acontecido quando, aos 11 anos, rumou ao continente e se juntou ao Sintrense, após os primeiros anos de formação passados no clube da sua ilha (Guadalupe), para o qual voltaria três anos depois. Ao chegar a júnior voltou a tentar a sua sorte em território continental, unindo-se ao Braga, com o qual assinaria contrato profissional na transição para sénior (2014/15) logo após celebrar a conquista do título nacional do escalão (e conquistar as três internacionalizações sub-19 que constam no seu currículo), passando posteriormente duas temporadas na equipa B dos Guerreiros do Minho.

A escassa utilização na II Liga, todavia, acabaria por resultar no fim da ligação contratual aos bracarenses, com o médio açoriano a optar então por descer um patamar e rumar ao Montalegre, do Campeonato de Portugal, no qual somou 9 golos em 32 jogos em 2016/17. Os bons desempenhos no emblema transmontano chamaram a atenção do mais ambicioso Fafe, onde Nené jogaria nas duas temporadas seguintes, conseguindo igualmente números muito positivos (5 golos em 2017/18 e 8 na época que se seguiu) que o levariam a ascender directamente à I Liga no verão de 2019 pela porta do Santa Clara.

A jogar “em casa”, Nené não deslustrou: apesar de não se ter conseguido impor como titular indiscutível em nenhuma das três temporadas em que actuou no principal escalão, registou números interessantes (88 jogos, dos quais 40 como titular, um golo e uma assistência). Os primeiros meses na Polónia, todavia, estão já a mostrar que o médio açoriano, a jogar mais recuado ou como 8, conseguirá suplantar esse desempenho e fixar-se como figura não só do Jagiellonia mas de toda a Liga polaca.

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