Portugal: troféus para todos os gostos (e museus)

446065620_764372882549800_5355200741101221042_n(PSG, Olympiacos, Jagiellonia ou Al-Hilal foram alguns dos clubes que conquistaram títulos esta época com a preciosa ajuda portuguesa.)

O Europeu está aí à porta, e com ele o fim oficial da temporada 2023/24. Antes do foco virar totalmente para as selecções, é hora de fazer o balanço de troféus conquistados por jogadores e treinadores portugueses pelo mundo – e, como já é habitual, foram muitos, entre campeonatos, Taças e Supertaças, havendo até lugar para duas competições continentais, no caso na Europa e em África.

Na que é indiscutivelmente a mais espectacular Liga do futebol actual, o Manchester City não foi tão brilhante como em 2022/23, quando conseguiu a inédita tripleta, mas voltou ainda assim a fazer História, tornando-se na primeira equipa a vencer a Premier League em 4 temporadas consecutivas. Rúben Dias e Bernardo Silva fizeram parte de todas essas conquistas, enquanto Matheus Nunes estreou-se na lista de vencedores.

city(Sem surpresa, o Manchester City sagrou-se Campeão Inglês pela quarta época consecutiva.)

A época em Inglaterra, porém, foi absolutamente democrática em termos de conquistas: a Taça foi para o Manchester United, com Diogo Dalot e Bruno Fernandes a ter papel determinante na vitória na final diante do… City; o Liverpool de Diogo Jota venceu a Taça da Liga, último troféu de Jurgen Klopp no comando dos Reds; e o Arsenal celebrou a conquista da Supertaça logo no início da temporada, com Fábio Vieira a entrar nos instantes finais e a bater a grande penalidade decisiva no desempate frente aos Citizens.

Num cenário completamente inverso, em França o PSG “comeu” tudo: começou por vencer a Supertaça, num jogo onde apenas Vitinha foi utilizado (Danilo Pereira e Gonçalo Ramos não saíram do banco, enquanto Nuno Mendes ainda recuperava de lesão), mas juntou-lhe depois o campeonato e a Taça, aí já com contributo efectivo dos 4 portugueses que compuseram o plantel. Das restantes ligas do top-5 europeu, só na Alemanha houve um português com motivos para sorrir: Fábio Carvalho fez os últimos 12 minutos na vitória clara do RB Leipzig sobre o Bayern Munique na Supertaça (3-0).

sapinto(Ricardo Sá Pinto guiou o APOEL ao título de Campeão cipriota.)

Nos demais campeonatos da Europa, o destaque natural vai para Chipre e Grécia, onde APOEL e PAOK venceram pela primeira vez desde 2018/19. Ricardo Sá Pinto foi o timoneiro do título cipriota, com Tomané a ser utilizado de forma regular, enquanto Vieirinha (capitão) e Rafa Soares foram peças preponderantes no campeão helénico (André Ricardo integrou o plantel mas não foi utilizado no campeonato).

Ainda mais surpreendente foi o desfecho na Liga da Polónia, com o Jagiellonia a conquistar o inédito título nacional, tendo o médio açoriano Nené como um dos jogadores mais influentes na campanha. Em Israel, o Maccabi Telaviv de Kiko Bondoso foi campeão pela primeira vez desde 2019/20 (além de vencer também a Taça da Liga), com as Ligas da Bulgária, Escócia e Turquia a terem desfechos bem mais previsíveis: o Ludogorets, de Dinis Almeida e Claude Gonçalves, venceu a prova pela 13ª temporada consecutiva; o Celtic, onde Paulo Bernardo jogou por empréstimo do Benfica, conquistou campeonato (terceira época seguida) e Taça; e o Galatasaray, com Sérgio Oliveira numa época de menor fulgor, por motivos físicos, repetiu a vitória da temporada passada.

vieira(Vieirinha, ao centro em baixo, sagrou-se novamente Campeão Grego pelo PAOK.)

Falta falar dos campeonatos semi-profissionais, onde houve igualmente vários portugueses com motivos para celebrar. Em Andorra, o UE Santa Coloma, para onde rumaram no último verão Manu Ribeiro e Luca Pereira, conquistou o campeonato pela primeira vez no seu historial, acrescentando-lhe ainda a Taça; no Luxemburgo, Pedro Resende guiou o Differdange também ao primeiro título nacional da sua História, contando no plantel com o contributo de Rui Nibra, Edgar Neves, Arlindo, Diogo Lamas e Jorginho, que se sagrou mesmo o melhor marcador da prova, com 25 golos.

Sem direito a campeonato, mas ainda assim com motivos para festejar, ficaram Pêpê Rodrigues, Gedson Fernandes e… Fernando Santos e também Yuri Ribeiro e Josué. No Chipre, o médio luso cedido pelo Olympiacos foi fulcral para a inédita conquista da Taça por parte do Pafos, marcando inclusivamente um golo sensacional na vitória na final sobre o Omonia (3-0); na Turquia, o Besiktas salvou a temporada também com a conquista da Taça, numa campanha iniciada ainda com o ex-seleccionador nacional ao leme; e na Polónia, a época abriu com o Legia a vencer a Supertaça após grandes penalidades. Uma referência ainda para a Arménia, onde o luso-suíço Adriano Castanheira celebrou também a vitória na Taça pelo Ararat-Armenia.

pb(Na sua primeira experiência internacional, Paulo Bernardo fez a “dobradinha” na Escócia com a camisola do Celtic.)

Fora da Europa, o grande destaque foi claramente a campanha quase imaculada do Al Hilal, orientado por Jorge Jesus e com Rúben Neves indiscutível no meio-campo, conquistando as 3 competições a nível interno – o prémio de consolação de Cristiano Ronaldo foi o troféu de artilheiro da Liga saudita, tornando-se no primeiro futebolista da História a sagrar-se melhor marcador em 4 países diferentes, depois de já o ter conseguido em Inglaterra, Espanha e Itália.

Também na Ásia, Nandinho guiou o Al Ahli Manama à conquista da Taça do Rei do Bahrain, o seu primeiro troféu desde 2016, e Paulo Meneses festejou a vitória na Supertaça do Líbano ao comando do Nejmeh, enquanto Rúben Amaral ganhou dentro do campo a Taça da Liga dos Emirados Árabes Unidos pelo Al Wahda, havendo ainda a possibilidade de José Morais vir a celebrar a conquista da Taça do Irão no comando técnico do Sepahan – joga este sábado a meia-final. É preciso referir também o contributo de Bruno Pinheiro para o título do Al Sadd no Qatar: o treinador português saiu à oitava jornada, com o clube no segundo lugar, a um ponto da liderança e com 19 dos 49 pontos que lhe valeram a conquista do seu 17º campeonato.

agrelos(Contratado em Março, Gonçalo Agrelos fez 9 golos em 12 jogos pelo Primorje, contribuindo decisivamente para a subida à I Liga da Eslovénia.)

Mudando de continente, chegamos a África, onde foi… mais do mesmo. Pela terceira temporada consecutiva, o Petro de Luanda, orientado por Alexandre Santos e com Pedro Pinto no plantel – a que se juntaram esta época Erivaldo e Alexandre Guedes –, conquistou o Girabola, juntando-lhe também a Supertaça. A decorrer está ainda a Taça de Angola, sendo que um eventual triunfo dos petrolíferos já terá o cunho vitorioso de Ricardo Chéu, que entretanto rendeu Alexandre Santos no banco.

De realçar também o sucesso de vários atletas e técnicos lusos em divisões secundárias. Se em Inglaterra Ricardo Pereira se sagrou campeão do Championship pelo Leicester, assegurando a subida à Premier League, e Rúben Rodrigues venceu o play-off de de promoção ao segundo escalão, com o Oxford United a bater o Bolton de Ricardo Santos, já no Chipre houve portugueses a celebrar nas 3 equipas que subiram à I Liga: Hugo Martins guiou o Omonia Aradippou ao título de campeão do segundo escalão e à primeira presença no escalão principal desde 95/96; Fábio Martins chegou a meio da época e revelou-se determinante para a primeira subida da História do Omonia 29M; e Márcio Meira foi igualmente peça fulcral no regresso do Paralimni, uma época depois de ter descido.

alexandres(Alexandre Santos encerrou recentemente a sua passagem pelo Petro de Luanda, deixando os angolanos como Tri-Campeões e ainda detentores da Supertaça.)

Na Turquia, o Bodrumspor, de Diogo Sousa e Pedro Brazão, conseguiu a tão desejada subida após superar três play-off, depois de ter terminado no quarto lugar na fase regular; na Eslovénia, o Primorje garantiu a presença inédita no escalão principal também com dois atletas lusos a participar activamente na campanha: Christian Lotitto fez 9 jogos na primeira metade da temporada, antes de se mudar para os italianos do Castelnuovo Vomano, e Gonçalo Agrelos apontou 9 golos em 12 jogos após chegar ao clube em Março, proveniente do Pêro Pinheiro. Já na Grécia, o antigo internacional sub-20 Thierry Moutinho festejou a subida pelo Athens Kallithea, dois anos depois de ter alcançado o mesmo objectivo no Levadiakos, com Rui Mendes a celebrar nos Países Baixos pelo Groningen, para onde se mudou a meio da época, e Fábio Vianna a festejar pelo Gyori ETO na Hungria.

Por esta altura, decorrem ainda os play-off de subida à La Liga, e obviamente com portugueses envolvidos. O Oviedo, de Masca, bateu o Eibar, de Frederico Venâncio, nas meias-finais, esperando agora pelo vencedor do duelo entre Gijón e Espanyol para decidir quem se juntará a Leganés e Valladolid, de André Ferreira, nos três promovidos ao escalão principal do futebol espanhol. O mesmo acontece em relação ao terceiro escalão, com Adilson Mendes Martins, do Córdoba, e Nélson Monte, do Málaga, ainda na corrida pela subida; no quarto escalão, João Daniel conquistou automaticamente a promoção pelo Sevilla B ao vencer o Grupo 4 e Guilherme Fernandes superou dois play-off para festejar a subida com o Betis B.

josegomes(José Gomes assumiu o comando dos egipcíos do Zamalek em Fevereiro, e 3 meses conquistou a Taça da Confederação Africana na final com os marroquiinos do Berkane.)

Já na Ásia, Kévin Rodrigues sagrou-se campeão da II Liga pelo Al Qadisiyah, para onde se mudou proveniente dos turcos do Adana Demirspor em Janeiro, e Fabiano Flora celebrou a promoção no comando técnico do Al Kholood, contando com o contributo inestimável de Afonso Taira dentro do campo. Cenário semelhante aconteceu nos Emirados Árabes Unidos, com Bruno Pereira a guiar o Al Urooba ao título e consequente subida de divisão, tendo Diogo Capitão como uma das figuras da equipa; no outro promovido, o Dibba Al Hisn, Rafael Pereira foi reforço de inverno.

E a terminar, é com chave de ouro: pela primeira vez na História, uma equipa grega conquistou uma competição internacional, e obviamente com grande influência de portugueses. O Olympiacos venceu a Liga Conferência, após bater a Fiorentina na final (1-0 após prolongamento), e com André Horta, Chiquinho e Podence em campo (mais João Carvalho no banco). Já em África, foi um treinador português a celebrar: José Gomes guiou o Zamalek à conquista da sua segunda Taça da Confederação (segunda competição mais importante a nível continental, equivalente à Liga Europa), com o Espérance de Tunis de Miguel Cardoso a sair derrotado da final da Liga dos Campeões uma semana depois, diante dos egípcios do Al Ahly.

manu(Manu Ribeiro ajudou o Santa Coloma a conquistar pela primeira vez na sua história a Liga Andorrana.)

🇩🇪 Alemanha
Fábio Carvalho – Supertaça (Leipzig)

🇦🇩 Andorra
Manu Ribeiro e Luca Pereira – Liga e Taça (UE Santa Coloma)
 
🇦🇴 Angola
Pedro Pinto, Erivaldo, Alexandre Guedes e Alexandre Santos – Liga e Supertaça (Petro de Luanda)

🇸🇦 Arábia Saudita
Jorge Jesus e Rúben Neves – Liga, Taça e Supertaça (Al Hilal)

🇧🇭 Bahrain
Nandinho – Taça do Rei (Al Ahli Manama)

🇧🇬 Bulgária
Claude Gonçalves e Dinis Almeida – Liga e Taça (Ludogorets)

🇨🇾Chipre
Ricardo Sá Pinto e Tomané – Liga (APOEL)
Pêpê Rodrigues – Taça (Pafos)
 

🇦🇪 Emirados Árabes Unidos
Rúben Amaral – Taça da Liga (Al Wahda)

🏴󠁧󠁢󠁳󠁣󠁴󠁿 Escócia
Paulo Bernardo – Liga e Taça (Celtic)

🇫🇷 França
Danilo Pereira, Gonçalo Ramos, Nuno Mendes, Vitinha – Liga, Taça e Supertaça (PSG)

🇬🇷 Grécia
Rafa Soares e Vieirinha – Liga (PAOK)

🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿 Inglaterra
Bernardo Silva, Matheus Nunes e Rúben Dias – Premier League (Manchester City)
Bruno Fernandes e Diogo Dalot – Taça (Manchester City)
Diogo Jota – Taça da Liga (Liverpool)
Fábio Vieira – Supertaça (Arsenal)

🇮🇱 Israel
Kiko Bondoso – Liga e Taça da Liga (Maccabi Tel Aviv)

🇱🇧 Líbano
Paulo Meneses – Supertaça (Nejmeh)

🇱🇺 Luxemburgo
Pedro Resende, Rui Nibra, Edgar Neves, Jorginho, Arlindo e Diogo Lamas – Liga (Swift Hesperange)

🇵🇱 Polónia
Nené – Liga (Jagiellonia)
Josué e Yuri Ribeiro – Supertaça (Legia)

🇶🇦 Qatar
Bruno Pinheiro – Liga (Al Sadd)

🇹🇷 Turquia
Sérgio Oliveira – Liga (Galatasaray)
Fernando Santos e Gedson Fernandes – Taça (Besiktas)

🇪🇺 Liga Conferência
André Horta, Chiquinho, João Carvalho e Podence (Olympiacos)

🌍 Taça da Confederação
José Gomes (Zamalek)
 
*Artigo redigido por Bruno Venâncio, jornalista com passagens pelos jornais “OJOGO”, “Sol” e “I”.

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