Goleadores: Pedro Marques ganhou ao sprint

441778949_1241932763463448_7549353120474401297_n(Pedro Marques superou a concorrência de nomes como Bruno Fernandes, Daniel Podence ou Gonçalo Ramos, e fechou 23/24 como o melhor marcador português a jogar no estrangeiro.)

Finda oficialmente a temporada 2023/24, depois da final da Liga dos Campeões, é tempo de olhar para os números finais no que respeita a golos apontados por jogadores portugueses nos campeonatos europeus. Há diferenças em relação às outras 2 leituras que tinham sido feitas ao longo da temporada, mas a ideia essencial mantém-se: o cenário em termos de goleadores portugueses não foi estrondoso nesta época – a exemplo, de resto, do que já havia acontecido em 2022/23.

O nome que termina como o líder da lista dos artilheiros lusos pode surgir como uma surpresa para os mais desatentos. Pedro Marques apontou 13 golos pelo Apollon Limassol na Liga do Chipre, entre fase regular e fase de permanência, aos quais juntou mais 5 na caminhada na Taça (que durou até às meias-finais), superando assim o melhor registo da carreira até aqui: 16 tentos em 2020/21, entre equipa B e A do Sporting (9 e 2) e Gil Vicente (5). Aos 26 anos, o avançado lisboeta foi de tal forma feliz no país insular que se mudou em definitivo para o Apollon, pondo fim à ligação aos neerlandeses do NEC, para onde se mudara no verão de 2022.

(Rui Pedro marcou 12 golos pelos eslovenos do Olimpija Ljubljana na primeira metade da temporada.)

O nome que se segue também pulverizou os melhores números da carreira até aqui, numa época para mais tarde recordar. De regresso ao Olympiacos 3 anos e meio depois de ter saído para o Wolverhampton, Podence marcou 11 golos na Liga grega e mais 4 nas competições europeias: 3 na Liga Europa e 1 na Liga da Conferência, que acabaria por conquistar, juntamente com a restante armada lusa do gigante do Pireu. O seu melhor registo até aqui eram 8 tentos, também pelo Olympiacos, conseguidos na temporada 2018/19.

Com o mesmo número de golos no campeonato, mas menos 1 no somatório de todas as competições, ficou Gonçalo Ramos, no que foi a sua primeira época com o estatuto de emigrante. A tarefa não era fácil, dada a abundante riqueza de opções para a sua posição no plantel do Paris Saint-Germain (entre os quais Mbappé, um dos melhores futebolistas da actualidade e uma bandeira do clube, do qual era mesmo o capitão), mas o avançado natural de Olhão conseguiu ainda assim ser opção com muita regularidade e acabou a época a celebrar a conquista de todos os troféus internos.

(Na sua primeira época na Roménia, Gonçalo Gregório fez 8 golos pelo Dinamo Bucareste entre Campeonato e Taça.)

Na Premier League, 2 internacionais portugueses (que também estarão a representar a selecção nacional no Europeu que se avizinha) acabaram com 10 golos: Diogo Jota e Bruno Fernandes. Aliás, mesmo no cômputo geral, ambos registaram o mesmo número de remates certeiros: 15 – o avançado do Liverpool, que perdeu vários meses de competição por lesão, marcou 1 na Taça de Inglaterra, outro na Taça da Liga (prova que venceu) e 3 na Liga Europa, enquanto o médio e capitão do Manchester United fez 3 na Taça de Inglaterra (levantando o troféu após a vitória por 2-1 na final sobre o rival Manchester City, onde assistiu para o segundo tento dos Red Devils) e mais 2 na Liga dos Campeões.

Também com 10 golos terminou Rui Pedro, numa época que se revelou atípica: o atacante luso atingiu essa marca ainda em Novembro, pelo Olimpija, liderando por várias semanas a lista de goleadores da Liga da Eslovénia (com mais 2 tentos apontados nas pré-eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões), e mudou-se depois para o Hatayspor, da Turquia, onde não viria a marcar nenhum golo, registando ainda assim 3 assistências. Pedro Nuno, no Azerbaijão (Sabail), também atingiu a dezena de golos, alcançando igualmente a melhor marca da carreira.

(Hélder Lopes faturou por 9 ocasiões ao serviço do Hapoel Beer Sheva em 23/24, números dignos de registo para um lateral esquerdo.)

Em Itália, Rafael Leão – o melhor artilheiro português em 2022/23 – terminou com 9 tiros certeiros (15 no somatório de todas as competições) pelo AC Milan, numa temporada uns furos abaixo da anterior. Na Polónia, Nené e Josué celebraram os mesmos 9 tentos, apontando mais 2 noutras provas, com o primeiro a acabar em festa, comemorando a conquista inédita do campeonato pelo Jagiellonia, enquanto o segundo entrou na época a levantar a Supertaça no Legia, o último troféu que conquistou pelo clube do qual se despediu no último dia da temporada.

Diogo Gonçalves, que começou a época no Kobenhavn como havia terminado a anterior (em grande), foi perdendo o fulgor – e a titularidade – com o decorrer da mesma. Conseguiu, ainda assim, atingir a melhor marca da carreira: 8 golos na Liga dinamarquesa e mais 3 na Liga dos Campeões. Os mesmos 8 tentos marcou Aylton Boa Morte no campeonato turco, pelo Kayserispor, aos quais juntou mais 2 na Taça.

(Dificilmente a época de estreia de Jorginho além fronteiras poderia ter corrido melhor: Campeão Luxemburguês pelo Differdange, o ponta de lança fez 25 golos e foi o melhor marcador do campeonato.)

Com 7 golos, João Félix foi o melhor marcador português em La Liga, tendo faturado por mais 3 ocasiões na Liga dos Campeões no empréstimo ao Barcelona. Mais 3 lusos acabaram a temporada com 7 tentos nos respectivos campeonatos: Hélder Lopes, em Israel, ao serviço do Hapoel Beer Sheva (marcou mais 2 na Taça, em números assinaláveis para um lateral-esquerdo), e Gonçalo Gregório e Frédéric Maciel, ambos no que foi a sua primeira época na Roménia – o avançado do Dínamo de Bucareste fez mais 1 tento na Taça, prova na qual o extremo do Otelul acabou derrotado na final.

Dentro dos campeonatos do top-5 europeu, a Alemanha foi a única onde nenhum português marcou sequer 5 golos: Gonçalo Paciência e Raphael Guerreiro acabaram ambos com 3. Por último, uma menção especial para Fábio Silva, autor de 4 tentos pelo Rangers na Liga escocesa (mais 2 na Taça) em apenas metade da temporada, que se juntam ao que havia marcado em Agosto na Taça da Liga inglesa, ainda no Wolverhampton.

(Nené marcou por 9 vezes esta temporada com a camisola do Jagiellonia, contribuindo para o inédito título de Campeão Polaco que o seu clube conquistou.)

Nesta contabilização, é preciso referir, não foram tidos em conta atletas a actuar na Liga portuguesa. Nesse caso, o melhor marcador português em campeonatos europeus seria Paulinho, autor de 15 golos pelo Sporting (21 no total das competições), sendo que, curiosamente, o segundo melhor… também actuou em Portugal: Rafa, do Benfica, que marcou menos 1 no campeonato mas até fez mais 1 em todas as provas. Curiosamente, nenhum dos 2 conseguiu sequer entrar no pódio dos melhores artilheiros, liderado pelo sueco Gyokeres, com 29.

É preciso lembrar também os casos específicos de 2 goleadores portugueses em campeonatos semi-profissionais. Na primeira época a actuar no estrangeiro, Jorginho fez 25 golos pelo Differdange, sagrando-se campeão e o melhor marcador da Liga luxemburguesa; e em Andorra, Rodrigo Piloto apontou 15 tentos pelo Atlètic d’Escaldes, terminando como o quarto melhor marcador da prova.

(Pedro Nuno viveu a melhor época da carreira no que a golos diz respeito: foram 10 pelos azeris do Sabail.)

Alargando a análise às segundas divisões, o artilheiro-mor… continua a ser o mesmo de sempre. Aos 39 anos, Marco Paixão mantém um apetite incrível pelo golo e terminou a temporada na II Liga da Turquia com 15 golos (5 pelo Altay e 10 pelo Sanliurfaspor, para onde se mudou no mercado de inverno, contribuindo de forma fulcral para a obtenção da permanência), sendo o terceiro melhor marcador de uma da prova da qual já foi o rei dos marcadores em 4 ocasiões.

Além do veterano goleador sesimbrense, e tendo em conta apenas campeonatos estrangeiros (em Portugal, Bruno Almeida, do Santa Clara, também festejou por 15 vezes), só Pedro Mendes passou a barreira da dezena de golos: fez 11 pelo Ascoli, a sua melhor marca em campeonatos seniores, sendo traído por uma lesão que não lhe permitiu fazer mais nenhum jogo a partir de Março – o clube acabaria por se ressentir bastante, descendo ao terceiro escalão do futebol italiano. De resto, só mais 1 jogador chegou aos 10 tentos na temporada: Miguel Pires, pelo Ayia Napa, que terminou em sétimo na fase de subida da II Liga do Chipre.

(Marco Paixão reforçou o Sanliurfaspor a meio da temporada e apontou 10 tentos que foram importantes para a sua equipa assegurar a continuidade na II Liga Turca.)

Em Inglaterra, Fábio Carvalho registou números muito bons: 9 golos em pouco mais de 4 meses ao serviço do Hull City. Ultrapassou, assim, a todo o vapor André Vidigal, que foi durante grande parte da temporada o melhor goleador luso no Championship, acabando a época com 6 tentos (mais 1 na Taça da Liga). Dyego Sousa marcou 7 em Espanha, pelo Alcorcón, não evitando todavia a descida do emblema dos arredores de Madrid ao terceiro escalão do futebol espanhol, com Francisco Mascarenhas (conhecido no futebol por Masca) a marcar 5 pelo Oviedo – números que ainda podem ser melhorados no play-off de subida ao escalão principal.

*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.