David Crespo: “Campeonato acabou por ser ridículo”

David Crespo(Formado entre Sporting e Benfica, David Crespo já acertou a sua continuidade no Oriental, clube que vai representar pela terceira época consecutiva.)

Vindo de uma época em que tinha sido segundo classificado na Série D do Campeonato de Portugal, o Oriental não conseguiu, este ano, manter o mesmo registo, e terminou na quarta posição, a seis pontos do segundo lugar.
O clube de Marvila andou sempre na luta pelos lugares de Play-Off, mas claudicou na reta final e, uma vez mais, não chegou à fase decisiva do terceiro escalão.
David Crespo, jogador dos lisboetas, falou com o “Conversas Redondas” e começou por efetuar o balanço da temporada:
“Acho que foi uma época bastante positiva. No início, quando começamos, apenas nos pediram para fazermos 36 pontos, e nós fizemos quase o dobro dos pontos, por isso, acho que foi uma temporada muito positiva. Ainda assim, ficamos com a sensação de que poderia ter dado para mais, pois o grupo merecia”, contou.
O Oriental passou grande parte do campeonato entre o segundo e o terceiro lugar, e só passou para quarto, após a devolução dos pontos ao Casa Pia.
A equipa teve uma fase final aquém do que esperava, em que esteve três jogos sem vencer e isso complicou, também, as suas contas, e mesmo vencendo os dois últimos compromissos que tinha, já não saiu da quarta posição.
David Crespo refere que o que se passou na Série D do Campeonato de Portugal foi ridículo, sublinhando que não foi justo para o Oriental e para o Real a decisão tomada pela FPF:
“A seguir ao jogo do Real, na 31ª Jornada, fomos logo na semana a seguir perder o segundo lugar ao Montijo, mas acabámos com dois jogos de grande nível, ao vencermos o Praiense (2-0), em casa, e irmos aos Açores, ganhar ao Angrense (2-0). Mas acho que este campeonato acabou por ser ridículo por tudo o que se passou. Não sei se é justo ou não retirarem os pontos ao Casa Pia, para os jogadores deles não é justo, é uma realidade, mas também acaba por não ser justo para o Oriental e para o Real, que andaram quase uma segunda volta inteira a olharem um para o outro, apenas. Tudo poderia ser diferente, tudo. Uma equipa quando joga contra o segundo classificado, a motivação, por vezes, não é a mesma quando se joga contra uma equipa que está em quinto, por exemplo, e nós tivemos muito e muito tempo em segundo lugar, em que as equipas queriam-nos tirar pontos, por vezes, só por sermos os segundos”, afirmou.
Contas finais feitas, os lisboetas, somaram dezoito vitórias, dez empates e seis derrotas em trinta e quatro jogos, que resultaram em 64 pontos, e marcaram quarenta e quatro golos contra os vinte e dois que sofreram.
Olhando para aquilo que foi o percurso do Oriental, salta logo à vista o facto da equipa não ter vencido, nenhuma vez, Ideal e Vasco da Gama da Vidigueira, duas formações que lutaram pela permanência; mas também importa referir que os lisboetas não perderam nenhum jogo com o Praiense, que foi Campeão de série, e pode subir à II Liga.
David Crespo, que pode atuar como defesa esquerdo ou médio defensivo, aponta a isso mesmo, deixando o pensamento de que os jogos não são todos iguais:
“Ainda hoje falamos uns com os outros e temos essa ideia, de que acabamos o campeonato sem ganhar a uma equipa que desceu, sem querer desvalorizar o Vasco da Gama, que acabou por fazer um fim de temporada muito bom. Mas se formos por aí, também posso dizer que o Praiense, que está nas Meias-Finais do Campeonato de Portugal, não nos ganhou nenhum jogo. Enfim, nem todos os jogos são iguais”, frisou.
Na Taça de Portugal, o Oriental chegou à terceira eliminatória, eliminando duas equipas dos Distritais – Barreirense (3-1) e Lusitano de Évora (3-1) -, antes de caír em Montalegre, no prolongamento, com um desaire por duas bolas a uma.
Desafiado a definir os momentos mais marcantes da temporada, David Crespo destaca, pela positiva, o facto da equipa não ter perdido qualquer jogo em casa:
“A nível pessoal, esta foi, provavelmente, a minha melhor época dos últimos três anos. A nível coletivo, o momento mais positivo da época, foi, sem dúvida, acabarmos sem uma única derrota em casa, algo que já não acontecia há anos e anos no Engenheiro Carlos Salema. Acho que esta equipa acabou por não ter momentos negativos. Fomos uma equipa que, quando entrava em campo, as coisas poderiam não sair bem, mas havia uma coisa que fazia a diferença: era a atitude de tudo e de todos. E, por isso, acho que não houve nenhum momento que posso dizer que tenha sido negativo”, destacou.
O atleta, de 25 anos, fez trinta jogos no campeonato – vinte e cinco deles como titular – e apontou dois golos, aos quais juntou mais dois encontros na Taça de Portugal.
Na próxima época, o jogador vai, pela terceira temporada consecutiva, continuar a representar o Oriental, onde se diz sentir bem, num sítio onde as pessoas gostam dele:
“Tive algumas propostas para sair, mas sinto-me bem no Oriental, sinto que as pessoas gostam de mim e eu gosto das pessoas, o que, para mim, é o mais importante. A minha maior ambição é jogar semana após semana, o resto logo se vê”, terminou.
David Crespo começou a jogar com nove anos, nas Escolinhas do Olivais e Moscavide, onde “deu nas vistas” e foi transferido para o Sporting. Ao serviço dos “leões” durante sete temporadas e meia, entre Escolinhas e Juvenis, mudou-se para o Benfica a meio de 2010/2011, tendo estado ao serviço dos “encarnados” uma temporada e meia. No último ano de júnior rumou ao Nacional da Madeira, por quem se estreou, ainda júnior, na I Liga. Subido, oficialmente, a sénior, já representou Torreense, Sintrense, 1º Dezembro e Mafra, antes de chegar ao Oriental em 2017.

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