(Lúcia Alves soma treze golos na presente temporada.)
Pela terceira vez na sua história, a equipa Feminina do Valadares garantiu a presença na final da Taça de Portugal, depois de afastar o Albergaria nas Meias-Finais.
As duas mãos da eliminatória tiveram o mesmo desfecho, 1-0, favorável às gaienses na primeira mão e às aveirenses na segunda mão, sendo que a turma azul e amarela garantiu a ida ao Jamor através do desempate por grandes penalidades.
O Conversas Redondas falou com Lúcia Alves, jogadora do Valadares que “resolveu” o encontro da primeira mão, que começou por descrever aquilo que foi o jogo do passado sábado, afirmando que a presença na final da Taça era um objetivo da equipa para a presente temporada:
“Sabíamos que ia ser um jogo bastante equilibrado. O Albergaria é uma boa equipa, mas tinha a certeza que o jogo ia cair para o lado de quem quisesse mais, e nós quisemos. Lutámos todos os dias, desde a pré-época até agora, e finalmente conseguimos. Era um objetivo da equipa, e quando soou o apito e o nosso penalti decisivo foi marcado, ahhh…. que sensação! Aí tive a certeza que os sonhos não têm mesmo limites”, afirmou.
Curiosidades à parte, a equipa do Valadares parece estar a cumprir uma tradição de três em três anos chegar ao jogo decisivo da “prova raínha” do futebol português na versão feminina: em 2013, as gaienses foram à final da Taça de Portugal pela primeira vez, perdendo com o Boavista (3-1); em 2016, foram derrotadas pelo Futebol Benfica (2-1); e este ano, três anos depois da última final, defrontarão o Benfica.
O Benfica, recém chegado ao futebol feminino, fez, como é do domínio público, um grande investimento na sua equipa e está na final da Taça de Portugal sem surpresa, mesmo que para lá chegar tenha eliminado o Sp. Braga, líder da Liga BPI, e que ainda não tinha sofrido qualquer derrota na temporada.
Lúcia Alves sublinha a dificuldade do jogo da final, mas deixa a certeza de que a sua equipa deixará tudo em campo e lutará pela vitória:
“São “mundos diferentes”, é verdade. Mas sempre me disseram que as finais são para se ganhar. Tenho a certeza que, independentemente do que aconteça, e do resultado final, eu darei a minha vida em campo. Eu e toda a equipa. Vamos disputar o jogo olhos nos olhos. Jogo difícil? Muito. Mas se a vida fosse feita de coisas fáceis, ela mesma não fazia sentido”, vincou.
Criada em 2012, a equipa Feminina do Valadares Gaia, que já teve nas suas fileiras jogadoras como as internacionais Carla Couto e Edite Fernandes, milita na I Divisão Nacional desde 2013, já conquistou uma Supertaça Nacional, e a direção do clube apostou, até, na criação de uma Academia de Futebol Feminino.
Esta temporada, as gaienses ocupam, atualmente, a oitava posição do campeonato, a cinco pontos do quarto lugar e quando faltam três jornadas para o fim. Lúcia Alves considera que a sua equipa está a fazer uma temporada equilibrada:
“Acho que estamos a ter uma época equilibrada. O nosso grande objetivo da época era chegar à final da Taça de Portugal e conseguimos. Relativamente ao campeonato, estamos a meio da tabela, o que não é mau. Por isso, vamos continuar a trabalhar no nosso objetivo. Que orgulho eu tenho nesta equipa”, disse.
A cumprir a quarta temporada como futebolista, a avançada da formação gaiense, falou da sua paixão pelo “desporto rei” e afirma que o futebol nasceu consigo:
“Quem me conhece, sabe como vivo o futebol, a maneira como me entrego a este desporto e a forma séria com que lido com cada jogo. Eu acho que o futebol, realmente, nasceu comigo e faz-me sentir emoções incríveis. Tenho pessoas incríveis ao meu lado que me ajudam todos os dias a ultrapassar obstáculos, desde a minha família até à minha grande equipa. Sem dúvida que todo este trabalho é por eles”, contou.
Aos 21 anos, Lúcia Alves está pelo segundo ano consecutivo ao serviço do Valadares, e, na presente temporada, já leva treze golos – nove no Campeonato e quatro na Taça – em vinte e um jogos.
A camisola treze das gaienses diz não pensar muito no seu futuro, mas confidenciou que tem o sonho de, um dia, chegar a profissional de futebol:
“Não penso muito no futuro. Vivo o futebol dia após dia. Vivo muito o clube onde estou, onde cresci e onde realizei sonhos que achava impossíveis. O Valadares é, sem dúvida alguma, a minha segunda casa e não tenho família mais bonita do que a minha equipa. Mas claro, como todas as jogadoras, sonho um dia pisar outros palcos e tornar-me profissional de futebol. Trabalho muito para fazer disto a minha vida… um dia. No entanto, estou muito feliz aqui no Valadares e tenho a certeza que, enquanto aqui estiver, darei o máximo por este clube”, concluiu.
Depois de ter começado o seu percurso futebolístico a jogar com rapazes, nas Escolinhas do Paredes, Lúcia Alves passou, mais tarde, pelo futsal. Em 2015 voltou ao futebol, integrando a primeira equipa feminina da história do Paredes, passando, depois, pelo Freamunde, antes de chegar ao Valadares na temporada passada.
Conversas Redondas 